Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Londrina - PR
Sumário
1 Introdução 3
2 Revisão Conceitual 5
2.1 Mecânica da Fratura Elástica Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Propagação de Trinca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.3 Critério de Grith . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.4 Fator de Intensidade de Tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3 Materiais e Métodos 9
3.1 Dados Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2 Análise via Ansys . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4 Resultados e Discussões 16
5 Conclusão 22
6 Referências 23
3
Resumo
O objetivo do presente estudo é modelar um ensaio de tração em um corpo de prova ci-
líndrico, simular e analisar - através do software Ansys - condições de forças e deslocamento
impostos, executando uma malha, considerando elementos lineares e quadráticos, mais especi-
camente na face frontal de tal corpo de prova, que por sua vez contém uma trinca pré-existente,
apresentando os métodos utilizados com a teoria básica envolvida e, ao nal, apresentando os
resultados obtidos.
Abstract
The aim of this study is to model a tensile test on a cylindrical specimen, to simulate and
analyse - through the Ansys software - conditions of imposed forces and displacement, running
a mesh, considering linear and quadratic elements, more specically on the front face of such
body of evidence, which in turn contains a pre-existing crack, presenting the methods used with
the basic theory involved and, at the end, presenting the results obtained.
1 Introdução
Através da análise de esforços mecânicos, considerando as resistências dos materiais, tensões
e deformações, é possível garantir maior segurança quanto à correta operação de mecanismos,
máquinas e estruturas, utilizando-se de avaliações quanto aos limites das solicitações de cargas,
podendo ser aplicadas de forma constante ou alternada sobre os mesmos, é possível evitar-se
falhas catastrócas e até mesmo otimizar a gestão de manutenção no setor industrial.
No entando, tais análises devem levar em consideração os arranjos estruturais dos materiais
analisados, visto que os mesmos não possuem perfeições quanto a seus tamanhos de grão, suas
orientações e sua uniformidade. Dito isso, é notável que falhas, quaisquer sejam suas origens,
como descontinuidades, entalhes, furos, trincas, entre outros, inferem quanto à resistencia me-
cânica e, por sua vez, quanto às condições de operação dos equipamentos.
No que diz respeito mais especicamente às trincas, é sabido que as mesmas podem ser
nucleadas, propagadas e, por m, chegar à ruptura nal. Na primeira etapa, nucleação ou ini-
ciação da trinca, há o surgimento de uma pequena trinca, que se forma em determinado ponto
que possui alto concentrador de tensão, por exemplo, rasgos de chavetas, em seguida, a trinca
irá avançar a cada ciclo de tensão até que se atinja determinado tamanho em que o material
não seja mais capaz de suportar o carregamento imposto, levando à ruptura. As falhas podem
ser caracterizadas em falhas estáticas, ou falhas por fadiga.
Há, de acordo com a literatura, valores teóricos que ditam que as trincas irão se propagar
caso haja uma tensão da ordem de 10 E
, em que E é o Módulo de elasticidade do material. Entre-
tando, na realidade, é inviável a determinação da tensão real na ponta da trinca, uma vez que
a mesma tende a innito por ser uma grande concentradora de tensões. Fazendo-se necessária
a análise por outros critérios, considerando falha estática em corpos com trincas pré-existentes
em análises reais.
Alan Arnold Grith, engenheiro mecânico inglês, observou que, mesmo que em geral se
assumisse a resistência de um material como sendo da ordem de 10E
, por vezes o mesmo falhava
com valores até 1000 vezes menores que o predito, e estudando tais materiais descobriu que ha-
viam multiplas trincas microscópicas por todo material, lançando a hipótese de que tais trincas
4
reduziam sua resistência, pois a concentração de tensões levava ao valor pré-estabelecido ser
atingido na raiz da trinca, propagando a mesma. Deste trabalho, formulou a teoria da fratura
frágil utilizando conceitos de energia de deformação elástica, descrevendo o comportamento da
propagação de trincas de natureza elíptica, considerando a energia envolvida. [1]
2 Revisão Conceitual
2.1 Mecânica da Fratura Elástica Linear
O advento dos estudos a respeito da mecânica da fratura se deu com a notória ineciência
dos calculos utilizados para explicar falhas de estruturas solicitadas por níveis de tensão muito
abaixo dos admissíveis, conhecidos até então. Logo, por ser inadimissível que as tensões neces-
sárias para a falha diminuam quando haja uma ssura, ou seja, uma trinca - que por sua vez
pode ser causada por uma série grande de fatores, como, efeitos de soldage, defeitos do processo
de fabricação, geometrias utilizadas em projeto, entre outros - se fez justicada a ampliação e
investimento nos estudos até então desconhecidos ou ignorados.
Dito isso, o estudo da mecânica da fratura veio para aumentar a conabilidade nos projetos,
uma vez que se tornou possível a quanticação de níveis aceitos de tensão para quando há in-
conformidades nos componentes. Tal aspecto é extremamente importante em peças de elevado
custo de fabricação, que estão sujeitas à ocorrência de defeitos, como é o caso dos oleodutos [2].
Nesses casos, a mecânica da fratura encontra plena aplicação, visto que se torna um opção muito
mais economicamente viável do que simplesmente descartar a peça caso o controle de quali-
dade não detecte defeito algum. Outra situação de grande aplicação e importância é quando se
torna desejável que o peso seja mínimo, mantendo a resistência aos possíveis esforços realizados.
a
Kt = 1 + 2 · (1)
b
Tem-se que a tensão máxima ocorre na extremidade do eixo maior da elipse e pode ser
calculada pela Equação 2, em que σ0 é a tensão nominal, 2a é o eixo maior da elipse e 2b o
menor.
6
a
σmax = σ0 · (1 + 2 · ) (2)
b
Na Equação 2, o semi eixo b da elipse é paralelo à direção da carga aplicada. Para análise
de um defeito interno ao material, este pode ser idealizado como uma trinca com espessura
igual a zero. Assim, a situação pode ser pensada como um processo de limite, onde, a elipse vai
se tornando mais achatada, logo, b tende a zero e a elipse tende a uma trinca de comprimento
igual a 2a. Considere o raio da elipse demonstrado pela Equação 3.
b2
ρ= (3)
a
Substituindo 3 em 2, temos:
r
a
σmax = σ0 · 1 + 2 · (4)
ρ
Assim, é notável que se ρ → 0, tem-se que σmax → ∞. Apesar do avanço na análise dos
problemas de peças com trincas, permitido por esta solução, ainda não havia uma explicação
do motivo pelo qual trincas maiores se propagam com maior facilidade que as pequenas [2].
u=C ·P (6)
Em que C é uma constante relacionada ao comprimento da trinca, chamada de exibilidade
do sistema, ou seja, o inverso da rigidez. Pelo fato da variação do comprimento tender a zero,
o valor da constante C é igual as trincas de comprimento a e a + da, ou seja, du = CdP . Logo,
as equações da variação da energia podem ser reescritas como:
dU < dS (9)
Nesse caso a trinca se encontrará estável, visto que a energia para deformação é maior que
a liberada. Caso:
dU > dS (10)
a condição de estabilidade é alterada e a trinca será propagada. Quando dU for exatamente
igual à dS , teremos uma condição de instabilidade para a trinca. Neste caso, Grith determinou
uma tensão nominal de falha, também chamada de tensão crítica (σcr ), para o estado plano de
tensões, que depende do módulo de elasticidade, E , da densidade de energia de superfície, γ ,
dimensão característica da trinca, a, e se dá por:
2·E·γ
2
σcr = (11)
π·a
Podemos calcular a energia de superfície pela equação:
Z
S= A · γdA (12)
As validações desta equação demostram boas conformidades a realidade, principalmente
para materiais frágeis. Em aplicações práticas, se faz necessário reescrever a Equação 11 como
sendo:
2
σcr ·π·a=2·E·γ (13)
Em que σcr
2
· π · a fornece informações sobre geometria e carga, enquanto 2 · E · γ fornece
informações a respeito do material utilizado.
como:
r
a
kte = 1 + 2 · (14)
ρ
Em trincas, ρ → 0, logo, kte → ∞, então, σmax → ∞, assim, o fator concentração de tensão
acaba por não ser útil. Nesse caso, faz-se necessário denir o fator intensidade de tensão kI ,
que é feito através do limite do produto da tensão pela raiz de ρ, dando-nos então a seguinte
relação:
√
√ π
kI = lim σmax · ρ · (15)
ρ→0 2
√
em que a constante 2
π
é adotada por conveniência [2].
9
3 Materiais e Métodos
3.1 Dados Iniciais
O problema contemplou um corpo de prova cilíndrico com 135 mm de diâmetro, pré rachado
com entalhe de aresta única do lado direito, dois furos circulares de raio iguais a 25 mm e com
distanciamento do centro do entalhe de 27,5 mm, como mostrado na Figura 4 abaixo.
Após a denição dos keypoints, foram traçadas as linhas de geometria, gerando assim, a
primeira imagem do corpo de provas no software de análise (Figura 8 ).
Figura 15: Cargas trativas em ambos os furos, com vista da peça toda [Autoria
própria].
.
16
4 Resultados e Discussões
Após a modelagem do corpo de prova e aplicação das cargas trativas, foi possível obter as
tensões geradas (Figura 16 ).
Figura 16: Tensões em X , com vista do corpo de prova inteiro [Autoria própria].
Para uma análise mais precisa, um zoom foi aplicado na imagem, focalizando a trinca, para
assim, poder ver maiores tensões na região próxima à ponta, visto que é um local de grande
concetração de tensões (Figura 17 ).
Ainda em X , avaliando-se a deformação, nota-se que as áreas mais atingidas são as que
estão em azul, chegando a até -0,388501 mm (Figura 18 ). Esta área limite está relacionada
com a tensão máxima que uma estrutura pode resistir sob tração, apresentando deformação
uniforme até esse limite, ao longo da região, e a partir dele apresenta uma região de constrição,
que irá concentrar as tensões, até o momento em que atinge a fratura.
O produto dessas duas quantidades é o trabalho interno realizado pelo objeto sob a ação
de uma força externa, ou seja, a força. Este trabalho interno é armazenado no objeto na
forma de energia de deformação elástica interna ou energia de deformação simples. Abaixo, nas
informações geradas sobre a densidade da energia de deformação, tem-se um aumento maior
na trinca, como mostrado na imagem ampliada, se concentrando no ponto de principal ruptura.
O fator de intensidade de tensão também foi obtido via Ansys e o valor encontrado foi igual
a 1721,6 para kI (Figura 25 ). Através da dedução realizada por Irwin, que dita que a energia
necessária para se romper as ligações atômicas e consequentemente expandir a trinca (G) é
uma função do fator de intensidade de tensão (kI ) e do módulo de elasticidade (E ), tem-se a
seguinte relação:
kI2 1721, 62
G= = = 40, 546
E 73100
É sabido que o valor de G é numericamente igual à J , logo, o trabalho atingiu seu objetivo,
visto que o valor de J encontrado através do Ansys se deu como sendo igual à 40,552 (Figura
26 ), chegando a um erro aproximado de 0,01%.
5 Conclusão
A análise feita foi satisfatória, com um erro baixo na produção da malha, os valores encon-
trados no software condizem com cálculos feitos a mão, descrevendo corretamente o comporta-
mento do material analisando a trinca pré existente sendo tracionada. Além disso, foi possível
associar o valor de J que o Ansys retornou após a análise, com o valor de G calculado, e ambos
se deram de forma equivalente, assim como demostrado através da literatura.
Como foi proposto, o software consegue descrever com precisão o comportamento do material
quando há uma trinca pré-existente e cargas trativas, principalmente no caso estudado, onde
pode-se obter uma ótima malha. O uso da ferramenta possibilitou a expansão do conhecimento
acerca de possíveis problemas relacionados com fratura, fadiga, e outros fatores que podem levar
a fraturas catastrócas, permitindo aos alunos também o conhecimento de um software bastante
utilizado e sinérgico com o trabalho no mercado da engenharia. Além disso, a proposta dessa
análise possibilitou o desenvolvimento de pensamento crítico e computacional, curiosidade,
criatividade, raciocínio lógico e habilidades de comunicação e argumentação entre os membros
da equipe.
23
6 Referências
[1] A. A. Rubbra, Alan Arnold Grith. 1893-1963. Biographical Memoirs of Fellows
of the Royal Society Vol. 10, (Nov., 1964), pp. 117-136.
[2] ROSA, Edison da. Análise de Resistência Mecânica (Mecânica da Fratura e Fadiga).
Santa Catarina: UfSC, 2002.
[3] http://asm.matweb.com/search/SpecicMaterial.asp?bassnum=MA2219T851.