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Estudo de Caso

Modelagem de ensaio de tração em corpo de


prova cilíndrico bidimensional com trinca
utilizando Ansys

Eduardo Augusto de Foggi Carioli - 2052334


Jéssica Lima da Silva - 2055961
João Antônio Palazzolli Bonifácio - 1982303
Marco Aurélio de Carvalho Andrade - 1689215
Maria Fernanda Rabelo Ramos - 2052396
Miriady Lara Mendes de Andrade - 1947338
Sergio Luiz Guidugli Junior - 2055490

Londrina - PR
Sumário
1 Introdução 3
2 Revisão Conceitual 5
2.1 Mecânica da Fratura Elástica Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Propagação de Trinca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.3 Critério de Grith . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.4 Fator de Intensidade de Tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3 Materiais e Métodos 9
3.1 Dados Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2 Análise via Ansys . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

4 Resultados e Discussões 16
5 Conclusão 22
6 Referências 23
3

Resumo
O objetivo do presente estudo é modelar um ensaio de tração em um corpo de prova ci-
líndrico, simular e analisar - através do software Ansys - condições de forças e deslocamento
impostos, executando uma malha, considerando elementos lineares e quadráticos, mais especi-
camente na face frontal de tal corpo de prova, que por sua vez contém uma trinca pré-existente,
apresentando os métodos utilizados com a teoria básica envolvida e, ao nal, apresentando os
resultados obtidos.

Abstract
The aim of this study is to model a tensile test on a cylindrical specimen, to simulate and
analyse - through the Ansys software - conditions of imposed forces and displacement, running
a mesh, considering linear and quadratic elements, more specically on the front face of such
body of evidence, which in turn contains a pre-existing crack, presenting the methods used with
the basic theory involved and, at the end, presenting the results obtained.

1 Introdução
Através da análise de esforços mecânicos, considerando as resistências dos materiais, tensões
e deformações, é possível garantir maior segurança quanto à correta operação de mecanismos,
máquinas e estruturas, utilizando-se de avaliações quanto aos limites das solicitações de cargas,
podendo ser aplicadas de forma constante ou alternada sobre os mesmos, é possível evitar-se
falhas catastrócas e até mesmo otimizar a gestão de manutenção no setor industrial.

No entando, tais análises devem levar em consideração os arranjos estruturais dos materiais
analisados, visto que os mesmos não possuem perfeições quanto a seus tamanhos de grão, suas
orientações e sua uniformidade. Dito isso, é notável que falhas, quaisquer sejam suas origens,
como descontinuidades, entalhes, furos, trincas, entre outros, inferem quanto à resistencia me-
cânica e, por sua vez, quanto às condições de operação dos equipamentos.

No que diz respeito mais especicamente às trincas, é sabido que as mesmas podem ser
nucleadas, propagadas e, por m, chegar à ruptura nal. Na primeira etapa, nucleação ou ini-
ciação da trinca, há o surgimento de uma pequena trinca, que se forma em determinado ponto
que possui alto concentrador de tensão, por exemplo, rasgos de chavetas, em seguida, a trinca
irá avançar a cada ciclo de tensão até que se atinja determinado tamanho em que o material
não seja mais capaz de suportar o carregamento imposto, levando à ruptura. As falhas podem
ser caracterizadas em falhas estáticas, ou falhas por fadiga.

Há, de acordo com a literatura, valores teóricos que ditam que as trincas irão se propagar
caso haja uma tensão da ordem de 10 E
, em que E é o Módulo de elasticidade do material. Entre-
tando, na realidade, é inviável a determinação da tensão real na ponta da trinca, uma vez que
a mesma tende a innito por ser uma grande concentradora de tensões. Fazendo-se necessária
a análise por outros critérios, considerando falha estática em corpos com trincas pré-existentes
em análises reais.

Alan Arnold Grith, engenheiro mecânico inglês, observou que, mesmo que em geral se
assumisse a resistência de um material como sendo da ordem de 10E
, por vezes o mesmo falhava
com valores até 1000 vezes menores que o predito, e estudando tais materiais descobriu que ha-
viam multiplas trincas microscópicas por todo material, lançando a hipótese de que tais trincas
4

reduziam sua resistência, pois a concentração de tensões levava ao valor pré-estabelecido ser
atingido na raiz da trinca, propagando a mesma. Deste trabalho, formulou a teoria da fratura
frágil utilizando conceitos de energia de deformação elástica, descrevendo o comportamento da
propagação de trincas de natureza elíptica, considerando a energia envolvida. [1]

Com o passar do tempo, o estudo em questão se ramicou e evoluiu, principalmente através


da utilização de métodos computacionais, destacando as análises por elementos nitos, o que
possibilitou simulações e estudos mais condizentes e precisos em comparação aos dados empí-
ricos. Nas útimas décadas, foram desenvolvidos softwares que auxiliam neste processo, sendo o
Ansys um dos mais utilizados para tal nalizade.
5

2 Revisão Conceitual
2.1 Mecânica da Fratura Elástica Linear
O advento dos estudos a respeito da mecânica da fratura se deu com a notória ineciência
dos calculos utilizados para explicar falhas de estruturas solicitadas por níveis de tensão muito
abaixo dos admissíveis, conhecidos até então. Logo, por ser inadimissível que as tensões neces-
sárias para a falha diminuam quando haja uma ssura, ou seja, uma trinca - que por sua vez
pode ser causada por uma série grande de fatores, como, efeitos de soldage, defeitos do processo
de fabricação, geometrias utilizadas em projeto, entre outros - se fez justicada a ampliação e
investimento nos estudos até então desconhecidos ou ignorados.

Dito isso, o estudo da mecânica da fratura veio para aumentar a conabilidade nos projetos,
uma vez que se tornou possível a quanticação de níveis aceitos de tensão para quando há in-
conformidades nos componentes. Tal aspecto é extremamente importante em peças de elevado
custo de fabricação, que estão sujeitas à ocorrência de defeitos, como é o caso dos oleodutos [2].
Nesses casos, a mecânica da fratura encontra plena aplicação, visto que se torna um opção muito
mais economicamente viável do que simplesmente descartar a peça caso o controle de quali-
dade não detecte defeito algum. Outra situação de grande aplicação e importância é quando se
torna desejável que o peso seja mínimo, mantendo a resistência aos possíveis esforços realizados.

2.2 Propagação de Trinca


Para que uma trinca seja propagada, é necessário que a tensão local seja superior que a
tensão que mantém os átomos unidos. Como visto anteriormente, a tensão determinada teori-
camente, de 10E
, não é suciente para se garantir aplicações práticas. Sendo assim, é possível
se utilizar do critério de Grith, que se baseia no balanço de energias, para prever a força
que deve ser aplicada em um corpo para que a trinca se propague, considerado o método mais
adequado para se iniciar o estudo da fratura.

Considere, inicialmente, o efeito de concentração de tensões, onde seu fator se encontra


representado pelas Figuras 1 e Equação 1, mostradas abaixo:

Figura 1: Concentração de tensão em placa com furo elíptico [2].

a
Kt = 1 + 2 · (1)
b
Tem-se que a tensão máxima ocorre na extremidade do eixo maior da elipse e pode ser
calculada pela Equação 2, em que σ0 é a tensão nominal, 2a é o eixo maior da elipse e 2b o
menor.
6

a
σmax = σ0 · (1 + 2 · ) (2)
b
Na Equação 2, o semi eixo b da elipse é paralelo à direção da carga aplicada. Para análise
de um defeito interno ao material, este pode ser idealizado como uma trinca com espessura
igual a zero. Assim, a situação pode ser pensada como um processo de limite, onde, a elipse vai
se tornando mais achatada, logo, b tende a zero e a elipse tende a uma trinca de comprimento
igual a 2a. Considere o raio da elipse demonstrado pela Equação 3.
b2
ρ= (3)
a
Substituindo 3 em 2, temos:
 r 
a
σmax = σ0 · 1 + 2 · (4)
ρ
Assim, é notável que se ρ → 0, tem-se que σmax → ∞. Apesar do avanço na análise dos
problemas de peças com trincas, permitido por esta solução, ainda não havia uma explicação
do motivo pelo qual trincas maiores se propagam com maior facilidade que as pequenas [2].

2.3 Critério de Grith


Grith idealizou uma base teórica para prever a tensão nominal de fratura de corpos sólidos
quem continham trincas, a partir de um critério termodinâmico, em que a variação total na
energia de um corpo trincado varia com o tamanho da trinca, assim, somente se a energia total
decrescer, a trinca poderá crescer espontaneamente pela ação da tensão aplicada. A Figura 2
mostra uma trinca de comprimento 2a em uma placa innita, considerando um material com
comportamento linear elástico, esta é chamada geometria de Grith.

Figura 2: Trinca em uma placa innita, sob carga uniaxial [2].


Considerando a variação de energia quando a trinca sofre uma variação innitesimal da,
pelo balanço de energia, quando há perda pelo rompimento de ligações atômicas, a energia
deve ser fornecida de alguma forma, essa energia dissipada pelo material é chamada de energia
de superfície, e representa o produto da energia de superfície por unidade de área γ pelo
acréscimo de área da trinca, dA. Outras formas de energia são obtidas pelas curvas de carga vs
deslocamento, como mostrado na Figura 3.
7

Figura 3: Ensaio hipotético de tração em uma placa com trinca [2].


Fixando os deslocamentos e mantendo-os para os dois tamanhos de trincas, por exemplo em
u1 , de a para a + da, teremos uma certa redução na energia elástica de deformação, de 21 · P1 · u1
para 12 · P2 · u2 , já que o corpo com trinca maior se comporta de maneira mais exível que o
corpo com trinca menor, logo, aquele que possui uma maior trinca diminui a rigidez da placa,
por sua vez, diminuindo a força na placa, de P2 para P1 . Nessas condições, o aumento da trinca
libera energia potencial elástica ( 21 · (P2 − P1 ) · u1 ), podendo ser transformada em energia de
superfície. Fazendo-se o balanço de energia na superfície, tem-se:

P1 · (u2 − u1 ) − 0, 5 · P1 · (u2 − u1 ) = 0, 5 · P1 · (u2 − u1 ) (5)


Então, quando se tem deslocamentos iguais, a energia de deformação decresce de 0, 5 · (P1 −
P2 ) · u1 , já quando se tem cargas iguais, a energia potencial decresce de 0, 5 · P1 · (u2 − u1 ).
Chamando dP = P1 − P2 e du = u2 − u1 , é possível escrever que a variação de energia de
deformação se dá por dU = −0, 5 · udP , e a variação de energia potencial é dV = −0, 5 · P du.
A relação de u e P é:

u=C ·P (6)
Em que C é uma constante relacionada ao comprimento da trinca, chamada de exibilidade
do sistema, ou seja, o inverso da rigidez. Pelo fato da variação do comprimento tender a zero,
o valor da constante C é igual as trincas de comprimento a e a + da, ou seja, du = CdP . Logo,
as equações da variação da energia podem ser reescritas como:

−0, 5 · udP = −0, 5 · C · P dP (7)


e

−0, 5 · P du = −0, 5 · P · CdP (8)


Então, quando o acréscimo da trinca é pequeno, os conceitos se equivalem, assim, em um
aumento innitesimal do comprimento da trinca, a redução da energia de deformação de um
corpo trincado, com deslocamento constante, é igual à redução da energia potencial com con-
dições de cargas constantes. Grith, com isso, propôs que a força necessária para se propagar
uma trinca está relacionada com o equilíbrio entre a energia liberada e a energia necessária
para criar novas superfícies. Por sua vez, é possível dizer que a energia liberada pelo material,
dU , pode ser absorvida, no todo ou em partes, pela energia de superfície dS , que é a energia
necessária para que se tenha a ruptura. Mantendo as condições de deslocamento constantes,
temos que:
8

dU < dS (9)
Nesse caso a trinca se encontrará estável, visto que a energia para deformação é maior que
a liberada. Caso:

dU > dS (10)
a condição de estabilidade é alterada e a trinca será propagada. Quando dU for exatamente
igual à dS , teremos uma condição de instabilidade para a trinca. Neste caso, Grith determinou
uma tensão nominal de falha, também chamada de tensão crítica (σcr ), para o estado plano de
tensões, que depende do módulo de elasticidade, E , da densidade de energia de superfície, γ ,
dimensão característica da trinca, a, e se dá por:
2·E·γ
2
σcr = (11)
π·a
Podemos calcular a energia de superfície pela equação:
Z
S= A · γdA (12)
As validações desta equação demostram boas conformidades a realidade, principalmente
para materiais frágeis. Em aplicações práticas, se faz necessário reescrever a Equação 11 como
sendo:
2
σcr ·π·a=2·E·γ (13)
Em que σcr
2
· π · a fornece informações sobre geometria e carga, enquanto 2 · E · γ fornece
informações a respeito do material utilizado.

2.4 Fator de Intensidade de Tensão


Através de soluções analíticas, é possível visualizar efeitos de concentração de tensão em um
perl elíptico, quando consideramos uma trinca como condição limite à Equação 2, teremos a
Equação 1. Quando é considerado o menor raio de curvatura, ρ, o fator kte pode ser escrito

como:
r
a
kte = 1 + 2 · (14)
ρ
Em trincas, ρ → 0, logo, kte → ∞, então, σmax → ∞, assim, o fator concentração de tensão
acaba por não ser útil. Nesse caso, faz-se necessário denir o fator intensidade de tensão kI ,
que é feito através do limite do produto da tensão pela raiz de ρ, dando-nos então a seguinte
relação:

√ π
kI = lim σmax · ρ · (15)
ρ→0 2

em que a constante 2
π
é adotada por conveniência [2].
9

3 Materiais e Métodos
3.1 Dados Iniciais
O problema contemplou um corpo de prova cilíndrico com 135 mm de diâmetro, pré rachado
com entalhe de aresta única do lado direito, dois furos circulares de raio iguais a 25 mm e com
distanciamento do centro do entalhe de 27,5 mm, como mostrado na Figura 4 abaixo.

Figura 4: Representação do corpo de prova com suas dimensões [Autoria própria].


Para facilitar a tomada de pontos para determinação dos keypoints, utilizou-se o recurso
Avaliar do Soliworks para determinação das coordenadas cartesianas, como visto na Figura 5.

Figura 5: Determinação das coordenadas cartesianas para tomada dos keypoints


[Autoria própria].
Além disso, a simulação se deu considerando Alumínio 2219-T851 [3], condição de força apli-
cada como sendo a força resultante, na direção Y , de módulo 2000, e , condição de deslocamento
imposto, U Y , de módulo 0,43.
10

3.2 Análise via Ansys


No software Ansys, foram denidos os keypoints, Figura 6, que são coordenadas de pontos
estratégicos da peça, os valores são informados no plano XY para representar a geometria, esses
pontos servem como base para traçar linhas que compõem a face do corpo a ser estudada. No
ponto onde ocorre a trinca, por ser o objetivo central do trabalho em questão, fora criada uma
circunferência com 16 mm de diâmetro, de modo que a malha na região casse mais renada.
As linhas traçadas na diagonal em vários locais do desenho, servem de auxílio para determina-
ção dos keypoints dos círculos e da trinca.

Figura 6: Listagem dos keypoints denidos no Ansys [Autoria própria].


11

Visualmente, os keypoints podem ser observados, já em suas localizações, através da Figura


7.

Figura 7: Dispersão dos keypoints no Ansys [Autoria própria].

Após a denição dos keypoints, foram traçadas as linhas de geometria, gerando assim, a
primeira imagem do corpo de provas no software de análise (Figura 8 ).

Figura 8: Linhas de conexão dos keypoints no Ansys [Autoria própria].


Para que a malha que o mais uniforme possível, é necessário dividir as linhas em pequenas
partes, quando se tem um número muito grande de keypoints e de divisões de linha, a malha
ca mais uniforme. No presente trabalho, as linhas foram divididas em 10 partes - para o
quadrado montado próximo à trinca -, 19 partes - para o círculo de 16 mm de diâmetro contido
no quadrado -, e, 20 partes cada linha para o restante do corpo de prova, aumentando assim a
precisão próximo ao ponto de estudo (Figura 9 ).
12

Figura 9: Linhas de geometria após a divisão no Ansys [Autoria própria].


As setas dispostas na Figura 9 são divididas para duas funções, a seta à esquerda da peça
e as que se encontram próximas à trinca restringem os movimentos de rotação e translação da
peça, já as setas que se encontram nos círculos à direita, são imposições de movimento que
foram aplicadas, evitando que o corpo de prova rotacione e translade nas próximas etapas, com
a aplicação da carga.

Em seguida, utilizando a ferramenta de concatenação de linhas, foi possível criar as áreas


de geometria, e, logo após, a malha da peça (Figuras 10 e 11 ).

Figura 10: Áreas de geometria [Autoria própria].


13

Figura 11: Malhas de geometria [Autoria própria].


Analisando a imagem, é possível notar que nas regiões ao redor da ponta da trinca e nos
furos circulares, a malha fora propositalmente renada, possibilitando uma análise precisa da
região de maior foco do estudo. A malha também mantém um bom padrão de elementos ao
longo de toda a sua extensão de geometria, prevendo uma boa conabilidade acerca dos resul-
tados que serão obtidos Figura 12.

Figura 12: Divisão das malhas no Ansys [Autoria própria].


A malha representa a união das subdivisões dos elementos, logo sua eciência depende da
adaptação do renamento escolhido que é uma das mais importantes ferramentas, denindo
como será esta subdivisão, a escolha adequada inuenciará expressivamente em sua qualidade.
O próximo passo se deu com a aplicação das cargas trativas, em Y , sobre os furos circulares
do corpo de prova, com intensidade de 2000 N. As cargas trativas foram divididas, igualmente,
em 80 nós, cada furo, resultando em uma força de 25 N por nó Figuras 13, 14 e 15.
14

Figura 13: Forças e restrições do furo superior [Autoria própria].

Figura 14: Forças e restrições no furo inferior [Autoria própria].


15

Figura 15: Cargas trativas em ambos os furos, com vista da peça toda [Autoria
própria].

.
16

4 Resultados e Discussões
Após a modelagem do corpo de prova e aplicação das cargas trativas, foi possível obter as
tensões geradas (Figura 16 ).

Figura 16: Tensões em X , com vista do corpo de prova inteiro [Autoria própria].
Para uma análise mais precisa, um zoom foi aplicado na imagem, focalizando a trinca, para
assim, poder ver maiores tensões na região próxima à ponta, visto que é um local de grande
concetração de tensões (Figura 17 ).

Figura 17: Tensões em X , na ponta da trinca [Autoria própria].


17

Ainda em X , avaliando-se a deformação, nota-se que as áreas mais atingidas são as que
estão em azul, chegando a até -0,388501 mm (Figura 18 ). Esta área limite está relacionada
com a tensão máxima que uma estrutura pode resistir sob tração, apresentando deformação
uniforme até esse limite, ao longo da região, e a partir dele apresenta uma região de constrição,
que irá concentrar as tensões, até o momento em que atinge a fratura.

Figura 18: Deformações em X [Autoria própria].


Em Y , a distribuição de tensão sobre a peça segue o mesmo princípio, se concentrando
somente na região da trinca, os valores de tensão em Y são mais altos que em X .

Figura 19: Tensão em Y [Autoria própria].


A deformação em Y mostra que os pontos de maior deformação estão na direita da peça,
deformação que também é mostrada visualmente com aumento na abertura do entalhe, 0,5391
mm positiva e negativamente.
18

Figura 20: Deformação em Y [Autoria própria].


Após analisar as informações geradas no software sobre tensão e deformação em ambas as
direções, é possível avaliar os erros nessas análises. é possível concluir que foi satisfatório, pois
os erros obtidos foram pequenos, na casa de 10−15 .

A precisão do método depende da quantidade de nós e elementos, do tamanho e dos tipos de


elementos da malha. Ou seja, quanto menor for o tamanho e maior for o número deles em uma
determinada malha, maior a precisão nos resultados da análise. Portanto a malha modelada
foi compatível com o problema, de maneira uniforme e renada para obter soluções conáveis.

Figura 21: Erros sobre o corpo de prova [Autoria própria].


19

Figura 22: Erros sobre a trinca [Autoria própria].


A partir da modelagem, podem ser obtidos o valor da energia de deformação e a densidade
da energia de deformação, que são denidos como a capacidade de gerar trabalho, que é o
produto da força e da distância na direção do movimento. Em corpos deformáveis, a tensão
multiplicada por suas respectivas áreas é a força, e o deslocamento, que é a deformação associ-
ada ao elemento, é a distância.

O produto dessas duas quantidades é o trabalho interno realizado pelo objeto sob a ação
de uma força externa, ou seja, a força. Este trabalho interno é armazenado no objeto na
forma de energia de deformação elástica interna ou energia de deformação simples. Abaixo, nas
informações geradas sobre a densidade da energia de deformação, tem-se um aumento maior
na trinca, como mostrado na imagem ampliada, se concentrando no ponto de principal ruptura.

Figura 23: Densidade de energia de deformação no corpo [Autoria própria].


20

Figura 24: Densidade de energia de deformação na trinca [Autoria própria].

O fator de intensidade de tensão é extremamente importante na análise de falhas, mecânica


da fratura e fadiga. É um método usado quando o custo é alto e a segurança é fundamental. A
concentração de estresse é o local do corpo onde o estresse está concentrado e, portanto, mais
elevado.

Quando a força transmitida por um objeto é distribuída uniformemente em sua área, o


objeto se tornará mais forte, portanto, uma diminuição na área, causada por rachaduras, por
exemplo, resultará em um aumento local da tensão. Quando a tensão concentrada excede a
resistência coesiva teórica do material, o material pode falhar, levando à propagação de ssuras.

O fator de intensidade de tensão também foi obtido via Ansys e o valor encontrado foi igual
a 1721,6 para kI (Figura 25 ). Através da dedução realizada por Irwin, que dita que a energia
necessária para se romper as ligações atômicas e consequentemente expandir a trinca (G) é
uma função do fator de intensidade de tensão (kI ) e do módulo de elasticidade (E ), tem-se a
seguinte relação:
kI2 1721, 62
G= = = 40, 546
E 73100
É sabido que o valor de G é numericamente igual à J , logo, o trabalho atingiu seu objetivo,
visto que o valor de J encontrado através do Ansys se deu como sendo igual à 40,552 (Figura
26 ), chegando a um erro aproximado de 0,01%.

Figura 25: Valores convergentes de KI [Autoria própria].


21

Figura 26: Valores convergentes de J [Autoria própria].


22

5 Conclusão
A análise feita foi satisfatória, com um erro baixo na produção da malha, os valores encon-
trados no software condizem com cálculos feitos a mão, descrevendo corretamente o comporta-
mento do material analisando a trinca pré existente sendo tracionada. Além disso, foi possível
associar o valor de J que o Ansys retornou após a análise, com o valor de G calculado, e ambos
se deram de forma equivalente, assim como demostrado através da literatura.

Como foi proposto, o software consegue descrever com precisão o comportamento do material
quando há uma trinca pré-existente e cargas trativas, principalmente no caso estudado, onde
pode-se obter uma ótima malha. O uso da ferramenta possibilitou a expansão do conhecimento
acerca de possíveis problemas relacionados com fratura, fadiga, e outros fatores que podem levar
a fraturas catastrócas, permitindo aos alunos também o conhecimento de um software bastante
utilizado e sinérgico com o trabalho no mercado da engenharia. Além disso, a proposta dessa
análise possibilitou o desenvolvimento de pensamento crítico e computacional, curiosidade,
criatividade, raciocínio lógico e habilidades de comunicação e argumentação entre os membros
da equipe.
23

6 Referências
[1] A. A. Rubbra, Alan Arnold Grith. 1893-1963. Biographical Memoirs of Fellows
of the Royal Society Vol. 10, (Nov., 1964), pp. 117-136.
[2] ROSA, Edison da. Análise de Resistência Mecânica (Mecânica da Fratura e Fadiga).
Santa Catarina: UfSC, 2002.

[3] http://asm.matweb.com/search/SpecicMaterial.asp?bassnum=MA2219T851.

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