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KATRIANA JACAÚNA FARIAS

MARIA CELESTE DE SOUZA CARDOSO

PRODUÇÃO TEXTUAL

Parintins-AM
2021
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................06

EMENTA ................................................................................................................................07

UNIDADE I: LEITURA. LEITURA PARA AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO.


FICHAMENTO. TEXTO E TEXTUALIDADE..................................................................08
1Leitura: conceitos e importância ............................................................................................08
1.1 Leitura: o que é? .................................................................................................................08
1.2 Importância da Leitura .......................................................................................................12
1.3 Leitura para aquisição do conhecimento ............................................................................13
1.4 A produção do conhecimento ............................................................................................14
1.5 A prática da leitura e o estudo ............................................................................................15
1.6 A leitura e suas técnicas .....................................................................................................16
1.7 A internet como ferramenta na busca do conhecimento ....................................................17
1.8 Fichamento: conceitos, tipos e exemplos ...........................................................................18
1.9 Noção de texto e linguística de texto .................................................................................19
1.10 Texto e textualidade: dimensões e implicações pedagógicas ..........................................19
1.11 Síntese ..............................................................................................................................21
1.12 Aprofundando o Conhecimento .......................................................................................21
1.12.1 Exercícios de Aplicação ................................................................................................21
1.12.2 Questão para Reflexão ..................................................................................................22
1.12.3 Leituras Indicadas .........................................................................................................22
1.12.4 Sites Indicados ..............................................................................................................22

UNIDADE II: GÊNERO TEXTUAL E TIPOLOGIA TEXTUAL ...................................23


2.1 Gêneros Textuais: alguns conceitos ...................................................................................23
2.2 Gênero Textual e Tipologia Textual ..................................................................................25
2.3 Tipo Textual, Gênero Textual e Domínio Discursivo ........................................................25
2.4 O suporte dos gêneros textuais ...........................................................................................26
2.4.1 Tipos de suporte ..............................................................................................................27
2.5 Análise de Gêneros Textuais na oralidade, e na relação fala e escrita ...............................27
2.6 Domínios Discursivos e Gêneros Textuais na oralidade e na escrita ................................28
2.7 Gêneros Textuais e o Ensino da Língua .............................................................................29
2.8 Tipologia Textual ...............................................................................................................30
2.8.1 Texto Narrativo ...............................................................................................................31
2.8.2 Texto Descritivo ..............................................................................................................32
2.8.3 Texto Dissertativo ...........................................................................................................32
2.8.4 Texto Instrutivo/Injuntivo ...............................................................................................34
2.8.5 Texto Preditivo ................................................................................................................34
2.8.6 Texto Dialogal/Conversacional .......................................................................................34
2.9 Gêneros Literários ..............................................................................................................35
2.9.1 Gênero Lírico ..................................................................................................................35
2.9.2 Gênero Narrativo ou Épico .............................................................................................37
2.9.3 Gênero Dramático ...........................................................................................................38
2.10 Síntese ..............................................................................................................................40
2.11 Aprofundando o Conhecimento .......................................................................................40
2.11.1 Exercícios de Aplicação ................................................................................................40
2.11.2 Questão para Reflexão ..................................................................................................40
2.11.3 Leituras Indicadas .........................................................................................................40
2.11.4 Site Indicado .................................................................................................................41

UNIDADE III: ORGANIZAÇÃO DO PARÁGRAFO E DO TEXTO


DISSERTATIVO....................................................................................................................42
3.1 Os conceitos de dissertar e argumentar ..............................................................................42
3.2 Textos dissertativo-argumentativos ...................................................................................43
3.3 Organização do parágrafo e do texto dissertativo ..............................................................44
3.3.1 Unidade básica de composição do texto: parágrafo ........................................................44
3.4 O parágrafo e suas qualidades ............................................................................................48
3.5 Do parágrafo ao texto .........................................................................................................50
3.6 A composição do texto dissertativo: introdução, desenvolvimento e conclusão ...............53
3.7 Síntese ................................................................................................................................60
3.8 Aprofundando o Conhecimento .........................................................................................60
3.8.1 Exercícios de Aplicação ..................................................................................................60
3.8.2 Questão para Reflexão ....................................................................................................60
3.8.3 Leitura Indicada ..............................................................................................................61
3.8.4 Site Indicado ...................................................................................................................61

UNIDADE IV: LEITURA, ANÁLISE E PRODUÇÃO DE GÊNEROS ACADÊMICOS:


RESUMO, RESENHA, PROJETO DE PESQUISA E ARTIGO CIENTÍFICO ............62
4.1 Resumo ...............................................................................................................................62
4.2 Resenha ..............................................................................................................................68
4.3 Projeto de pesquisa: o que é um projeto de pesquisa? .......................................................72
4.4 Artigo Científico ................................................................................................................78
4.5 Gramática aplicada ao texto ...............................................................................................82
4.6 Síntese ................................................................................................................................87
4.7 Aprofundando o Conhecimento .........................................................................................87
4.7.1 Exercícios de Aplicação ..................................................................................................87
4.7.2 Questão para Reflexão ....................................................................................................88
4.7.3 Leitura Indicada ..............................................................................................................88
4.7.4 Site Indicado ...................................................................................................................88

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................89
LISTA DE QUADROS

QUADRO 01: Conceitos de Leitura .......................................................................................10

QUADRO 02: Trecho da obra de Maria Helena Martins .......................................................11

QUADRO 03: Exemplos de Fichamento ................................................................................18

QUADRO 04: Tipos Textuais X Gêneros Textuais ................................................................25

QUADRO 05: Exemplos de gêneros textuais, predomínios discursivos e modalidades ........29

QUADRO 06: Alguns exemplos de gêneros textuais .............................................................30

QUADRO 07: Exemplos de texto narrativo ...........................................................................31

QUADRO 08: Exemplos de texto descritivo ..........................................................................32

QUADRO 09: Exemplos de texto dissertativo .......................................................................33

QUADRO 10: Exemplos de texto instrucional, preditivo e diálogo .......................................34

QUADRO 11: Exemplos de gênero lírico ..............................................................................36

QUADRO 12: Exemplos de gênero narrativo ou épico ..........................................................38

QUADRO 13: Exemplos de gêneros dramático .....................................................................39

QUADRO 14: Exemplo de editorial .......................................................................................43

QUADRO 15: Exemplo de desenvolvimento .........................................................................47

QUADRO 16: Exemplo de conclusão ....................................................................................48

QUADRO 17: Exemplo de introdução ...................................................................................54

QUADRO 18: Exemplo de desenvolvimento (parágrafos) ....................................................54

QUADRO 19: Conclusão do texto apresentado .....................................................................54

QUADRO 20: Exemplo de parte da introdução de resenha ...................................................71

QUADRO 21: Exemplo de parte do resumo ..........................................................................71

QUADRO 22: Exemplo de parte da análise crítica ................................................................71

QUADRO 23: Exemplo de introdução do projeto de pesquisa ..............................................75

QUADRO 24: Exemplo de justificativa do projeto de pesquisa ............................................75


QUADRO 25: Exemplo de fundamentação teórica ................................................................76

QUADRO 26: Exemplo de metodologia da pesquisa .............................................................76

QUADRO 27: Exemplo de cronograma .................................................................................77

QUADRO 28: Exemplo de resultados esperados ...................................................................77

QUADRO 29: Exemplo de referências ...................................................................................78


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APRESENTAÇÃO

É com muita satisfação que entregamos em vossas mãos esse pequeno texto-base da
disciplina Produção Textual do Curso de História mediado por tecnologia. Nele estão as
temáticas principais que nortearão os acadêmicos na busca pelo aprimoramento de duas
tarefas essenciais em qualquer curso de graduação: o ler e o escrever.
O caminho pela busca do conhecimento científico perpassa pela leitura. E esta será
apresentada nesta disciplina em forma de conceitos, definições e importância, buscando
mostrar a necessidade de uso da leitura como ferramenta essencial em quaisquer níveis de
educação. A leitura precisa chamar a atenção dos estudantes até mesmo daqueles que estão
iniciando na graduação, porque disso depende o sucesso em outras disciplinas no decorrer do
curso escolhido.
Assim como a prática de leitura é elemento essencial na formação do ser humano, a
prática de escrita também o é. Não podemos entender tal atividade como dom, pois há
técnicas que contribuem para o desenvolvimento dessa habilidade tão necessária em nossa
vida em sociedade. Infelizmente, é no contexto universitário, às vezes, que se tornam notórias
as lacunas que possamos ter nessas habilidades: leitura e escrita.
Ao entrar na universidade e a cada período estudado é que o acadêmico percebe o
quão necessário se faz a prática da leitura e da escrita. Por isso trazemos neste livro conteúdos
e atividades que proporcionem o desenvolvimento de tais habilidades. Haverá momentos em
que será necessário ler livros ou capítulos deles para escrever um resumo, uma resenha, ou
ainda, ler muitas outras obras para formar um referencial teórico que auxilie na pesquisa de
determinada temática, bem como escrever um artigo para participar de eventos acadêmicos e
divulgar suas pesquisas. E para a produção dos gêneros textuais apresentados será necessário
algo fundamental que é a compreensão de um parágrafo-padrão como ponto de partida para a
escrita de textos completos reconhecendo-o como estrutura básica e essencial para uma boa e
eficiente produção de quaisquer textos.
Enfim, estaremos durante vários dias em uma caminhada pelas alamedas da leitura,
compreensão, interpretação e produção de textos acadêmicos, dos gêneros textuais e tipologia
textual, dos gêneros literários e, principalmente, dos textos dissertativo-argumentativos.
Esperamos contribuir para com a formação de cada um de vocês.
Katriana Jacaúna Farias
Maria Celeste de Souza Cardoso
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EMENTA DA DISCIPLINA

Componente Curricular: Produção Textual


Carga Horária: 60 ha Créditos: 4.4.0 Sigla: Pré-Requisito: Não Há
CESP 0112

EMENTA
Texto e textualidade. Noção de tipologia e gênero textual. Estruturação de períodos
compostos. Estrutura interna e organização de parágrafos. Etapas de produção do texto
escrito. Leitura e análise de gêneros acadêmicos. Produção de gêneros acadêmicos.
Tópicos de gramática aplicados ao texto.

OBJETIVO
Desenvolver habilidades de escrita dos acadêmicos, ampliando sua capacidade de
empregar a língua em diversas situações formais de comunicação.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 50.ed.
São Paulo: Cortez, 2009.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão.
São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 2006.
MOTTA-ROTH, Desirée; HENDGES, Graciela Rabuske. Produção Textual na
Universidade. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
SENA, Odenildo. A engenharia do texto: um caminho rumo à prática da boa redação.
3.ed. Manaus: Valer, 2008.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola
Editorial, 2009.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48.
ed. São Paulo: Companhia da Editora Nacional, 2008.
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e
redação. São Paulo: Ática, 2001.
MACHADO, Anna Rachel. Planejar gêneros acadêmicos. São Paulo: Parábola
Editorial, 2005.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Linguística de texto: o que é e como se faz? São Paulo:
Parábola Editorial, 2012.
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UNIDADE I: LEITURA. LEITURA PARA AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO.


TEXTO E TEXTUALIDADE. FICHAMENTO.

Nesta primeira unidade da disciplina Produção Textual, discorreremos sobre a leitura,


seus conceitos e importância, a partir dos postulados das obras “O que é Leitura”, de Maria
Helena Martins e “A importância do ato de ler: em três artigos que se completam”, de Paulo
Freire. Apresentaremos a leitura para aquisição do conhecimento, enfatizando a leitura e o
estudo, a leitura e suas técnicas assim como a internet como ferramenta essencial para
aquisição do conhecimento. Também apresentaremos os tipos e exemplos de fichamento; e
finalizaremos mostrando o texto com seus conceitos e textualidade, suas dimensões e
implicações pedagógicas. Esperamos que, ao final da unidade, você acadêmico do curso de
História, conheça um pouco mais sobre leitura, aquisição do conhecimento e fichamento,
temáticas essenciais para um bom desempenho no curso.

.......................................................................................................................................................

1 Leitura: conceitos e importância


A leitura tem função primordial na formação do estudante de graduação. Não somente
a leitura de obras das disciplinas do curso escolhido, mas também a leitura para obtenção de
informações necessárias para adquirir conhecimento. Freire (1996) diz que a leitura se torna
importante para a formação docente a partir do momento em que o docente passa a refletir
sobre a prática educativa. Neste sentido, a leitura é o ponto de partida para a reflexão crítica
do indivíduo enquanto sujeito ativo comprometido com a educação. A leitura verdadeira traz
o comprometimento com o texto e com a compreensão fundamental do indivíduo enquanto
sujeito ativo da sociedade em que vive.
Ler e escrever são atos completamente diferentes um do outro. No entanto, um
depende do outro. Um estudante pode conhecer toda a estrutura de um texto dissertativo,
porém se não tiver conhecimento sobre a temática a ser desenvolvida não conseguirá escrever
um texto coeso e coerente. Consequentemente, não terá argumentos para defender suas ideias.
E esse conhecimento é aprimorado pela leitura.

1.1 Leitura: o que é?


9

Para compreendermos melhor os conceitos de leitura, vamos iniciar com os


apresentados por Maria Helena Martins em sua obra “O que é leitura”. De acordo com
Martins (2006), leitura é:
➢ O ato de ler é usualmente relacionado com a escrita, e o leitor visto como
decodificador das letras. Ninguém ensina ninguém a ler; o aprendizado é, em última instância,
solitário, embora se desencadeie e se desenvolva na convivência com os outros e com o
mundo.
➢ Para aprender a ler e compreender o processo da leitura, não estamos
desamparados, temos condições de fazer algumas coisas sozinhos e necessitamos de alguma
orientação. No ato de ler, a interação das condições internas e subjetivas e das externas e
objetivas são fundamentais para desencadear e desenvolver a leitura.
➢ O conceito de leitura está ligado à decifração da escrita, mas sua aprendizagem
liga-se por tradição ao processo de formação global do indivíduo, à sua capacitação para o
convívio e atuações social, política, econômica e cultural.
➢ É preciso ampliar a noção de leitura: esta precisa ser vista independente do
contexto escolar, deve ir para além do texto escrito, permitir compreender e valorizar melhor
cada passo do aprendizado das coisas, cada experiência.
➢ O ato de ler se refere tanto a algo escrito quanto a outros tipos de expressão do
fazer humano, caracterizando-se também como acontecimento histórico e estabelecendo uma
relação igualmente histórica entre o leitor e o que é lido. É um processo de
apreensão/compreensão de algum tipo de informação armazenada num suporte e transmitida
mediante determinados códigos, como a linguagem.
➢ A leitura é uma atividade absolutamente humana, que nos permite, graças a sua
realização e posta em prática, por exemplo, e entre outras coisas, interpretar uma poesia, um
conto, uma novela, etc. A leitura vai além do texto e começa antes do contato com ele. O
leitor assume um papel atuante, deixa de ser mero decodificador ou receptor passivo.
➢ A leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido – seja escrito,
sonoro, seja um gesto, uma imagem, um acontecimento. Aprender a ler significa também a ler
o mundo, dar sentido a ele e a nós próprios.
➢ A função do educador não seria precisamente a de ensinar a ler, mas a de criar
condições para o educando realizar a sua própria aprendizagem. O educador seria o do
indivíduo letrado que sabe algo e se propõe a ensiná-lo a alguém, isto é, um mediador de
leituras.
10

A partir das inúmeras concepções vigentes sobre leitura apresentadas em sua obra,
Martins (2006, p. 31) as sintetiza em duas caracterizações:
1. Como decodificação mecânica de signos linguísticos, por meio de aprendizado
estabelecido a partir do condicionamento estímulo-resposta (perspectiva
behaviorista-skinneriana);
2. Como processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica envolve componentes
sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, tanto quanto
culturais, econômicos e políticos (perspectiva cognitivo-sociológica).
Evidenciamos também outros conceitos, como o apresentado por Silva (2005), o qual
trata a leitura como uma forma de consciência que leva o indivíduo à reflexão através da
compreensão e interpretação do que foi lido assim como associa o ato de ler ao de escrever. E
também os PCN (1997) enfatizam a leitura como um processo no qual o leitor realiza um
trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu
conhecimento sobre o assunto, sobre o autor e tudo que diz respeito à língua. No quadro
abaixo apresentamos mais dois conceitos sobre leitura.

Quadro 01: Conceitos de leitura.


Silva (2005, p. 45) PCN (1997, p. 53)
“Ler é, em última instância, não só uma ponte para a A leitura “implica, necessariamente, compreensão na
tomada de consciência, mas também um modo de qual os sentidos começam a ser constituídos antes da
existir no qual o indivíduo compreende e interpreta a leitura propriamente dita”.
expressão registrada pela escrita e passa a
compreender-se no mundo”.
Cosson (2017, p. 36) PCN (1998, p. 63)
“Ler consiste em produzir sentidos por meio de um “A leitura é o processo no qual o leitor realiza um
diálogo, um diálogo que travamos com o passado trabalho ativo de compreensão e interpretação do
enquanto experiência do outro, experiência que texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento
compartilhamos e pela qual nos inserimos em sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe
determinada comunidade de leitores. [...] a leitura é sobre linguagem etc”.
uma competência individual e social, um processo de
produção de sentidos que envolve quatro elementos: o
leitor, o autor, o texto e o contexto”.

Neste contexto, o trabalho com a leitura tem como finalidade a formação de leitores e
também de escritores, porque para produzir textos eficazes é necessário prática de leitura. É a
leitura que fornece a matéria-prima para a escrita e contribui para a constituição de modelos, é
o que escrever e como escrever. (PCN, 1997). Ainda neste sentido, Martins (2006), nos
apresenta três níveis de leitura: sensorial, emocional e racional.
1. SENSORIAL: a visão, o tato, a audição, o olfato e o gosto são os referenciais
elementares nesse nível. A leitura sensorial começa muito cedo e nos acompanha por
11

toda a vida. Não é uma leitura elaborada, é uma resposta imediata ao que o mundo nos
apresenta.
2. EMOCIONAL: Lida com os sentimentos, o que necessariamente implica falta de
objetividade, subjetivismo. Caracteriza-se por um processo de participação afetiva
numa realidade alheia, fora de nós. Essa é a leitura mais comum de quem diz gostar de
ler, talvez a que dê mais prazer, porque envolve as emoções e os sentimentos.
3. RACIONAL: Essa leitura enfatiza o intelectualismo, doutrina que afirma a
preeminência e anterioridade dos fenômenos intelectuais sobre os sentimentos e a
vontade. É unívoca, porque o leitor se debruça sobre o texto, para vê-lo isolado do
contexto e sem envolvimento pessoal, orientando-se por certas normas existentes. A
leitura racional acrescenta à sensorial e à emocional o fato de estabelecer uma ponte
entre o leitor e o conhecimento. Não é importante por ser racional, mas por aquilo que
o seu processo permite, alargando os horizontes de expectativa do leitor e ampliando
as possibilidades de leitura do texto e da própria realidade social.

Apresentamos no quadro abaixo, um trecho da obra “O que é leitura”, de Maria


Helena Martins, para aprofundarmos ainda mais a compreensão sobre os conceitos de leitura
apresentados pela autora.

Quadro 02: Trecho da obra de Maria Helena Martins.


A LEITURA AO JEITO DE CADA LEITOR
E o pulo do gato? Como disse, esse não se ensina mesmo. Mortimer Adler e C. Van Doren, apesar de
terem escrito um tratado sobre a arte de ler, advertem que “as regras para adormecer lendo são mais fáceis de
seguir do que as regras para ficar acordado enquanto se lê ... conseguir ficar acordado, ou não, depende em
grande parte da meta visada na leitura”.
A esta altura espero tenha deixado claro que, para compreendê-la e para a leitura se efetivas, deve
preencher uma lacuna em nossa vida, precisa vir ao encontro de uma necessidade, de um desejo de expansão
sensorial, emocional ou racional, de uma vontade de conhecer mais. Esses são seus pré-requisitos. A eles se
acrescentam os estímulos e os percalços do mundo exterior, suas exigências e recompensas. E, se pensarmos
especialmente na leitura a nível racional, há que considerar o esforço para realizá-la. O homem é um ser
pensante por natureza, mas sua capacidade de raciocínio precisa de tanto treinamento quanto necessita seu
físico para, por exemplo, tornar-se um atleta. Nada, enfim, é gratuito; sequer o prazer. Este, aliás, nasce de um
anseio de realização plena, portanto pressupõe uma meta e um empenho para atingi-la.
O treinamento para a leitura efetiva implica aprendermos e desenvolvermos determinadas técnicas.
Dos manuais didáticos aos estudos aprofundados sobre o ato de ler, todos oferecem orientações ora menos ora
mais objetivas e eficientes. Todavia, cada leitor tem que descobrir, criar uma técnica própria para aprimorar seu
desempenho. Auxiliam-no, entre os fatores imediatos e externos, desde o ambiente e o tempo disponível até o
material de apoio: lápis, papel em branco, bombons, almofadas, escrivaninha ou poltrona, alto-falantes, fones –
aí entra toda a parafernália de objetos que se fazem necessários ou que fazem parte do mise-en-scène de cada
leitor.
Se isso tudo pode influenciar criando uma atmosfera propícia, sabidamente e com raras exceções é
dispensável. Fundamental mesmo é a continuidade da leitura, o interesse em realizá-la. Quantos leitores já
deixaram passar a sua parada porque, no ônibus superlotado, barulhento e sacolejante, estavam totalmente
imersos no seu radinho de pilha, na fotonovela, no romance; num artigo científico ou numa fotografia; na
12

rememoração de um filme, de uma peça teatral, de uma conversa?


[...]
Enfim, é fundamental não ter preconceito, nem receio de carrear para a leitura quaisquer vivências
anteriores; procurar questionar o texto – quem sabe ele apresente falhas, seja confuso, inconsequente e não há
por que simplesmente aceita-lo. Daí a importância de discutir a seu respeito, de buscar esclarecimentos com
outros leitores ou em outros textos.
A leitura, mais cedo ou mais tarde, sempre acontece, desde que se queira realmente ler. Acima de tudo,
precisamos ter presente que se não conseguimos, de vez, dar o pulo do gato – bem, que se continue andando
ainda um pouco, pois não é pecado caminhar. (MARTINS, 2006, p. 82-87)

1.2 Importância da leitura


Sobre a importância da leitura, vamos partir das concepções apresentadas por Paulo
Freire em sua obra “A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. Essa obra
constitui-se em uma palestra proferida por Freire sobre “a importância do ato de ler em uma
comunicação sobre as relações da biblioteca popular com a alfabetização de adultos e em um
artigo que expõe a experiência de alfabetização de adultos desenvolvida pelo autor e sua
equipe em São Tomé e Príncipe”. Essas são palavras de Antônio Joaquim Severino no
prefácio da 50. ed da obra de Paulo Freire.
A leitura é importante em todos os momentos de nossa vida. Sobre essa importância,
Freire enfatiza:
➢ “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não
possa prescindir da continuidade da leitura daquele”. (FREIRE, 2009).
➢ Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser
alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o
contexto.
➢ Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o
mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras,
mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade. A aprendizagem da
leitura e a alfabetização são atos de educação e educação é um ato fundamentalmente
político.
➢ A educação deve ser vivenciada como uma prática concreta de libertação e de
construção da história.
➢ A leitura crítica da realidade, dando-se num processo de alfabetização ou não e
associada sobretudo a certas práticas claramente políticas de mobilização e de
organização, pode constituir-se num instrumento de ação contra-hegemônica.
13

➢ A importância do ato de ler implica sempre na percepção crítica, na interpretação e re-


escrita do lido. A compreensão crítica da alfabetização, que envolve a compreensão
igualmente crítica da leitura, demanda a compreensão crítica da biblioteca.
Em todo esse contexto apresentado por Freire em sua obra, percebemos que a leitura é
essencial na vida do ser humano, torna-se uma ferramenta importante para o professor em
qualquer nível de ensino. Através da leitura, crianças e jovens da educação básica podem
compreender melhor o mundo em que vivem. A partir da leitura, também o acadêmico pode
construir sua caminhada na universidade de forma a ampliar os conhecimentos necessários
para sua formação. “Ler um texto qualquer, uma notícia, uma narrativa ficcional ou um
poema nos leva a entrar em contato com uma outra experiência, reconstruí-la e reconstruirmo-
nos. [...] significa, sobretudo, inscrever-se na experiência, no real”. (MICHELETTI, 2006, p.
16).

1.3 Leitura para aquisição do Conhecimento


Oliveira (2013, p. 26) enfatiza que “os estudantes de nível superior têm uma enorme
dificuldade na leitura e interpretação de textos científicos e filosóficos”. Essa constatação
decorre muitas vezes da falta de contato com esses gêneros acadêmicos e pela dificuldade do
ato de ler durante a educação básica.
A leitura deve ser considerada como “um processo de compreensão de expressões
formais e simbólicas, não importando por meio de que linguagem”. (MARTINS, 2006, p. 30).

O ato de ler, de acordo com Martins (2006), se refere tanto à escrita quanto a outros
tipos de expressão do fazer humano, caracterizando-se também como acontecimento histórico
14

que estabelece relação histórica entre o leitor e o que é lido. Já Freire (2009, p. 11) discorre
sobre o ato de ler como um processo que envolve a compreensão crítica da realidade. Nesse
contexto, o autor diz que esse ato não se esgota somente na “decodificação da palavra escrita
ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo”.
“Ler é, em última instância, não só uma ponte para a tomada de consciência, mas
também um modo de existir no qual o indivíduo compreende e interpreta a expressão
registrada pela escrita e passa a compreender-se no mundo”. (SILVA, 2005, p. 45).
Os PCN (1997) apontam a leitura como prática social, sempre como um meio e nunca
como um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma necessidade pessoal. Fora da escola não se
lê só para aprender a ler, para decodificar, para desenhar ou para responder perguntas sobre a
leitura. Lê-se para compreender, buscar e entender informações. Lê-se para interpretar,
encontrar algo desafiante e interessante. Lê-se, enfim, para compreender melhor o mundo em
que se vive e atuar ativamente como sujeito participativo da sociedade.
Os conceitos aqui apresentados apontam para a necessidade que os acadêmicos têm
em se apropriarem de uma leitura mais crítica e consciente. Uma leitura que envolva a
compreensão crítica do mundo vivenciado por cada um deles, uma leitura que desperte a
apreensão do conhecimento científico, principalmente a busca pela pesquisa científica.

1.4 A produção do Conhecimento


“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”. (FREIRE, 1996, p. 32). Essas
duas tarefas caminham juntas. Enquanto o professor ensina continua buscando, procurando,
re-procurando, indagando e, ao mesmo tempo, se indagando, se perguntando, se
questionando. Enquanto pesquisa, o professor constata, intervém, educa e se educa. Essas
práticas dependem uma da outra e levam a uma direção: a busca pelo conhecimento.
É a partir das experiências do ser humano que o conhecimento passa a ser
representado nas suas ideias, teorias, ciências e religiosidade até se projetar como forma de
dominação de poder na sociedade em que vivem e fazendo com que esse saber construído
chegue aos dias atuais. (FONSECA, 2008). Neste sentido, a produção do conhecimento deve
ser entendida a partir de dois aspectos: a ação coletiva e os símbolos. Na ação coletiva, o
homem é reconhecido como sujeito coletivo, o qual vive em sociedade experimentando a
realidade vivida, criando e recriando a própria forma de agir, pensar e viver. Já os símbolos
representam graficamente ou em forma de monumentos a expressão do conhecimento.
(FONSECA, 2008).
15

A leitura e a escrita são os maiores símbolos de expressão deixadas pelo homem no


decorrer do tempo. Expressões essas que representam o maior legado do saber construído no
passado, no presente e também a ser construído no futuro. E o conhecimento científico é um
dos meios utilizados pelo ser humano para mostrar ao mundo a evolução do meio em que este
vive e as contribuições desse meio para a vida social. De acordo com Fachin (2006), o
conhecimento científico procura alcançar a verdade dos fatos independente da escala de
valores e das crenças dos cientistas e resulta de pesquisas metódicas e sistemáticas da
realidade.
Enfim, “o conhecimento científico existe porque o ser humano tem necessidade de
aprimorar-se constantemente, e não assumir uma postura simplesmente passiva, observando
os fatos ou objetos, sem poder de ação ou controle sobre eles”. (FACHIN, 2006, p. 200). Esse
conhecimento só é possível a partir da produção do conhecimento, a partir do momento em
que o ser humano se questiona e se coloca “em atitude de aprendizagem, de querer descobrir o
novo, de procurar esclarecimentos para dúvidas inerentes a fatos, pessoas, objetos e
fenômenos [...]”. (OLIVEIRA, 2013, p. 33).

1.5 A prática da leitura e o estudo


É mister, na graduação, ou em qualquer nível de ensino a prática da leitura para o
estudo sistemático, para a pesquisa, para a compreensão e interpretação de qualquer texto. Ler
para estudar significa buscar, conhecer, compreender, interpretar as ideias principais do texto
e distingui-las das ideias secundárias. Fonseca (2008, p. 25), descreve a leitura como um fator
decisivo de estudo, porque “propicia a ampliação do conhecimento, a obtenção de
informações básicas ou específicas, a abertura de novos horizontes para a mente, a
16

sistematização do pensamento, o enriquecimento do vocabulário e o melhor entendimento das


obras [...]”.
Existem alguns elementos que auxiliam a leitura para estudo, como os mencionados
por Fonseca (2008): o título, a data de publicação, a orelha ou contracapa, o índice ou
sumário, a introdução, prefácio ou nota do autor e as referências. Tais elementos permitem
identificar o assunto, chamar a atenção para as partes relevantes da temática como atualização
dos temas, teorias ou conceitos tratados.
Gil (2010) classifica quatro tipos de leitura necessárias para o avanço da pesquisa
bibliográfica as quais servem como ponto de partida para a escolha das técnicas a serem
utilizadas em qualquer estudo. Tais são: leitura exploratória, leitura seletiva, leitura analítica e
leitura interpretativa. Essas leituras servem como base para o tipo de pesquisa pretendida.
Portanto, a leitura para estudo tem por objetivo a busca por informações no texto. No
entanto, além dessa busca por informações é preciso que o acadêmico tenha uma
compreensão global do vocabulário utilizado para que possa fazer uma interpretação crítica
com a “finalidade de fornecer instrumentos para o trabalho intelectual que se deseja fazer”.
(FONSECA, 2008, p. 27).

1.6 A leitura e suas técnicas


É importante conhecer as principais técnicas para realizar uma boa leitura,
especialmente se essa leitura for direcionada ao estudo. Existem várias técnicas de leitura,
elencamos aqui algumas que podem ajudar o/a estudante do curso de História a realizar uma
leitura minuciosa de seus textos.
Medeiros (2014) diz que não há uma leitura somente, mas diferentes leituras. É a
interação entre leitor e texto que possibilita a identificação de múltiplos significados. Textos
diferentes exigem diferentes estratégias de leitura. Um texto ficcional pede leitura diversa
daquela que se realiza de um texto científico.
Segundo Fonseca (2008), alguns aspectos são fundamentais em uma leitura e podem
trazer proveito e resultados satisfatórios: atenção, intenção, reflexão, espírito crítico, análise,
síntese. Esses aspectos podem levar o leitor em direção ao propósito pretendido porque, antes
de tudo, o leitor busca o entendimento, a assimilação e a compreensão do conteúdo básico do
texto.
As técnicas utilizadas na escritura de um texto científico são diversas e dependem do
tipo de pesquisa a ser realizada. É importante primeiro selecionar o material a ser utilizado e
depois identificar as informações e os dados obtidos e analisá-los para verificar a veracidade e
17

se são realmente necessários para o andamento da pesquisa. É essencial a seleção do material


impresso ou adquirido de outras fontes para não fugir da temática a ser pesquisada. Após a
seleção do material, é hora de debruçar-se sobre o material selecionado e colocar mãos à obra,
ou seja, iniciar a leitura em busca de informações sobre a temática a ser investigada.
A leitura do material selecionado pode acontecer a partir das seguintes técnicas: leitura
silenciosa, releitura do texto para encontrar as ideias do autor, identificação de palavras com
significados desconhecidos para o leitor (estudo do vocabulário), ler e sublinhar o que for
importante, fichamento (citação, resumo ou analítico) e interpretação crítica para melhor
entendimento do que foi lido.
Ainda neste sentido, Fonseca (2008, p. 37) ressalta que sublinhar é “uma técnica que
se torna indispensável não só utilizada para esquemas e resumos, mas servindo também para
evidenciar as ideias importantes transcritas em um texto, tendo como finalidade o estudo, a
revisão ou mesmo memorização do assunto [...]”.

1.7 A Internet como ferramenta na busca do conhecimento


A internet permite ao pesquisador uma nova forma de conhecer, pensar, raciocinar e
agir. É uma ferramenta necessária e ágil nos dias atuais para a aquisição do conhecimento. É
necessário que o usuário saiba filtrar as informações disponibilizadas, evitando o “lixo”,
informações essas que não possuem teor científico.
Também é preciso discernimento e cuidado ao utilizar a internet para busca de
conhecimento, principalmente resistir à tentação de “copiar” os conteúdos pesquisados. Assim
como em livros impressos, é preciso ler, compreender e interpretar o conteúdo da internet
para poder utilizar em pesquisas, sempre colocando a autoria devida nos trechos retirados.

1.8 Fichamento: conceitos, tipos e exemplos


O fichamento consiste na utilização de um sistema de fichas para a tomada de
apontamentos. É uma técnica que serve para melhor compreensão do que foi lido. É também o
meio pelo qual o pesquisador retém o material levantado. Por isso, o fichamento requer
facilidade de classificação e maleabilidade.
O fichamento constitui uma técnica de estudo para facilitar o manuseio dos dados
coletados e a consulta às obras escolhidas para o arcabouço teórico da pesquisa. Faz-se
necessária a organização das fichas para que o pesquisador não se atrapalhe, tenha fácil acesso
a elas e os dados não se percam.
18

Em cursos de Graduação, existem basicamente três tipos de fichamentos: fichamento


bibliográfico, fichamento de conteúdo e fichamento analítico.
a) Fichamento bibliográfico: destina-se essencialmente ao registro da
referência completa da obra: inclui dados bibliográficos completos do texto, número
de registro da biblioteca (se houver) e um resumo do seu conteúdo. Geralmente
utilizado para registro das obras em bibliotecas.
b) Fichamento de conteúdo: é usado para registrar esquemas, resumos,
cópias ou críticas. Conforme a técnica utilizada, este fichamento poderá ser: ficha
esquemática, ficha resumo, ficha resumo crítico, ficha de citação e ficha crítica.
c) Fichamento analítico: é usado para registrar a citação, o comentário
da citação e uma análise crítica de um conjunto de ideias.
No quadro abaixo apresentamos alguns exemplos de fichamentos:

Quadro 03: Exemplos de Fichamento.


EXEMPLO 01: FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO
DIEGUES, ANTONIO CARLOS

DIEGUES, Antonio Carlos. O mito moderno da natureza intocada. 3.ed. São Paulo: Hucitec,
2000.

O mito moderno da natureza intocada trata das relações entre o ser humano e mundo
natural no final do milênio, marcado por processos que têm levado a uma crescente degradação
ambiental.

EXEMPLO 02: FICHAMENTO DE CONTEÚDO (OU DE CITAÇÃO)


DIEGUES, Antonio Carlos. O mito moderno da natureza intocada. 3.ed. São Paulo:
Hucitec, 2000.

“A preocupação com as populações tradicionais que vivem em unidades de


conservação é relativamente recente no Brasil, e até pouco tempo era considerado caso
de política, pois deveriam ser expulsas da terra em que sempre viveram para a criação
de parques e reservas”. (p.125).

EXEMPLO 03: FICHAMENTO ANALÍTICO


19

OLIVEIRA, Walter Oliveira de. Educação social de rua: o que é e como surgiu. Porto
Alegre: Artmed, 2004.

Página Citação Comentário Crítico

1.9 Noção de texto e linguística de texto


De acordo com Marcuschi (2008), os textos são, a rigor, o único material linguístico
observável. Há um fenômeno linguístico (de caráter enunciativo e não meramente formal) que
vai além da frase e constitui uma unidade de sentido. O texto é o resultado de uma ação
linguística cujas fronteiras são em geral definidas por seus vínculos com o mundo no qual ele
surge e funciona. O texto é uma (re)construção do mundo e não uma simples refração ou
reflexo.
Marcuschi (2008) ainda diz que a primeira característica do texto é o fato de ser um
todo organizado capaz de produzir sentido, ou seja, diz algo a alguém de maneira completa. A
segunda é ser um objeto de comunicação entre sujeitos. O texto refrata o mundo na medida
em que o reordena e reconstrói. O texto é um evento comunicativo em que convergem ações
linguísticas, sociais e cognitivas. Já a Linguística Textual pode ser definida como o estudo
das operações linguísticas, discursivas e cognitivas reguladoras e controladoras da produção,
construção e processamento de textos escritos ou orais em contextos naturais de uso.
O texto não é simplesmente um artefato linguístico, mas um evento que ocorre na
forma de linguagem inserida em contextos comunicativos. O texto acha-se construído na
perspectiva da enunciação. E os processos enunciativos não são simples nem obedecem a
regras fixas. O texto se dá como um ato de comunicação unificado num complexo universo
de ações humanas interativas e colaborativas. Enfim, o texto é um sistema atualizado de
escolhas extraído de sistemas virtuais entre os quais a língua é o sistema mais importante. É
essencial tomar o texto como um evento comunicativo no qual convergem ações linguísticas,
cognitivas e sociais. (MARCUSCHI, 2008).

1.10 Texto e Textualidade: dimensões e implicações pedagógicas


20

Segundo Marcuschi (2008), Influências vindas de várias direções conduziram a


linguística até o âmbito mais amplo da língua como forma de atuação social e prática de
interação dialógica, e, a partir daí, até a textualidade. Por textualidade se pretende
considerar a condição que têm as línguas de somente ocorrerem sob a forma de textos e as
propriedades que um conjunto de palavras deve apresentar para poder funcionar
comunicativamente. Assim, o texto envolve uma teia de relações, de recursos, de estratégias,
de operações, de pressupostos, que promovem a sua construção, que promovem seus modos
de sequenciação, que possibilitam seu desenvolvimento temático, sua relevância informativo-
contextual, sua coesão e sua coerência.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) defendem o uso da língua em textos
orais e escritos como eixo do ensino de línguas na escola. Dessa forma, continua até hoje em
grande parte das escolas, a experiência inócua e frustrante de um estudo de língua que parece
esgotar-se em exercícios de classe e deveres de casa.
Marcuschi (2008) diz que é preciso ir além e atingir os elementos que condicionam a
linguagem, que determinam e conferem de fato propriedade e relevância. É preciso chegar ao
âmbito das práticas sociais e, daí, ao nível das práticas discursivas. O termo “gêneros
textuais” abarca elementos além do linguístico, pois abrange normas e convenções que são
determinadas pelas práticas sociais que regem a troca efetivada pela linguagem. O conceito de
gêneros textuais retoma um pressuposto básico da textualidade: o de que a língua usada nos
textos – dentro de um determinado grupo – constitui uma forma de comportamento social.
Ainda segundo Marcuschi (2008), os textos orais e escritos devem ser objeto de estudo
das aulas de língua, devem ser o eixo do programa. O texto deve assumir uma feição concreta,
particular, de realização típica, uma vez que seriam identificados como sendo, cada um, de
determinado gênero. Recobrar pleno sentido também o estudo detalhado das estruturas de
composição dos textos ou a sua forma composicional. Conhecer os blocos que compõem
determinado gênero, que formas assumem e em que sequência esses blocos são distribuídos.
Todo texto se concretiza numa determinada forma de construção, que engloba certa sequência
de elementos, mais ou menos estipulados.
As atividades de compreensão superariam o simples cuidado de entender o texto, ou a
semântica de seu conteúdo, para atingirem os propósitos comunicativos com que foi posto em
circulação. É preciso ir além do sentido para identificar as intenções pretendidas pelo autor, as
quais se expressam nas palavras e em outros sinais. O estudo dos gêneros permite aos alunos
perceber como a elaboração e a compreensão de um texto resultam da conjunção de fatores
internos à língua e de fatores externos a ela. Os conceitos de “certo” e “errado” cedem lugar a
21

outras referências, reveladoras da relação entre língua e contexto, entre um interlocutor e


outro, entre dizer e fazer. (MARCUSCHI, 2008).
Nesse contexto, o autor ressalta que o estudo dos gêneros contemplaria as habilidades
propostas, tanto para a fala quanto para a escrita, também a variedade da interação verbal que,
de fato, marca a vida das pessoas nos diferentes grupos sociais. Essa variedade não é
aleatória, depende do lugar social em que tem lugar cada interação. Com o estudo dos
gêneros, as dificuldades de produção e de recepção dos textos seriam mais facilmente
atenuadas e, progressivamente, superadas. Em suma, a língua virtual, cujo estudo se esgota
pela consideração da palavra e da frase isoladas, cederia lugar à língua que, de fato, a atuação
de sujeitos de linguagem, ao lado de tantas outras manifestações culturais com que se vai
tecendo a história das pessoas e do mundo.

Atividades de Aprendizagem
1.11 Síntese
Nesta primeira unidade conhecemos os conceitos, as concepções e os níveis de leitura
apresentados por Maria Helena Martins. Também discorremos sobre a importância do ato de
ler, sobre a alfabetização de adultos e bibliotecas populares e as experiências de alfabetização
de Paulo Freire em São Tomé e Príncipe. Apresentamos os tipos de fichamentos com alguns
exemplos importantes; e finalizamos com os conceitos de texto e textualidade, suas
diferenças, dimensões e implicações pedagógicas.

1.12 Aprofundando o conhecimento


• Aprofundaremos o conhecimento adquirido em nossas aulas da Unidade I a partir dos
exercícios de aplicação, das questões para reflexão do que foi apreendido, das duas
obras indicadas para aprofundamento da leitura e dos dois sites também indicados para
conhecermos outros espaços que falam sobre leitura.
1.12.1 Exercícios de aplicação
• Exercício 01: Discuta em grupo sobre os conceitos e níveis de leitura apresentados na
obra “O que é leitura”, de Maria Helena Martins. Elabore um conceito sobre leitura,
evidenciando sua importância na formação do indivíduo.
• Exercício 02: Releia a obra “O que é leitura”, de Maria Helena Martins, aplique ao
texto algumas técnicas de leitura apresentadas na aula 2 da Unidade I. Faça um
fichamento de citação da obra lida.
22

• Exercício 03: Leia a obra “A importância do ato de ler: em três artigos que se
completam”, de Paulo Freire e aplique ao texto da obra algumas técnicas de leitura
apresentadas na aula 2 da Unidade I.
1.12.2 Questão para reflexão
• A partir das leituras das obras utilizadas nesta unidade, reflita sobre as seguintes
questões: O que é leitura? O que é texto? E a textualidade?
1.12.3 Leituras indicadas
• Do mundo da leitura para a leitura do mundo, de Marisa Lajolo. Essa obra nos traz
uma reflexão sobre a leitura na escola, mostrando tudo que essa atividade implica
dentro da realidade brasileira. A autora, a partir de exemplos concretos, questiona uma
série de valores e funções atribuídos à literatura na escola.
• Letramento: um tema em três gêneros, de Magda Soares. Essa obra nos traz alguns
aspectos interessantes e importantes sobre alfabetização e letramento, habilidades e
práticas sociais de leitura e escrita.

1.12.4 Sites indicados


• Espaço de Leitura: Nesse espaço é possível conhecer diferentes experiências de
leituras. É uma plataforma que oferece atividades diferenciadas de leituras, como
jogos, leituras de contos, etc. Entre no link http://espacodeleitura.labelu.org.br
• Ecofuturo: Esse site mostra a implantação de bibliotecas em comunidades carentes
como uma forma de incentivar a leitura nesses lugares. Entre no link
www.ecofuturo.org/projeto/bibliotecas
23

UNIDADE II: GÊNERO TEXTUAL E TIPOLOGIA TEXTUAL

Na Unidade II, abordaremos os gêneros textuais e a tipologia textual com seus


principais conceitos, importância e diferenças. Apresentaremos também exemplos de cada
gênero abordado com suas características, elementos e estrutura, assim como também
mostraremos alguns conceitos e exemplos dos gêneros literários. Ao final dessa unidade,
esperamos que cada um de vocês possam conceituar e serem capazes de diferenciar gêneros e
tipologia textual, e também reconhecer os gêneros literários.

......................................................................................................................................................

2.1 Gêneros Textuais: alguns conceitos


Os gêneros são flexíveis, pois variam no decorrer do tempo, das situações, conforme a
trajetória cultural diferenciada dos grupos em que acontecem. Não se pode afirmar que os
“gêneros textuais são textos”, seria mais adequado dizer que o texto, tal como construído em
cada situação de interação, remete às convenções de um ou mais gêneros, sendo, na maioria
das vezes, identificado com aquele gênero cujos propósitos comunicativos predominam na
situação específica (BEZERRA, 2017).
Nos dias de hoje, a noção de gêneros não se vincula mais apenas à literatura, como diz
Swales (1990), “hoje gênero é facilmente usado para referir uma categoria distintiva de
discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, com ou sem aspirações literárias”. (SWALES,
1990, p. 33 apud MARCUSCHI, 2008, p. 147).
Os gêneros possuem uma estrutura própria, a qual é condicionada pela “configuração
contextual” em que os textos são produzidos e postos em circulação. O princípio de que tal
configuração contextual possibilita prever-se, para cada gênero, que elementos são
obrigatórios, quais deles são opcionais, qual a sequência em que se distribuem e sob que
formas os gêneros se apresentam, se iniciam, se desenvolvem e podem ser considerados
completos. (MARCUSCHI, 2008).
A ênfase nos gêneros deve estar na explicitação dos modelos pelos quais, em seus
textos, as pessoas realizam seus fins comunicativos e, não, na possibilidade de se estabelecer
um sistema uniforme para a classificação da imensa variedade de gêneros. Os gêneros devem
ser tomados como referência para o estudo da língua, e, consequentemente, para o
24

desenvolvimento de competências em fala, em escuta, em leitura e em escrita dos fatos


verbais com que interagimos socialmente.
Os Gêneros Textuais são as estruturas com que se compõem os textos, sejam eles orais
ou escritos. Tratam-se das variadas formas de linguagem que circulam em nossa sociedade,
sejam eles formais ou informais. Segundo Marcuschi (2010), os gêneros textuais são
fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social. São fruto do
trabalho coletivo e contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia a
dia. São entidades sociodiscursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer
situação comunicativa.
Os gêneros não são instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa.
Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos. Surgem
emparelhados a necessidades e atividades socioculturais, bem como na relação com inovações
tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais
hoje existentes em relação a sociedades anteriores à comunicação escrita. (MARCUSCHI,
2010). Hoje, em plena fase da denominada cultura eletrônica, com o telefone, o gravador, o
rádio, a TV e, particularmente o computador pessoal e sua aplicação mais notável, a internet,
presenciamos uma explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto na
oralidade quanto na escrita. (MARCUSCHI, 2010).
Os gêneros textuais surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em
que se desenvolvem. Caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas
e institucionais do que por suas peculiaridades linguísticas e culturais. São de difícil definição
formal, devendo ser contemplados em seus usos e condicionamentos socio-pragmáticos
caracterizados como práticas sociodiscursivas. São inúmeros em diversidade de formas,
obtêm denominações nem sempre unívocas e, assim como surgem, podem desaparecer.
(MARCUSCHI, 2010).
Não são propriamente as tecnologias que originam os gêneros e sim a intensidade dos
usos dessas tecnologias e suas interferências nas atividades comunicativas diárias. Os grandes
suportes tecnológicos da comunicação como o rádio, a televisão, o jornal, a revista, a internet,
por terem uma presença marcante e grande centralidade nas atividades comunicativas da
realidade social que ajudam a criar, vão por sua vez propiciando e abrigando gêneros novos
bastante característicos.
A partir daí surgiram novas formas discursivas, tais como editoriais, artigos de fundo,
notícias, telefonemas, telegramas, telemensagens, teleconferências, videoconferências,
25

reportagens ao vivo, cartas eletrônicas (e-mails), bate-papos virtuais (chats), aulas virtuais
(aulas chats) e assim por diante. (MARCUSCHI, 2010).

2.2 Gênero Textual e Tipologia Textual


Segundo Marcuschi (2010), é impossível se comunicar verbalmente a não ser por
algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto.
Em outros termos, partimos da ideia de que a comunicação verbal só é possível por algum
gênero textual. Para distinguir gêneros e tipos textuais, ainda de acordo com o autor, é preciso
seguir uma definição que permite entender as diferenças entre os dois termos:
a) Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de sequência
teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (léxico, sintaxe,
verbos, relações de coesão).
b) Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para
referir os textos materializados que encontramos em nosso dia a dia e que apresentam
características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais,
estilo e composição característica.

2.2.1 Quadro sinótico: Tipos Textuais e Gêneros Textuais

Quadro 04: Tipos Textuais x Gêneros Textuais


TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS

Construtos teóricos definidos por propriedades Realizações linguísticas concretas definidas por
linguísticas intrínsecas. propriedades sociocomunicativas.

Constituem sequências linguísticas ou sequências Constituem textos empiricamente realizados,


de enunciados e não são textos empíricos. cumprindo funções em situações comunicativas.

Sua nomeação abrange um conjunto limitado de Sua nomeação abrange um conjunto aberto e
categorias teóricas determinadas por aspectos praticamente ilimitado de designações concretas
lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempo verbal. determinadas pelo canal, estilo, conteúdo,
composição e função.

Designações teóricas dos tipos: narração, descrição, Exemplos de gêneros: telefonema, sermão, carta
injunção e exposição. comercial, carta pessoal, bilhete, aula expositiva,
bula de remédio, resenha, piada, etc.

Fonte: MARCUSCHI/2010.

2.3 Tipo Textual, Gênero Textual e Domínio Discursivo:

Apresentaremos nesse item os conceitos e características da tipologia textual, gênero


textual e domínio discursivo, a partir dos postulados de Marcuschi (2008):
26

2.3.1 Tipo Textual: designa uma espécie de construção teórica definida pela natureza
linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas,
estilo). Caracteriza-se muito mais como sequências linguísticas do que como textos
materializados; a rigor, são modos textuais. Abrangem cerca de meia dúzia de categorias
conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção.
2.3.2 Gênero Textual: são os textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam
padrões sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos
enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais,
institucionais e técnicas. Em contraposição aos tipos textuais, os gêneros são entidades
empíricas em situações comunicativas e se expressam em designações diversas, constituindo
em princípio listagens abertas. Alguns exemplos: telefonema, sermão, carta comercial, carta
pessoal, romance, bilhete, reportagem, notícia, horóscopo, receita culinária, etc.
2.3.3 Domínio Discursivo: constitui muito mais uma “esfera da atividade humana” no
sentido bakhtiniano do termo do que um princípio de classificação de textos e indica
instâncias discursivas (por exemplo: discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso
religioso, etc.). não abrange um gênero em particular, mas dá origem a vários deles, já que os
gêneros são institucionalmente marcados. Constituem práticas discursivas nas quais podemos
identificar um conjunto de gêneros textuais que às vezes lhe são próprios ou específicos como
rotinas comunicativas institucionalizadas e instauradoras de relações de poder.
As distinções entre um gênero e outro não são predominantemente linguísticas e sim
funcionais. Já os critérios para distinguir os tipos textuais seriam linguísticos e estruturais, de
modo que os gêneros são designações sociorretóricas e os tipos são designações teóricas.

2.4 O suporte dos Gêneros Textuais

É bom salientar que embora os gêneros textuais não se caracterizem nem se definam
por aspectos formais, sejam eles estruturais ou linguísticos, e sim por aspectos
sociocomunicativos e funcionais, isso não quer dizer que a forma possa ser desprezada. Em
muitos casos, são as formas que determinam o gênero e, em outros tantos, serão as funções.
Em muitos casos será o próprio suporte ou ambiente em que os textos aparecem que
determinam o gênero presente.
De acordo com Marcuschi (2008), o suporte de um gênero é um lócus físico ou virtual
com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado
como texto. O suporte de um gênero é uma superfície física em formato específico que
suporta, fixa e mostra um texto. Essa ideia comporta três aspectos:
27

a) Suporte é um lugar (físico ou virtual);


b) Suporte tem formato específico;
c) Suporte serve para fixar e mostrar o texto.

2.4.1 Tipos de Suporte:


a) Convencional: são os que têm a função de portarem ou fixarem textos. Ex: livro; livro
didático; jornal; revista; revista científica; rádio; televisão; telefone; quadro de avisos;
outdoor; encarte; folder; luminosos; faixas; e-mail; etc.
b) Incidental: são aqueles que operam como suportes ocasionais ou eventuais. Ex:
embalagem; para-choques e para-lamas de caminhão; roupas; corpo humano; paredes;
muros; paradas de ônibus; estações de metrô; calçadas; fachadas; etc.
OBS: Existem alguns casos que não devem ser situados entre os suportes textuais, sejam os
incidentais ou os convencionais. É melhor vê-los como serviços. Ex: correios; e-mail
(Programa); mala direta; internet; homepage ou site.

2.5 Análise de Gêneros Textuais na oralidade, e na relação fala e escrita

O estudo da classificação das interações verbais orais é bem mais recente e menos
sistemático que a classificação dos textos escritos. A relevância da investigação dos gêneros
textuais reside, segundo Gulich (1986, p. 18, apud Marcuschi, 2008)), no fato de serem
usados pelos participantes da comunicação linguística como parte integrante de seu
conhecimento comum. Nesse sentido, um gênero seria uma noção cotidiana usada pelos
falantes que se apoiam em características gerais e situações rotineiras para identificá-lo. Tudo
indica que existe um saber social comum pelo qual os falantes se orientam em suas decisões
acerca do gênero de texto que estão produzindo ou que devem produzir em cada contexto
comunicativo.
Marcuschi nos apresenta também o conceito proposto por Heinemann & Viehweger
(1991, p. 111) de que “os falantes lançam mão de conhecimentos de três grandes sistemas
cognitivos para processar seus textos. Essas três esferas do saber são: saber linguístico; saber
enciclopédico; saber interacional”. (apud MARCUSCHI, 2008).
Como os gêneros textuais ancoram na sociedade e nos costumes e ao mesmo tempo
são parte dessa sociedade e organizam os costumes, podem variar de cultura para cultura.
Muitas vezes, refletem situações sociais peculiares com um componente de adequabilidade
estrutural, mas há um forte componente de caráter sociocomunicativo. Assim, deve-se levar
28

em conta o aspecto que diz respeito ao uso comunicativo dos diversos gêneros como
determinante de formas estruturais.
O autor supra citado ainda define que os gêneros são apreendidos no curso de nossas
vidas como membros de alguma comunidade. Nesse caso, os gêneros são padrões
comunicativos socialmente utilizados, que funcionam como uma espécie de modelo
comunicativo global que representa um conhecimento social localizado em situações
concretas. Sociedades tipicamente orais desenvolvem certos gêneros que se perdem em outras
tipicamente escritas e penetradas pelo alto desenvolvimento tecnológico. Os gêneros
observados em sua relação com a fala e a escrita resulta em uma visão antidicotômica ao
sugerir que eles:
a) São históricos e têm origem em práticas sociais;
b) São sociocomunicativos e revelam práticas;
c) Estabilizam determinadas rotinas de realização;
d) Tendem a ter uma forma característica;
e) Nem tudo neles pode ser definido sob o aspecto formal;
f) Sua funcionalidade lhes dá maleabilidade e definição;
g) São eventos com contrapartes tanto orais como escritas.
O aspecto central nesta questão é a impossibilidade de situar a oralidade e a escrita em
sistemas linguísticos diversos, de modo que ambas fazem parte do mesmo sistema da língua.
São realizações de uma gramática única, mas, do ponto de vista semiológico, podem ter
peculiaridades com diferenças bem acentuadas, de tal modo que a escrita não representa a
fala.

2.6 Domínios Discursivos e Gêneros Textuais na oralidade e na escrita

Os textos situam-se em domínios discursivos que produzem contextos e situações para


as práticas sociodiscursivas características. Entendemos como domínio discursivo uma esfera
da vida social ou institucional (religiosa, jurídica, jornalística, pedagógica, política, industrial,
militar, familiar, lúdica, etc.) na qual se dão práticas que organizam formas de comunicação e
respectivas estratégias de compreensão.
Os domínios discursivos produzem modelos de ação comunicativa que se estabilizam
e se transmitem de geração para geração com propósitos e efeitos definidos e claros. Além
disso, acarretam formas de ação, reflexão e avaliação social que determinam formatos textuais
que em última instância desembocam na estabilização de gêneros textuais.
29

Essas distintas práticas sociais desenvolvidas nos diversos domínios discursivos que
sabemos que nosso comportamento discursivo num circo não pode ser o mesmo que numa
igreja e que nossa produção textual na universidade e numa revista de variedades não será a
mesma. Consequentemente, os domínios discursivos operam como enquadres globais e
superordenação comunicativa, subordinando práticas sociodiscursivas orais e escritas que
resultam nos gêneros.

2.6.1 Gêneros Textuais por domínios discursivos e modalidades: alguns exemplos


Quadro 05: Exemplos de gêneros textuais por domínios discursivos e modalidades
Domínios Discursivos Modalidade Escrita Modalidade Oral
Instrucional (científico Artigos científicos; verbetes; Conferências; debates;
acadêmico e educacional) relatórios científicos; notas de discussões; exposições; aulas
aula; notas de rodapé; teses; participativas; entrevistas; aulas
monografias; cartas de em vídeo; aconselhamento;
recomendação; prova escrita; seminários; prova oral; etc.
biografias, etc.
Jornalístico Editoriais; notícias; reportagens; Entrevistas jornalísticas;
artigos de opinião; palavras entrevista coletiva; notícias de
cruzadas; roteiros; etc. rádio; notícias de TV; boletim do
tempo; etc.
Religioso Orações; rezas; catecismo; Sermões; confissões; rezas;
homilias; missal; bulas papais; cantorias; orações; lamentações;
penitências; encíclicas papais; cantos medicinais; benzeções.
etc.
Fonte: MARCUSCHI/2008.

2.7 Gêneros Textuais e o Ensino de Língua

Existe algum gênero ideal para tratamento em sala de aula? Ou será que existem
gêneros que são mais importantes que outros? Não existe uma resposta consensual para essas
questões. Os próprios PCN (1997) têm grande dificuldade quando chegam a este ponto e
parece que há gêneros mais adequados para a produção e outros mais adequados para a
leitura. Essa visão dos PCN é muito redutora no que diz respeito à diversidade de produção
textual; e essa visão se faz presente nos manuais de ensino de língua no ensino fundamental e
médio. Uma análise mais atenta a esses manuais mostra que há uma relativa variedade de
gêneros textuais presentes nessas obras. No entanto, também revela que a essa variedade não
corresponde uma realidade analítica. Pois os gêneros que aparecem nas seções centrais e
básicas são sempre os mesmos. Os demais gêneros figuram apenas para “enfeite” e até para
distração dos alunos. São poucos os casos de tratamento dos gêneros de maneira sistemática.
Atualmente, vêm surgindo novas perspectivas e novas abordagens que incluem até mesmo a
oralidade.
30

Há gêneros textuais ideais para o ensino da língua? A resposta é não. Mas é provável
que se possam identificar gêneros com dificuldades progressivas, do nível menos formal ao
mais formal, do mais privado ao mais público e assim por diante. No quadro abaixo
apresentamos alguns exemplos de Gêneros Textuais:

Quadro 06: Alguns exemplos de gêneros textuais


BILHETE CARTA

PROPAGANDA EDITORIAL

REPORTAGEM CHARGE

2.8 Tipologia Textual

É a sequência descritiva, narrativa ou dissertativa em um texto. É a organização do


enunciado em uma estrutura bem definida e facilmente identificada por suas características
predominantes. É o uso de determinadas palavras, determinados tempos verbais, determinadas
relações lógicas no processo da escrita.
31

Os tipos de textos são classificados de acordo com sua estrutura, objetivo e finalidade.
Principais tipos textuais: narrativo; descritivo; dissertativo (expositivo e argumentativo);
instrucional ou injuntivo, preditivo e dialogal ou conversacional.

2.8.1 Texto Narrativo

O texto narrativo é aquele que narra uma história através da sequência de fatos. A
sucessão de acontecimentos é contada por um narrador que apresenta os principais elementos
da narração Modalidade em que se conta um fato, verdadeiro ou não, que ocorreu em
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens.
Os elementos principais de um texto narrativo são: narrador (1ª pessoa ou 3ª pessoa);
personagens (principais, secundários, figurantes); tempo; cenário; enredo; ação (conflito). A
narrativa predomina nos seguintes gêneros: conto; fábula; romance; lenda; novela; piada;
depoimento; relato; crônica; etc. Apresentamos no quadro abaixo alguns exemplos de texto
narrativo.
Quadro 07: Exemplos de texto narrativo
A Rã e o Boi
Uma rã estava no prado olhando um boi e sentiu tal
inveja do tamanho dele que começou a inflar para
ficar maior.
Então, outra rã chegou e perguntou se o boi era o
maior dos dois.
A primeira respondeu que não – e se esforçou para
inflar mais.
Depois, repetiu a pergunta:
– Quem é maior agora?
A outra rã respondeu:
– O boi.
A rã ficou furiosa e tentou ficar maior inflando mais e
mais, até que arrebentou.
(Fábula de Esopo).
32

2.8.2 Texto Descritivo

O texto descritivo é um tipo de texto que apresenta a descrição de algo, seja de uma
pessoa, um objeto, um local, etc. Assim, ele expõe apreciações, impressões e observações de
algo indicando os aspectos, as características, os detalhes singulares e os pormenores. É o
retrato que se faz por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. É criar com
palavras a imagem do objeto descrito.
Alguns recursos linguísticos relevantes na estruturação dos textos descritivos são: a
utilização de adjetivos, verbos de ligações, metáforas e comparações. O texto descritivo
predomina nos seguintes gêneros: cardápio, folheto turístico, anúncio, classificado, etc.

Quadro 08: Exemplos de texto descritivo


A Carta de Pero Vaz de Caminha é um relato de viagem,
sendo, portanto, um exemplo de descrição:
"Também andavam, entre eles, quatro ou cinco mulheres
moças, nuas como eles, que não pareciam mal. Entre elas
andava uma com uma coxa, do joelho até o quadril, e a
nádega, toda tinta daquela tintura preta; e o resto, tudo da
sua própria cor. Outra trazia ambos os joelhos, com as
curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas
vergonhas tão nuas e com tanta inocência descobertas,
que nisso não havia nenhuma vergonha. Também andava
aí outra mulher moça com um menino ou menina ao colo,
atado com um pano (não sei de quê) aos peitos, de modo
que apenas as perninhas lhe apareciam. Mas as pernas da
mãe e o resto não traziam pano algum."

Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha.

2.8.3 Texto Dissertativo


33

O texto dissertativo busca defender uma ideia e, logo, é baseado na argumentação e no


desenvolvimento de um tema. Geralmente, os textos dissertativos-argumentativos, além de
serem opinativos, buscam persuadir o leitor. Pode se apresentar de duas formas:
a) Expositivo:
O texto expositivo apresenta informações sobre determinado assunto; expõe, reflete,
explica e avalia ideias de modo objetivo. Expõe ideias com intenção de informar, esclarecer.
O texto expositivo pretende apresentar um tema a partir de recursos como a conceituação, a
definição, a descrição, a comparação, a informação e enumeração. Dessa forma, o objetivo
central do emissor é explanar, discutir e explicar sobre um determinado assunto. Esse tipo de
texto dissertativo predomina nos seguintes gêneros: aula, resumo, textos científicos,
enciclopédias, verbetes de dicionários, textos expositivos de revistas e jornais, etc.
b) Argumentativo:
O texto dissertativo-argumentativo apresenta defesa de ideias e/ou ponto de vista de
um autor. Explica, mas também tenta convencer o leitor. Caracteriza-se pelo raciocínio lógico
e linguagem denotativa, objetiva. Esse tipo de texto predomina nos seguintes gêneros:
sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, manifesto, crítica, editorial de revistas e jornais.

Quadro 09: Exemplos de textos dissertativos


EXPOSITVO ARGUMENTATIVO
“A leitura vai além do texto e começa antes do contato Gostar de política não é uma opção, mas uma
com ele. O leitor assume um papel atuante, deixa de necessidade. Primeiro, porque o cidadão precisa de
ser mero decodificador ou receptor passivo. E o um conhecimento político para escolher seu
contexto geral em que ele atua, as pessoas com quem candidato. Depois, porque a política está presente na
convive passam a ter influência apreciável em seu escola, no trabalho, enfim, na vida. Logo, torna-se
desempenho na leitura”. (MARTINS, 2006, p. 32). fundamental o gosto por ela, pois é ela que rege a
(Conceito de leitura) nossa existência. (Sildomar Vieira, aluno do curso de
Letras/Ufam, 2000 – Parágrafo-padrão). (SENA,
Odenildo, 2011, p. 28).
34

2.8.4 Texto Instrutivo/Injuntivo

O texto Injuntivo ou instrucional está pautado na explicação e no método para a


realização de algo. Assim, um dos recursos linguísticos marcantes desse tipo de texto é a
utilização dos verbos no imperativo, de modo a indicar uma "ordem". Indica como realizar
uma ação. Os verbos são geralmente empregados no imperativo, indicando ordens, pedidos,
súplicas, desejo.
Esse tipo de texto está presente nos seguintes gêneros: em manuais de instruções,
regulamentos, textos de orientação, receitas culinárias, bulas de remédios, cartões com votos e
desejos, etc.

2.8.5 Texto Preditivo


É aquele que leva o interlocutor a crer em alguma coisa que ainda vai ocorrer. E
predomina nos seguintes gêneros: previsões astrológicas, previsões meteorológicas, etc.

2.8.6 Texto Dialogal/Conversacional


Esse tipo de texto caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. Predomina nos
seguintes gêneros: entrevista, conversa telefônica, chat, etc.

Quadro 10: Exemplos de textos instrucional, preditivo e diálogo.


INSTRUCIONAL PREDIÇÃO DIALOGAL
Manual de instrução: Envio de fax. TOURO: Em 2015, você Conversa ao telefone
mergulhará de cabeça nas
Coloque o documento com a frente relações amorosas. Existirão - Alô! Por favor, posso falar com
para baixo e o empurre gentilmente no momentos de muita alegria, Antônio?
35

alimentador. A borda deve entrar no mas também de seriedade. As - O Antônio já saiu para o trabalho.
fax primeiro e depois aperte o botão e solteiras devem aceitar - Tudo bem. Obrigada.
o documento estará pronto para ser convites para festas, grupos de - Até logo.
enviado. estudo e reuniões de amigos, - Tchau!
pois nessas ocasiões poderão
conhecer alguém jovem e
comunicativo. As
comprometidas deverão
aproveitar a boa energia para
traçarem com o par o futuro do
casal. (Horóscopo).

2.9 Gêneros Literários

Os gêneros literários reúnem um conjunto de obras que apresentam características


análogas de forma e conteúdo. Essa classificação pode ser feita de acordo com critérios
semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais, entre outros. São divisões feitas em
obras literárias de acordo com características formais comuns, agrupando-as segundo critérios
estruturais, contextuais e semânticos, entre outros. A divisão clássica remonta à Grécia antiga
e define três gêneros literários: Gênero lírico; Gênero épico e Gênero dramático.
Esta classificação de gêneros literários sofreu algumas alterações ao longo dos anos e,
presentemente, privilegia-se a substituição do gênero épico pelo gênero narrativo, mais
abrangente e atual, ficando, dessa forma, a seguinte divisão: Gênero lírico; Gênero narrativo e
Gênero dramático.

2.9.1 Gênero Lírico

O gênero lírico é escrito em verso, na 1.ª pessoa do discurso – eu. Expressa


sentimentos e emoções. Exterioriza um mundo interior. Apresenta um caráter subjetivo. Usa
palavras no seu sentido conotativo. Recorre a muitas figuras de linguagem.
36

O gênero lírico se refere ao tipo de texto literário onde predomina a expressão de


sentimentos e emoções subjetivas do sujeito lírico - o eu lírico. São maioritariamente escritos
em verso, sendo textos breves por não apresentarem enredo, mas sim a exteriorização do
mundo interior do eu lírico. São subgêneros do gênero lírico: ode, hino, elegia, idílio, écloga,
epitalâmio, sátira.
a) Ode: Poema lírico de exaltação, entusiasmo e alegria.
b) Hino: Poema lírico de glorificação, homenagem e louvor a divindades e à pátria.
c) Elegia: Poema lírico melancólico sobre a morte e a tristeza.
d) Idílio: Poema lírico sobre a vida pastoril e bucólica.
e) Écloga: Poema lírico sobre a vida pastoril e bucólica, que recorre ao uso de diálogos.
f) Epitalâmio: Poema lírico para celebração do casamento, que homenageia os noivos e
o vínculo conjugal.
g) Sátira: Poema lírico cujo objetivo é ridicularizar pessoas e situações, criticando e
ironizando defeitos e vícios.

Quadro 11: Exemplos de gênero lírico


37

2.9.2 Gênero Narrativo ou Épico


A nomenclatura gênero épico tem sofrido alterações ao longo dos anos. Atualmente,
privilegia-se a substituição da nomenclatura gênero épico para gênero narrativo, considerada
mais atual.
O gênero narrativo é escrito majoritariamente em prosa. Apresenta um narrador que
conta a ação. Narra uma sucessão de acontecimentos reais ou imaginários. Apresenta a
estrutura básica de introdução, desenvolvimento e conclusão. Desenrola-se num tempo e num
espaço. Utiliza discurso direto, indireto e/ou indireto livre. São subgêneros do gênero
narrativo: romance, novela, conto, epopeia ou poesia épica, fábula, crônica, ensaio.
a) Romance: Narrativa em prosa, extensa e complexa, sobre personagens fictícias que
vivenciam acontecimentos imaginários num determinado espaço e tempo. Além de
relatar aventuras, os romances habitualmente traçam perfis psicológicos de
personagens, caracterizam uma época e criticam costumes sociais.
b) Novela: Narrativa em prosa mais breve do que o romance e mais extensa do que o
conto. Normalmente, apresenta o desenvolvimento sequencial de vários enredos
interligados, sendo uma narração dinâmica.
c) Conto: Narrativa em prosa mais breve do que o romance e a novela, cujo enredo é
intenso e rápido, ocorrendo uma ou poucas ações, vivenciadas num curto espaço de
tempo por poucas personagens, que são superficialmente caracterizadas.
d) Epopeia ou poesia épica: Narrativa em verso, extensa e complexa, sobre atos
heroicos de uma personagem ou conjunto de personagens em acontecimentos
extraordinários, dignos de serem imortalizados.
38

e) Fábula: Narrativa em verso ou em prosa sobre personagens e fatos fantásticos.


Apresenta duas características marcantes: ser protagonizada principalmente por
animais e ter como finalidade transmitir uma lição de moral, possuindo um cunho
educativo.
f) Crônica: Narrativa em prosa, sucinta e informal, que aborda temas simples e
cotidianos. Faz uma crítica a acontecimentos do dia a dia, recorrendo ao humor. Tem
como objetivo analisar e criticar a realidade social, política ou cultural. Dos textos
literários é o que mais se aproxima do texto jornalístico.
g) Ensaio: Narrativa breve e impessoal, em prosa, cuja finalidade é apresentar ideias,
críticas, reflexões e pontos de vista sobre um assunto. Possui um cunho didático.

Quadro 12: Exemplos de gênero narrativo ou épico

2.9.3 Gênero Dramático


39

A principal característica de um texto pertencente ao gênero dramático é ser feito para


ser encenado. Não existe um narrador que conta a ação, sendo o enredo apresentado através
das falas das personagens, representadas por atores que vivenciam os acontecimentos. Assim,
os diálogos e monólogos assumem uma importância fulcral.
O gênero dramático é feito para que haja a sua encenação. Está dividido em atos e
cenas. Conta a história através da fala das personagens. Apresenta indicações cênicas que
auxiliam a representação. São subgêneros do gênero dramático: auto, comédia, tragédia,
tragicomédia, farsa.
a) Auto: Peça teatral sobre temas religiosos ou profanos com teor moralizante que,
através de alegorias, visa satirizar e educar. As personagens são frequentemente
representadas de forma abstrata: a bondade, a fome, a inveja.
b) Comédia: Peça teatral que visa criticar os defeitos humanos e da sociedade através da
exploração de situações ridículas e cômicas do cotidiano. As personagens são
maioritariamente estereotipadas.
c) Tragédia: Peça teatral sobre um acontecimento trágico, que retrata adversidades e
sofrimento das personagens, culminando num final funesto. Visa impressionar a
audiência, provocando terror e compaixão.
d) Tragicomédia: Peça teatral que mistura características da comédia e da tragédia. São
abordados assuntos trágicos e é retratada a desgraça das personagens com elementos
cômicos e toques de humor.
e) Farsa: Peça teatral sobre situações grotescas e ridículas da vida cotidiana e familiar.
Apresenta um caráter exageradamente caricatural e satírico. Visa criticar a sociedade e
provocar o riso da audiência.

Quadro 13: Exemplos de gênero dramático


40

Atividades de Aprendizagem
2.10 Síntese
Nesta segunda unidade discorremos sobre os gêneros textuais, a tipologia textual e os
gêneros literários. Em relação aos gêneros textuais partimos dos conceitos postulados por
Marcuschi (2008; 2010), o qual além de conceituar vai diferenciar gênero, tipologia e domínio
discursivo. Esses termos são importantes para melhor conhecimento sobre a temática
apresentada nessa unidade. Além dos conceitos, importância e diferenças, apresentamos
exemplos de gêneros textuais, tipologia textual e acrescentamos conceitos e exemplos de
gêneros literários.
2.11 Aprofundando o Conhecimento
2.11.1 Exercícios de Aplicação
• Exercício 01: Pesquise e organize conceitos, características e estrutura de 3 (três)
gêneros textuais apresentados como exemplos na aula 05.
• Exercício 02: Ler, estudar e revisar as aulas 05 e 06 para realização da prova objetiva.
2.11.2 Questão para Reflexão
• Leia e reflita a partir do que diz Marcuschi (2010, p. 28), “[...] os gêneros são uma
espécie de armadura comunicativa geral preenchida por sequências tipológicas de base
que podem ser bastante heterogêneas, mas relacionadas entre si. Quando se nomeia
certo texto como ‘narrativo’, ‘descritivo’ ou ‘argumentativo’, não se está nomeando o
gênero e sim o predomínio de um tipo de sequência de base”.
2.11.3 Leituras Indicadas
41

• Gênero, ensino e formação de professores, organizado por Eulália Vera Lúcia Fraga
Leurquin; José de Ribamar Mendes Bezerra e Maria Elias Soares. Essa obra apresenta
14 artigos com resultados de pesquisas realizadas no âmbito da descrição e análise de
gêneros, do ensino de línguas e da formação de professores.
• Língua, texto e ensino: outra escola possível, de Irandé Antunes. Essa obra apresenta
alguns textos que tratam sobre a língua sob novos olhares, o texto, a textualidade e os
gêneros textuais e também mostra o ensino sob novos olhares. É um livro voltado para
professores, pesquisadores, especialistas e professores em formação.
2.11.4 Site Indicado
• Educa mais Brasil: esse é um espaço para que as pessoas interessadas em temas
educativos postem seus textos sobre vários assuntos nesta área. Acesse o site:
www.educamaisbrasil.com.br
42

UNIDADE III: ORGANIZAÇÃO DO PARÁGRAFO E DO TEXTO DISSERTATIVO

Na unidade III, será trabalhado o conceito de parágrafo, suas características e sua


estrutura a partir de textos de gêneros textuais com tipologia dissertativa-argumentativa.
Assim, inicialmente, trataremos de conceitos como dissertar e argumentar com o objetivo de
elencar as possibilidades de escrita dos acadêmicos, ampliando sua capacidade de empregar a
língua em diversas situações formais de comunicação. Ao final da unidade, você será capaz
de planejar e de produzir seus textos. Esperamos que você, acadêmico, aproveite os conteúdos
apresentados e os coloque em prática.

.......................................................................................................................................................

3.1 Os conceitos de dissertar e argumentar


Apresentaremos aqui uma acepção mais comum sobre dissertar que significa
“discorrer ou opinar sobre algum tema” como nos mostra Jamilk (2020, p. 480). A dissertação
é um gênero textual que pode se manifestar tanto por meio de textos argumentativos quanto
expositivos.
No texto argumentativo, a matéria-prima não são pessoas ou coisas, mas ideias e
conceitos, por isso textos argumentativos são predominantemente temáticos. Neles,
as ideias relacionam-se por pressuposições lógicas, de causa e efeito, de concessão,
de condição, entre outras. (TERRA, 2019, p. 183).

Enquanto que “a característica fundamental do padrão expositivo da dissertação é


utilizar a estrutura da prosa não para convencer alguém de alguma coisa, e sim para apresentar
uma ideia, apresentar um conceito” conforme nos esclarece Jamilk (200, p. 480). Assim, cada
dissertação tem seu propósito comunicativo.
No texto do padrão dissertativo-argumentativo, Jamilk (2020, pág. 483) “existe uma
opinião sendo defendida e existe uma posição ideológica por detrás de quem escreve o texto.
Nesses textos, opiniões e posições ideológicas serão apresentadas e defendidas a partir de
argumentos. Segundo Vigner (1988):
A argumentação consiste no conjunto de procedimentos linguísticos utilizados no
nível do discurso, a fim de sustentar uma afirmação, obter uma adesão ou justificar
uma tomada de posição. Exemplos: a) Sustentar uma afirmação: A esmola é
necessária, porque é uma das formas de ação contra a miséria. b) Obter uma adesão:
Precisamos dar esmolas para não sermos cúmplices da pobreza que nos rodeia. c)
Justificar uma tomada de posição: Sou a favor da esmola, pois o nosso país precisa
de solidariedade para sobreviver. (apud KÖCHE, BOFF, PAVANI, 2017).
43

Instruídos por esses conceitos, apresentaremos alguns exemplos de textos dissertativo-


argumentativos tecendo comentários e destacando o conteúdo gramatical aplicado a eles.

3.2 Textos dissertativo-argumentativos


Há várias maneiras de trabalhar a argumentação nas diversas situações comunicativas
materializando-a nos mais variados gêneros textuais. Como exemplo, podemos citar editorial,
artigo de opinião, carta argumentativa e dissertação escolar em que um emissor pode se
posicionar e esclarecer suas opiniões sobre determinado assunto.
3.2.1 Editorial
O exemplo de texto dissertativo-argumentativo que apresentamos é o editorial, o qual
de acordo com Köche, Boff e Marinello (2017, p. 53), “é um gênero textual que expressa o
ponto de vista do jornal ou revista em que é publicado. Opina a respeito de temas e fatos
atuais, notícias, reportagens e entrevistas, e nele não consta o nome do redator”. Ainda
segundo Köche, Boff e Marinello (2017, p. 72), podemos assim resumir as características do
editorial:
• expressa o ponto de vista do jornal ou revista em que é publicado;
• analisa, clarifica, expõe, interpreta, esclarece o que é obscuro;
• trata de assuntos polêmicos presentes na mesma edição ou em números anteriores;
• ocupa um espaço específico no meio de comunicação em que é veiculado;
• pertence à ordem do argumentar;
• emprega geralmente uma linguagem comum;
• utiliza o presente do indicativo;
• estrutura-se em: título, situação-problema, discussão e solução-avaliação.

Vejamos um exemplo de editorial:


Quadro 14: Exemplo de Editorial.
Pobreza, pandemia e paliativos

Por Gazeta do Povo 11/01/2021 18:18

(1) Como frear o aumento da pobreza – especialmente a pobreza extrema – sem estourar ainda mais as
contas públicas, que já vinham em estado precário antes da pandemia, e que pioraram ainda mais com as
medidas de combate às consequências econômicas do coronavírus? O fim do auxílio emergencial deve jogar
cerca de 3,4 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza extrema, aumentando para 17,3 milhões o
número de pessoas que sobrevivem com menos de US$ 1,90 (pouco mais de R$ 10) por dia. Seria o pior índice
desde o início da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, em 2012.

(2) O auxílio emergencial, pago em parcelas que começaram em R$ 600 e terminaram o ano em R$
300, amenizou o sofrimento de milhões de famílias que viram sua renda cair ou desaparecer, à medida que
autoridades estaduais e municipais decretavam a suspensão de diversas atividades econômicas e restrições à
movimentação de pessoas. Foi uma tábua de salvação, assim como os acordos para a preservação de empregos,
com redução de jornada e salário ou suspensão de contrato. E esse pagamento é, provavelmente, o principal
responsável por reduzir as projeções de queda do PIB brasileiro em 2020 – no auge da pandemia, no inverno, o
44

FMI estimava queda de 9,1%; agora, fala-se em retração de cerca de 5%.

(3) O auxílio custou R$ 322 bilhões, que o governo teve como gastar graças à aprovação de legislação
que dispensou o poder público das regras de controle fiscal. Apesar do custo e das suas consequências sobre os
cofres públicos, não há como argumentar contra o acerto desta medida. Mas a avaliação de que manter os
pagamentos em 2021 seria um grande risco unia até mesmo atores políticos que viviam trocando farpas por
outros motivos – caso da equipe econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes e pelo presidente da Câmara
dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que até o fim do ano passado se diziam contrários à prorrogação do
auxílio. Havia a esperança de que, quando os pagamentos terminassem, a pandemia já estivesse em retração e a
economia já estivesse se recuperando, criando emprego e renda.

(4) No entanto, 2021 começa sem boas perspectivas. O desemprego não caiu e os números diários de
novos casos e mortes por Covid-19 voltaram a subir no fim do ano passado. Governadores e prefeitos
retomaram a rotina de decretos restritivos, novamente afetando negócios que ensaiavam uma recuperação. É
este cenário que acena com o aumento da pobreza extrema e pede respostas, das quais a mais rápida seria
justamente o que era rechaçado até pouco tempo atrás. Mesmo o governo já considera a possibilidade de novas
rodadas de auxílio emergencial, preocupado com quedas nos índices de popularidade do presidente Jair
Bolsonaro. Os principais candidatos à presidência da Câmara também já falam abertamente do tema. E, no
Senado, já existem projetos de lei prorrogando tanto o auxílio quando o estado de calamidade pública, o que
daria ao governo uma nova licença para gastar acima dos limites legais.

(5) E isso nos traz de volta à questão inicial: é possível manter o socorro aos brasileiros mais pobres
sem criar ainda mais dívida? É possível remediar o presente sem colocar em risco o futuro e a confiança do
investidor no Brasil? Infelizmente, perdemos tempo precioso nesta discussão. No ano passado, a equipe
econômica havia sugerido a Bolsonaro um projeto de transferência de renda reforçado, bancado pela extinção
de benefícios considerados ineficazes, pagando mais que o Bolsa Família e incluindo mais pessoas – tudo isso
respeitando o teto de gastos, apesar da margem mínima que um orçamento altamente engessado deixa ao
governo. O presidente recusou a ideia e a trocou por uma gambiarra fiscal usando precatórios e dinheiro do
Fundeb. A confusão criada foi tanta que hoje pouco ou nada se fala daquela que seria a “marca social” de
Bolsonaro. E assim o Brasil pula de paliativo em paliativo, sem jamais atingir o objetivo de conciliar uma
política fiscal responsável e uma boa rede de proteção aos brasileiros mais miseráveis.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/pobreza-auxilio-emergencial/

Observe que o texto apresentado possui vários parágrafos que compõem um texto
completo. Para produzir os textos dissertativos é necessário que se aprenda sobre sua
composição básica: o parágrafo.

3.3 Organização do parágrafo e do texto dissertativo:


3.3.1 Unidade básica de composição do texto: parágrafo
O parágrafo é a unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em
que se desenvolve determinada ideia central a que se agregam outras. É uma estrutura micro
que pode ser estendida à estrutura macro que é o texto. Retomemos o editorial apresentado
anteriormente, o qual é composto por 5 parágrafos, assim distribuídos:
Introdução: (1º parágrafo) traz o tópico frasal, apresentando a ideia-núcleo que no
exemplo do editorial foi produzido a partir de uma interrogação:
45

“Como frear o aumento da pobreza – especialmente a pobreza extrema – sem estourar ainda mais as contas
públicas, que já vinham em estado precário antes da pandemia, e que pioraram ainda mais com as medidas de
combate às consequências econômicas do coronavírus?”

Desenvolvimento: desdobra o tópico frasal, expondo as ideias, argumentos, que no


editorial apresentado são baseados em provas concretas quando apresenta números de
brasileiros que entrarão em extrema pobreza, valores retirados dos cofres públicos para pagar
auxílio emergencial e valores dos auxílios pagos. Podemos verificar esses argumentos no 2º,
3º e 4º parágrafos.
Conclusão: encerra a ideia central que aparece no 5º parágrafo do editorial em que
podemos citar 2 trechos:

“é possível manter o socorro aos brasileiros mais pobres sem criar ainda mais dívida?” / “E assim o Brasil
pula de paliativo em paliativo, sem jamais atingir o objetivo de conciliar uma política fiscal responsável e uma
boa rede de proteção aos brasileiros mais miseráveis.”

É importante atentar para como o parágrafo expressa as etapas do raciocínio. A


estrutura dele reproduz a do próprio texto: deve haver um anúncio do que se pretende dizer
(uma introdução); um desenvolvimento no corpo do parágrafo; uma síntese ao final (uma
conclusão). É um conjunto de enunciados que devem convergir para o mesmo sentido. A
mudança de parágrafo marca o fim de uma etapa do raciocínio e o início de outra.
(LAZZARIN, 2016).
Para escrever um texto é importante planejá-lo. Entender sua estrutura micro. Para isso
temos o seguinte esquema para a elaboração do parágrafo padrão: escolha e delimitação do
tema, estabelecimento do objetivo, elaboração da frase-núcleo, construção do
desenvolvimento e elaboração da frase conclusiva.
Escolha e delimitação do tema: é partir sempre do geral para o particular, adotando-
se o método dedutivo. Exemplo:
Tema: Brasília.
Delimitação do tema: turismo em Brasília.
Estabelecimento do objetivo: informar as opções de turismo em Brasília.
Ideias de desenvolvimento: Brasília monumental (palácios, catedral, Esplanada dos
Ministérios, torre, Praça dos Três Poderes); Brasília ecológica (parques, cachoeiras); Brasília
mística (Vale do Amanhecer, Cidade da Paz, Templo da Boa Vontade).
46

Exemplo extraído do livro Redação para Concursos e Vestibulares.


Elaboração da frase-núcleo: Consiste na redação de um ou mais períodos curtos
iniciais que traduzam, com toda a clareza possível, o objetivo escolhido e funcionem como
guia para o desenvolvimento das ideias, evitando, assim, fuga em relação ao rumo traçado.
Possibilidades de elaboração da frase-núcleo:
a) declaração inicial;
b) definição;
c) divisão ou discriminação;
d) alusão ou referência histórica;
e) omissão de dados identificadores;
f) interrogação.
Vejamos exemplos de algumas dessas possibilidades:
a) Por definição
As ações bárbaras nas ruas do Rio se enquadram na síndrome da violência. Síndrome, diz o dicionário,
é o conjunto de sintomas ligados a determinada doença. A violência indiscriminada é enfermidade social que se
manifesta por certos indícios. O mais importante: negar individualidade ao inimigo. Não lhe dar um rosto. Não
vê-lo como gente de carne e osso que tem pai, mãe, irmãos, filhos, amigos.

Squarisi, Dad; Célia Curto. Redação para Concursos e Vestibulares - passo a passo (p. 42). Editora Contexto. Edição do Kindle.

A frase-núcleo apresenta conceito desconhecido da maioria das pessoas. O autor, de


olho no leitor, define a novidade. Explica o que se entende por síndrome da violência.
Outro exemplo por definição:
A biosfera é a parte do planeta que contém vida e que representa o conjunto de todos os ecossistemas da
Terra. É uma camada de pequena espessura, em relação ao tamanho do globo terrestre. É constituída pelos
mares, rios, lagos, pelo solo até poucos metros de profundidade e pela atmosfera a uma altitude de poucos
quilômetros. A vida da Terra necessita de algumas condições básicas, como luz, água e temperatura acima do
ponto de congelação. Como a distribuição desses fatores no planeta não é homogênea, as diferentes regiões da
Terra apresentam aspectos biológicos diferentes (SILVA JÚNIOR, César da; SASSON, Sezar. Biologia. 2. ed.
São Paulo: Saraiva, 1996. v. 3, p. 325). – Adaptação das autoras.

Köche, Vanilda Salton; Boff, Odete Maria Benetti; Pavani, Cinara Ferreira. Prática textual. Editora Vozes.
Edição do Kindle

Nas palavras de Sena (2011), o que vai determinar a forma de elaboração da frase-
resumo estará sempre a depender das circunstâncias, do tema, por exemplo, a ser abordado, a
forma como o autor quer abrir o texto se ele quer prender mais ou menos a atenção do leitor,
se ele quer causar impacto. Enfim, depende de uma série de circunstâncias.
47

Construção do desenvolvimento: representa a explanação da ideia central contida na


frase de abertura do texto. É a exposição dos pormenores que irão compor o que chamamos de
corpo do parágrafo.
Possibilidades de construção do desenvolvimento:
a) enumeração de detalhes ou fatos;
b) contraste;
c) confronto;
d) comparação;
e) citação de exemplos;
f) divisão e explanação de ideias em “cadeia”;
g) causa e consequência;
h) exploração de aspectos espaciais;
i) exploração de aspectos temporais;
j) resposta à interrogação.

Vejamos um exemplo de construção do desenvolvimento por:


a) Enumeração de detalhes ou fatos:
Tema: o escândalo Renan Calheiros X Mônica Veloso.
Leitor: assinantes do Correio Braziliense.
Delimitação do tema: as novas regras do jogo amoroso.
Objetivo: demonstrar que o jogo amoroso tem novas regras.
Ideias do desenvolvimento: as conquistas feministas, a reação masculina, as novas
regras do jogo amoroso.

Quadro 15: Exemplo de desenvolvimento.


Jogo da sedução high tec
(1) “Foi o corpo a corpo que me deixou nesta enrascada”, desabafou Renan Calheiros. O então
presidente do Senado jogou à antiga. Encheu os olhos com a imagem da mulher bonita. Pulou o muro. Ela
virou teúda e manteúda como as velhas conquistas dos coronéis de Jorge Amado. Mas no século 21 o cenário é
outro. Ao tentar cortar regalias da ex-novidade, ele se deparou com adversária profissional. Sem cerimônia, a
moça foi à luta. Lançou mão das conquistas feministas que se acumulam há meio século.
(2) As mulheres inventaram o tal movimento feminista. Começou como uma porra-louquice.
Desvairadas queimavam sutiã em praça pública ou exibiam a barrigona grávida pelas areias de Copacabana.
“Coisa de mulher feia ou mal-amada”, disseram os machões daqueles felizes idos de 1960. Bobearam. As
atrevidas avançaram. Ocuparam as vagas das universidades. Roubaram empregos, direção de empresas e
cadeiras na política. Partiram para a produção independente. Pior: com o banco de sêmen, homem virou objeto
dispensável.
(3) Alguns reagiram. Começaram pela reforma do corpo. Fora, barriguinha, papada, bolsa nos olhos ou
pálpebra caída. Pneus? Nem importados. Careca? Xô! Venham, implantes, plásticas, botox, academias, patins,
cremes antirrugas. Não só. Pra combinar solidez com sensualidade, foram ao psicólogo falar de medos e
48

inseguranças. A razão: ela se tornou exigente. A qualquer falha, a criatura bota a boca no mundo e o pobre na
desmoralização. Isso sem falar nas delegacias de mulheres, que deixaram os machos desorientados. Basta ver
os processos que se empilham na Justiça.
(4) Até assédio sexual dá cadeia. Nada de sutilezas, portas fechadas, falas baixas, olhares maliciosos,
promessas veladas. O velho jogo da sedução ganhou novas regras. O verbo é ficar. Ele é macho soft, de
última geração, com tecnologia de ponta. Ela, fêmea produzida, corpo impecável, cartão de crédito na bolsa e
consciências dos direitos e deveres. Meter-se com a nova Eva? Só Renan e companhia desconectada. Os
sintonizados adotam encontros via internet, com imagens holográficas, sons eróticos e sensações sinestésicas.
Machos e fêmeas high tec não dão chance ao azar. O tempo passou na janela. Mas Calheiros não viu.
Squarisi, Dad; Célia Curto. Redação para Concursos e Vestibulares - passo a passo (pp. 53-54). Editora
Contexto. Edição do Kindle.

Nesse texto podemos observar que:


A introdução (1º parágrafo) diz que Renan jogou à antiga. Mas encontrou adversária
moderna, que lançou mão das conquistas que se acumulam há 50 anos e essa é frase-núcleo.
O desenvolvimento sustenta a tese. Primeiro, enumera as mudanças ocorridas na
sociedade depois do movimento feminista. Depois, fala na reação masculina. Isso acontece no
2º e 3º parágrafo.
Por fim, na conclusão (4º parágrafo), o resultado de meio século de idas e vindas.
Elaboração da frase conclusiva: Representa a peça que fecha o bloco de abordagem.
É uma sucinta retomada do objetivo expresso na frase núcleo ou, ainda, recapitula, de forma
sintética, os detalhes que compuseram o seu desenvolvimento.
Vejamos a conclusão do texto apresentado:

Quadro 16: Exemplo de Conclusão


Até assédio sexual dá cadeia. Nada de sutilezas, portas fechadas, falas baixas, olhares maliciosos,
promessas veladas. O velho jogo da sedução ganhou novas regras. O verbo é ficar. Ele é macho soft, de
última geração, com tecnologia de ponta. Ela, fêmea produzida, corpo impecável, cartão de crédito na bolsa
e consciências dos direitos e deveres. Meter-se com a nova Eva? Só Renan e companhia desconectada. Os
sintonizados adotam encontros via internet, com imagens holográficas, sons eróticos e sensações sinestésicas.
Machos e fêmeas high tec não dão chance ao azar. O tempo passou na janela. Mas Calheiros não viu.

O parágrafo é uma composição básica com início, meio e fim. Desse mesmo modo, tal
estrutura de estende a construção de um texto dissertativo composto por um parágrafo de
introdução (início), com parágrafos de desenvolvimento (meio) e um parágrafo de conclusão
(fim). Mas para escrever parágrafos e compõem um texto é necessário que estejamos
conscientes de que há unidade, coerência e coesão como elementos essenciais.

3.4 O parágrafo e suas qualidades


49

Existem três qualidades básicas de um parágrafo: unidade, coerência e coesão.


• Unidade: A unidade consiste em se manter fiel ao objetivo proposto e não fugir do
tema. Desse modo, a unidade possui estreitos vínculos entre a ideia principal e as
secundárias.
• Coerência: É a qualidade responsável pelo sentido geral do texto e consiste na
interligação entre as ideias do texto de maneira clara e lógica, independentemente de
estar ou não expressa na superfície do texto.
• Coesão: possibilita a ligação dos elementos que constituem o texto e gera uma
interdependência interna organizada. Ela se realiza na conexão de vários
enunciados, a partir das relações de sentido que existem entre eles, expressos por
certas categorías de palavras, chamadas de conectivos. Existem diferentes
estratégias de coesão que dependem das escolhas do autor e das intenções
comunicativas (KÖCHE, BOFF, PAVANI, 2017).

Existem alguns mecanismos de coesão textual que precisamos conhecer, tais como:
• Coesão referencial: Acontece com a repetição diferenciada de elementos do próprio
texto. Refere-se antecipadamente a elementos que surgirão no texto ou que já foram
anteriormente citados, por exemplo, expressões adverbiais de lugar, pronomes
possessivos e demonstrativos.
• Coesão lexical: Mostra como é inevitável a presença da redundância na construção de
um texto como a repetição intencional de elementos anteriormente citados, mediante
uso de sinônimos ou expressões equivalentes.
• Coesão referencial acontece por: substituição, referência, coesão lexical, elipse e
conjunção.
a) Coesão por substituição: utiliza conectivos ou expressões tais como: diante do que
foi exposto, tudo o que foi dito, esse quadro, a partir dessas considerações para
sintetizar e retomar substantivos, verbos, expressões e partes de textos já referidos.
Exemplo: O temporal destruiu o telhado da escola. Em vista disso, as aulas foram
suspensas.
b) Coesão por referência: realiza-se pela referência de elementos do próprio texto. Para
efetivá-la, são usados pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos ou advérbios e
expressões adverbiais que indicam a localização. Exemplos: Ana é uma excelente
funcionária. Ela sempre cumpre as metas propostas.
50

• Paulo aplica seu dinheiro na poupança e Joaquim o aplica em ações.


• Pedro comprou um anel para oferecê-lo no aniversário de Maria.
• Esta é a maior virtude do candidato: honestidade.

c) Coesão lexical: usada para retomar ideias utilizando sinônimos, hiperônimos, nome
genéricos ou palavras do mesmo campo semântico. Exemplos: Nina adorava violetas,
por isso sempre tinha essas flores em sua casa. (flores hiperônimo)
• Suspeitava que pudesse estar com diabetes, por isso procurou um
endocrinologista. O médico, no entanto, após alguns exames, garantiu que ele
não estava com a doença. (Médico, o hiperônimo retoma endocrinologista),
(doença, o hiperônimo retoma diabetes).
• A escola estava aberta. Dezenas de alunos e professores circulavam nos
corredores. (palavras do mesmo campo semântico)

d) Coesão por elipse: ocorre com omissão de um item lexical que pode ser facilmente
recuperado no contexto. Exemplo: — Meu carro é vermelho. E o teu? - O meu é
cinza. (elipse do substantivo carro).
• Maria faz o almoço e ao mesmo tempo conversa com a amiga ao telefone.

e) Coesão por conjunção: estabelece relações significativas específicas entre elementos


do texto. Exemplo: Fomos a Gramada. Depois, jantamos em Nova Petrópolis.

Por meio das conjunções, podemos estabelecer diversas relações de sentido entre
segmentos do texto. O emprego adequado dos operadores argumentativos garante a produção
de um texto coeso e coerente, caso contrário pode deixá-lo ilógico.

3.5 Do parágrafo ao texto


Assim como no parágrafo-padrão, o texto forma um único bloco, com a diferença de
que nele constam um parágrafo inicial, dois ou três de desenvolvimento e um parágrafo final.
As qualidades atribuídas à construção de um bom parágrafo (unidade, coerência e coesão)
devem se fazer presentes em um texto maior. Os passos iniciais para se formular a estrutura
que dará sustentação ao ato de se produzir um bom texto seguem de acordo com a elaboração
do parágrafo-padrão. Em um texto envolvendo vários parágrafos, cada um deles deve
51

concentrar um dos vários aspectos que, juntos, formam o todo da composição. Não esquecer a
unidade, coerência e coesão, aspectos importantes em cada parte do texto.
No exemplo que veremos a seguir destacaremos cada parágrafo que compõe o texto e
os elementos de coesão serão destacados:
Estrutura do 1º parágrafo:
A posição da mulher na sociedade pós-moderna
Odete M.B. Boff
(1º) Homens e mulheres desempenham atualmente diferentes papéis nas mais variadas instâncias
sociais. No que se refere a essa questão, a sociedade vem reconhecendo a igualdade de condições entre
homens e mulheres?

• situação-problema em forma de questionamento,


• A frase-núcleo composta a partir de uma questão inicial: No que se refere a essa
questão, a sociedade vem reconhecendo a igualdade de condições entre homens e
mulheres?
• Exemplo de mecanismo de coesão: “No que se refere a essa questão [...]” expressão
que retoma a declaração inicial.
Estrutura do 2º parágrafo:
(2º) A Declaração Universal dos Direitos Humanos defende a equiparação de direitos, bem como o
princípio da não discriminação, proclamando que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e
direitos. No entanto, constata-se que inúmeros obstáculos e preconceitos ainda permanecem e prejudicam a
igualdade entre homens e mulheres.
• Inicia com um argumento de autoridade, pois vale-se da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, documento que defende a igualdade entre homens e mulheres.
Exemplo de mecanismo de coesão por conjunção: “no entanto [...]” operador
argumentativo de oposição.
Estrutura do 3º parágrafo:
(3º) A primeira observação recai sobre o fato de que muitas mulheres, embora desempenhem as
mesmas funções profissionais que o homem, recebem uma remuneração inferior. Além disso, ainda não existe
credibilidade no mercado de trabalho, no sentido de as mulheres assumirem cargos de chefia; o exercício do
poder geralmente está centrado na figura masculina. Sabe-se também que determinadas empresas preferem
contratar homens a mulheres, pois elas poderão entrar em licença maternidade e ausentar-se para cuidar dos
filhos, desarticulando a organização. Pude constatar tal discriminação em uma empresa X, quando uma amiga,
ao candidatar-se à vaga ofertada, foi preterida a um rapaz, porque estava no início da gestação, embora o
superasse em todos os quesitos.
• No terceiro parágrafo, a produtora expõe fatos que ilustram a desigualdade que há
entre os sexos no mercado de trabalho.
• Inicia com a fórmula introdutória: “A primeira observação [...]” para enumerar os
obstáculos preconizados no parágrafo anterior.
• Exemplo de mecanismo de coesão por conjunção: “Além disso [...]” operador
argumentativo de adição.
52

• Exemplo de mecanismo de coesão por referência: “Sabe-se também que


determinadas empresas preferem contratar homens a mulheres, pois elas poderão [...]”
o pronome elas faz referência ao substantivo mulheres.
• Vale-se do argumento baseado em provas ao citar o exemplo presenciado: “Pude
constatar tal discriminação em uma empresa X, quando uma amiga, [...]”
Observa-se que nos parágrafos de desenvolvimento do texto a autora vale-se de dois
tipos de argumentos para defender sua tese.
Estrutura do 4º parágrafo:
(4º) Sem dúvida alguma, verifica-se que, nas últimas décadas, as mulheres têm obtido várias
conquistas: o direito ao voto, a entrada no mercado de trabalho, o uso de contraceptivos e a possibilidade de
adotar ou não o sobrenome do marido. Hoje, muitas mulheres marcam presença nos campos que eram
restritos aos homens e ocupam até mesmo espaços de liderança. Desempenham suas atividades
profissionais nas indústrias, no comércio e nos meios de comunicação, entre outros setores; têm atuação
marcante nas ciências e na cultura, e predominam na educação. Superam atitudes discriminatórias e abrem
mais espaços, inclusive na política e economia.
• Inicia com a expressão “Sem dúvida alguma” para ressaltar conquistas femininas
nas atividades profissionais em várias instâncias sociais.
• Exemplo de mecanismo de coesão por elipse na sequência de verbos:
“desempenham; têm; predominam; superam; abrem.” Elipse do pronome ela.

Estrutura do 5º parágrafo:
(5º) É por isso que não existe motivo para considerar os homens superiores às mulheres, já que
não se verificam diferenças de caráter intelectual ou de qualquer outro tipo, a não ser na força física.

• Inicia o parágrafo com o operador argumentativo “por isso” para expressar uma
ideia de conclusão que se estende até o 6º parágrafo.
• Apresenta a solução-avaliação, pois responde à questão analisada: “não há motivo
para considerar os homens superiores às mulheres.
• Exemplo de mecanismo de coesão por conjunção: “É por isso [...]”

Estrutura do 6º parágrafo:
(6º) A igualdade de oportunidades, principalmente no mercado de trabalho, ainda não se
concretizou em sua plenitude. Mas, considerando-se o aumento qualitativo da efetiva presença feminina nos
diferentes âmbitos sociais, pode-se afirmar que a obtenção da verdadeira equiparação entre os membros de uma
sociedade, sem distinções de sexo, é apenas uma questão de tempo.

• Afirma que a igualdade ainda não se concretizou, porém é apenas uma questão de
tempo.
53

• Vale-se do uso do operador argumentativo “mas” para expressar uma ideia de


oposição entre o que já foi conquista e o que ainda vai ser.
• Exemplo de mecanismo de coesão por conjunção: “Mas, considerando-se o
aumento qualitativo da efetiva presença feminina nos diferentes âmbitos sociais,
pode-se afirmar que a obtenção da verdadeira equiparação entre os membros de uma
sociedade, sem distinções de sexo, é apenas uma questão de tempo”.
Os mecanismos de coesão assim como os operadores argumentativos foram
importantes para:
• a progressão do texto, ou seja, para que se desenvolvessem os demais parágrafos.
• possibilitou a conexão entre as partes do texto.
• Contribuiu para a construção da coerência do texto.
O texto estudado apresentou:
• Situação-problema em que se contextualiza o tema.
• Discussão em que se constrói a opinião a respeito da questão examinada valendo-se do
uso de argumentos.
• Solução-avaliação em que se evidencia a resposta ao problema/questão apresentados.

3.6 A composição do texto dissertativo: introdução, desenvolvimento e conclusão


Para produzir um texto dissertativo, por exemplo, fazer um planejamento é muito
importante, pois o ajuda a organizar as ideias e o matem motivado para a produção textual. Os
textos dissertativo-argumentativos costumam ser organizados em três partes que se articulam:
introdução, desenvolvimento e conclusão.
Vamos observar o planejamento de um texto dissertativo e depois acompanhar o texto
composto a partir do plano traçado.
Tema: língua espanhola.
Delimitação do tema: obrigatoriedade do ensino da língua espanhola nos níveis
fundamental e médio.
Objetivo: demonstrar que não se justifica tornar obrigatório o ensino da língua
espanhola nos níveis fundamental e médio.
Ideias do desenvolvimento: o projeto contraria a Lei de Diretrizes e Bases (LDB); o
inglês é mais importante que o espanhol nos tempos atuais; falta de professores de espanhol;
lobby das editoras interessadas em vender livros.
(SQUARISI, Dad; CURTO, Célia, 2013, p. 28)
54

Tema: língua espanhola.


Delimitação do tema: obrigatoriedade do ensino da língua espanhola nos níveis
fundamental e médio.
Quadro 17: Exemplo de Introdução
O lobby do espanhol
Ninguém duvida da beleza do idioma de Cervantes nem de sua utilidade. Além do autor de Dom
Quixote, escreveram em espanhol Lope de Vega, Luís de Góngora, García Márquez e Jorge Luís
Borges. Língua que mais cresce no mundo, o espanhol é falado hoje por 332 milhões de pessoas em
dezenas de nações. Falam-no a maioria dos países vizinhos do Brasil e os parceiros do Mercosul. Apesar
de sua importância, porém, não se justifica a proposta de tornar seu ensino obrigatório no país.

Na introdução, apresenta-se a frase-núcleo de acordo com tema “língua espanhola”


através de períodos que fazem uma referência histórica a escritores notórios da língua. Além
disso, temos a apresentação da tese (opinião, o ponto de vista a ser defendido) “Apesar de sua
importância, porém, não se justifica a proposta de tornar seu ensino obrigatório no país.” Na
tese fica clara a delimitação do tema: a obrigatoriedade do ensino da língua espanhola.

Quadro 18: Exemplo de Desenvolvimento (parágrafos)


(2º) O projeto contraria a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). A LDB estipula a obrigatoriedade
do ensino de uma língua estrangeira moderna, cabendo à comunidade defini-la. Também prevê, no ciclo médio,
o ensino de um segundo idioma estrangeiro em caráter optativo. O projeto que tramita no Congresso, ao tornar
o espanhol obrigatório e silenciar sobre o inglês, teria como resultado a substituição do hoje dominante inglês
pelo espanhol, pois são poucas as escolas que têm condições de ministrar mais de um idioma estrangeiro.
(3º) E, por maiores que sejam os méritos literários do espanhol, em termos de utilidade essa língua não se
compara ao inglês, pela simples razão de que o idioma de Tio Sam é muito mais abrangente. Ele é, sem dúvida,
o novo latim, código no qual se dão as comunicações entre povos que falam línguas diferentes. Ninguém é
obrigado a gostar da primazia do inglês. Mas é preciso ser bastante tolo para não reconhecê-la.

No desenvolvimento que se apresenta nos 2º e 3º parágrafos temos:


• Um argumento de autoridade ao citar a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação)
• Outro argumento baseado no consenso ao falar da utilidade da língua inglesa em
detrimento da língua espanhola.
• Outro argumento baseado em prova concreta ao falar a carência de professores de
língua espanhola para escolas.

A conclusão corresponde ao fecho do texto argumentativo. Nela, a tese defendida é


retomada, mas agora sob a perspectiva de algo que, à luz dos argumentos apresentados, não é
mera hipótese, mas algo demonstrado como verdadeiro (TERRA, 2019, p. 185-186).

Quadro 19: Conclusão do texto apresentado


(4º) Há outras questões que precisam ser levadas em conta. Uma delas: a inexistência de os cerca de 200
mil professores de espanhol que seriam necessários para implantação do projeto. Outra: os interesses dos
55

lobbies ligados à venda de material didático. De resto, vale lembrar um pormenor. É mais que oportuno
reconhecer que, entre as maiores virtudes da LDB, está a de, até onde é possível, deixar que cada comunidade e
não burocratas de Brasília defina o que lhe interessa. Aí, o espanhol ocupa o segundo plano.
(Editorial da Folha de S. Paulo)

Observe que pode não haver expressão de transição para iniciar a conclusão, por
exemplo, o uso de conjunção conclusiva, mas pode haver uma ligação implícita pelas relações
de sentido estabelecidas entres os parágrafos do texto para chegarmos ao o sentido geral dele.
Do ponto de vista gramatical, os textos dissertativo-argumentativos devem ser
redigidos:
• na variedade culta da língua portuguesa.
• devem convencer por meio de argumentos válidos e não por meio da apresentação
de opiniões de natureza subjetiva, por isso é texto em que se deve buscar a
objetividade.
• uma das formas de produzir sentido de objetividade é apagar as marcas linguísticas
do enunciador no enunciado, por isso recomendamos que se evite a 1ª pessoa do
singular (eu), optando pela redação em 3ª pessoa, ou 1ª do plural (nós).
• O uso do nós, embora seja pronome de 1ª pessoa, atenua os efeitos de subjetividade do
texto, na medida em que o autor, ao se denominar por nós, não se mostra como
indivíduo, mas como integrante de um todo, a comunidade a que pertence.
• a 1ª pessoa do plural também produz o efeito de inclusão do enunciatário, trata-se do
chamado nós inclusivo (eu + tu).
Fonte: (TERRA, 2019, p. 185-186)
Do ponto de vista gramatical, as palavras que funcionam como operadores
argumentativos são:
• os conectivos (notadamente as conjunções);
• os advérbios; e
• outras palavras que, dependendo do contexto, não se enquadram em nenhuma
das dez categorias gramaticais (são classificadas como palavras denotativas:
até, inclusive, também, afinal, então, é que, aliás etc.).

Observe, como exemplo, o uso de advérbios e palavras denotativas na tirinha a seguir.


56

Fonte: http://www.revistas.unilab.edu.br/

Vejamos alguns operadores argumentativos que cooperam para a coesão textual.


57
58

Fonte: Köche, Boff, Marinello (2017, p. 126).

Vejamos outros exemplos nos quais é importante observar o sentido expresso por eles:
“O governador possivelmente será candidato à reeleição.”

tem sentido diferente de

“O governador certamente será candidato à reeleição.”

• Possivelmente é um advérbio que exprime uma atitude de possibilidade. O enunciador


não assume como certo o que afirma.
• Certamente é um adverbio em que a atitude do enunciador frente ao que enuncia é de
certeza.

“Ninguém é obrigado a gostar da primazia do inglês. Mas é preciso ser bastante tolo
para não reconhecê-la.”

• O operador argumentativo “mas” expressa a ideia de oposição.


• A ausência de temporalidade é marcada por verbos no presente e no infinitivo. Podem
ocorrer outros tempos que têm relação com o presente, normalmente, o pretérito
perfeito e o futuro do presente. (TERRA, 2019, p. 185-186).

Vejamos o exemplo da marcação de verbos em um trecho do texto estudado:


59

(2º) O projeto contraria a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). A LDB estipula a
obrigatoriedade do ensino de uma língua estrangeira moderna, cabendo à comunidade defini-la.
Também prevê, no ciclo médio, o ensino de um segundo idioma estrangeiro em caráter optativo. O
projeto que tramita no Congresso, ao tornar o espanhol obrigatório e silenciar sobre o inglês, teria
como resultado a substituição do hoje dominante inglês pelo espanhol, pois são poucas as escolas que
têm condições de ministrar mais de um idioma estrangeiro.

• Os verbos em destaque na cor azul estão no presente do indicativo e isso marca a


ausência de temporalidade.

Modalizadores

• São expressões e categorias linguísticas pelas quais o enunciador exprime uma atitude
em relação àquilo que enuncia, se considera o que diz como provável, possível,
duvidoso, certo etc.
Uma das formas de modalizar enunciados é a escolha do modo verbal:
• caso se queira exprimir atitude de certeza, usa-se o indicativo;
• o subjuntivo exprime atitude de dúvida ou possibilidade e
• o imperativo, de ordem, de pedido.
• Além do modo, o emprego de certos verbos auxiliares modaliza o verbo principal.
Exemplo:
Quero concordar.

concordo.

No primeiro caso, o auxiliar querer modaliza o verbo principal (concordar)


exprimindo atitude de desejo.
• São usados como verbos auxiliares modalizadores, entre outros: querer, dever,
poder, saber.
• Determinados advérbios também funcionam como modalizadores para exprimir
atitudes como certeza ou dúvida. (TERRA, 2019)
• Outra forma de modalizar enunciados é por meio de orações que expressam
modalidades. Em geral, essas orações funcionam como principal de outra chamada
subordinada. Essas orações modalizadoras aparecem geralmente sob as seguintes
formas: é possível, é provável, é incontestável, é certo.
60

• O uso de modalizadores tem o condão de atenuar certas afirmações, o que é muito útil
quando não se tem a certeza daquilo que se afirma.

Atividades de Aprendizagem
3.7 Síntese
Finalizando, o texto dissertativo:
• constrói uma opinião acerca de uma questão;
• utiliza argumentos consistentes para defender a posição assumida;
• pertence à ordem do argumentar;
• usa a dissertação como tipologia de base;
• é tipologicamente heterogênea;
• vale-se da linguagem comum;
• faz uso de formas usuais para encadear o texto;
• emprega o presente como tempo verbal predominante;
• constitui-se das partes: situação-problema,
• discussão e solução-avaliação;
• apresenta as qualidades discursivas: unidade temática, objetividade, concretude e
questionamento.
Fonte: KÖCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; MARINELLO, Adiane Fogali,
2017, p. 96-97.

3.8 Aprofundando o Conhecimento


3.8.1 Exercícios de Aplicação
Exercício 1
1. Após conhecer algumas estratégias de produção de frase-núcleo, escreva um parágrafo
usando a estratégia de definição para a proposta a seguir:

a) definindo um bom aluno;

Exercício 2
1) Construa uma nova versão do texto que segue, utilizando os mecanismos de coesão
que julgar adequados, visando torná-lo mais coeso.
TEXTO A
61

O estresse não só acontece nas grandes cidades, pois nossos antepassados já tinham
estresse, mas é importante salientar que as manifestações do estresse eram espaçadas no
tempo. As pessoas de pequenas cidades também têm estresse por preocupações, tensões do
dia a dia, instabilidade econômica do mercado, desemprego. Por outro lado, o estresse não
vem somente com coisas ruins, o estresse também vem nas situações em que aspiramos a
avançar mais. Ganhar na loto é um estresse do mesmo nível de uma demissão do emprego, só
que é chamado de estresse positivo (BACCARO, Archimedes. Vencendo o estresse.
Petrópolis: Vozes, 1997. p. 17 apud KRÖCHE, BOFF, PAVANI 2017, p. 340) – Adaptação
das autoras.

Exercício 3
TEXTO B
1Leia o texto extraído da Revista Vogue:

A história de Frida Giannini é o que se pode chamar de conto de fadas fashion. A


estilista italiana chegou tímida à Gucci em 2001, sob a tutela de Tom Ford. Com a saída do
chefe em 2004, ganhou o cargo de diretora de acessórios, responsável pelas bolsas, pelos
sapatos e, claro, pelos relógios-desejo à venda na H. Stern. Com a saída da colega Alessandra
Facchinetti, que comandou a linha feminina por duas coleções, Frida foi promovida a diretora
criativa de uma das marcas mais tradicionais e poderosas do globo. De repente, um nome
quase desconhecido passava a ocupar um posto pra lá de cobiçado.

Preencha o esquema a seguir com informações do parágrafo lido.


a) Frase-núcleo:
b) Desenvolvimento:
c) Conclusão:

3.8.2 Questão para reflexão


O texto pode ser um instrumento valioso quando usado para tratar questões de
coletividade que precisam de discussão e mobilização. Vislumbre a posssibilidade de você
trabalhar em um jornal ou revista e escrever um editorial tratando de algum assunto que tem
afligido a população brasileira em tempos de pandemia.

3.8.3 Leitura indicada


KÖCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; PAVANI, Cinara Ferreira. Leitura e
produção textual: gêneros textuais do argumentar e expor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. E-
Book Kindle.

3.8.4 Site indicado


https://www.portugues.com.br
62

UNIDADE IV: LEITURA, ANÁLISE E PRODUÇÃO DE GÊNEROS ACADÊMICOS:


RESUMO, RESENHA, PROJETO DE PESQUISA E ARTIGO CIENTÍFICO

Na Unidade IV, trataremos de gêneros textuais mais exigidos nas atividades


acadêmicas. Assim, abordaremos definições, características e estrutura dos textos de um
resumo, de uma resenha, de um projeto de pesquisa e de um artigo científico. Elencar esses
gêneros textuais possibilita a compreensão da produção textual acadêmica como atividade
essencial e relevante dentro da graduação. Ao final da unidade, você será capaz de identificar
e produzir tais gêneros acadêmicos. Esperamos que aproveite os conteúdos apresentados e
compreenda a escrita como prática constante no fazer universidade.

......................................................................................................................................................

4.1 Resumo
Segundo Motta-Roth e Hendges (2020), redigir, na Universidade, é produzir textos
acadêmicos com objetivos específicos. Gêneros acadêmicos como um resumo, uma resenha
um projeto de pesquisa ou um artigo científico têm funções diferentes e podem ser
reconhecidos pela forma com que são construídos. A partir desta aula estudaremos os gêneros
acadêmicos: resumo, resenha, projeto de pesquisa e artigo científico. Antes de apresentarmos
as informações sobre o que seja o Resumo Acadêmico, vamos iniciar lembrando que:
a) podemos fazer o resumo de um texto; e
b) podemos escrever um texto como um resumo com fins específicos usando para
isso esquemas textuais.

a) O resumo de um texto consiste na redução fiel de um texto, mantendo suas ideias


principais, sem a presença de comentários ou julgamentos. Para Garcez, o resumo,
como reconstrução do percurso de um texto, não pode acrescentar ideias novas, pois se
trata de uma síntese, uma compactação, e não uma crítica, uma resenha ou um
comentário que permitem ampliação e discussão (2001, p. 51 apud KÖCHE et alli,
2017).
Segundo Platão e Fiorin (1995 apud KÖCHE et ali 2017), resumir um texto significa
condensá-lo à sua estrutura essencial sem perder de vista três elementos:
a) as partes essenciais do texto;
b) a progressão em que elas aparecem no texto;
c) a correlação entre cada uma das partes.
63

No resumo de textos:

• narrativos a atenção recai nos aspectos causais ou sequenciais;


• descritivos, nos aspectos visuais e espaciais;
• dissertativos, na organização e na construção das ideias.

b) Escrever um texto como um resumo com fins específicos é feito através de esquemas
textuais. Você já deve ter ouvido falar em resumo ou abstract, principalmente, se você
já pensou em se inscrever em eventos ou enviar trabalhos para eles.

Segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),


Resumo é a apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto (ABNT - NBR
6028: 2003), que visa a esclarecer o leitor sobre a conveniência de consultar ou não uma
obra no todo.
Quanto a sua estrutura:
• Deve ressaltar os objetivos, metodologia, resultados e as conclusões do
estudo/pesquisa, com uma linguagem clara, concisa, direta.
Quanto a sua extensão:
• Os resumos devem ter de 150 a 500 palavras (trabalhos acadêmicos, teses, dissertações
e relatórios técnicos, científicos). Deve ser indicativo ou informativo, redigido na 3ª
pessoa do singular na voz ativa, em espaço simples, preferivelmente em uma única
folha, com opção do parágrafo na primeira linha.
• Devem-se evitar, no texto do resumo, abreviaturas, símbolos, fórmulas, equações e
diagramas que não sejam absolutamente necessários.

• Exemplo de um resumo
64

O resumo pode ser:


Indicativo: indica apenas os pontos principais do texto, não apresentando dados
qualitativos, quantitativos e outros. É perfeitamente adequado à literatura de prospectos
(catálogo de editoras, livrarias e outros).

Informativo: informa suficientemente o leitor para que este possa decidir sobre a
conveniência da leitura do texto na íntegra. Expõe finalidades, metodologia, resultados
e conclusões.
65

Crítico: também chamado de resenha, esse tipo de resumo tem como principal característica
a apreciação crítica da obra, ou seja, o texto é escrito a partir da análise do texto.

Fonte: https://slideplayer.com.br/

Os resumos são importantes:


• porque podem representar uma “vitrine” do seu trabalho, que poderá despertar o
interesse dos leitores pelo seu texto.
• precedem trabalhos como artigos científicos, e onde são destacados os pontos
relevantes da pesquisa.
66

• são instrumentos de avaliação para professores quanto as práticas de leitura dos


acadêmicos e capacidade de sumarizar, sintetizar.
• são aceitos para anais e cadernos de resumos de eventos e podem ser publicados.

Para escrever um resumo acadêmico devemos seguir o esquema:


1) Definição do problema: inclui a intenção do autor, a tese, alguma alusão ao título.
2) Objetivo: são as intenções propostas pelo pesquisador e as possibilidades de obtenção de
resultados mediante o trabalho realizado.
3) Método: são a maneira ou o conjunto de regras básicas empregadas em uma investigação
científica com o intuito de obter resultados confiáveis e alcançar os objetivos.
4) Resultados: são os dados obtidos a partir do método empregado.
5) Conclusões ou considerações finais: são obtidas após a análise crítica dos resultados,
levando em conta os seus objetivos, corroborando ou não sua hipótese de pesquisa.

Observemos as características linguísticas no Resumo Acadêmico:


1)A primeira frase do resumo deve ser significativa, explicando o tema principal do
documento;
2)A seguir, deve-se indicar a informação sobre a categoria do tratamento (memória, estudo
de caso, análise da situação etc.).
3)Deve-se usar o verbo na voz ativa (o sujeito pratica a ação expressa pelo verbo) e
na terceira pessoa do singular (Ex: O autor obteve os resultados).
4)As palavras-chave (Palavra representativa do conteúdo do documento, escolhida). devem
figurar logo abaixo do resumo, antecedidas da expressão ‘Palavras-chave:’, separadas entre si
por ponto e finalizadas também por ponto.
67

Quanto a sua extensão os resumos devem ter:


1) de 150 a 500 palavras os de trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros) e relatórios
técnico-científicos,
2) de 100 a 250 palavras os de artigos de periódicos,
3) de 50 a 100 palavras os destinados a indicações breves,
4) deve ser composto de uma sequência de frases concisas, afirmativas e não de enumeração
de tópicos. Recomenda-se o uso de parágrafo único.
Outra forma é o resumo expandido que é um formato de trabalho final a ser enviado
para a avaliação. Ele serve, especialmente para comunicar, de forma direta e clara, sobre o
que você está pesquisando, por que e como. Qual é o formato de um resumo expandido? É
importante esclarecer que cada evento pode ter um formato específico de resumo expandido.
Por isso, se atente também ao edital e às diretrizes do evento que você quer submeter seu
resumo. Esse formato pode oferecer até mesmo uma folha timbrada específica com cores e
formatações exclusivas como o uso de colunas, por exemplo.
68

A ordem dos elementos textuais no Resumo Expandido são: título, nome dos autores,
resumo, palavras-chave (03 palavras ligadas ao tema), titulação dos autores (rodapé),
introdução, materiais e métodos, resultados e discussão, considerações finais e referências.

4.2 Resenha
69

Esse gênero discursivo é usado na academia para avaliar, elogiar ou criticar o


resultado da produção intelectual em uma área do conhecimento. Esse produto intelectual
pode ter a forma, por exemplo, de um livro, um vídeo, uma exposição de pinturas, um CD de
música, um software de computador e é avaliado sob o ponto de vista da ciência naquela
disciplina. (MOTTA-ROTH E HENDGES, 2020).
Há três tipos de resenha: crítica, descritiva e temática. Mas antes de escrever a
resenha, você deve fazer uma boa leitura do texto, identificando:
1. Qual o tema tratado pelo autor?
2. Qual o problema que ele coloca?
3. Qual a posição defendida pelo autor com relação a esse problema?
4. Quais os argumentos centrais e complementares utilizados pelo autor para defender
sua posição?

• Para fazer a análise da obra você precisa ter:


1. Informações sobre o autor, suas outras obras e sua relação com outros autores,
2. Elementos para contribuir para um debate acerca do tema,
3. Condições de escrever um texto coerente, coeso e organizado.

A resenha crítica deve ser entendida como uma análise interpretativa. É uma
descrição minuciosa que compreende certo número de fatos. É, portanto, a apresentação do
conteúdo de uma obra e consiste na leitura, resumo, crítica e formulação de um conceito de
valor de uma obra, livro, filme, peça teatral. Deve ir direto ao ponto, mesclando momentos de
pura descrição com momentos de crítica direta.
A resenha descritiva expõe os pormenores do conteúdo. Não pode ter julgamentos de
valor do resenhista; caso contrário, ela se caracteriza como uma resenha crítica. Nela são
apresentados os dados essenciais e mais profundos de uma obra, situando o público acerca do
que ela se trata. Na resenha descritiva não pode haver nenhum tipo de julgamento, apenas
itens como: nome do autor, ou mesmo autores da obra, título completo e exato da obra ou
mesmo artigo, nome da obra e também se for o caso da coleção que fará parte da obra, lugar e
data de publicação do processo e número de volumes e também de páginas.
A resenha temática toma como objeto um dado tema e ele é discutido pelo resenhista
a partir da contribuição de outros autores escolhidos por ele. Portanto, o tema é o foco da
discussão e a ele é trazido as contribuições dos autores escolhidos.
70

Vejamos a diferença entre Resenha Crítica e Resumo:

As exigências quanto ao conteúdo de uma resenha:


• Toda resenha deve conter uma síntese, um resumo do texto resenhado, com
apresentação das principais ideias do autor.
• Toda resenha deve conter uma análise profunda de pelo menos um ponto relevante do
texto, escolhido pelo resenhista.
• Toda resenha deve conter um julgamento do texto, feito a partir da análise do texto.

As exigências quanto à forma de uma resenha:


• A resenha deve ser pequena (máximo 2 laudas de papel A4, espaço 1,5).
• A resenha é um texto corrido, sem separação entre as partes.
• A resenha deve sempre indicar a obra resenhada.

Vejamos a composição textual da resenha crítica:


1. INTRODUÇÃO - apresentação: o assunto/tema, o problema elaborado pelo autor e a
posição do autor diante desse problema.
71

2. DESENVOLVIMENTO - apresentação do conteúdo da obra, enfatizando as ideias


centrais do texto e os argumentos e ideias secundárias;
3. CONCLUSÃO - apresentação da análise e crítica pessoal. Avaliação das ideias do autor
frente a outros textos e autores, avaliação da qualidade do texto, quanto à sua coerência,
validade, originalidade, profundidade, alcance etc.
Apresentamos um trecho de uma resenha crítica do filme “Extraordinário” cujo título é
Mesmo infantil demais, filme acerta ao tratar o bullying de forma delicada escrita por
Camila Sousa, em 06 de dezembro de 2017, no site
https://www.omelete.com.br/filmes/criticas/extraordinario-critica

Quadro 20: Exemplo de parte da introdução da resenha


É curioso como alguns adultos afirmam que em suas épocas de escola não existia o “bullying”. Isso é
algo da nova geração e está deixando as crianças “fracas”, dizem. A verdade é que o bullying sempre existiu,
mas não era tratado com a seriedade necessária. Felizmente, os tempos mudaram e hoje é comum tocar nesse
assunto, como faz o livro Extraordinário, lançado por R.J. Palacio em 2012.

Quadro 21: Exemplo de parte do resumo: informações importantes sobre o enredo da obra
Essa é a história do garoto Auggie, que tem uma deformidade facial e está prestes a começar na escola
pela primeira vez. Com 10 anos, ele era ensinado em casa pela mãe, mas ela resolve que é hora de o menino
frequentar uma escola regular. É uma trajetória delicada, que cita inclusive as várias cirurgias pelas quais
Auggie passou, mas o grande diferencial é a linguagem simples. Tanto no livro como no filme, quase tudo é
narrado pelo ponto de vista de Auggie.

Quadro 22: Exemplo de parte da análise crítica


O resultado é um filme delicado, mas que se torna infantil demais. É um caminho seguro para não se
aprofundar em algumas discussões pertinentes. O bullying, por exemplo, é abordado no ambiente escolar,
inclusive mostrando que a criança que faz esses atos também costuma ter problemas emocionais. Mas tudo é
extremamente leve, de uma forma que funciona no livro, mas precisava de mais peso ao ser mostrada nos
cinemas. Com temas tão interessantes e atuais, o longa poderia ir mais fundo na questão do preconceito,
provocando os que assistem ao longa a um questionamento interno. Ao escolher o caminho simples, o filme se
torna agradável de assistir, mas perde a oportunidade de ser mais do que isso.
Elogiado por seu papel em O Quarto de Jack, Jacob Tremblay usa maquiagem e próteses para fazer o
menino e coloca muito bem os sentimentos de Auggie na tela. Apesar da pouca idade, ele sabe quando é
tratado com preconceito, mesmo quando isso não é feito de forma direta. As interações entre Tremblay e Julia
Roberts, que faz a mãe do garoto, são as mais emocionantes de toda a produção. O carismático pai de Auggie,
interpretado por Owen Wilson, acaba ofuscado nessa relação. Para os curiosos sobre a participação de Sônia
Braga, a brasileira não aparece tanto, mas domina a tela quando surge como a avó materna do protagonista.
Além da narração de Auggie, a adaptação de Extraordinário também é fiel aos outros pontos de vistas
apresentados no livro. Embora a escolha seja interessante para apresentar melhor como a condição do
garoto afeta as pessoas ao redor - como seu melhor amigo e sua irmã -, também é uma decisão que deixa
o filme um pouco lento em seu segundo ato. Muitas vezes uma história é totalmente interrompida para contar
outra, que também demora para se desenvolver. Faltou ao roteiro, escrito pelo também diretor Stephen
Chbosky, por Steve Conrad e por Jack Thorne, ser um pouco mais dinâmico para a linguagem dos
cinemas.
Extraordinário cresce quando trata do ponto principal de sua história: amadurecimento. Tanto de
pessoas, quanto da sociedade. Auggie cresce após seu convívio inicial difícil com as crianças da escola. Elas
também aprendem a lidar com as diferenças de forma melhor, percebendo que ele é um garoto como qualquer
outro. Até sua família, tão acostumada a protegê-lo o tempo todo, entende que o garoto precisa seguir sozinho
em alguns momentos, para seu próprio bem. São aprendizados difíceis, que não acontecem do dia para a noite,
72

mas fazem toda a diferença.

Passaremos em seguida para outro gênero textual pertinente à escrita acadêmica: o


projeto de pesquisa.

4.3 Projeto de pesquisa - O que é um projeto de pesquisa?

É uma atividade de pesquisa que depende de um planejamento prévio para que objetivos sejam
alcaçados. Esse planejamento de concretiza em uma estrutura textual com características próprias que
chamamos de projeto de pesquisa.
De modo geral, de acordo com Motta-Roth; Hendges (2020), é possível reconhecer um
projeto por algumas características tais sejam:
• Conteúdo de referência ao campo da ciência (itens lexicais que identificam conceitos,
objetos e atores sociais relativos a uma determinada área de conhecimento), por
exemplo, em história oral.
• Tom formal da linguagem, geralmente contendo termos técnicos e/ou abstratos e suas
definições.
• A estrutura do texto, geralmente organizado em partes que compõem a proposta da
pesquisa.

As partes que compõem um projeto são:


• identificação ou dados do projeto: título, área de pesquisa, autor (nome e instituição)
• problemas, hipoteses e perguntas,
• justificativa,
• objetivos geral e específicos,
• sintese da literatura relevante na área de conhecimento,
• metodologia (materiais e procedimentos)
• resultados e/ou impactos esperados e
• cronograma.
Quando você pensar em elaborar um projeto de pesquisa há algumas questões
importante que devem ser consideradas, segundo Motta e Hendges (2020):
• O que a literatura da área aponta como problemas, metodologias e perspectivas de
pesquisa?
• Que pesquisas estão em andamento nos grupos de pesquisa significativo na área?
73

• Quais são os conceitos em voga na área de conhecimento em que desejo propor a


pesquisa?
• Quais são os temas relevantes para uma pesquisa?
• Que problemas de pesquisa são atuais?
• Que leituras preliminares são aconselhadas?
• Que abordagem sobre o problema é mais interessante?
• Quais são as metodologias de pesquisa em uso na área?

Essas questões são importantes e devem ser consideradas para auxiliarão na escolha e
delimitação de tema para a pesquisa e a traçar um roteiro de trabalho. Então, para elaborar o
texto de um projeto são necessárias as seguintes etapas:
Introdução: apresenta o objeto de estudo, o tema, o problema e seu contexto que
permita situá-lo em sua inter-relação com a sociedade, destaque a pergunta a ser respondida
pela pesquisa. (OBS: Nem todo projeto de pesquisa apresenta uma introdução, geralmente
depende do tipo de projeto e a que ele se destina).
Justificativa: apresenta a explicação para o desenvolvimento da pesquisa, conexões
do seu tema a outras pesquisas, bibliografias, descobertas recentes.
Problema de pesquisa: apresenta o problema de pesquisa que terá formato de uma
pergunta que deverá ser respondida no decorrer da pesquisa.
Exemplo:
Tema: O perfil da mãe que deixa o filho recém-nascido para a adoção.
Problema: Quais condições exercem mais influência na decisão das mães em dar os
filhos recém-nascidos para a adoção?
Hipótese - é uma possível explicação, resposta para sua pergunta. A busca pela
resposta a questão ajuda a definir o cronograma de pesquisa e a importância do projeto de
pesquisa.
Objetivos: apresentam-se duas partes que são:
• objetivo geral, é a definição do que será feito: explicar, entender, analisar, realizar
uma coleta de dados.
• objetivos específicos, estão diretamente relacionados com a justificativa, são aqueles
que buscam demonstrar exatamente o que se pretende com o assunto. Os verbos
indicados para iniciar esses objetivos são:
• Exploratórios (conhecer, identificar, levantar, descobrir)
• Descritivos (caracterizar, descrever, traçar, determinar)
74

• Explicativos (analisar, avaliar, verificar, explicar)

Fundamentação teórica: apresenta uma breve pesquisa em outros autores que tem
estudos ou publicações sobre o tema que se pretende pesquisar, essas obras são chamadas de
referencial teórico. Situa-se nessas fontes, documentais ou bibliográficas e é necessária e
importante para a pesquisa. Traz citação das principais conclusões a que outros autores
chegaram. Permite destacar a contribuição da pesquisa realizada, além das contradições ou
reafirmar comportamentos e atitudes.
Metodologia: é a etapa em que será explicada como será desenvolvida a pesquisa com
seus métodos e materiais. É a apresentação das técnicas que serão usadas para coletar os
dados: entrevistas, uso de ferramentas de laboratório, se as informações serão retiradas de
livros, quais serão os gastos gerais, entre outras opções.
Resultados e/ou impactos esperados: é a etapa mais argumentativa do projeto, pois é
nela que você visa convencer de que a pesquisa é benéfica, relevante para determinado
seguimento ou para avanço da ciência em determinada área. É onde você cria as expectativas
de publicações que resultarão do projeto, patentes ou produtos.
Cronograma: é a forma de explicar em qual data se espera começar e terminar o
estudo. Apresentam-se as etapas dos trabalhos com meses e metas a serem alcançadas.
Referências bibliográficas: na maioria dos trabalhos acadêmicos apresentar-se-
ão citações de obras em sua fundamentação teórica, por isso as referências bibliográficas são
feitas como nos demais trabalhos acadêmicos, sempre respeitando as regras de catalogação
bibliotecária. As referências seguem uma ordem lógica, de acordo com as regras e normas da
ABNT.
A seguir vamos acompanhar as etapas de um projeto de pesquisa, tomando como
exemplo:
Título do projeto: OS CONFLITOS PELA POSSE DE TERRAS NO ACRE: o surgimento da Estrada
Transacreana.

Pesquisadora: Maria Francisca Freire de Freitas

Rio Branco Acre

Julho de 2011

Observe que na introdução é apresentada a problemática da pesquisa.


75

Quadro 23: Exemplo de projeto de pesquisa com introdução.


Esta pesquisa será realizada pela acadêmica do curso de História em Licenciatura pela Universidade Federal
do Acre, Maria Francisca Freire de Freitas, que pretende, através de entrevistas e utilizando-se da história oral,
transformar a memória do povo da Transacreana, em uma História, pois segundo Loiva Félix, para a
construção da história faz-se necessário compreender os processos e tramites pelo qual se organiza o objeto a
ser estudado, e acrescenta ainda que a memória só se transforma em história quando é passada pela mão do
historiador. É nesta busca da conexão do passado memória e presente como possibilidade de construção da
história que se busca trazer a tona esse acontecimento que ficou esquecido. Pretende-se também dialogar
com historiadores que trabalham sobre conflitos por terra no Acre que focalizam apenas a questão das lutas pela
permanência dos seringais, ou que tratam os resultados desses conflitos como vitórias sindicais. Busca-
se explicitar que, nos finais da década de 70 e 80, já se percebia uma nova perspectiva de sobrevivência
compreendida como agricultura familiar.

Esta pesquisa pretende mostrar análise de pesquisas bibliográficas e fontes que trabalham o tema sobre os
conflitos no Acre, procurando mostrar que no caso específico da Estrada Transacreana, se formulou um conflito
pela posse da terra (que antes _ por uma política governamental_ havia sido cedida para fazendeiros, que
pretendiam expulsar todos os seringueiros desse local para a implantação da pecuária), onde os seringueiros, em
nome da causa comum organizaram-se para fazer valer seus direitos de posseiros. Mas por que escolheram a
luta armada em vez da luta judicial? E por que não brigavam para a permanência dos seringais, como em
Xapuri e Brasiléia? Qual a reação do governo da época com relação a essas lutas? O que resultou desses
conflitos? Veremos que a luta pela defesa de um bem comum, que nesse caso era a terra para trabalhar, é capaz
de mudar o tipo de organização social de uma região.

Na justificativa é apresentada a relevância da pesquisa.


Quadro 24: Exemplo de justificativa de projeto de pesquisa
Na elaboração de uma pesquisa temos quer ter sempre em mente por que estamos trabalhando com o nosso
objeto de investigação. Nesta perspectiva Loiva Félix (1998.p.71) explicita que “pesquisar história é sempre
uma necessidade de produção… de um conhecimento histórico resultantes de diferentes percepções do real”, e
acrescenta que para a elaboração deste deve -se ter: originalidade, relevância, viabilidade e interesses.
Essa pesquisa justifica-se pela viabilidade e convivência com o objeto a ser estudado, pela
acessibilidade as fontes orais (história oral) e pelo interesse de transformar os conflitos vividos na
Estrada Transacreana em História.

Justifica-se ainda pela necessidade da compreensão teórica do que são conflitos e qual as suas
consequências na sociedade. Compreende-se também como importante pesquisar este conflito, porque
não há nenhuma bibliografia que descreva historicamente tais acontecimento que culminaram na
formação da Estrada Transacreana.

Observe que é apresentado um objetivo geral e três objetivos específicos.


Objetivo geral
Compreender que nem todos os conflitos pela posse de terras no Acre ocorridos na década de 70 e 80
estavam voltados para a “proteção” dos seringais e mostrar que as margens das organizações sindicais também
havia união e que esta contribuiu para a implantação da Reforma Agrária naquela região.

Objetivos Específicos

• Conhecer a origem etnológica de conflitos;

• Identificar os períodos e locais onde ocorreram os auges dos conflitos pela posse da terra no Estado do
76

Acre;

• Especificar os aspectos que diferiram o conflito ou levante popular ocorrido na área que hoje
corresponde a região da Estrada Transacreana das outras áreas acreanas e contextualizar como esses
conflitos por terra resultaram na Reforma Agrária em nossa.

Os objetivos específicos detalham os passos da investigação: 1º conhecer; 2º


identificar e 3º especificar, ou seja, três atividades para serem realizadas para se alcançar o
objetivo geral do projeto: compreender.

Quadro 25: Exemplo de Fundamentação Teórica (apenas um trecho da fundamentação do projeto citado)
A História faz-se da elaboração de uma tese que segue determinada teoria. Por isso é preciso saber para
que serve a história. Segundo Loiva Felix (1998.p.63) “ela contribui para formar pessoas cujas opiniões
sejam mais livres, que sejam capazes de submeter informações com que são bombardeadas a uma análise
lúcidas, mais capazes de agir com conhecimento da causa, menos enredados nas malhas de uma
ideologia”. A palavra História é de origem indo-europeia e tem como significado o verbo ver. Em grego e em
latim possui um significado mais amplo tomando um sentido que relaciona a raiz da palavra história a ideia,
pensamento. Segundo Félix, a história é construída a partir do olhar do historiador, podendo este tornar um
objeto velho em uma nova história a partir da utilização de novos procedimentos (técnicas, métodos e suporte
documentais) e novos pressupostos (tema e teoria). Neste sentido a história é sempre um dado novo. A
memória é a matéria-prima da construção histórica, que sendo manuseada pelo historiador, transforma-a em
história-conhecimento, moldando-a a seu tempo, por isso, o historiador tem que desaprender-se do olhar
positivista e compreender a história a partir de um processo sempre em construção.

Observe que na fundamentação teórica há a citação de um estudioso da área de


conhecimento e deve constar nas referências bibliográficas. Os autores que servem de
referência dialogam com a pesquisadora para tecer o embasamento da pesquisa.

Quadro 26: Exemplo de Metodologia da Pesquisa


• A pesquisa será conduzida através do modelo exploratório, pois se buscarão respostas as questões
surgidas referentes ao tema, buscando compreender o porquê os conflitos que se insurgiram na região da
estrada Transacreana se diferenciaram dos confrontos surgidos em Xapuri e Brasiléia, e por que
resultaram na implantação da Reforma Agrária.
• Esta pesquisa será realizada através de entrevistas realizadas com pessoas que participaram desses
movimentos; também serão realizadas consultas a bibliografias de livros e/ou jornais que tratam de
conflitos no Acre ou sobre o episódio acontecido naquela região.
• Após essa primeira fase da pesquisa de levantamento de bibliografia e produção documental sobre
o tema, será feita a organização dos dados através de fichamentos. Após o fichamento, será feita a
contextualização e a montagem do trabalho.
• Para embasar esta pesquisa serão utilizadas diversas teorias que tratam sobre conflitos por terras no
Acre.

Na metodologia há um detalhamento da execução da pesquisa explicitando o método


de pesquisa e a técnica de coleta de dados. Quanto a abordagem, segundo Paiva (2019, p. 13),
as pesquisas podem ser: quantitativa, qualitativa ou mista.
• Quantitativa: explicação de fenômenos por meio de coleta de dados numéricos
usando métodos de base matemática.
77

• Qualitativa: acontece no mundo real com o propósito de compreender, descrever e,


algumas vezes, explicar fenômenos sociais a partir de seu interior, de diferentes
formas.
• Mista: geralmente denominada quali-quanti, se utiliza de métodos qualitativos e
quantitativos para a coleta de dados, de forma a oferecer melhor compreensão de
fenômeno estudado.
Em relação a seus objetivos, segundo Paiva (2019, p. 14), a pesquisa pode ser
exploratória, descritiva, explicativa e experimental:
• Exploratória: o objetivo é ampliar o seu conhecimento sobre o tópico escolhido.
• Descritiva: tem como alvo descrever o fenômeno estudado e não está interessada no
porquê, nas fontes do fenômeno; preocupa-se em apresentar características.
• Explicativa: pretende identificar os fatores que contribuem para a ocorrência e
desenvolvimento de determinado fenômeno.
• Experimental: se refere a um fenômeno que é reproduzido de forma controlada,
submetendo os fatos à experimentação (verificação), buscando, a partir daí, evidenciar
as relações entre os fatos e as teorias.

Quadro 27: Exemplo de Cronograma


Atividades para 2021 Até Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Preparação para o Pré-Projeto de


Pesquisa (aulas teóricas do
Professor/Orientador)
Confecção e entrega do Pré-Projeto
de Pesquisa

Início da confecção do Projeto de


Pesquisa.
Confecção do Projeto de Pesquisa.

Entrega do Projeto de Pesquisa.

O cronograma apresentado pela pesquisadora demostra os meses e atividades a serem


desenvolvidas em cada um deles. Com o cronograma é possível estipular o prazo para o
desenvolvimento da pesquisa.

Quadro 28: Resultados Esperados/Considerações Finais


Através deste trabalho de elaboração do pré-projeto de pesquisa podemos compreender a importância da
elaboração de um roteiro de pesquisa. Nele podemos delimitar e calcular todas as possibilidades para a
realização de um trabalho. É de fundamental relevância, pois podemos nos organizar na trilha dos
78

procedimentos e pressupostos que devem ser seguidos para a formulação da pesquisa, não só histórica, mas de
todos aqueles que desejam realizar algum trabalho que contenha uma finalidade.
Portanto, elaborar um projeto de pesquisa é dar um norte de como preparar a organização daquilo que se deseja
alcançar.

Nas Considerações é apresentada a importância do roteiro que é o projeto de pesquisa.


No exemplo citado, a pesquisadora está apenas nos procedimentos de elaboração do projeto.
Mas, é possível, nessa etapa, abordar as expectativas quanto aos resultados como, por
exemplo, a produção de artigo para publicação após a pesquisa, patentes ou produtos.

Quadro 29: Exemplo de Referências ou Bibliografia (apenas algumas como exemplo)


BARROS, José D’ Assunção. O PROJETO DE PESQUISA – ASPECTOS NTRODUTÓRIOS. Revista
Travessia. Disponível
em:<<http// www.unioeste.br/prppg/mestrados/letras/revistas/…/oprojetodepesquisa.pdf>> acesso dia
25/07/2011.
CARVALHO, José. A Primeira Insurreição Acreana (documentada). Pará- Belém: TYP. DE GILLET &
COMP., 1904. Disponível em << eduardoeginacarli.blogspot.com/…/duarte-elio-garcia-confl…>> acesso
dia 20/07/2011 as 15:30.>>
disponível em: <<http://www.sitequente.com/frases/terras.html>> acesso dia 25/07/2011
FÉLIX, Loiva Otero. História e Memória: a problemática da Pesquisa. Passo Fundo: Eiupf, 1998.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI escolar: o minidicionário da Língua
Portuguesa. 4 ed. Ver. Ampliada. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
NEVES, Marcos Vinicius. Uma Breve História de Luta Acreana. Disponível
em: <<http://www.bibliotecadafloresta.ac.gov.br/index.php?catid=47:marcos-vinicius&id=114:uma-
breve-hist-da-luta-acreana&option=com_content&view=article
acesso dia 20/07/2011 as 16:00.>>

As referências apresentam as obras usadas no texto do projeto, esse é um item


obrigatório. Mas também podem ser apresentadas as obras apenas consultadas, mas sem
citações no corpo do projeto em um item separado chamado “Obras Consultadas”, com as
mesmas regras das referências. Elas aparecem em ordem alfabética e letras maiúsculas para os
sobrenomes dos autores. As demais regras devem ser consultadas na ABNT (Associação
Brasileira de Norma Técnicas).
Quando você elabora um projeto e desenvolve a pesquisa e através dela constrói mais
conhecimentos é o momento de apresentar esses resultados à comunidade acadêmica. Assim,
você pode escrever um artigo científico a partir da pesquisa realizada. Esse será nosso
próximo tópico.

4.4 Artigo científico


Apresentaremos o último dos gêneros acadêmicos listados nesta unidade. Veremos a
seguir o que é um Artigo Científico, suas características e sua composição textual. Segundo
79

Motta e Hendges (2019), o artigo científico é um texto, de aproximadamente 10 mil palavras,


produzido com o objetivo de publicar em períodicos especializados, os resultados de uma
pesquisa desenvolvida sobre um tema específico. Na ABNT o artigo é definido como um
trabalho de um ou vários autores, que segue as normas editoriais da revista onde será
publicado e traz as seguintes instruções para apresentação de artigo científico.
Elementos Pré-Textuais:
• título e subtítulo, se houver, separados por dois-pontos (:);
• nome (s) do (s) autor (es);
• filiação científica do (s) autor (es), em nota de rodapé;
• resumo na língua do texto (ver item 2.9);
• palavras-chave na língua do texto;
• título, subtítulo, resumo e palavras-chave em língua estrangeira conforme solicitação
da revista à qual artigo será submetido.

Veja o exemplo dos elementos pré-textuais no artigo científico a seguir:

Título e subtítulo, se houver, separados por dois-pontos (:); nome (s) do (s) autor (es); filiação
científica do (s) autor (es), em nota de rodapé.

Resumo na língua do texto e palavras-chave na língua do texto.


80

Elementos Textuais:
• Introdução: Início do artigo, onde devem constar: a delimitação do assunto tratado, os
objetivos e outros elementos necessários para situar o tema do artigo.
• Desenvolvimento: Parte do artigo, que contém a exposição ordenada e detalhada do
assunto tratado. Divide-se em seções e subseções, que variam em função da
abordagem do tema e do método. No desenvolvimento podem aparecer as seções
como metodologia (materiais e métodos) e resultados ou ainda aparecer seções de
conteúdos relacionados a temática da pesquisa.
• Conclusão: Parte final do artigo, na qual se apresentam as conclusões correspondentes
aos objetivos e hipóteses.

Vejamos um trecho da introdução de um artigo científico sobre educação. Nela, o


leitor é informado sobre a contextualização do tema da pesquisa e de sua delimitação.

Vejamos apenas um trecho das Considerações Finais do mesmo artigo


81

Nas considerações finais há uma retomada do tema da pesquisa apresentado na


introdução antes de elencar a conclusões pontadas pela pesquisa.
Elementos pós-textuais
• referências: Devem constar as referências citadas no trabalho, e normalizadas
conforme a solicitação da revista.
• glossário: Lista em ordem alfabética de palavras ou expressões técnicas de uso restrito
ou de sentido obscuro, utilizadas no texto, acompanhadas das respectivas definições.
• apêndice (s): Texto ou documento elaborado pelo autor, a fim de complementar sua
argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho (ver também ANEXOS
OU APÊNDICES).
• anexo (s): Texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve de
fundamentação, comprovação e ilustração (ver também ANEXOS OU APÊNDICES).

Vejamos um exemplo de referências. Elas são importantes na construção da


fundamentação teórica de um projeto e de um artigo científico que seja resultado de uma
pesquisa.
82

RESUMINDO:
A estrutura do artigo científico, de maneira geral, apresenta:

• resumo, palavras-chave;
• introdução;
• metodologia/materiais e métodos;
• resultados/discussão;
• considerações finais;
• referências.

4.5 Gramática aplicada ao texto

No contexto da universidade, você é inserido no universo da leitura e escrita


acadêmicas. Você precisará ler capítulos de obras ou até mesmo a obra inteira. Precisará
pesquisar mais de uma obra e/ou mais de um autor. Mas como guardar tudo isso na cabeça?
Para isso recebemos as orientações sobre os gêneros acadêmicos. Aprendemos a fazer
resumo, resenha, fichamento, projeto de pesquisa e artigo científico, por exemplo.
Vimos que coerência e coesão são importantes na construção do sentido de um texto,
bem como na produção dele, independentemente do gênero. Vejamos algumas situações
importantes e serem observadas. Na unidade III, estudamos a composição de um parágrafo
padrão, tal conhecimento será útil toda vez que você pensar em escrever um texto em prosa
seja ele um resumo ou um artigo científico.
83

Algumas dicas são importantes. Esteja atento em assimilar todo vocabulário possível
referente a sua área de saber, pois ele será importante na produção textual dos gêneros
acadêmicos. Isso você pode adquirir com leituras. Para a aquisição de vocabulário é bom criar
um caderno de anotações em que você registra cada palavra aprendida, em particular, a
especificidade vocabular da sua área. Além disso, esteja atento a questões ortográficas, por
exemplo. É importante revisar o texto antes de entregar uma versão final.
Há de se dizer que não se recomenda que textos técnico-acadêmicos sejam escritos em
1ª pessoa (eu), pois o texto deve ter a marca da impessoalidade. Então, vamos passar a
questões de gramática aplicadas ao texto.

4.5.1 Generalize o sujeito, colocando-o no plural:


• Cientistas reconhecem...,
• Nossas conclusões...,
• Procuramos demonstrar
São menos pessoais que:

• (Eu) reconheço...,
• Minha conclusão...,
• Procurei demonstrar...

Como a impessoalidade é uma das características do texto acadêmico, vamos a mais


exemplos para tornar a linguagem impessoal:
4.5.2 Ocultar o agente, ou seja, oculta-se o agente da oração. Usam-se expressões como:

• É importante... (não diz para quem é importante)


• É preciso.... (não diz para quem é preciso)
4.5.3 Sujeito indeterminado
• Aprende-se muito com pessoas mais experientes.
• Acreditava-se que o Brasil erradicaria a miséria e a pobreza.
4.5.4 Uso da voz passiva
• Está sendo comprovada a importância da escrita à mão no processo de
aprendizado.
• As regras gramaticas representam instrumento essencial para que se comunique
o que se pretende sem correr o risco de interpretações erradas.
84

No contexto da universidade são produzidos textos dissertativo-argumentativos e neles


deve predominar a coerência argumentativa, pois são apresentados exemplos, opiniões e
dados utilizados como argumento para sustentar a conclusão. É preciso obedecer a uma
sequência lógica de acontecimentos para sustentar a argumentação e possibilitar a
compreensão da conclusão. Mas a coerência também precisa da coesão.

Observe o exemplo:

“A violência escolar é um problema que envolve toda a comunidade. Do núcleo familiar ao convívio em
sociedade, é o Estado, contudo, o responsável por oferecer as condições necessárias para a redução do
problema até a sua quase eliminação.”

Destacamos o operador argumentativo CONTUDO que é chamado assim, por


encadear as frases e dar sequência ao texto. No texto acima, ele expressa a ideia de oposição,
contraste. Na gramática a palavra CONTUDO é classificada como conjunção que expressa
oposição e pode ser substituída por outras conjunções com mesmo valor semântico: porém,
todavia, mas. Esta última lista é causa de maior confusão na escrita MAIS/MAS. É necessário
ter conhecimento sobre as conjunções e seus valores semânticos, ou seja, o que elas podem
expressar no contexto da frase. Na gramática são classificadas como conjunções
coordenativas e subordinativas.

4.5.5 Atenção aos usos da vírgula

• a vírgula não pode separar o sujeito do predicado:

Certo: “Maria disse que não iria.”


Errado: “Maria, disse que não iria.”

• as orações coordenadas são separadas por vírgulas, mesmo as aditivas em


que o “e” separa orações com sujeitos diferentes:

Certo: “Maria chegou atrasada, falou com Alice, e Pedro não disse nada.”
Errado: “Maria chegou atrasada falou com Alice e Pedro não disse nada.”
85

• Mas x Mais → “Mas” deve ser empregado quando a ideia de oposição e


contrariedade for a intenção. “Mais”, por outro lado, deve ser utilizado como
advérbio de intensidade.

Certo: “Os professores da rede pública trabalham muito, mas recebem pouco no Brasil.”
Errado: “Os professores da rede pública trabalham muito, mais recebem pouco no Brasil.”

4.5.6 Atenção às questões ortográficas!

Acentuação: Acento agudo: Ditongos abertos (ei e oi) não são mais acentuados em palavras
paroxítonas, ou seja, as palavras que têm ditongo aberto na penúltima sílaba (quando ela for a
mais forte) perderam o acento.

• Como era: jibóia, heróico, colméia, idéia.


• Como ficou: jiboia, heroico, colmeia, ideia.
Além disso, não se acentuam mais o “i” e o “u” tônicos nas palavras paroxítonas.

• Como era: baiúca, bocaiúva, feiúra.


• Como ficou: baiuca, bocaiuva, feiura.

Hífen: com o novo acordo, não ocorrerá o uso do hífen em compostos que perderam a noção
de composição.
• Como era: manda-chuva, pára-quedas, pára-quedista.
• Como ficou: mandachuva, paraquedas, paraquedista.

Além disso, quando o prefixo de uma palavra termina em vogal e possui o segundo
elemento começado por “r” ou “s”, as consoantes dobram e o hífen desaparece.

• Como era: auto-retrato, auto-suficiente, contra-reforma.


• Como ficou: autorretrato, autossuficiente, contrarreforma.

Porém, quando são utilizados os prefixos “hiper”, “inter” e “super”, o hífen deve ser
mantido. Por exemplo: inter-racial, super-resistente, hiper-realista e super-racional.

Quando o prefixo de uma palavra termina em vogal e o seu segundo elemento começa
com uma vogal diferente, a escrita dela não possuirá hífen.
86

• Como era: auto-análise, contra-indicação, auto-adesivo.


• Como ficou: autoanálise, contraindicação, autoadesivo.
No entanto, quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com a
mesma vogal, o hífen é utilizado.

• Como era: microondas, microônibus, antiinflamatório.


• Como ficou: micro-ondas, micro-ônibus, anti-inflamatório.
Para evitar erros ortográficos

• Não há fórmulas mágicas.


• Há a prática constante de leitura e escrita.
• E a prática de revisão de textos.
4.5.7 Atenção no uso de palavras e expressões
Para que um texto tenha clareza é importante selecionar vocabulário, usar
corretamente sinais de pontuação e escrever construções sintáticas bem ordenadas.
Exemplo:
• Começar conclusão de um parágrafo não usando expressões como: “para concluir”,
“concluindo”.
Para concluir, o artigo comenta sobre a capacidade dos animais. (Errado).

De acordo com o texto, a capacidade dos animais é desconhecida. (Certo).

Quanto ao uso de vocabulário devemos estar atentos a dois conceitos:

4.5.8 Campo lexical é formado pelas palavras que derivam de um mesmo radical. Assim, o
campo lexical ou a família da palavra “pedra”, seria: pedregulho, pedraria, pedreira,
pedrinha, dentre outros. Campo lexical compreende ainda as palavras que pertencem à
mesma área de conhecimento:
a) Escola: professor, caderno, aula, livro, apostila, material escolar, diretor, etc.
b) Internet: web, página, link, internauta, portal, blog, site, etc.
c) Informática: pen drive, software, hardware, programas, gigabite, memória
RAM, etc.
d) Linguagem bíblica: mandamentos, Jesus, Novo Testamento, Apocalipse, Céus,
Inferno, discípulos, etc.
87

4.5.9 Campo semântico é o conjunto dos significados, dos conceitos, que uma palavra
possui. Um mesmo termo tem ou pode ter vários sentidos, os quais são escolhidos de
acordo com o contexto abordado. Assim, são exemplos de campos semânticos:
a) levar: transportar, carregar, retirar, guiar, transmitir, passar, receber.
b) natureza: seres que constituem o universo, temperamento, espécie, qualidade.
c) nota: anotação, breve comunicação escrita, comunicação escrita e oficial do
governo, cédula, som musical, atenção.
d) breve: de pouca duração, ligeiro, resumido.

Dessa maneira, devemos entender a gramática como um conhecimento a serviço do


texto, aplicada a ele deixa-o coerente e coeso. Não podemos cristalizar a ideia de gramática
apenas como conceito de regras em si mesmas, pois não é.

Atividades de Aprendizagem
4.6 Síntese
Nessa unidade estudamos:

• O conceito de resumo, tipos de resumo (indicativo, informativo e crítico), exemplos de


resumos simples e expandido e a estrutura textual de um resumo.
• O conceito de resenha e os tipos de resenha.
• A definição, as características, a estrutura textual de um projeto de pesquisa, as etapas
de um projeto de pesquisa através de um modelo apresentado para estudo.
• A definição, as características, a estrutura textual e as etapas de um artigo científico.

4.7 Aprofundando o conhecimento


4.7.1 Exercícios de aplicação
Exercício 1
1) Pesquise um exemplo de resumo acadêmico e responda as questões a seguir:
a) Por que o estudo foi realizado? (problema/tema)
b) Como o estudo foi realizado?
c) Quais foram os resultados obtidos?
d) Qual é o significado desses resultados para a área?

Exercício 2
88

1) Procure periódicos que tenham seção de resenhas e analise esses textos para ter uma
ideia de como se resenha livros na sua área: História. Compare esses textos identifique
neles o esquema de resenha acadêmica mostrada na aula de hoje.

Exercício 3
1) Reflita e escreva um tema de seu interesse dentro da área do conhecimento de seu curso
de graduação.
2) Depois pesquise e anote três autores/obras que tratem do tema de seu interesse. Guarde
essa anotação que em momento oportuno você poderá recorrer a ela.
3) Pesquise um artigo científico dentro da sua área de saber e de acordo com ele:
a) Selecione, ao menos, 10 palavras e organize campos lexicais para cada uma delas,
conforme exemplos dados no slide 25.
b) Identifique as partes que compõem um artigo científico.

4.7.2 Questão para reflexão


No decorrer dessas unidades tratamos sobre o ler e o escrever, concepções e gêneros
textuais, em particular no contexto da universidade. A partir disso, vamos refletir sobre o que
torna a escrita na academia um processo tão desafiador para muitos estudantes?”

4.7.3 Leitura indicada


MOTTA-ROTH, Désirée; HENDGES, Graciela Rabuske. Produção textual na
universidade: Estratégias de ensino. 1. ed. - São Paulo: Parábola, 2020. E-Book Kindle

4.7.4 Site indicado


https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/como-se-desenvolve-gosto-pela-
escrita.htm
89

REFERÊNCIAS

BEZERRA, Benedito Gomes. Gêneros no contexto brasileiro: questões [meta]teóricas e


conceituais. São Paulo: Parábola Editorial, 2017.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Secretaria de Educação


Fundamental. Brasília: MEC, 1997.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Secretaria de Educação


Fundamental. Brasília: MEC, 1998.

COSSON, Rildo. Círculos de leitura e letramento literário. São Paulo: Contexto, 2017.

FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5.ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

FONSECA, Luiz Almir Menezes. Metodologia científica ao alcance de todos. 3.ed.


Manaus: Editora Valer, 2008.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 50.ed. São
Paulo: Cortez, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática docente. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

KÖCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; PAVANI, Cinara Ferreira. Prática
textual: atividades de leitura e escrita. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. E-Book Kindle.

KÖCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; PAVANI, Cinara Ferreira. Leitura e
produção textual: gêneros textuais do argumentar e expor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. E-
Book Kindle.

KÖCHE, Vanilda Salton; MARINELLO, Adiane Fogali. Ler, escrever e analisar a língua a
partir de gêneros textuais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019. E-Book Kindle.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In: Dionísio,


Ângela Paiva; Machado, Anna Rachel; Bezerra, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gêneros
Textuais & Ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual, análise de gêneros e compreensão. São


Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 2006.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas.


12.ed. São Paulo: Atlas, 2014.
90

MICHELETTI, Guaraciaba. A leitura como construção do texto e construção do real. In


Micheletti, Guaraciaba (coord.). Leitura e construção do real: o lugar da poesia e da ficção.
4.ed. São Paulo: Cortez, 2006.

MOTTA-ROTH, Désirée; HENDGES, Graciela Rabuske. Produção textual na


universidade: Estratégias de ensino. 1. ed. - São Paulo: Parábola, 2020. E-Book Kindle.

OLIVEIRA, Maria Marly. Como fazer pesquisa qualitativa. 5.ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2013.

SENA, Odenildo. A engenharia do texto: um caminho rumo à prática da boa redação. 4.ed.
Manaus: Editora Valer, 2011.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova
pedagogia da leitura. 10.ed. São Paulo: Cortez, 2005.

SQUARISI, Dad; CURTO, Célia. Redação para concursos e vestibulares: passo a passo.
São Paulo: Contexto, 2013. E-Book Kindle.

TERRA, Ernani. Práticas de leitura e escrita. São Paulo: Contexto, 2019. E-Book Kindle

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