Você está na página 1de 67

Anatomofisiologia do trato digestório dos

Equídeos
1 - Introdução

Equinos

Comportamento alimentar  reflexo da anatomia


e fisiologia do sistema digestório

Herbívoros não ruminantes

Carboidratos estruturais  fermentação (IG)


1 - Introdução
Domesticação

Mudança no hábito alimentar dos equinos

Em condições naturais  60%


pastejando

Estabulado  Duas a três refeições


diárias

Vida em grupo

Tempo de pastejo

Distúrbios gatrointestinais  Cólicas


1 - Introdução

Cavalo selvagem

Forragens suculentas (alta umidade , proteínas


solúveis, lipídeos, açúcares, carboidratos
estruturais, mas pouco amido.

Cavalo doméstico

Forma física diversa – feno (fibroso e comprido),


cereais ( amido), sal mineral.
1 - Introdução

Planejamento Alimentar  Conhecimento do


funcionamento do sistema digestório
Desenvolvimento das primeiras civilizações

Cavalo passou a ser utilizado de maneira mais


intensiva

Pastagem como única fonte de alimento (energia)


passou a ser insuficiente
Soldados romanos já forneciam grãos de cereais para
alimentação de seus cavalos.

Idade Média – Cavaleiro + Armadura (+ 170 kg)

Para suportar esse peso e trabalho só pasto, feno etc.


não eram suficientes
A aveia se tornou o principal alimento para equinos na
Europa Central

Alimentos mais utilizados: aveia, cevada e centeio

Após a 2ª guerra mundial surgiu o conceito de ração


comercial e ração peletizada
EQUINO
Sistema digestório

Forma dos lábios  dieta e hábito alimentar

Equina

Sensível e maleável

Bovinos

Espessos e menos sensíveis


PREENSÃO

Incisivos superiores e inferiores


2 - Boca

O processo digestório
se inicia na preensão
do alimento
Preensão  lábios
superiores e dentes
Ingestão de água 
lábios
Boca  dentes, língua
e as glândulas
salivares
Cachimbo
Equino Pastando
2 - Boca

Incisivos superiores e inferiores  possibilita um


pastejo rente ao solo, cortando a forragem.
Alimento triturado  pré-molares e molares
Segundo Meyer et al., (1975) – 2/3 do feno
presentes no estômago dos equinos são menores
que 1,0 mm.
2 - Boca
ANATOMIA E FISIOLOGIA
MASTIGAÇÃO

Ruminantes Pouca + ruminação

Equídeos Demoradamente
2 - Boca

Tabela 1 – Tempo requerido para um equino de 500 kg mastigar uma ração


Dieta Tempo de mastigação
12,5 kg MS de forragem 16 horas
8,0 kg de forragem e 4,0 kg de concentrado 11,5 horas
3,0 kg de forragem e 7,0 kg de concentrado 6,1 horas
Fonte: Dacre (2006)
2 - Boca

Cavalos

1 kg de concentrado – 800 a 1200 movimentos


mastigatórios

1,0 kg de feno longo – entre 3000 e 3500


movimentos mastigatórios
2 - Boca

Boca  o alimento é triturado e insalivado

Glândulas  parótida, submandibular e sublingual

Saliva

Ação lubrificante e tamponante (bicarbonato)

Média  10 a 12 litros/dia
2 - Boca

Dentes  importantes no processo de digestão

Consequências de problemas dentários:

Ingestão lenta dos alimentos

Relutância em beber água fria

Redução no consumo de alimentos

Emagrecimento progressivo
2 - Boca

Ação dos dentes sobre o alimento:

Transforma o alimento em partículas menores e


maior superfície para ação das enzimas
digestivas

Isso permite que a ingesta seja melhor digerida


durante a passagem pelo sistema digestório
2 - Boca

Desordens dentários

87% presentes nos molares e pré-molares

Cavalos geriátricos (desgaste anormal)

Dente de lobo (1º pré-molar maxila) – 30% dos


potras e 65% dos potros)
2 - Boca
Animal com mais de 20 anos
Palatite (Travagem)
2 - Boca

Pontas dentárias são mais comuns nos equinos

Pastagens tenra e ração peletizada (grosagem


dos dentes)

Exame semestral  parte integrante do


manejo nutricional
3 - Estômago

Equinos não são ruminantes

Ocorre hidrólise ácida e início do processo de


digestão enzimática

Capacidade relativamente pequena

Maior frequência alimentar

Dividir a ração diária

Taxa de passagem  média de 15 minutos


3 - Estômago

Grande quantidade de alimento  Maior taxa de


passagem e menor tempo para ação do ácido
clorídrico e das enzimas pepsina e lipase gástrica
sobre a ingesta.

Tamanho reduzido do estômago e intestino grosso


posterior ao intestino delgado  comportamento
alimentar altamente seletivo
3 - Estômago

Não passar longos períodos em jejum –


evitar gastrites, úlceras e vícios.
3 - Estômago
3 - Estômago

Piloro  esfíncter muito sensível

Comunicação entre o estômago e intestino


delgado

Materiais fibrosos (palha de arroz)


EQUINO
3 - Estômago
Estômago - Equino

Pequeno em relação ao tamanho do animal e ao volume


de forragem consumido

Capacidade fisiológica  5 a 15 litros


3 - Estômago

Fermentação gástrica  irrisório

Pouco tempo de retenção do alimento no estômago

pH

região fúndica  5,46

região pilórica  2,7


Tabela 2 – Relação do estômago equino com seus outros órgãos do sistema
digestório.
Capacidade relativa Capacidade absoluta média
Órgão
(%) (litros)
Estômago 8,5 17,96
Intestino Delgado 30,2 63,82
Ceco 15,9 33,54
Cólon e Reto 45,4 96,02
Total 100,0 211,34
Fonte: Reece (2006)
VOLUME RELATIVO (%) DOS SEGMENTOS DO TGI (SWENSON, 1988)
Suíno Bovino

2,8
7,9
31,7 29,2
Rumi-
18,5

Suíno
33,5
70,8
nante
Equino Cão
5,6

8,5 1,3
13,1

Equino 45,5 30,2


23,3
Cão
62,3

15,9
4 – Intestino

Intestino delgado
Duodeno, Jejuno e Íleo
Comprimento  21 metros
Capacidade média  56 litros de ingesta
Região de absorção de nutrientes  carboidratos
solúveis, aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas
lipossolúveis e alguns minerais
Tempo de passagem da ingesta  30 a 90 minutos
4 - Intestino

No equino o intestino delgado é bem menor


comparando com o intestino grosso (IG) que é
bastante modificado e volumoso

Intestino grosso  fermentação microbiana

Apresenta forma saculada (Haustros)

O arranjo do IG predispõe a deslocamento e


obstruções  cólica
EQUINO
4 – Intestino Delgado

Enzimas
-amilase, -glicosidases e β-galactosidases
Não apresenta enzimas para carboidratos
estruturais  celulases, hemicelulases e
pectinases
4 – Intestino Delgado

Não apresentam vesícula biliar, mas possui alta


tolerância a adição de óleos e gorduras na dieta

Óleos e gorduras na dieta  aumenta a energia da


dieta sem aumentar o conteúdo de matéria seca
4 – Intestino Delgado

Rezende JR et al., (2004)

Adição diária de até 750 ml de óleo de milho na


ração concentrada (8,3% da dieta total) durante
23 dias

Não afetou a digestibilidade da MS, PB, FDN,


FDA

Melhorou a EB e EE
- 1 ,0 kg para cada 100 kg de peso corporal
- Animal de 600 kg  6,0 kg de ração/dia
- 0,540 a 0,720 kg de óleo/dia

OMOLENE ENERGY
OMOLENE ATLETA
4 – Intestino Delgado

Os lipídios mais utilizados são os óleos vegetais

Mais palatável é o óleo de milho

Soja

Mais barato

Menor palatabilidade
5 – Intestino Grosso

Comunicação do intestino delgado com intestino


grosso (Ceco)  orifício ileocecal
Ceco e Cólon  capacidade semelhante ao rúmen e
retículo dos ruminantes, porém com uma grande
diferença
Nos equinos maior parte da digestão ocorre após
o intestino delgado (área de maior absorção de
nutrientes)
5 – Intestino Grosso

Cecotrofos
5 – Intestino Grosso

Equinos  Não ruminantes de ceco e cólon


funcionais

Ceco (principalmente) e cólon

Maior tempo de retenção da ingesta

Ação da microbiota

Tempo de passagem  36 a 72 horas

Animais adultos  Capacidade superior a 30


litros
5 – Intestino Grosso

Composição da microbiota intestinal

Bactérias

Protozoários

Fungos anaeróbios
5 – Intestino Grosso

Produtos da fermentação microbiana


Ácidos graxos voláteis
Acetato, propionato e butirato
CO2
Metano
Hidrogênio
Vitaminas do complexo B
Alguns lipídeos
Proteína microbiana
5 – Intestino Grosso

Produtos da fermentação microbiana


Proteína microbiana  contribuição das
necessidades nutricionais dos equinos é
controverso
Van Soest (1996)  Para aproveitamento da
proteína microbiana é necessário digestão
gástrica, portanto os equinos não aproveitam
esses aminoácidos, excretando-os pela fezes.
5 – Intestino Grosso

Região de absorção de água e eletrólitos  água fresca à


vontade

Temperatura ideal da água  7,22o e 18,33oC

Afetam a ingestão de água

Composição da dieta

Exercício

Temperatura da água e do ambiente

Palatabilidade
5 – Intestino Grosso

Consumo de água

Estabulado  poucos minutos após ingestão de


grãos ou cerca de uma hora após ingestão de
feno

Ausência de água pode afetar o consumo de


volumoso e concentrado afetando o desempenho
dos equinos e causar certas cólicas transitórias
5 – Intestino Grosso

Consumo de água

Exposições e competições  diminuir consumo ou


se negarem a ingerir água (dureza)

Baixo consumo de água  compactação


5 – Intestino Grosso

Reto

Porção terminal do intestino

Estocar produtos não digeridos (fezes)


MANEJO ALIMENTAR DOS EQUÍDEOS

Sempre incluir forragens na dieta (feno ou pastagem


de qualidade)

Regra geral 1% MS do peso corporal ou no mínimo


metade do consumo de MS
MANEJO ALIMENTAR DOS EQUÍDEOS
Arraçoar os animais no mínimo 2 vezes ao dia

Importante: Qualquer mudança na dieta fazê-la de


forma gradual (entre 1 e 2 semanas)
MANEJO ALIMENTAR DOS EQUÍDEOS
Sal mineral no cocho específico para equídeos

Água limpa e fresca

Cronograma de checagem periódica dos dentes

Monitore a condição corporal

Garanta exercício frequente aos animais


MANEJO ALIMENTAR DOS EQUÍDEOS

Fornecimento do concentrado
Fornecer duas horas após o volumoso  reduzir
taxa de passagem e melhor aproveitamento do
concentrado
Se o concentrado for fornecido antes, aguardar
45 minutos a 1 hora para fornecer o volumoso.
Nunca fornecer concentrado e volumoso juntos.
MANEJO ALIMENTAR DOS EQUÍDEOS
Excesso de amido não digerível  IG  fermentação
microbiana   AGV  ácido lático  queda de pH e
morte microbiana (celulolíticas)  acidose e liberação
de endotoxinas bacterianas  cólicas e laminite.
MANEJO ALIMENTAR DOS EQUÍDEOS

Fornecimento do concentrado
A ingestão de grande quantidade de concentrado,
concentrado juntamente com volumoso, volumoso
logo após o fornecimento de concentrado, mudança
na relação concentrado:volumoso abrupta 
aumentam o risco de distúrbios metabólicos.
Quantidade de [ ] em uma única refeição para uma
animal com 450 kg ou mais  1,6 a 2,0 kg
Fim

Você também pode gostar