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Aluno: Guilherme da Silva Pedrosa, USP:12696681 – Metodologia da História.

Durkheim e Weber: homens da ciência

As duas personalidades são essenciais para a compreensão do que definimos


como ciências sociais. Isso porque de uma forma ou de outra, Max Weber e
Émile Durkheim conceituaram métodos, caminhos, meios de análise das
relações, dos fenômenos sociais que se provaram indispensáveis na formulação e
desenvolvimento de uma ciência da sociedade. O presente trabalho não pretende
de forma alguma suscitar a ideia de superioridade da abordagem Weberiana
sobre a abordagem Durkheimiana, tal texto na realidade, pretende apresentar de
forma clara os que os dois pensadores enxergavam no mundo, as duas visões,
mesmo que divergindo em pontos essenciais, também há obviamente, suas
aproximações. É natural que se busque sempre apresentar o Alemão e o Francês
em polos opostos em ideias e conceitos, principalmente por razões didáticas e
expositivas, mas essencialmente, entender os dois autores em perspectiva, que os
aproxime e os afastem dependendo do contexto é um processo de clareza que
auxilia na absorção e compreensão de ideias de cada um deles.

Weber e Durkheim: inspirações e aspirações.

Weber era um Alemão, e inspirava suas concepções de mundo e de ciência


também daquilo que era, por assim dizer, estabelecido no cenário acadêmico da
Alemanha nas ciências da cultura, como era referida os estudos daquilo que
determinamos como relações e fenômenos sociais. Portanto, a ideia do
individuo, isso é, da consciência individual como a essência determinante da
ação social. Assim, poderia afirma-se que Weber de alguma forma elaborou seus
pensamentos e visões relacionadas ao estabelecimento de uma ciência
metodológica que auxiliasse a compreensão dos fenômenos da sociedade com
uma forte inspiração do racionalismo individualista Kantiano assim como se
inspirara naquilo que havia sido estabelecido por Dilthey na, grosseiramente
falando, separação entre mundo social e natural. Entretanto, é claro que Weber
não era a pura cópia ou evolução daquilo que era estabelecido como o
pensamento dominante Alemão, o que fizera Weber foi sintetizar alguns
conceitos caros aos seus pontos de vista com aquilo determinado anteriormente.
Com efeito, o método sociológico definindo assim weberiano, para investigar e
ou determinar causalidades aos fenômenos partem de alguns pontos essenciais,
dentre eles estão os conceitos de significação, que é essencial dentro das
conceituações de Weber relacionadas à ação social e ao individualismo
metodológico(fonte.), portanto, Weber considerava a perspectiva individual
como cerne da gênese social, afinal, como dizia Dilthey(fonte) e Weber viria a
concordar e elaborar, a realidade social não pode ser compreendida como um
todo, pois essencialmente parte delas são incognoscíveis. Com efeito, o que
queria afirmar Weber é que o que entendemos e definimos como realidade é
apenas um fragmento de uma totalidade impossível, ou ao menos absolutamente
difícil de ser apreendida de forma completa, portanto toda análise da realidade
está cercada pelos pontos de vista e pela finita apreensão do real que ela pode
realizar. Isso não equivale a dizer que é impossível chegar a alguma conclusão
partindo mesmo de um ponto específico da realidade, isso apenas constata que a
realidade pode ser apenas parcialmente apreendida a partir de diferentes pontos –
isso também não equivale a dizer que a junção de diferentes análises de
fenômenos sociais resultaria na chegada de uma conclusão geral sobre o tema, já
que, em termos Weberianos, as analises da realidade que nos cerca tem um teor
infinito-.

Por outro lado, o Francês Durkheim emergiu como pensador muito inspirado nas
concepções positivistas e idealistas da escola francesa (fonte), diferente da
abordagem Weberiana, a Durkheimiana entendia que a sociedade era muito mais
que a relação social entre indivíduos, na realidade para Durkheim, a sociedade é
um fenômeno sui generis, isso é, a consciência coletiva ou social é
absolutamente diversa a consciência individual, assim, ele desenvolve um
método que em essência surge da ideia de sociedade como um fenômeno por si
só, que se encerra em si mesma.

Portanto, Durkheim introduz o conceito de fato social, tal conceito pode ser
explicitado da seguinte maneira: o fato social não pode ser definido de maneira
introspectiva(fonte), ou seja, ele só pode ser definido e analisado de forma
exterior, o fato social é todo fenômeno social que independe da consciência
individual para existir, alias ele só faz sentido, obviamente, expressando-se
coletivamente. O fato social exerce sobre as consciências pessoais pressões e
coerções que se desenharam muito antes da existência das citadas consciências
dos indivíduos, para Durkheim, o fato social exerce suas pressões
coercitivamente, de forma generalizada e externos. Assim, o objeto de estudo da
sociologia em moldes Durkheimianos é o fato social, pois de forma externa o
investigador da sociedade estudaria e definiria as causalidades e especificidades
dos fatos sociais, chegando a objetivos mais robustos e essenciais.

Assim, podemos voltar a Weber e explanar o método por ele conceituado para se
estudar os fenômenos sociais e defini-los, tal metodologia se concentrava na
ideia de tipos ideais, tal ideia era a síntese perfeita para aquilo que ele subtraia
como realidade social, pois o tipo ideal não estabelecia pressupostos ou leis
gerais que determinavam os comportamentos individuais e/ou coletivos e sim
que certos aspectos de dada realidade social individual seriam exacerbadas, isso
é, acentuadas até chegar em um ponto que servisse para auxilio nas definições
das causalidades de fenômenos. Tal método é essencial considerando as
especificidades e diversidades de diferentes sociedades, independente do tempo
e espaço.

Weber e Durkheim: resultados diferentes da mesma ideia.

Finalmente, é preciso trazer à tona aquilo que os dois grandes pensadores eram:
homens capazes de analisar e conceituar as questões da realidade social de forma
magistral, mesmo que para isso os dois utilizassem de métodos bem diversos
entre si. Entretanto vale destacar que as intenções similares de um de outro de
desenvolver uma metodologia funcional e é assumido por Durkheim que os
contextos e os caminhos de sua metodologia também podem considerar e se
adaptar a realidade que deseja explicar, assim como o tipo ideal de Weber
propõe.

Assim, refletir acerca do que o pensamento de Weber e Durkheim representaram


e representam é substancial no entendimento do desenvolvimento das ciências
sociais.
Referências Bibliográficas

Mazman, Ibrahim. Max Weber and Émile Durkheim: A comparative analysis on


the theory of social order and the methodological approach to understanding
society: Boston. 2005.

García, José. Las herencias de Kant y de Goethe en el pensamiento de Max Weber


Madrid, Instituto de Filosofia, 1988.

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