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O crepúsculo da alvorada

— Vamos Elena, temos que voltar para casa — tento chamar a atenção de elena pela
milésima vez, que está mais atrás, perdida naquele maldito mapa, Lucas estava com tento sono que
parecia que ia dormir a qualquer momento. Já estava bem tarde diria que era umas 12 horas, mas não
tinha certeza, o vento passava por nós deixando um certo frio, o tilintar das folhas das arvores e
arbustos a nossa volta era a única coisa que conseguíamos ouvir naquela escuridão quase total se não
fosse o meu lampião e a lanterna de elena que apontava aquele maldito mapa — vamos logo elena
por favor.
— Felipe, mantenha a calma, esse tesouro não vai se encontrar sozinho —falou elena com um
certo desdém.
— Não quero mais encontrar tesouro nem um, eu quero encontrar minha cama, o Lucas está
quase dormindo aqui, esquece isso só esta noite amanhã nós continuamos, mas por favor vamos para
casa.
— Você é muito chato deve ser coisa de irmão mais velho, você nasceu para isso.
Começamos a andar mais depressa, elena olhava o mapa de vez em quando, tínhamos
passado a tarde procurando o tesouro, não fizemos muito pregresso mais foi uma boa tentativa, eu
era o irmão mais velho e como elena disse, “eu havia nascido para isso” mas apesar disso eu não
passava de uma criança, tinha apenas onze anos, elena dez e Lucas oito; já passava muito da hora de
dormir, eu ia levar um sermão e tanto, elena olha no mapa mais uma vez, só que agora ela para
bruscamente, ela olha uma casa de passarinho e madeira que está em uma arvore distante e olha o
mapa, várias vezes seguidas.
— Achei, achei a primeira pista do mapa, eu achei — começa a gritar e dar uns pulinhos
eufóricos, apontando aquela arvore.
— Não acredito! — disse Lucas correndo ao encontro de elena.
— é sério? — então, lá estávamos nós, parados comparando a primeira pista do mapa
enquanto encarávamos a grande arvore.
—Achamos mesmo! — exclamou Lucas.
Estávamos lado a lado admirando fixamente a arvore e analisando a antiga casa de
passarinho, com sorrisos estampados no rosto, estávamos tão atônitos que não conseguimos ver que
na velocidade máxima vinha um intenso farol se aproximando, e quando percebemos já era tarde
demais.

o trem dá um solavanco, todos os passageiros ficaram quietos, o trem seguiu seu rumo após
quase descarrilhar e os passageiros enfim voltaram a respirar.

—Wiliam, Wiliam acorde, as crianças não dormirão em casa, precisamos acha-las — ele dá
um leve suspiro, e muito sonolento ele levantou tentando entender o que a esposa falava.
— O que —tenta ele
— As crianças Wiliam precisamos, achar as crianças, levante-se homem.
— As crianças estão dormindo, Susan, vá dormir também — falou ele voltando a dormir.
—Você não ouviu nado do que eu disse, elas não estão na cama, não dormiram em casa,
podem estar correndo perigo, acorde Wiliam são seus filhos também.
— Eles estão com o Felipe devem estar bem.
— Quando eu pegar aquele menino, ele vai levar uns belos tabefes, para aprender a não
passar a noite fora de casa e ainda levar o lucaszinho, ele só tem oito anos… acorde logo homem.
Susan abre a porta e vê sua vizinha estendendo roupas apressadamente do outro lado da cerca
deixando as roupas muito mal estendidas, tamanha sua pressa.
— Está atrasada para algo, Ana?
— Não exatamente, eu quero ir ver os meninos e ainda tenho que pegar o leite, você não vai
ver também Susan podemos ir juntas.
— Ver os… meninos, que meninos? —perguntou Susan um pouco confusa.
— Você não soube, aquele trem novo, que o prefeito mandou comprar, atropelou três
crianças ontem na última volta, quando vinha deixar os trabalhadores da confecção, eu quero ir ver
antes de retirarem os corpos dos trilhos, pode deixar seus filhos dormindo e ir comigo estou indo
agora. — Concluiu Ana tirando o avental
Não era possível, não poderia ser, Susan sentiu a visão ficar turva, ela ia desmaiar, não eram
seus filhos, não poderia ser, justo seus três filhos que não dormiram em casa.
— Vamos sim — disse Susan em um tom quase inaudível.
Elas quase não se falaram o caminho todo, as inúmeras perguntas que Ana faziam, Susan
respondia sim ou não com a cabeça, ao chegar no centro da vila, os burburinhos eram fortes e
vinham de todos os lugares, só havia um assunto a si falar em toda a vila.
Quando chegaram perto do local do acidente, havia uma grande multidão em volta, e o
coração de Susan começou a gelar quando alguns conhecidos começaram a olha-la espantados por
vê-la ali, eles não a impediram de chegar perto, ao invés disso abriam caminho para ela passar, ela
ouvia um soluçar, só poderia ser a mãe chorando, tinha que ser a mãe, foi ai que a cena macabra se
abriu, havia muito sangue, nunca tinha visto tanto sangue, Elena partida em três pedaços bem no
meio dos trilhos, Lucas tinha a cabeça esmagada por completo e Felipe era um meio termo entre os
dois com a cabeça esmagada e o corpo dividido em dois, uma lagrima começou a correr seu rosto,
suas forças se esvaíram por completo, ela caiu.

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