Keywords – Control, Microgrids, Power flow, Fig. 1. Número de citações no banco de dados IEEE entre 2000 e
Renewable energy sources, Supercapacitors. 2012 para as seguintes palavras-chave: Geração distribuída”,
“Microrredes” e Redes inteligentes”.
1
Recentemente, a partir de 2004, com o surgimento do
Nota de rodapé na página inicial será utilizada apenas pelo editor para
indicar o andamento do processo de revisão. Não suprima esta nota de
conceito de redes inteligentes (smart grids), pesquisas
rodapé quando editar seu artigo. concernentes ao estudo do fluxo de potência em sistema
híbridos e interligados à rede passaram, também, a ser arranjo fotovoltaico é utilizada para alimentar a carga cc. A
escopo de estudos. Em [10], publicado 2007, é apresentado energia excedente é primeiramente transferida ao banco de
um sistema híbrido-renovável interligado à rede elétrica, baterias e supercapacitores e, então, injetada à rede elétrica,
composto por um arranjo fotovoltaico de 350 W e uma célula que atua no balanço de potência do sistema, permitindo que a
a combustível de 500 W. A Figura 2 representa o diagrama tensão do barramento permaneça regulada. O banco de
de blocos da estrutura proposta no referido trabalho. supercapacitores, nesse contexto, é empregado de maneira a
aumentar a vida útil das baterias, atuando como elemento de
descarga rápida.
superior à gerada pelo arranjo fotovoltaico e pelo PPV + PWT Prede = Pcarga (2)
aerogerador, simultaneamente.
Potência gerada Potência consumida
A energia gerada pelas fontes renováveis, após ser
previamente processada, é fornecida ao barramento cc, Em que:
composto por um banco de supercapacitores (Electric PPV - potência gerada pelo arranjo fotovoltaico;
Double Layer Capacitor – EDLC) [25], de 31 F / 250 V e PWT - potência gerada pela turbina eólica;
pela carga crítica. A utilização do banco de supercapacitores PFC - potência gerada pela célula a combustível;
advém da necessidade de um barramento com elevada Pcarga - potência consumida pela carga;
autonomia, permitindo a alimentação temporária da carga Prede - potência injetada ou fornecida na/pela rede
quando nenhuma outra fonte estiver conectada ao sistema. elétrica.
IV. DIMENSIONAMENTO E CONTROLE DOS
ESTÁGIOS DE PROCESSAMENTO DE ENERGIA
mp (T ) 1
STC
Vmp
T T STC
(9) Fig. 11. Curva característica P-V com indicação do sentido de
Vo
redução da potência gerada e região de operação no modo isolado.
A malha para controle de Vo, implementada classicamente, TABELA III
segue sintetizada na Figura 12, em que kPWM representa o Informações referentes à turbina eólica empregada.
modulador, Gv(s) o modelo da planta do conversor, kvo o Diâmetro da hélice 2,46 m
ganho do sensor utilizado para leitura da tensão e Cv(s) o Número de pás 3
Velocidade de partida 2,2 m/s
compensador do tipo integrador. As descrições matemáticas Torque de partida 0,3 Nm
são explicitadas em (11), (12) e (13). Controle de velocidade Estol ativo
Potência para v=12,5 m/s 1 kW
Rotação nominal 700 rpm
Tensão de linha nominal eficaz 75 V
Frequência nominal 80 Hz
Tipo de gerador Síncrono a ímã permanente
Topologia do gerador Fluxo axial
Fig. 12. Diagrama de blocos para controle da tensão de saída do
Sistema elétrico Trifásico
conversor Boost. Número de polos 14
1 Indutância síncrona do gerador 3,5 mH
k PWM (11) Resistência série do gerador 0,9 Ω
Vtrip
kc Quanto ao conversor cc-cc 2, seu ganho estático deve ser
C (s) (12) suficiente para elevar a tensão de entrada VRET ao valor da
s
tensão de saída Vo. Sendo a tensão de saída pré-especificada
VPV s
L
1 2 PV PV 2 PV 1
2 em Vo=210 V, determina-se a faixa de ganho estático com o
auxílio da curva P-V, ilustrada na Figura 15 [29].
Gv ( s ) Ro (13)
2
s L Co Cbar s
L
1 2 PV PV 2
Ro
Fig. 18. Resultados de simulação para validação da estratégia de Através de (21) é possível definir o ganho estático
rastreamento aplicada ao conversor Boost QTN. necessário para elevar a tensão de saída da célula
combustível VFC ao valor da tensão do barramento cc,
previamente especificada em Vo=210 V.
TABELA IV
Especificações para projeto do conversor Boost QTN. Vo 210
GFC _ min 5,12
Valor de pico da portadora (Vtrip) 5V VFC_max 41
Tensão nominal de entrada (VWT) 80 V 5,12 GFC 7, 00 (21)
Vo 210
7, 00
Tensão nominal de saída (Vo) 210 V
GFC_max
Potência nominal (Po) 1,2 kW VFC_min 30
Razão cíclica de operação (Δ2) 0,46
Indutor (L1) 840 µH Para alcançar a finalidade proposta, o conversor a ser
Indutor (L2) 1,62 mH utilizado deve apresentar ganho estático elevado, a fim de
Capacitor (Co1) 5 mF / 200V
satisfazer as condições estabelecidas em (21). Ademais,
Capacitor (Co2) 470 µF / 250V
Supercapacitor (Cbar) 31,5 F / 250V
devido ao fato de a corrente de entrada ser elevada (até 30
Ganho do sensor de tensão (kVWT) 0,15 A), torna-se interessante o emprego de um conversor que
Ganho do sensor de corrente (kIWT) 25 mV/A permita compartilhá-la entre tantos estágios quanto
Resistência efetiva de carga (Ro) 36,75 Ω necessários, visando diminuir os esforços nos componentes
Frequência de comutação (fs) 50 kHz individuais. Baseando-se em ambas as premissas, optou-se
pelo emprego do conversor cc-cc proposto por [37], cuja
C. Subsistema 3: Célula a Combustível célula básica é o conversor Forward, conforme Figura 20.
No projeto implementado utilizou-se uma célula a
combustível tipo PEMFC de 1 kW, modelo NEXA 310-
002702. De forma geral, a tensão produzida por uma
PEMFC relaciona-se de maneira não linear com a corrente,
identificando-se, a partir do estudo da curva típica tensão-
corrente (V-I), a existência de três regiões distintas de
operação, conforme a Figura 19 [36].
FPBx ( s ) (26)
s 2 2f cx s 2f cx
2 2
Fig. 25. Estágio de potência do inversor PWM monofásico em ponte
O modulador PWM é idêntico ao utilizado na malha de completa.
controle do conversor Boost, sendo descrito por (11). A estratégia adotada para controle do conversor cc-ca será
A partir das informações contidas na Tabela VI, projetou- implementada através de três malhas [38], com o objetivo de
se o compensador de corrente, do tipo proporcional integral, controlar a corrente de saída (rede elétrica), a tensão de
e o compensador de tensão, do tipo proporcional-integral entrada (barramento cc) e o valor médio da corrente no
com filtro, conforme (27) e (28), sendo Kci=0,97, enrolamento primário do transformador, evitando sua
ωzi=1,04 krad/s, kcv=3921, ωzv=0,18 rad/s e ωpv=2,8 rad/s. saturação. A Figura 26 retrata o estágio de potência
TABELA VI juntamente com as três malhas de controle supracitadas.
Especificações para projeto do proposto.
Valor de pico da portadora (Vtrip) 12 V
Tensão nominal de entrada (VFC) 30 V
Tensão nominal de saída (Vo) 210 V
Potência nominal (Po) 900 W
Razão cíclica de operação (Δ2) 0,46
Indutor (Lo) 1,67 mH
Capacitor (Co) 330 µF / 100V
Indutor do filtro de entrada (Lf) 1000 µF
Capacitor do filtro de entrada (Cf) 2µH|
Supercapacitor (Cbar) 31,5 F / 250V
Relação de transformação (n) 5,8
Ganho do sensor de tensão (kvo) 0,15
Ganho do sensor de corrente (kio) 25 mV/A
Resistência efetiva de carga (Ro) 36,75 Ω
Frequência de comutação (fs) 40 kHz Fig. 26. Estágios de potência e controle do conversor cc-ca.
kci s zi O projeto do compensador da malha de corrente
Ci ( s ) (27) instantânea é realizado com base no diagrama de blocos
s
apresentado na Figura 27.
s zv
Cv ( s ) kcv (28)
s s pv
A implementação das malhas de controle foi realizada de
forma analógica. Resultados experimentais são apresentados
ao fim do artigo. Fig. 27. Diagrama de blocos para controle da corrente instantânea.
D. Subsistema 4: Conversor cc-ca O modelo da planta Gi(s), obtido por meio de modelagem
Para que a interligação de sistemas de geração renovável à por espaço de estados, é descrito por (29), em que NT
rede elétrica se torne viável, faz-se uso dos conversores cc- representa a relação de transformação do transformador de
ca, capazes de processar a energia gerada, adequando-a para acoplamento do inversor à rede elétrica.
tal finalidade. As características requeridas para tal estágio i s ( s ) sVcc
de processamento são: Gi ( s ) (29)
δ̂( s ) NT Lg
Conversão cc-ca;
Bidirecionalidade;
Sabendo que a mudulação empregada foi do tipo PWM IV. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
senoidal três níveis, cujo ganho é dado por (11), e que o
compensador escolhido foi do tipo proporcional-integral, A partir da implementação dos protótipos foram
cuja função de transferência é dada por (27), obtém-se realizados ensaios experimentais, organizados de acordo com
kci=4,1 e ωzi=14,5 krad/s. os possíveis cenários previstos, tanto no modo conectado
O mesmo procedimento, quando aplicado à modelagem quanto no isolado. Na Figura 30 ilustra-se a bancada onde a
do conversor para controle da tensão do barramento cc, microrrede foi montada e avaliada experimentalmente.
conduz ao diagrama de blocos da Figura 28, cuja planta Gv(s)
é expressa por (30).
vˆcc ( s ) VccVsp
Gv ( s ) (30)
iˆsp ( s ) 2CbarVcc2 s Vsp I sp
O projeto do compensador Cv(s), do tipo proporcional-
integral com filtro, expresso por (28), conduziu aos seguintes
parâmetros: kcv=6920, ωzv=0,22 rad/s e ωpv=31,5 rad/s.
Por fim, o projeto do compensador para eliminação do
valor médio da corrente no enrolamento primário do Fig. 30. Foto da bancada – microrrede completa.
transformador foi realizado com base no diagrama de blocos A Figura 31 mostra os resultados obtidos durante a
da Figura 29, sendo a planta FTMFImed(s) descrita por (31) e operação nas condições descritas no modo interligado 1.
Ci(s) o compensador da malha para controle da corrente Nota-se que em virtude de a potência gerada pelas fontes
instantânea de saída do conversor. renováveis superar a demandada pela carga, há injeção na
rede elétrica, com elevado fator de potência.
Cis ( s )Vcc
FTMFImed ( s ) (31)
sNT LgVtrip kisVcc Cis ( s )
O filtro FPB(s) foi projetado para ζ=0,707 e
ωc=6,28 rad/s, resultando no compensador proporcional
CImed(s), expresso em (32).
CImed (s ) = kcimed 2,5 (32)
Especificações adicionais para projeto do conversor cc-ca
são apresentadas na Tabela VII.
TABELA VI
Especificações para projeto do conversor cc-ca.
Valor de pico da portadora (Vtrip) 12 V
Tensão nominal de entrada (Vcc) 210 V Fig. 31. Resultados experimentais para o modo interligado 1.
Tensão eficaz primária (Vp) 110 V
Tensão eficaz secundária (Vs) 220 V
Na Figura 32 ilustra-se o sistema no momento em que
Indutor de saída (Lg) 1,7 mH
Capacitor de entrada (Cin) 4080 µF / 450 V passa a operar no modo interligado 2. Nota-se que com a
Relação de transformação (NT) 2 redução da potência gerada pelo arranjo fotovoltaico, a
Potência nominal (Pnom) 2 kW potência proveniente das fontes renováveis supre
Ganho do sensor de tensão (kvcc) 0,01 integralmente a carga, enquanto a potência injetada na rede
Ganho do sensor de corrente (kip) 0,1 elétrica torna-se praticamente nula.
Ganho do sensor de corrente (kis) 0,22 Na Figura 33 percebe-se o anulamento da energia
Frequência de comutação (fs) 20 kHz
entregue pelo aerogerador ao barrmento cc. Nesse momento,
a potência gerada pelas fontes renováveis torna-se inferior à
A implementação das malhas das três malhas de controle
consumida pela carga crítica (modo interligado 3), havendo a
descritas foi realizada analogicamente. Resultados
inversão do fluxo de potência na rede elétrica, que passa a
experimentais contemplando todos os possíveis cenários de
complementar a geração (defasage de 180º entre tensão e
operação são apresentados a seguir.
corrente).
Por fim, na Figura 34, que representa a operação do O modo isolado 1 inicia-se com a falta da rede elétrica,
sistema no modo interligado 4, não há fluxo de potência das conforme ilustra a Figura 35. Nesse momento, o controlador
fontes renováveis para a carga, totalmente suprida pela rede de fluxo de potência isola o inversor da rede elétrica e reduz
elétrica. a potência gerada pelo arranjo fotovoltaico, levando-a a
igualar-se à demandada pela carga, garantindo, pois, o
balanço de potência global.
Nota-se que a forma de controlar do fluxo de potência se
mantém inalterada enquanto houver energia suficiente para
que as fontes renováveis supram a carga integralmente, tal
como ilustra a Figura 36, que representa a operação no modo
isolado 2.
V. CONCLUSÕES
Neste artigo foram apresentados os procedimentos de
escolha, projeto, dimensionamento e implementação de
Fig. 37. Resultados experimentais para o modo isolado 3. conversores para compor uma microrrede interligada à rede
elétrica e destinada alimentação ininterrupta de carga cc
críticas a partir de fontes renováveis.
Foi proposta uma estratégia de controle de fluxo de
potência que permite a operação dos conversores de forma
diferenciada, dependendo da disponibilidade instantânea de
cada uma das fontes que compõem o sistema (fotovoltaica,
eólica e célula a combustível) e do modo de operação:
interligado à rede elétrica ou isolado.
A garantia da estabilidade do sistema, bem como a
facilidade de controle e desacoplamento entre os estágios de
processamento de energia foram assegurados pela inclusão
de um banco de supercapacitores ao barramento cc.
Resultados experimentais validaram os conceitos em
todos os oito possíveis cenários de operação, mostrando que
a estratégia de controle do fluxo de potência estabeleceu-se
adequadamente e que as transições de um modo para outro
ocorreu de forma suave, sem haver variações bruscas das
corrente injetada na rede e da tensão do barramento cc.
Fig. 38. Resultados experimentais para o modo isolado 4.
AGRADECIMENTOS
Na Figura 39 detalha-se a corrente de partida do conversor
cc-ca, que se estabelece de forma suave (rampa) bem como a Os autores agradecem a CAPES, CNPq e FINEP pelo
retirada da célula a combustível do sistema, assim que a rede apoio financeiro.
elétrica é reestabelecida.
REFERÊNCIAS