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CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid

BÁSICO

“Suas mãos na comunicação com os Surdos”

Teresina-PI
2020.2

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid

Ronaldo José Amorim Campos


Réitor
Nívéa Maria Ribéiro Rocha da Cunha
Pro-Réitora dé Ensino
Isabél Cristina Cavalcanté Carvalho Moréira
Pro-Réitor dé Pésquisa, Pos-Graduaça o é Inovaçao
Gardénia Alvés da Rocha
Supérvisora CASA
Maria Bérénicé da Silva
Oriéntadora Educacional
Karléth Costa Spindola Rodrigués
Psicologa CASA
Elisabété Marqués Cardozo dé Sousa
Proféssora dé Libras
Elaboraçao da Apostila

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Quém Somos
O UniFacid iniciou suas atividades acadêmicas, em Teresina, no ano de 2001.
Com um projeto inovador, nos tornamos referência no Ensino Superior do Estado do
Piauí. Oferecemos graduação (presencial e EAd) nas áreas de Administração, Ciências
Contábeis, Direito, Engenharia, Tecnologia da Informação, Comércio Exterior,
Gastronomia. Curso nas áreas de Saúde, incluindo Medicina, Odontologia dentre outros.

O UniFacid conta com dois campi situados na zona leste da capital. O campus I,
localizado na Rua Veterinário Bugyja Brito, 1354, é dividido em três prédios e
concentra laboratórios de Eletromorfoterapia, Psicologia Experimental, Semiologia
Cardiológica e o Centro de Empreendedorismo e Internacionalização - CEI.

Além disso, comporta a Unidade I do Centro de Aprendizagem e Serviços


Integrados (CASI) que oferece atendimento ao público em diversas áreas da saúde. O
campus II, fica na Rua Vereador Joel Loureiro, 6918, e abriga o CASI II que funciona
como um posto avançado do SUS e conta com um centro cirúrgico para pequenas
intervenções. Dispõe de farmácia-escola, laboratório-escola e Núcleo de Práticas
Jurídicas. Visite-nos!

Oferecemos cursos de Graduação e Pós-Graduação nas modalidades presencial,


semipresencial e à distância e Mestrado Profissional em Biotecnologia e Atenção Básica
de Saúde. Conheça nossa instituição e venha viver experiências que ampliam seu
mundo.

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SUMARIO

1. APRESENTAÇÃO ......................................................................................................5
2. CONSELHOS ÚTEIS .................................................................................................7
3. COMUNICANDO COM O SURDO.........................................................................9
4. LEI DE LIBRAS.......................................................................................................10
5. LIBRAS, QUE LÍNGUA É ESSA............................................................................12
6. NOMECLATURAS...................................................................................................14
7. ALFABETO MANUAL ...........................................................................................16
8. NUMERAIS ..............................................................................................................17
8.1. Números Cardinais ...................................................................................................17
8.2. Números Ordinais .....................................................................................................17
8.3. Números Quantitativos .............................................................................................17
9. HORAS .......................................................................................................................19
10. CUMPRIMENTO, SAUDAÇÕES E AGRADECIMENTOS .............................21
11. PARÂMETROS DA LIBRAS ................................................................................22
11.1 Configuração da Mão ..............................................................................................22
11.2. Ponto de Articulação ..............................................................................................23
11.3. Movimento .............................................................................................................23
11.4. Orientação ...............................................................................................................25
11.5 Expressões Não-manuais .........................................................................................25
12. PRONOMES ............................................................................................................27
12.1. Pronomes Pessoais..................................................................................................27
12.2. Pronomes Possessivos ............................................................................................27
12.3. Pronomes Demonstrativos .....................................................................................27
12.4. Pronomes Interrogativos .........................................................................................27
13. ADVÉRBIOS ..........................................................................................................28
14. CORES .....................................................................................................................29

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15. CALENDÁRIO ........................................................................................................31
15.1. Dias da Semana ......................................................................................................31
15.2. Meses do Ano .........................................................................................................32
16. ESTADOS BRASILEIROS ....................................................................................34
17. FAMÍLIA .................................................................................................................37
18. MEIOS DE TRANSPORTES ................................................................................39
19. MEIOS DE COMUNICAÇÃO ..............................................................................41
20. DISCIPLINAS .........................................................................................................43
21. MATERIAIS ESCOLARES ..................................................................................44
22. GRAUS DE INSTRUÇÃO .....................................................................................45
23. ANTÔNIMOS ..........................................................................................................46
24. VOCABULÁRIO COMPLEMENTAR ...............................................................52
24.1. Alimentos...............................................................................................................52
24.2. Vestuário................................................................................................................53
24.3. Sinais relacionados à saúde...................................................................................55
25. TEXTOS COMPLEMENTARES ..........................................................................60
25.1. Educação de Surdos...............................................................................................60
25.2. O Intérprete de Língua de Sinais...........................................................................62
25.3. O Sujeito Surdo: aceitação e desenvolvimento......................................................64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................69

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1-APRESENTAÇAO

Seja bem-vindo ao Curso de Libras Básico pensado pela CASA- Coordenadoria


de Apoio e Suporte ao Aluno do Centro Universitário Unifacid, desde 2018, com o
objetivo de oferecer ao aluno da IES o aprendizado gratuito da língua de sinais e
promover a acessibilidade e inclusão.
Vamos aprender a Libras, aprender o que são mitos e verdades; o alfabeto
manual, números e uma conversação básica para a comunicação com a pessoa surda.
Os temas escolhidos são muitos interessantes e instigantes e irão fazer com que
você queira desvendar cada mistério do mundo dos surdos. Sabemos que você vai
explorar cada assunto aproveitando para aplicar cada aprendizado em sala de aula,
grupos de estudos e atividades realizadas.
Mais uma vez, contamos com sua disponibilidade e interesse para que este
processo de ensino-aprendizado seja engrandecedor a todos.
Esperamos que você aproveite bem o Curso de Libras Básico: “Suas Mãos na
comunicação com os Surdos”; mas não pare por ai, aprofunde seus conhecimentos e
inicie novas práticas, assim, vai poder perceber cada vez mais a importância da Língua
Brasileira de Sinais para a pessoa surda e também ouvintes sejam em sua vida escolar,
familiar, social e profissional e você contribuirá pra uma sociedade mais justa.
Agradecemos sua participação e esperamos que continuem com o mesmo
interesse no decorrer do curso.

Bons estudos!

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2- CONSELHOS UTEIS NO APRENDIZADO E USO DA


LIBRAS

Estude o material recebido, sempre que possível, com a presença de uma pessoa
surda.
Para que um sinal seja produzido corretamente, é necessário observar:
a) configuração de mão,
b) ponto de articulação,
c) movimento e expressão.
Focalize o rosto do usuário da LIBRAS, não as mãos. Como usuário da LIBRAS,
você aprenderá a ampliar seu campo visual.
Caso não encontre um sinal para uma determinada palavra, lembre-se de que somente
a comunidade surda poderá criá-lo.
Certifique-se de que haja claridade suficiente no momento da conversa em LIBRAS.
Não tenha receio de sinalizar e errar. O erro faz parte do processo de aprendizagem.
Pode ser que em sua cidade, devido ao regionalismo, os surdos utilizem alguns sinais
diferentes para a mesma palavra. Caso isto ocorra, busque conhecê-los também com o
próprio surdo.
Nem sempre você encontrará um sinal que signifique exatamente a palavra que
deseja empregar. Caso isso ocorra, procure um sinal que mais se aproxime. EX.:
CONFECCIONAR (FAZER - sinal em LIBRAS).
Os termos técnicos, possivelmente, não terão sinais específicos que os represente
exatamente. Portanto, é recomendável digitá-lo para o surdo e tentar "interpretá-lo", até
que ele, entendendo o contexto, crie o sinal correspondente.
Informe aos surdos sobre o que acontece ao seu redor.
Procure dar ao surdo o máximo de informações visuais.

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Ex.: campainha luminosa para início e término de qualquer atividade.
Se você quiser chamar a atenção de um surdo, procure tocá-lo no ombro se estiver
próximo, ou acene com os braços se estiver distante.
O contato com a comunidade surda é fundamental nesse processo de aprendizado da
língua, pois além do grande exercício que se pode fazer, é uma preciosa oportunidade de
se conhecer também a cultura dessa comunidade.
Sugerimos aos participantes que desejem aprofundar-se no estudo da LIBRAS que
entrem em contato com as associações e federações de surdos locais e regionais, cujos
contatos poderão ser obtidos na FENEIS - Federação Nacional de Educação e
Integração dos Surdos no seguinte endereço eletrônico: feneis@ruralrj.com.br.

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3- COMUNICANDO COM O SURDO?

Ao encontrar um surdo, se você não sabe a Língua de Sinais, observe:


• Não gritar;
• Posicionar-se na frente da pessoa;
• Para chamar sua atenção abane as mãos no campo visual do surdo e/ou toque a pessoa
gentilmente;
• Feito o contato visual, olhos nos olhos, fale calmamente em tom de voz normal,
articulando bem as palavras, sem exagerar;

Utilize a comunicação visual, se você sabe, mesmo que poucos sinais, use-os. Não se
envergonhe de apontar, desenhar, escrever ou dramatizar.

(Extraido de www.feneis.com.br)

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4- LEI DE LIBRAS

Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002.


Dispõe sobre a LÍNGUA BRASILERA DE SINAIS -LIBRAS e dá outras providências.
Eu o presidente da república faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono
a seguinte Lei.
Art. 1 -É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAIS -LIBRAS e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo Único. entende-se como LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS -LIBRAS a
forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-
motora. Com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de
transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2 -Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e
difusão da LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS -LIBRAS como meio de comunicação
objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art 3 -As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de
assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores
de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4 -O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais
e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de educação
especial, de fonoaudióloga e de magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino

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da língua brasileira de sinais -libras, como parte integrante dos parâmetros curriculares
nacionais -PCNS. Conforme legislação vigente.
Parágrafo Único. A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS -LIBRAS não poderá
substituir a modalidade escrita da Língua Portuguesa.
Art. 5 -Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de abril de 2002; 1810 da Independência e 1140 da República.


Fernando Henrique Cardoso
Paulo Renato Souza
Texto Publicado no D.O.U. de 25.4.2002.

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5- LIBRAS, QUE LINGUA E ESSA? ?

Quais são os termos corretos?


➢ Linguagem de sinais?
➢ Linguagem Brasileira de Sinais?

A língua de sinais, para início de conversa, é uma língua e não de uma linguagem. Por isso,
não devemos utilizar os termos “linguagem de sinais” e sim “Língua Brasileira de Sinais”.
Língua define um povo, como o povo brasileiro. Linguagem pode ter vários sentidos:
linguagem visual, dos animais, corporal, musical, etc...
Desmistificando a Língua Brasileira de Sinais
Diversos autores, através de suas pesquisas na área, vêm mostrando claramente que as
Línguas de Sinais podem ser comparadas em termos de complexidade e expressividade a
quaisquer línguas orais, mesmo se pertence a uma modalidade diferente, são visual-
espaciais, ou seja, são estabelecidas pelo canal visual (visão) e utilizam o espaço para
estabelecer a comunicação entre os seus interlocutores.
As pessoas usuárias da Libras, sejam surdas ou ouvintes, podem estabelecer discussões
sobre diferentes temas como: filosofia, política, esportes, literatura e da mesma forma,
utilizá-la com função estética para recitar poesias, fazer teatro, historias, humor entre outras.
A diferença da modalidade das línguas de sinais determina o uso de mecanismos sintáticos
específicos diferentes dos utilizados nas línguas oral-auditivas, por exemplo, na língua
portuguesa.
Um dos mitos mais famosos com relação às línguas de sinais é o de que são Universais,
visto que a universalidade ancora-se na ideia de ser esta língua um código que os surdos
utilizam para se comunicar e, muitas vezes transmitir fatos da língua portuguesa, podendo
até comunicar-se em qualquer lugar do mundo. Esse mito não é verídico, visto que do

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mesmo modo que as pessoas falam diferentes línguas orais no mundo, também as pessoas
surdas em qualquer parte do mundo falam diferentes línguas de sinais.
Na verdade até pouco tempo, as línguas de sinais não possuíam escrita, mas a ideia de
representá-la graficamente surgiu em 1974, por Valerie Sutton, uma coreógrafa americana
que fez uma espécie de transcrição dos sinais para utilizá-los com os passos de dança, isto
de imediato chamou a atenção da comunidade científica dinamarquesa das línguas de sinais.
Iniciam-se, então, pesquisas na área e, a partir desde momento, acontece o primeiro
encontro de pesquisadores, nos EUA organizado por Judy Shepard-Kegel, e dele um grupo
de surdos adultos aprendem a escrever os sinais do Sign Writing, a escrita dos sinais.
No Brasil o sistema ainda é um experimento e foi, a partir de 1996, que um grupo de
pesquisadores, liderado por Antônio Carlos da Rocha Costa, na Pontifícia Universidade
Católica - PUC de Porto Alegre, começou sua caminhada para o desenvolvimento da escrita
da língua de sinais brasileira e futuro reconhecimento legal.
A Libras possibilita o desenvolvimento linguístico, social e intelectual daquele
que a utiliza, favorecendo seu acesso ao conhecimento e a integração no grupo social ao
qual pertence. É através da Língua de Sinais que a comunicação das pessoas surdas
acontece com mais rapidez e eficiência entre as pessoas que dela fazem uso.
As línguas de sinais não são universais, elas possuem sua própria estrutura de
país para país e diferem até mesmo de região para região de um mesmo país,
dependendo da cultura daquele determinado local para construir suas expressões ou
regionalismos.
Para determinar o seu significado, os sinais possuem alguns parâmetros para a
sua formação, como por exemplo a localização das mãos em relação ao corpo, a
expressão facial, a movimentação que se faz ou não na hora de produzir o sinal, etc.
Há algumas particularidades simples, que facilitam o entendimento da língua,
como o fato de os verbos aparecerem todos no infinitivo e os pronomes pessoais não
serem representados, sendo necessário apontar a pessoa de quem se fala para ser
entendido. Há ainda algumas palavras que não tem sinal correspondente, como é o caso
dos nomes próprios. Nessa situação, as letras são sinalizadas uma a uma para expressar
tal palavra.

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6- NOMENCLATURAS

A pessoa que tem surdez...


➢ Surda? Pessoa surda? Deficiente auditiva?
➢ Pessoa com deficiência auditiva? Pessoa com baixa audição?
➢ Portadora de deficiência auditiva?
➢ Pessoa portadora de deficiência auditiva?
➢ Portadora de surdez? Pessoa portadora de surdez?

Primeiramente não devemos nos reportar ao termo PORTADOR(A) para nos referir a esta
pessoa como substantivo ou adjetivo de portar alguma coisa. Ter uma deficiência não
significa que ela a porte. Tanto o substantivo portador quanto o verbo portar não se aplicam
à condição inata ou adquirida da pessoa surda. O termo adequado e considerado pela
comunidade surda é “Surdo” ou “Pessoa Surda”.
O QUE É SURDEZ?
Surdez é o nome dado à impossibilidade e dificuldade de ouvir, podendo ter como causa
vários fatores que podem ocorrer antes, durante ou após o nascimento. A deficiência
auditiva pode variar de um grau leve a profunda, ou seja, a criança pode não ouvir apenas os
sons mais fracos ou até mesmo não ouvir som algum.
SURDO – pessoa que não escuta. Embora associado ao termo “mudo”, muitas vezes é
usado no senso-comum para designar os surdos que têm a habilidade da fala oral. Não é
utilizado para designar pessoas que são surdas somente de um ouvido.
SURDO-MUDO – Há muitos séculos aplicados aos surdos, é um termo controverso, pois
está relacionado ao estigma social que o surdo suscita ao não usar a comunicação oral. No

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entanto, deveria ser utilizado para se referir ás pessoas que têm algum impedimento
orgânico no aparelho fonoarticulatório.
MUDO – Segundo Aurélio (2001:475) mudo implica ser privado do uso da palavra por
defeito orgânico, ou causa psíquica.
Deficiente Auditivo – Pessoa que possui a deficiência em um ou ambos ouvidos, podendo
dispor em grau de perda, desde a surdez leve até a profunda. Termo comum no vocabulário
médico e científico.
O termo Surdo-Mudo é repudiado na comunidade surda porque os surdos entendem
que a expressão da LIBRAS é uma forma legítima da “Fala”, ainda que não seja oral, é a
forma de comunicação utilizada pelos surdos, é sua língua ,materna.

SURDO E DEFICIENTE AUDITIVO


De acordo com o Decreto 5.626/05:
Surdo: é aquela pessoa que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o
mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo
uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.
Deficiente auditivo: é o indivíduo que tem perda bilateral, parcial ou total, de quarenta
e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz,
1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

SINAL DE BATISMO
Na comunidade surda o sinal é a identificação visual da pessoa. Por esse motivo,
cabe à própria comunidade a criação desse sinal de acordo com as características físicas
da mesma. Após esse batismo, você será identificada dentro da comunidade surda pelo
sinal e não pelo nome.

Ronaldinho Silvio Santos Xuxa

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7- ALFABETO MANUAL
Em Libras o alfabeto manual ou datilologia é produzido por diferentes formatos
das mãos que representam as letras do alfabeto escrito e é utilizado para “escrever” no
ar, ou melhor, soletrar no espaço neutro, o nome de pessoas, lugares e outras palavras
que ainda não possuem sinal.

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8- NUMERAIS

Em Libras existem três formas diferentes de representar os numerais:

• Números Cardinais: Utilizados como código representativo.

Exemplos: número do telefone, número da caixa postal, número da casa, número da


conta no banco,... etc.

• Números Ordinais: Indicam ordem e são sinalizados com movimentos. Do 1° ao 5°


o movimento é vertical, do 6° ao 9° o movimento é horizontal.

Exemplos: Primeiro da fila, terceiro lugar, sexto colocado em um campeonato,... etc.

• Números Quantitativos: Utilizados para indicar quantidades. Somente os numerais


de 1 ao 4 terão modificações quanto a configuração de mão, já os demais números
continuarão com a mesma configuração que os cardinais e ordinais.

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Exemplos: Quantidades de pessoas, quantidades de mesas, quantidade de casa, ... etc.

ATIVIDADE

Escreva as frases abaixo:

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________
Relacione as colunas:

(1) CACHORRO
(2) PAPEL
( ) ( )
(3) LIVRO ( ) ( )
(4) EMANUEL
(5) XEROX ( ) ( )
(6) COMPUTADOR
(7) BISCOITO ( ) ( )
(8) FELICIDADE
(9) SAUDADE
( ) ( )
(10) VITÓRIA

Resolva as continhas:

= ___ =____ =___


= _____ ÷ = _______ =_____
Leia as perguntas a seguir, e classifique-as em numerais cardinais, ordinais ou
quantitativos. Depois as responda em Libras.

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a) Você mora em um apartamento. Em qual andar você mora?
b) Qual o número da sua casa?
c) Quantas pessoas moram com você?
d) Quantos anos você tem?
e) Quantos vizinhos você tem?
f) Qual o preço do aluguel que você paga?
g) Você está em uma fila e tem duas pessoas na sua frente. Qual a sua posição?

9- HORAS

Em Libras, há dois sinais para se referir a hora: um para se referir ao horário


cronológico e o outro para a duração.

• HORA-CRONOLÓGICO: É sinalizado por um apontar para o pulso. Quando


utilizado em frases interrogativas, usa-se a expressão interrogativa “QUE-HORA?”.
Com relação às horas do dia, usa-se a configuração dos numerais para quantidade, de 1
hora às 12 horas, acrescentando o sinal de manhã, tarde, noite ou madrugada quando
necessário.
Exemplo:
QUE-HORA?
AULA COMEÇAR QUE-HORA AQUI?
VOCÊ TRABALHO COMEÇAR QUE-HORA?
VOCÊ ACORDA QUE-HORA?

• HORA-DURAÇÃO: É sinalizado por um círculo ao redor do rosto. Quando


utilizado em frase interrogativa, usa-se a expressão interrogativa “QUANTAS-
HORAS?”.
Esse sinal pode-se incorporar os quantificadores: 1, 2, 3 e 4, mas,
a partir da quinta hora, já não há mais essa incorporação.
Exemplo:
VIAJAR PIAUI QUANTAS-HORAS?
TRABALHAR ESCOLA QUANTAS-HORAS?

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1 HORA 2 HORAS 3 HORAS 4 HORAS 5 HORAS MEIA- HORA

Enumere as perguntas feitas em LIBRAS pelo Instrutor e depois as responda em


LIBRAS:
( ) VOCÊ DORMIR QUANTA-HORA?
( ) VOCÊ ESTUDAR QUANTA-HORA?
( ) AULA DE LIBRAS COMEÇAR QUE-HORA?
( ) VIAGEM CARRO ATÉ PARNAÍBA QUANTA-HORA?
( ) VOCÊ DORMIR QUE-HORA?
( ) AULA DE LIBRAS TERMINAR QUE-HORA?
( ) AULA DE LIBRAS QUANTA-HORA?

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10- CUMPRIMENTOS, SAUDAÇOES E
AGRADECIMENTOS

BOM DIA BOA TARDE

BOA NOITE
BOA SORTE

OI TCHAU

COM LICENÇA POR FAVOR

DESCULPA
OBRIGADO

NOME PRAZER EM CONHECER

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11- PARA METROS DA LIBRAS

Nas línguas de sinais podem ser encontrados os parâmetros primários:


configuração de mão (CM), o ponto de articulação (PA) e o movimento (M) e os
secundários: orientação de mão (O) e expressões não-manuais (ENM).

• Configuração da mão (CM): são as diversas formas que uma ou as duas mãos
tomam na realização do sinal. Podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras
formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros), ou pelas duas mãos
do emissor.

22
Exemplos:

CM em “S” CM em “Y” CM em “F” CM em “A”

LARANJA DESCULPA FAMÍLIA ARROZ

• Ponto de Articulação (P.A): é o espaço em frente ao corpo ou uma região do corpo,


onde os sinais são articulados. Os sinais articulados no espaço são de dois tipos: os que
se articulam no espaço neutro ou tocam alguma parte do corpo.

Exemplos:

Testa: PESSOA, ESQUECER; Ombro: RESPONSABILIDADE


Orelha: APARELHO AUDITIVO; Boca: VERMELHO;
Bochecha: PROVAR; Braço: ALUNO;
Antebraço: TREINAR; Mão: dorso: DOENTE.
Cabeça: (atrás) estado do PARÁ; (em cima) PARANA;

• Movimento (M): os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais RIR,


CHORAR E CONHECER tem movimento, como os sinais AJOELHAR, EM-PÉ,
SENTAR não tem movimento.

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Existem sinais que mudam o seu significado quando lhes é acrescido movimento.

Ex: CADEIRA SENTAR

Tipos de movimentos:
a) Movimento retilíneo: Ex: Deficiente b) Movimento helicoidal: Ex: Importante

b) Movimento circular: Ex: Brincar d) Movimento semicircular: Ex: Professor

e) Movimento sinuoso: Ex: Brasil

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• Orientação (O): é a direção para a qual a palma da mão aponta na produção do
sinal. Ex: para cima, para baixo, para o corpo, para frente, para a direita ou para a
esquerda, os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar ideia de
oposição QUERER E QUERER-NÃO; IR e VIR.

• Expressões Não-manuais (ENM): muitos sinais, além dos quatro parâmetros


mencionados acima, em sua configuração têm como traço diferenciador também a
expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE.

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ATIVIDADE

1) Conforme estudos sobre as configurações de mãos, exemplifique sinais que são


realizados com a CM abaixo:

_________________________ ________________________

__________________________ ________________________

2) Conforme os Parâmetros estudados, preencha a tabela abaixo.

CM: CM:

M: M:

PA: PA:

O: O:

CM: CM:

M: M:

PA: PA:

O: O:

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12- PRONOMES

PRONOMES INTERROGATIVOS: Os pronomes interrogativos QUE e QUEM


geralmente são usados no início da frase, mas o pronome interrogativo ONDE e o
pronome QUEM, quando está sendo usado com o sentido de"quem é" ou "de quem é"
são mais usados no final.

Exemplos:

✓ POR QUÊ?/ PORQUE: Ex.: VOCÊ FALTAR AULA ONTEM POR QUÊ? Ex.:
PORQUE EU DOENTE.
✓ PARA-QUE? Ex.: VOCÊ APRENDER LIBRAS PARA-QUÊ?
✓ QUAL? Ex.: VOCÊ GOSTAR COMER QUAL?
✓ COMO?Ex.: VOCÊ APRENDER LIBRAS COMO?
✓ QUANDO? (FUTURO/PASSADO): Ex.: VOCÊ VAI VIAJAR QUANDO?
(FUTURO) Ex.:VOCÊ JÁ IR CASA QUANDO? (PASSADO)
✓ ONDE/ LUGAR/ AONDE: Ex.: VOCÊ MORAR ONDE?
✓ QUE?/ O-QUE?/ QUEM? Ex.: VOCÊ FAZER O-QUE? Ex.: AQUEL@ QUEM?

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13- ADVERBIOS

Na Língua Brasileira de Sinais (Libras), os advérbios também expressam


circunstâncias como: tempo, lugar, modo, quantidade, afirmação, negação e
interrogação.
Na Libras não há marca de tempo nas formas
verbais. Os verbos ficam sempre no infinitivo. O tempo é marcado
sintaticamente através dos advérbios de tempo que indicam se a ação está
ocorrendo no presente: HOJE, AGORA; se ocorreu no passado: ONTEM,
ANTEONTEM; ou se irá ocorrer no futuro: AMANHÃ. Por isso, os advérbios
geralmente vêm no começo da frase, mas podem ser usados também no final.

SEMPRE

ONTEM ANTEONTEM PASSSADO FUTURO

28
14- CORES

29
CLARO

30
15- CALENDARIO

15.1-SEMANA

31
15.2- MESES DO ANO

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO

ABRIL MAIO JUNHO

JULHO AGOSTO SETEMBRO

OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO

32
ATIVIDADE

Leia as perguntas abaixo e responda em libras.

1- Que dia da semana é hoje?


2- Em que mês você nasceu?
3- Quais os dias que você trabalha?
4- Quais os dias que você descansa?
5- Qual o ano do seu nascimento?
6- Qual dia, mês e ano que você começou aprender libras?
7- Que dia da semana você mais gosta?
8- Quantos meses têm um ano?
9- Qual mês você fica de férias?
10- Uma semana tem quantos dias?
11- Qual o primeiro dia da semana?
12- Qual o último dia da semana?
13- Qual o terceiro dia da semana?

Complete as frases, substituindo as gravuras por palavras:

a) iremos ao circo: ____________________________

b) Meu irmão casou no mês de : ____________________

c) Na próxima irei viajar para Parnaíba: _________________

d) Eu nasci do dia 17 de : ______________________

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16- ESTADOS BRASILEIROS

ESTADOS ACRE

ALAGOAS AMAPÁ

AMAZONAS BAHIA

BRASÍLIA CEARÁ

34
ESPIRITO SANTO GOIAS

MARANHÃO MINAS GERAIS

MATO GROSSO MATO GROSSO DO SUL

PARÁ PERNAMBUCO

PIAUÍ PARANÁ

35
RIO DE JANEIRO RIO GRANDE DO NORTE

RIO GRANDE DO SUL RONDÔNIA

RORAIMA SANTA CATARINA

TOCANTINS

36
17- FAMILIA

37
38
18- MEIOS DE TRANSPORTES

39
Fonte: www.trabalhandocomsurdos.blogstop.com

40
19- MEIOS DE COMUNICAÇAO

41
42
20-DISCIPLINAS

DISCIPLINAS GEOGRAFIA ARTES

HISTÓRIA PORTUGUÊS QUÍMICA

INGLÊS GRAMÁTICA LITERATURA

CIÊNCIAS FÍSICA FILOSOFIA

43
21- MATERIAIS ESCOLARES

CADERNO BORRACHA REGUA

GRAMPEADOR MOCHILA MESA

CADEIRA QUADRO COLA

PAPEL APONTADOR LIVRO

TESOURA CANETA LÁPIS

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22- GRAUS DE INSTRUÇAO

ENSINO FUNDAMENTAL 1 ENSINO FUNDAMENTAL 2

ENSINO MÉDIO GRADUAÇÃO

PÓS- GRADUAÇÃO MESTRADO

DOUTORADO FACULDADE

UNIVERSIDADE ESCOLA

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23-ANTONIMOS

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Fonte: www.trabalhandocomsurdos.blogstop.com

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24-VOCABULARIO COMPLEMENTAR

24.1. Alimentos (fotos: http://trabalhandocomsurdos.blogspot)

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24.2. Vestuário: (imagens: http://danianepereira.blogspot.com)

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24.3. Sinais relacionados à saúde
(Imagens: https://www.youtube.com/watch?v=3Tep1RvixL4)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid

1-Educaçao dé Surdos

Desde a Antiguidade os surdos eram vistos como incapazes e houve uma época
em que estes sujeitos não podiam se casar, receber herança ou serem educados, pois
eram omitidos da sociedade por suas famílias e viviam em um mundo à parte.
Como vimos no item anterior várias foram as discussões em torno do modo
eficiente para se educar os surdos. Neste momento vamos ver cada um dos métodos
adotados ao longo da história e ao final deste item convido você a refletir sobre os
mesmos e a se posicionar sobre cada um deles de maneira que sua reflexão o leve a
compreender a experiência vivenciada pelos surdos ao longo de sua trajetória dentro
do sistema de ensino.
Após o Congresso de Milão (1880), a Língua de Sinais foi abolida na Educação
dos Surdos por quase um século e o método enfatizado passou a ser o oralista,
Comunicação total, Bilinguismo. Conheceremos a seguir cada um deles.

Método Oralista

Por meio deste método busca-se treinar o surdo para que o mesmo adquira a
capacidade de verbalizar, estimulando-se os resíduos auditivos e trabalhando a
concepção da comunicação verbal e da leitura labial. A leitura labial só apresenta
eficiência se a pessoa que está falando posicionar-se de frente para o surdo e falar
devagar para que o mesmo possa compreender a mensagem. Mesmo assim estudiosos

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afirmam que o surdo só acaba por compreender 20% do que lhe foi transmitido. Após
este longo período aplicando-se somente o método oralista, surge o método da
comunicação total.

Método de Comunicação Total

O método de comunicação total que associava o oralismo com o uso da Língua


de Sinais, sendo este método bastante criticado por entender-se que a mistura de duas
línguas com estrutura própria pode levar a um uso errôneo da Língua de Sinais, também
conhecido por português sinalizado. E finalmente, após as tentativas efetuadas surge o
método Bilinguismo.

Método Bilinguismo

Neste método a concepção aborda que as crianças surdas devem primeiramente


aprender a Língua de Sinais por meio do convívio com adultos
surdos, seja na família, em comunidades e associações de surdos ou ainda por
intermédio de professores surdos.
Na proposta do Bilinguismo a Língua de Sinais é respeitada como a língua
natural do surdo e somente a partir desta constatação é que se inicia o desenvolvimento
da aprendizagem da língua oral e escrita. Resumidamente você pôde perceber que os
três métodos utilizados na Educação de Surdos iniciam-se com um radicalismo total,
desrespeitando a vontade e a naturalidade de comunicação do surdo.
Depois de uma tentativa sem muito parâmetro de junção das duas formas de
comunicação oral e sinais que de certa forma atrapalha a construção da linguagem pelo
sujeito surdo.
Atualmente uma proposta de resgate pela valorização da cultura surda, que
tem por base a Língua de Sinais e que oferece a possibilidade do sujeito surdo adquirir a
língua oral como sua segunda língua, mas que ainda não está totalmente estruturada
para ser implantada de maneira efetiva. Mais uma vez estão os surdos frente ao impasse
de serem conduzidos pelas decisões ouvintes sobre seu modo de se comunicar e ser
educados, com o diferencial de que na atualidade é crescente o movimento surdo que
questiona e começa a se posicionar de fato diante das questões aqui apresentadas.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid

2- O Intérprété dé Língua dé Sinais

Com certeza em algum momento você já ouviu falar dele, então quem é este
personagem? Qual é a sua relação com o sujeito surdo? Portanto, fique atento (a) a cada
detalhe a seguir!

O Intérprete de Língua de Sinais é geralmente uma pessoa ouvinte, fluente na


Língua de Sinais que atua como se fosse uma ponte de comunicação entre o surdo e o
mundo ouvinte.
Para ser Intérprete não basta conhecer os sinais ou mesmo ter fluência na Língua do
surdo, é preciso ter conhecimento de procedimentos éticos que permeiam esta profissão
recentemente reconhecida por lei.
O Intérprete de Língua de Sinais pode atuar em escolas, instituições públicas,
hospitais ou outros locais onde se faça necessária a comunicação
com pessoas surdas, usuárias da Língua de Sinais.
O profissional Intérprete também atua em eventos e palestras fazendo a tradução
simultânea (aquela que é feita ao mesmo tempo) ou consecutiva (feita logo em
seguida) da Língua Oral para a Língua de Sinais e vice-versa.
Ser Intérprete, principalmente nas escolas requer um preparo para lidar em um
primeiro momento com a resistência por parte da comunidade escolar e até mesmo com
a resistência do aluno surdo e de sua família, pois embora esse seja um direito adquirido
pelos surdos, esta é uma realidade muito recente, o convívio inicial requer adaptações.
De acordo com o código de ética que orienta a profissão, o Intérprete deve ser
imparcial em sua interpretação, traduzindo a mensagem que é transmitida de maneira

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responsável e literal. Portanto, este profissional não pode influenciar com nenhum tipo
de posicionamento e ou comentário, explicações, acrescentando ou omitindo
informações que possam interferir na compreensão da mensagem transmitida.
O trabalho desenvolvido pelo Intérprete junto ao aluno surdo em sala de aula é de
extrema importância para que o processo de aprendizagem deste aluno se dê de
maneira a alcançar o máximo de desempenho possível. Pois a maior barreira para o
desenvolvimento e a aquisição do conhecimento do surdo é a comunicação.
Com a presença do Intérprete a falta de comunicação é quase que inexistente desde
que o surdo conheça a Língua de Sinais. Esta é uma questão importante, pois muitos
surdos (principalmente os nascidos em famílias ouvintes) não têm o conhecimento
pleno da língua e encontram enorme dificuldade tanto nos sinais quanto na língua
falada e escrita.
Este é um desafio que precisa ser vencido com a participação de toda a sociedade,
pois pouco adianta dizer que temos uma política de inclusão, que todos os alunos
devem frequentar as escolas regulares se na realidade estas escolas não estiverem de
fato preparadas para acolher tais alunos.

Atenção!

A política de inclusão neste caso não diz respeito apenas à construção de rampas e
banheiros adaptados ou mesmo à presença do Intérprete em sala de aula, e sim salas de
recursos e novas tecnologias que possam auxiliar o acesso e permanência na escola.
No caso da surdez em especial, é necessária a conscientização de todos os envolvidos
no processo, desde os professores, os alunos ouvintes, a família do surdo e o próprio aluno
surdo de que o profissional Intérprete é um reforço no processo, mas todos devem colaborar
para que de fato a integração/inclusão aconteça.

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3- O Sujéito Surdo: acéitaçao é désénvolviménto

Agora falaremos do sujeito Surdo que de acordo com Felipe (2001) são aqueles que
participam de comunidades, associações, na sua própria cidade ou entre outras
localidades, sendo fatores predominantes dessas comunidades surdas o uso da Língua
de Sinais, os esportes e interações sociais.
As pessoas que se aceitam enquanto surdas e que buscam adaptar-se ao mundo
ouvinte à sua maneira, sem abrir mão de construir o conhecimento, de expressar suas
opiniões, que querem estar ativas diante de questões simples ou mais complexas como
a participação política, fazem questão de assumir a sua identidade surda.
Agora que você já compreendeu melhor as diferenças entre as identidades surdas
vamos dar continuidade ao nosso estudo falando um pouco mais da cultura surda.
Ao falarmos de cultura logo nos remetemos a costumes, valores, ações coletivas de
um determinado grupo que se organiza, expondo suas opiniões, reivindicando seus
direitos, demonstrando suas habilidades, repassando seu conhecimento e sua história
para as gerações futuras.
A Profª Nídia de Sá destaca em um texto extraído de seu livro Cultura, Poder e
Educação de Surdos do ano (2002), que a cultura surda está ligada aos códigos
utilizados pelos surdos, a maneira como eles se organizam, como expressam sua
solidariedade, a sua linguagem, seus valores e sua arte. Então, a necessidade de uma
cultura própria não significa em si uma segregação, não significa que os surdos querem
se isolar. É preciso ficar claro que como em qualquer outro grupo unido por uma
cultura, existem também diferenças e questões que surgem no convívio e acabam
remetendo à exclusão dos próprios membros, seja por não identificação ou por
divergência de opiniões.
O importante na existência dessa cultura surda é a capacidade de autoaceitação, do
posicionamento frente à outra cultura, a cultura ouvinte, a cultura da maioria que é
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imposta ao surdo em seu meio social sem a preocupação com as diferenças
linguísticas, exigindo do surdo um esforço único no sentido de se adaptar diante de
todas as barreiras, sejam elas linguísticas ou não.
Perlin, autora surda, resume a questão da cultura surda nas seguintes palavras:
“Precisamos realizar a experiência de sermos surdos, sermos o que somos: povo surdo,
onde ser povo determina a esperança e a certeza de que não somos exterminados, que
não nos fechamos na deficiência, que partimos para as ações interculturais com outros
povos”.
Fazer parte da comunidade surda, seja enquanto surdo ou ouvinte frequentador, é
conforme afirma Sá (2002) bem mais do que utilizar a língua de sinais, é de certa
maneira optar por conhecer e compreender a problemática da surdez por meio de sua
própria experiência ou do convívio com uma pessoa surda. A autora reforça ainda que o
surdo pode e deve ter acesso a todos os bens culturais, não somente de forma regional,
mas universal, e que esta apropriação da cultura deve se dar por meio da compreensão
de si mesmo em conjunto com seus pares, de acordo com a sua leitura cultural do
mundo.
Cabe ressaltar neste momento a importância do convívio da criança surda com
adultos surdos integrantes das comunidades surdas, seja em associações ou outros
locais onde a criança surda possa aprender e adquirir fluência na Língua de Sinais,
língua natural do surdo que posteriormente a ajudará a ter mais facilidade em adquirir o
conhecimento sobre a língua oral e escrita.
Cabe destacar que a aceitação é o primeiro e principal passo para o
desenvolvimento do sujeito surdo, o apoio dos familiares, o incentivo e a motivação
para que estas pessoas busquem ultrapassar qualquer que sejam suas limitações,
principalmente em relação à comunicação, é o equilíbrio necessário para que o surdo
se sinta em condições de ser parte da sociedade.
Como cidadão de direito, o surdo pode demonstrar sua força diante dos obstáculos
ainda resistentes na falta de informação e no preconceito de algumas pessoas.
A convivência com o surdo seja em nossos lares, na vizinhança, na escola ou em
outros locais que frequentamos como o trabalho ou os pontos de lazer pode nos
ensinar muito.
Diante do que estudamos até agora, devemos nos preocupar em entendê-los e
permitir que se expressem à sua maneira, seja por meio da escrita, dos gestos ou

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mímicas e por intermédio da Língua de Sinais, pois o mais importante é diminuir as
barreiras de comunicação existentes entre ouvintes e surdos.

FONTE: INTERNET-2019

E você o que está pensando sobre todas estas informações apresentadas


até o momento?
Você sabe se na sua cidade tem uma Associação de Surdos?
Já frequentou alguma reunião? Se houver, esta é uma ótima oportunidade de você se
familiarizar com a questão dos costumes surdos e a Língua de Sinais Brasileira.

Bibliografia: QUADROS, Ronice Muller de. Aquisição de Linguagem por Crianças


Surdas.

Fonte: Brasil Escola - https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/aquisicao-


linguagem-por-criancas-surdas.htm.

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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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FELIPE, Tanya A. O Signo Gestual-Visual e sua Estrutura Frasal na Língua dos


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________. Introdução à Gramática da LIBRAS. In: BRASIL. Educação Especial


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________. Os Processos de Formação de Palavra na Libras. ETD – Educação


Temática Digital, Campinas, v.7, n.2, p.200-217, jun. 2006.

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Elisabete Marques Cardozo de Sousa

Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Piauí (1996).

Graduanda em Letras Libras pela Uniasselvi, polo em Teresina-PI (2017).

Especialista em Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS pelo Instituto Federal de


Educação-IFPI (2009).

Especialista em Administração, Orientação e Supervisão pela FACINTER (2007).

Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Estadual do Piauí-


UESPI (2001).

Professora de LIBRAS no Centro Universitário UniFacidWyden.

Professora de Educação Básica concursada pela Secretaria da Educação do Piauí-


SEDUC.

Professora de Surdos na Escola Profa. Consuelo Pinheiro -APAE de Teresina-PI.

Sócia efetiva da APILSPI- Ass. de Intérpretes de Libras do Piauí- 2020.

Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA-NC

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