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DEFINIÇÃO

Apresentação das formas de energia e de avanços na produção energética a partir de


alternativas renováveis.

PROPÓSITO

Compreender a importância do investimento em formas de energia renováveis para


reduzir os problemas ambientais causados pelo uso predominante de combustíveis
fósseis.

OBJETIVOS

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INTRODUÇÃO

Fonte: urbans / Shutterstock

Atualmente, fala-se muito sobre energia, mas você sabe como ela se tornou primordial
para o desenvolvimento de grandes civilizações?

Consegue imaginar como ocorreu a sua evolução para os diferentes tipos de energia
existentes atualmente?

Você já se questionou sobre a existência de outras fontes energéticas?

Esses questionamentos serão respondidos ao longo do nosso estudo. Mas antes,


precisamos responder às seguintes perguntas:

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O que é energia?

Energia é a capacidade que os corpos têm para


produzir trabalho, seja mecânico, por emissão de luz, geração de
calor, entre outros.

Fonte: Denys Drozd / Shutterstock

Quais são as principais formas de manifestação da energia?

Existe a possibilidade de transformação entre essas formas de energia, desde que o


princípio de conservação seja respeitado. Toda transformação química ou física, em um
material ou mistura de materiais, envolve energia. Logo, nos processos químicos, físicos
ou biológicos, há grande demanda de energia, distribuída nas várias etapas, desde a
matéria-prima até o produto final. Vejamos um exemplo:

Fonte: Pla2na / Shutterstock

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Na indústria sucroalcooleira, responsável pela transformação de cana-de-açúcar em
álcool ou açúcar, várias operações necessitam de energia:

Fonte: Adaptado do site Instrumentação e Controle

Todas essas etapas são executadas utilizando, direta ou indiretamente, a energia do


vapor-d’água gerado nas caldeiras, a partir da queima do bagaço de cana. Em outras
palavras, a água no estado líquido é vaporizada pelo calor da combustão do bagaço de
cana, gerando energia para que diferentes transformações ocorram.

Cada etapa do processo requer ou fornece energia na forma de trabalho ou calor. Logo, o
processo deve ser projetado e operado com base na lei de conservação de energia para
que haja consumo racional de energia, uma vez que o excedente pode ser transformado
em energia elétrica (termelétrica) e comercializado pelas indústrias.

TIPOS DE ENERGIA

A maioria das pessoas associa a palavra energia diretamente com a eletricidade. Essa
associação não está errada, mas existem diferentes formas de energia.

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Fonte: Leremy / Shutterstock

Atenção!

Lembre-se que, no Sistema Internacional (SI), a unidade de


energia é o Joule (J). No sistema inglês, utiliza-se o BTU (British
Thermal Unit).

Após conhecer vários tipos de energia, você percebeu que elas falam
de trabalho e calor?

Esses dois conceitos são a base da transformação física ou química nos processos de
geração de energia, seja elétrica ou térmica.

Calor (Q)

É comumente definido como a parte da energia total que


escoa através de uma fronteira do sistema, devido
à diferença de temperatura potencial entre o sistema e
a vizinhança ou entre dois sistemas. A direção do fluxo de
calor é sempre da maior para a menor temperatura.

Fonte: Wikipedia

Uma vez que o calor está baseado na transferência de energia, ele não pode ser
armazenado. Além disso, é importante observar que:

O calor é positivo quando transferido para o sistema (Q>0).

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O calor é negativo quando removido do sistema (Q<0).

Trabalho (W)

É um termo largamente utilizado na vida cotidiana. É comum


ouvirmos: “Vou trabalhar.”, mas quando tratamos de energia, o
significado é outro. Trabalho é uma forma de energia que
representa a transferência de energia entre o sistema e
a vizinhança. Ou seja, é a energia associada a mudanças de
volume que um sistema experimenta como, por exemplo, um
fluido contido em recipiente de forma variável (pistão), conforme
se observa a seguir.

Fonte: Wikipedia

O trabalho por unidade de tempo é chamado de potência. Além disso, é importante


observar que:

O trabalho é positivo quando a vizinhança realiza trabalho no sistema (W>0).

O trabalho é negativo quando o sistema realiza trabalho na vizinhança (W<0).

FONTES DE ENERGIA

Para produzir qualquer forma de energia, precisamos sempre de uma fonte de geração, a
qual pode ser classificada como primária ou secundária.

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FONTES DE ENERGIA PRIMÁRIA NÃO RENOVÁVEIS

As fontes de energia primária não renováveis se referem à queima direta de combustíveis


fósseis ou derivados. Esses combustíveis, em geral, são finitos e demandam muito tempo
para se renovar na natureza. A seguir, vamos conhecer as principais características
dessas fontes de energia.

Carvão mineral

Fonte: Adam J / Shutterstock

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O que é?

É um sólido negro formado, principalmente, por átomos de carbono. A sua estrutura


química é complexa, pois há muitos anéis de seis átomos, tanto de carbonos benzênicos
como de carbonos alifáticos.

Onde encontrar?

Os Estados Unidos têm a maior reserva mundial desse material, com 250 bilhões de
toneladas. Outros depósitos de carvão de grande porte estão na Rússia, China, Índia e
Austrália.

Onde aplicar?

A aplicação principal do carvão é como combustível, em particular, para gerar calor em


usinas termelétricas.

A reserva global de carvão é maior do que a de petróleo. Além disso, é possível liquidificar
o carvão, caso isso venha a ser economicamente interessante. Há vários tipos de carvão:

Fonte: macrowildlife / Shutterstock Fonte: Steve Morfi / Shutterstock

Antracite Grafite

É o tipo de carvão mais apreciado. É duro, É outro tipo de carvão muito valioso. Não é
de aspecto negro, brilhante e preferido utilizado como combustível, mas na
para aquecimento de interiores. fabricação de lápis e como lubrificante e
eletrodo.

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Gás natural (GN)

Fonte: dtram / Shutterstock

O que é?

É o mais limpo dos combustíveis fósseis, pois apresenta baixa emissão de dióxido de
enxofre (SO2) e de resíduos do processo de sua combustão, o que reduz os impactos
ambientais.

Onde encontrar?

É possível encontrar gás natural embaixo de rochas isolantes, em profundidades


variáveis. Os depósitos de GN estão espalhados pelo planeta em um total estimado de
1,81 x 1014m3. Mais da metade dessas reservas encontra-se em três países: Rússia, Irã e
Catar.

Onde aplicar?

As aplicações do GN são diversas e vão desde o uso doméstico até a utilização em


automóveis, usinas termelétricas e diversas indústrias.

O componente principal do gás natural é o metano (CH4), que representa 70% ou mais de
volume. Possui quantidades menores de etano, propano e pequenas quantidades
de butano, hidrocarbonetos de cadeia aberta. Todos esses gases são excelentes
combustíveis. O GN também contém pequena proporção de gás nitrogênio e CO2. Esses
dois últimos componentes costumam ser separados antes da utilização do gás.

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Petróleo

Fonte: Anan Kaewkhammul / Shutterstock

O que é?

É o acúmulo de material orgânico sob condições específicas de pressão e isolamento em


camadas do subsolo de bacias sedimentares que sofre transformações por milhares de
anos.

Onde encontrar?

As maiores reservas mundiais de petróleo estão assim distribuídas: Venezuela (18%);


Arábia Saudita (17%); Canadá (10%); Irã (9%); Iraque (9%); Rússia (6%); Kuwait (6%);
Emirados Árabes Unidos (6%); EUA (4%); Brasil (1%); outros países (25%).

Onde aplicar?

O petróleo pode gerar diversos produtos, como: gasolina, óleo diesel, fertilizantes, tintas,
borrachas, plástico, asfalto etc.

O petróleo, desde a sua descoberta em quantidades comerciais em 1859, na Pensilvânia


(EUA), tornou-se indispensável para a civilização. Automóveis, trens, navios e aviões são
movidos pela energia gerada pela combustão de seus derivados. Estradas são
pavimentadas com o asfalto e máquinas são lubrificadas com produtos extraídos do
petróleo.

A indústria petroquímica utiliza como matéria-prima derivados do óleo cru, como eteno,
buteno, butano e benzeno, dando origem a inúmeros produtos, a exemplo de plásticos,
fibras, borrachas, entre outros.

Você sabe qual é


a origem do petróleo?

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O processo que explica a origem do petróleo contribui para o descobrimento de novas
jazidas, como também para maiores informações sobre sua composição química e
propriedades. As teorias mais aceitas sobre a origem do petróleo baseiam-se em uma
série de fatos observados ao longo de sua exploração e produção. Vejamos:

1 O petróleo é encontrado em muitos lugares da crosta terrestre e em grandes


quantidades. Desse modo, seu processo de formação deve ser espontâneo.

O petróleo costuma estar acumulado em regiões cujo subsolo é constituído

2
por grande número de rochas sedimentares, denominadas bacias
sedimentares. Essas rochas, ao contrário das ígneas e metamórficas,
caracterizam-se por sua alta permeabilidade, possibilitando o armazenamento
do petróleo.

3
O petróleo é constituído, basicamente, por hidrocarbonetos, que são
substâncias pouco comuns em outros produtos minerais. Sua composição
química varia bastante e sempre há algum acúmulo de gás nos poços de
petróleo.

4
Quase todos os petróleos conhecidos mostram atividade ótica, e a maioria é
dextrogira. Conclui-se, então, que sua origem é de organismos vivos, pois são
opticamente ativos.

5
No petróleo bruto, estão presentes compostos que se decompõem a
temperaturas elevadas, como as porfirinas. Isso nos leva a acreditar que,
durante o processo que origina o petróleo, a temperatura não é elevada.

6 A composição química do petróleo pode variar de poço para poço de um


mesmo campo produtor. (FARAH, 2012)

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Central termelétrica

Até aqui falamos sobre a geração de energia elétrica mediante a queima de algum
combustível fóssil. No entanto, precisamos entender qual é o princípio aplicado na
geração de energia utilizando essa matéria-prima. Por isso, vamos conhecer como
funciona uma central termelétrica.

A central termelétrica é uma usina que


produz energia elétrica a partir
do calor. Trata-se da produção
simultânea e sequencial de calor e
trabalho por meio de uma única fonte
energia, visando atender às
necessidades do processo produtivo
de uma unidade.

Fonte: omihay / Shutterstock

A fonte de energia utilizada em uma termelétrica, normalmente, é um insumo fóssil ou


uma biomassa, e produz calor por meio de um processo de combustão em uma caldeira,
que transforma em vapor a água presente em tubos localizados em suas paredes. O
vapor, em alta pressão, faz girar uma turbina, acionando o gerador elétrico que, por sua
vez, encaminha a energia elétrica até um transformador que prepara a energia para
distribuição.

O processo térmico (aquecimento e resfriamento) exige grande consumo de água,


normalmente suportado por rios, canais e represas, fato que exige autorização especial e
adiciona outros contornos ambientais a esse tipo de geração de energia. Vejamos a
configuração de uma termelétrica:

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Fonte: Site Cola da Web

Atenção!

É importante ressaltar que existe a possibilidade do uso de


combustíveis baratos como fonte de energia. Dentre eles,
podemos citar: resíduos industriais, carvão, lenha e bagaço de
cana. Essa possibilidade torna viável, do ponto de vista
econômico, a construção de muitas instalações. (BORGES NETO;
CARVALHO, 2012).

Como é a participação desse tipo de energia na matriz energética brasileira?

Antes de falarmos sobre isso, é preciso saber que a matriz energética representa
o conjunto de fontes disponíveis em determinado local para suprir a necessidade
(demanda) de energia. Muitas pessoas confundem a matriz energética com a matriz
elétrica, mas elas são diferentes.

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A matriz elétrica é formada pelo
A matriz energética representa o
conjunto de fontes disponíveis apenas
conjunto de fontes de energia
para a geração de energia elétrica.
disponíveis para movimentar os
Dessa forma, podemos concluir que
carros, preparar a comida no
a matriz elétrica é parte da matriz
fogão e gerar eletricidade.
energética.

Qual é o impacto ambiental com o uso de termelétricas?

A determinação do impacto ambiental difere bastante caso sejam usados combustíveis


fósseis ou nuclear. Vejamos a diferença:

Fonte: Bohbeh / Shutterstock Fonte: Site Detroit Free Press

Combustíveis fósseis Combustível nuclear

Os efeitos são, principalmente, a poluição O principal se refere ao destino do


térmica e atmosférica. Alguns produtos material resultante do reator após o uso.
gasosos são o óxido nítrico, o Nos reatores em operação, os elementos
clorofluorcarbono e o ozônio. de combustível exauridos são
armazenados, geralmente, em piscinas,
visando aguardar o decaimento dos
isótopos de vida curta. De acordo com
Borges Neto e Carvalho (2012), esse
armazenamento tem sido prolongado,
fazendo com que o meio ambiente
contenha material radioativo por milhares
de anos.

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Usina nuclear

O processo de geração de eletricidade


a partir da energia nuclear tem como
base a ocorrência de uma fissão
nuclear, ou seja, a divisão do núcleo de
um átomo pesado, como o urânio-235,
em dois menores quando atingido por
um nêutron. A continuação da divisão
sucessiva de núcleos, com a liberação
de grande quantidade de calor, é
denominada reação em cadeia.

Como funciona uma usina nuclear?

No reator de água
Com o vapor nas Após passar pelo
fervente, o vapor
turbinas, a condensador, a
gerado no vaso de
eletricidade é gerada água é bombeada
pressão via fissão
como ocorre numa de volta para o vaso
nuclear é
termelétrica de pressão e o ciclo
direcionado para as
convencional. reinicia.
turbinas.

A ilustração a seguir demonstra esse processo:

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1. Vaso de pressão

2. Dutos de controle

3. Turbinas

4. Condensador

5. Gerador

Fonte: TodaMatéria

Atenção!

No reator via fissão nuclear não existe o gerador de vapor.


(BORGES NETO; CARVALHO, 2012)

FONTES DE ENERGIA PRIMÁRIA RENOVÁVEIS

São as fontes de energia que não acabam, são inesgotáveis e se renovam


constantemente. Alguns exemplos das fontes de energia primária renováveis são: água,
sol, vento, terra e mar. Essas fontes de energia são consideradas limpas, devido à baixa
emissão de gases de efeito estufa no meio ambiente. A seguir, vamos conhecer um pouco
mais sobre a utilização das fontes de energia primária renováveis.

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Centrais hidrelétricas

Você sabia que 73,8% da energia produzida no mundo é gerada a partir de fontes
não renováveis?
E que o uso desse tipo de energia gera uma quantidade excessiva de gases que
favorecem o agravamento do efeito estufa?

O relatório anual da REN 21* – Renewables Now do ano 2019 aponta que somente 26,2%
da energia produzida no mundo é gerada por fontes renováveis e, atualmente, 15,8%
corresponde à hidroeletricidade, conforme ilustra a figura a seguir:

*REN 21: Grupo de pesquisa que tem como objetivo o compartilhamento de


conhecimentos sobre energias renováveis para a promoção de políticas públicas que
fomentem a utilização desse tipo de energia.
Fonte: Site Renewablesnow.

Figura 1: Participação de energia renovável na produção global de energia em 2018.

Os países que utilizam a hidreletricidade como base na geração elétrica com significância
na matriz elétrica são China, Estados Unidos, Brasil, Alemanha, Japão e Índia. O Brasil é o
segundo país em termos de potência instalada (9%). Estamos falando de quase 100,3 GW
no final de 2018 (REN21, 2019). A figura a seguir ilustra a capacidade global por países de
hidreletricidade em 2018:

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Figura 2: Capacidade Global por países de Hidreletricidade em 2018.

Como funciona uma central hidrelétrica?

A instalação de centrais hidrelétricas


depende da possiblidade de construir
represas no curso dos rios para reter
a água e transformar a energia
hidráulica em energia elétrica.

A geração de energia elétrica se


produz pela queda bruta da água a
uma certa altura, o que movimenta as
pás de uma turbina que, por sua vez,
aciona o gerador para produzir a Fonte: Canal grupodeestudostapajo/ Youtube
eletricidade.

Dessa forma, uma central hidrelétrica gera eletricidade mediante o aproveitamento


da energia potencial na queda da água estocada numa represa, conforme demonstra a
ilustração a seguir:

A energia potencial pode ser determinada utilizando a seguinte fórmula:

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A produção de energia a partir das hidrelétricas tem chamado a atenção de entidades
públicas e privadas em relação à sua construção e implementação. Sobre o uso da água
para a produção de energia elétrica, podemos afirmar que:

A qualidade da água que é utilizada nas É considerada energia limpa, pois a


centrais hidrelétricas não é alterada. produção de resíduos não é significativa,
com exceção de grandes obras, o que gera
emissão de gás metano devido à
decomposição da vegetação.

Após conhecer as formas de energia, você deve ter percebido o quanto ela é importante,
pois, sem energia, não é possível se movimentar, crescer economicamente e muito menos
desenvolver tecnologias. A energia faz parte do nosso cotidiano em suas variadas formas,
como eletricidade, combustível, calor etc.

A maioria dos tipos de energia foi descoberta pelo ser humano mediante tentativa e erro
na busca de soluções para as problemáticas de determinado momento. Para conhecer
melhor esse processo, confira a seguir uma linha do tempo que mostra o
desenvolvimento da energia pela humanidade:

7000 a.C.

Produção do fogo pelo Homo erectus, ancestral imediato do homem moderno.

2000 a.C.

Os chineses começam a queimar carvão para se aquecer e cozinhar.

1 d.C.

Os chineses coletam e refinam petróleo de forma artesanal para fornecer iluminação.

200

Os europeus constroem rodas gigantes nos rios para utilizar a força motriz da água como
fonte de energia mecânica.

1000

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Os persas constroem o primeiro moinho de vento como fonte de energia.

1350

Os holandeses aprimoram a eficiência do moinho ao colocar seu eixo de rotação na forma


horizontal e com quatro pás.

1600 – 1700

Os britânicos descobrem como cozinhar carvão para transformá-lo em coque e,


posteriormente, em combustível. Importante fator para a Revolução Industrial nos séculos
XVIII e XIX.

1700

A invenção da bomba para escoar água das minas intensificou a mineração de carvão. A
quantidade excessiva de reservatórios descobertos no leste da América do Norte começa
a substituir outros combustíveis como fonte de energia para a civilização.

1820

O primeiro poço de gás natural é perfurado na Fredonia, New York.

1830

O cientista britânico Michael Faraday descobre a indução eletromagnética e cria o gerador


elétrico.

1859

O primeiro poço de petróleo a 21 metros de profundidade é perfurado em Titusville, EUA.

1860

O francês Auguste Mouchout, utilizando um espelho para refletir a luz do sol e fazer vapor,
constrói o primeiro termogerador de energia solar.

1882

Thomas Edison constrói as primeiras usinas geradoras em corrente contínua (CC) para o
atendimento de sistemas de iluminação.

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1880-1890

Nikola Tesla inventa o sistema de corrente alternada (CA) de geração elétrica, implantado
como padrão no mundo.

1892

Ocorre o primeiro uso da energia geotérmica para aquecer prédios residenciais em Boise,
Idaho, EUA.

1927

A usina Serra Grande, em Alagoas, é a primeira do Brasil a produzir etanol.

1930

O surgimento da indústria petroquímica dá origem a vários outros subprodutos e a


gasolina continua sendo o principal produto.

1931

A partir deste ano, um decreto obriga a mistura de álcool na gasolina comercializada no


Brasil.

1950

A primeira usina nuclear de energia é construída em Obninsk, URSS, e em Shippingport,


EUA. Nessa época, as usinas nucleares eram responsáveis por 20% da energia elétrica
nos Estados Unidos.

1970

Descoberta do maior reservatório de petróleo no mundo em Ghawar, Arábia Saudita.

1975

Criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) no Brasil.

1977

O cientista brasileiro Expedito Parente inventa e submete para patente o primeiro


processo industrial para a produção de biodiesel.

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1978

Lançamento do primeiro carro a álcool no Brasil, o Fiat 147.

1979

O acidente em Three Mile Island, na Pensilvânia, reduz o desenvolvimento da energia


nuclear nos Estados Unidos.

1980

Os cientistas começam a reunir evidências de que a queima de combustíveis fósseis pode


causar mudanças climáticas no planeta.

1989

Construção da primeira planta de escala industrial de biodiesel por uma empresa


austríaca.

2000

Os produtores de energia empregam, cada vez mais, métodos não convencionais para
chegar aos reservatórios de petróleo. Além disso, há um incremento nos esforços de
desenvolver fontes de energia alternativa (eólica, solar e geotérmica).

2001

Alguns países, como parte de seu planejamento energético, começam a utilizar políticas
relacionadas à criação de departamentos de pesquisa voltados, exclusivamente, para
energias alternativas.

2002

Japão constrói e instala 25 mil painéis solares.

2005

Inicia-se o uso de biodiesel no Brasil, com uma mistura facultativa de 2% no diesel,


chamada de B2.

2006

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A energia eólica começa a utilizar outros métodos e designs mais eficientes, reduzindo
assim a contaminação pelo ruído aerodinâmico e tornando-se visualmente mais atrativa.

2008-2009

Espanha é reconhecida como o país com maior potência fotovoltaica instalada no mundo
(2.708 MW).

2010

A mistura de biodiesel no diesel chega a 5%, chamada de B5.

2012

A União Europeia proíbe a fabricação de lâmpadas incandescentes, que começam a ser


substituídas pela tecnologia LED. A mudança é devida à perda grande de energia na forma
de calor (95%) e somente 5% de luz (MARQUES FARIAS; SELLITTO, 2011).

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VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. Quanto aos conceitos de fontes primárias de energias renováveis e não renováveis,


qual das seguintes afirmações está errada?

a) A energia nuclear é uma fonte primária renovável, já que utiliza urânio como fonte de
energia.

b) A termelétrica é uma fonte de energia não renovável por utilizar como matéria-prima o
carvão mineral, gerando gases de combustão.

c) No mundo, o consumo de energia por fontes não renováveis (combustíveis fósseis) é


maior, comparada com as fontes de energia renováveis.

d) Calor e trabalho são as principais formas de energia presentes nos processos de


transformação de energia, seja ela de fonte renovável ou não.

Comentário

Parabéns! A alternativa A está correta.

A energia nuclear não é renovável, já que não utiliza fontes primárias renováveis como o
sol ou vento. No entanto, é considerada limpa, pois não emite gases do efeito estufa. O
ponto negativo é o lixo nuclear, que precisa ser descartado com muito cuidado em locais
isolados.

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2. Abaixo, listamos alguns exemplos da evolução da energia ao longo do tempo. Assinale
a alternativa que contenha um fato que não corresponde ao ocorrido:

a) O primeiro poço de gás natural foi perfurado nos Estados Unidos.

b) O carvão foi primordial para a Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX.

c) O fogo foi a primeira evidência da existência de energia na forma de calor.

d) Os holandeses foram os primeiros a construir o moinho de vento como fonte de


energia.

Comentário

Parabéns! A alternativa D está correta.

Em realidade, foram os persas no ano 1.000 d.C. que usaram o moinho de vento como
fonte de energia, os holandeses apenas aprimoraram a eficiência do moinho ao colocar
seu eixo de rotação na forma horizontal e adicionar quatro pás em 1350.

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INTRODUÇÃO

As formulações e reavaliações das políticas energéticas de cada país confrontam um


novo desafio: as possíveis matrizes energéticas devem retratar ações que diminuam a
queima do petróleo, gás natural, carvão e combustíveis de origem não renovável na busca
de minimizar a quantidade de dióxido de carbono lançada para a atmosfera. Surgiu, então,
a necessidade de se investir em energias renováveis.

Apresentaremos as principais fontes de energia limpa, que estão em ascensão e podem


substituir ou complementar as energias de origem fóssil. A matriz energética mundial
está à procura da diversidade de fontes, as quais se originam de biomassa,
biocombustíveis ou energias renováveis como a solar, geotérmica, eólica ou a
combinação delas, que se chamam energias híbridas. Além disso, temos ainda a
tecnologia de geração de energia mediante células a combustível.

Fonte: MSSA / Shutterstock

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Vamos começar por uma das fontes de geração de energia elétrica com maior ascensão
nos últimos 10 anos nas matrizes energéticas: os sistemas eólicos, que hoje representam
5,5% da geração de energia elétrica no mundo de acordo com o relatório da REN 21 de
2019.

SISTEMAS EÓLICOS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

A energia eólica converte a energia cinética do vento em diferentes tipos de energia, como
a mecânica, elétrica, hidráulica, entre outras.

Fonte: Canal energiasdomundo / Youtube

Uma das formas mais utilizadas na atualidade para o aproveitamento em grande escala
da energia eólica é a instalação de aerogeradores ou turbinas eólicas. Os principais
fabricantes de grandes aerogeradores estão localizados nos seguintes países:

Conforme dados do relatório da REN 21 de 2019, em 2018, a capacidade instalada de


energia eólica alcançou os 591GW. O Brasil é o 8º maior produtor de energia eólica no
mundo. A China, por sua vez, superou os Estados Unidos com a maior participação na
geração eólica mundial, 35,5% e 16,3% respectivamente. A Índia ultrapassou o Brasil
neste último ano, posicionando-o na quarta colocação. A Dinamarca foi pioneira na
geração eólica (100% em 1980).

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No Brasil, qual era a capacidade de produção de energia eólica em 2018?

Diniz (2019) aponta que, fazendo uma projeção com base nesses dados, ao final de 2027,
serão 209GW instalados em território brasileiro, 35% superior ao verificado em 2018
(155GW).

Parâmetros que viabilizam a energia eólica

Vamos entender como é formado o principal combustível desse tipo de energia: o vento.

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O Sol aquece de forma desigual as diferentes áreas do
planeta, provocando o movimento do ar que rodeia a Terra
e isso gera o vento, que é energia em movimento.

Fonte: trgrowth / Shutterstock

A rotação terrestre, a diferença de temperatura e a pressão


atmosférica influenciam a direção do vento.

Fonte: trgrowth / Shutterstock

A energia do vento depende de sua velocidade e, em menor medida, de sua densidade, a


qual diminui com a altitude. Próximo do solo, a velocidade é baixa, no entanto, aumenta
rapidamente com a altitude. Quanto maior rugosidade da superfície do terreno, mais
facilmente o vento poderá ser freado. Podemos concluir que o vento sopra com menor
velocidade nas oscilações terrestres e com maior velocidade sobre as montanhas. A
figura a seguir apresenta o comportamento do vento com relação à altura.

Figura 4: Comportamento do vento vs. altura

Os parâmetros fundamentais que viabilizam um projeto de energia eólica são


a velocidade do vento e a direção predominante, que variam em uma zona determinada
durante o ano e também entre distintos anos. É importante dispor de formação eólica que
abarque um número determinado de anos. Na maioria dos casos, não é possível dispor de
informação de vários anos. Os dados podem ser apresentados na forma de histogramas
com as variações da velocidade para determinada hora, conforme demonstra a figura a
seguir:

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Figura 5. Histograma representando a velocidade do vento por horas

Para a compilação da informação eólica, deve ser instalado um equipamento para medir a
velocidade (anemômetro) e outro para a direção (cata-vento). Observe as imagens a
seguir:

Fonte: Arthorn Saklang / Shutterstock Fonte: Mirshik / Shutterstock

Anemômetro Cata-vento

A altura padrão para colocar esses sensores é de 10m. Os dados coletados podem ser
tabelados de acordo com a Escala Beaufort, que define a velocidade do vento e sua
denominação. Por exemplo, a escala 5, ideal para projetos eólicos, representa uma
velocidade de 8-10m/s.

Outra forma de expressar esses dados é por meio da rosa dos ventos, que ilustra a
frequência com que o vento sopra numa direção e velocidade determinada, conforme
observado na figura a seguir:

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Estação meteorológica da costa Sul [SSHR MET]
Dados da pesquisa geológica dos EUA, 01.01.2006 a 31.12.2010

Figura 6. Exemplo de uma rosa dos ventos

Turbinas eólicas

Os aerogeradores, ou as turbinas
eólicas, podem ser classificados de
acordo com a sua potência
nominal (pequeno, médio ou grande
porte) ou pela orientação do
eixo (vertical ou horizontal).

Quais são as características de cada tipo de turbina eólica e as partes


fundamentais dessa estrutura?

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Impacto ambiental causado pela geração de energia eólica

O impacto ambiental provocado por um parque eólico depende, fundamentalmente, de


alguns fatores, como o local elegido para sua instalação, o tamanho do parque e
a distância dos núcleos urbanos.

Impacto visual

Esse ponto de discussão pode ser subjetivo, já que o maior problema está no impacto
paisagístico. Um parque eólico com poucos aerogeradores pode ser atrativo para
algumas pessoas, no entanto, parques com alta concentração de aerogeradores são
obrigados a diminuir esse impacto ambiental.

Impacto sonoro

O barulho gerado pelos aerogeradores dos anos 1980 resumia-se a fatores mecânicos,
mas, atualmente, existem modelos que diminuíram esse impacto em 50%.

Impacto nas aves

Esse impacto é considerado pequeno, se comparado ao produzido por mortes de causas


naturais. Um estudo espanhol demonstrou que as colisões de aves nos aerogeradores é
de 0,1%. Estudos similares, realizados na Dinamarca, concluíram que as aves se
acostumaram rapidamente aos aerogeradores e, portanto, desviam a sua trajetória de voo
para evitá-los.

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SISTEMAS SOLARES DE GERAÇÃO DE ELETRICIDADE

O uso da energia solar de forma ativa


acontece quando se utilizam
dispositivos que, mediante
propriedades de seus materiais
construtivos e de suas características
físicas, são capazes de captar a
radiação e transformá-la em outra
forma de energia de interesse
humano.

Existem duas formas principais de transformar a radiação solar em outras formas de


energia:

Fonte: Soonthorn Wongsaita / Shuttertock Fonte: Beautiful landscape / Shuttertock

Eletricidade Calor

Painéis ou módulos solares, também Coletores solares planos e concentrados.


chamados de sistemas fotovoltaicos.

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Como funcionam os sistemas fotovoltaicos e como é a estrutura de um painel
solar?

Geração termossolar

Os coletores solares de concentração, como o próprio nome indica, utilizam-se de


dispositivos que, ao receberem a radiação solar, tratam de desviar os raios incidentes,
dirigindo-os para um foco central a fim de elevar a temperatura. Um dos fenômenos mais
comuns utilizados nesses dispositivos é a reflexão por espelhos, que podem
ser planos ou curvos. Vamos conhecer os diferentes tipos de concentradores.

Concentrador cilindro-parabólico

É um concentrador de foco linear.


Sua estrutura curva tem a geometria de
uma calha parabólica que concentra em seu
foco, linearmente, os raios solares incidentes
na superfície espelhada, onde se encontra a
tubulação absorvedora, conforme ilustra a
figura a seguir.

Figura 7: Exemplo de calha cilindro-parabólica.

O fluido que passa na tubulação é aquecido e


transfere sua energia na forma de calor para
gerar vapor. Esse vapor movimenta as pás de
uma turbina, gerando energia elétrica. Pode-
se utilizar somente o calor do fluido para
aquecer sistemas residenciais. Observe esse
processo na ilustração a seguir.

Figura 8: Ciclo heliotérmico simplificado sem armazenamento.

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Concentrador disco parabólico

A superfície espelhada tem a forma de


uma calota parabólica e concentra os raios
solares no dispositivo absorvedor, que é
posicionado em seu foco, conforme ilustra a
figura a seguir.

Figura 9. Discos parabólicos

Concentrador torre central

São concentradores de grande


porte, conhecidos como usinas
solares, que podem ser
construídos com espelhos
planos (refletores), dispostos ao
redor de um dispositivo central
de absorção, de forma que os
raios incidentes nos espelhos
sejam refletidos e direcionados a
um absorvedor colocado no alto
de uma torre, conforme apresentado na figura a seguir.

Figura 10: Estrutura de um sistema termossolar – Torre central

No caso dos coletores/concentradores de espelhos, que são dispositivos com maior


tecnologia agregada, muitas vezes são associados mecanismos que proporcionam
movimento aos refletores para acompanhar o deslocamento do Sol durante o dia, assim
como em relação à declinação geográfica durante o ano, o que otimiza sua eficiência de
captação. Dessa maneira, é possível obter temperaturas muito altas, tornando esses
coletores verdadeiros fornos solares.

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ENERGIA GEOTÉRMICA

A energia geotérmica deriva


da diferença entre a temperatura da
superfície da Terra e a do seu
interior, que varia de uma média
de 15°C na superfície a 6000°C do nú
cleo interno. Essa diferença de
temperatura causa um fluxo contínuo
de calor do interior para a superfície.
A temperatura da Terra geralmente
aumenta cerca de 3°C a cada 100
metros.

Embora em algumas áreas da crosta existam anomalias geotérmicas, fazendo com que a
temperatura aumente entre 100°C a 200°C por quilômetro, essas áreas são as que podem
ser mais bem exploradas do ponto de vista geotérmico. As profundidades dessas
explorações geralmente estão localizadas entre 300 e 2.000 metros. Atualmente, a
energia geotérmica pode ser usada de duas maneiras: diretamente, como calor, ou
para produção de eletricidade.

Figura 11: Princípio de funcionamento da energia geotérmica.

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Como produzir eletricidade utilizando as fontes geotérmicas?

Utiliza-se a saída de vapor de fontes As turbinas acionam geradores


geotérmicas, acionando turbinas. elétricos.

A ilustração a seguir demonstra esse processo:

Fonte: Canal dora dalberto / Youtube

Para que esse processo ocorra, é necessário que a temperatura da água


subterrânea esteja acima de 150ºC. Se a tecnologia do ciclo binário for usada, a
temperatura pode ser de 100ºC (essa tecnologia consiste, basicamente, na água que dá
calor a outro fluido que vaporiza a uma temperatura mais baixa). Esses campos, que são
usados para a produção de eletricidade, são chamados de campos geotérmicos.
A produção de calor a partir de energia geotérmica pode ser obtida de duas maneiras
diferentes:

Aplicações de baixa e média temperatura

Aproveitam diretamente as águas subterrâneas, que devem estar entre 30°C e 150°C.
As aplicações mais comuns são o aquecimento de edifícios, estufas, água de
pisciculturas e piscinas, spas e usos industriais, como secagem de tecidos, secagem de
pavimentos e para evitar a formação de gelo nos pavimentos (com tubos enterrados,
nivelados com o chão, através dos quais a água do reservatório circula).

Aplicações em baixa temperatura

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Utilizam bombas de calor geotérmicas e podem tirar vantagem de águas a 15°C. Cerca
de 356.000 bombas de calor geotérmicas estão instaladas na União Europeia para uso
em aquecimento ou condicionamento de ar.

Qual a vantagem na produção de energia geotérmica?

Uma das grandes vantagens da produção


de eletricidade com energia geotérmica é
que ela não é intermitente, como é o caso
da grande maioria das energias renováveis.
A produção é constante e previsível,
portanto, pode ser usada para satisfazer a
demanda elétrica básica.

Fonte: Peter Gudella / Shutterstock

Atualmente, estão sendo pesquisados depósitos de rochas quentes secas que,


diferentemente dos demais, não possuem aquífero, havendo a necessidade de se injetar
um líquido neles. Espera-se que sejam muito eficazes para a produção de eletricidade.

ENERGIA DOS OCEANOS

O oceano é uma enorme reserva de


energia, que pode ser usada por meio
do aproveitamento
de marés, correntes
oceânicas, ondas, gradiente térmico
dos oceanos ou biomassa
marinha (obtendo gases
combustíveis de certas algas
marinhas). Vamos conhecer esses
tipos de energia a seguir.

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Energia das marés

As marés resultam das ações gravitacionais da Lua e do Sol. A energia das marés usa
a diferença entre as marés para gerar eletricidade. Para um uso rentável, é necessário que
a diferença entre as marés alta e baixa seja de, pelo menos, 5 metros. Estima-se que, em
todo o mundo, apenas 40 lugares possuam localização adequada para exploração
lucrativa, com um potencial total de cerca de 15.000 MW (pouco menos de 0,01% do
consumo mundial de eletricidade).

O princípio operacional mais difundido se baseia na construção de diques capazes de


conter um grande volume de água, onde comportas são instaladas para reter água
durante a maré alta. Quando a maré acaba, os portões se abrem, dando lugar a uma
cachoeira que gira uma turbina, acionando um gerador elétrico. Esse processo pode ser
observado na figura a seguir:

Figura 12: Princípio de funcionamento de geração de energia pelas marés.

Energia das ondas

O vento que sopra na superfície do mar pode produzir ondas com mais de 20 metros de
altura. As ondas são outra fonte de energia renovável que abriga um grande potencial de
geração de energia. A energia cinética contida no movimento das ondas pode ser
transformada em eletricidade de diferentes maneiras. O Conselho Mundial de Energia
(WEC) estimou a potência mundial desse recurso em cerca de 2000 GW. A maior parte
dessa energia está concentrada nos oceanos Atlântico e Pacífico. Ao contrário de outros
tipos de energia renovável, há um grande número de projetos voltados para a conversão
de energia das ondas.

Como produzir energia com o movimento das ondas?

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Aproveitando-se das oscilações de altura da
maré. A água pode elevar ou abaixar um pistão
dentro de um cilindro, movendo, assim, um
gerador elétrico.

Fonte: Site Aqua-RET

Energia do calor dos oceanos (gradiente térmico)

O gradiente térmico é produzido pela diferença de temperatura entre a superfície do


mar (20ºC ou mais) e a do fundo (pode variar entre 0 e 7ºC), embora essas diferenças
sejam maiores em algumas áreas do planeta, como o Equador. Para que a geração de
eletricidade seja rentável, a diferença de temperatura precisa ser de pelo
menos 20ºC entre a superfície e a camada com 100 metros de profundidade, o que ocorre
nos mares tropicais e subtropicais. A figura a seguir ilustra o processo de geração de
energia por gradiente térmico:

Conversão de energia térmica do oceano em ciclo fechado

Figura 13. Geração de energia por gradiente térmico.

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SISTEMAS HÍBRIDOS

Um sistema de energia híbrida é aquele que usa mais de uma fonte renovável para
produzir energia. Em outras palavras, combina mais de uma fonte de energia, como a luz
solar e o vento, por exemplo. Nesse caso, com painéis solares e turbinas eólicas, a
geração de energia é usada durante o período de maior sol e ventos mais altos para
manter o suprimento de eletricidade em operação contínua.

No entanto, esses sistemas não são


totalmente independentes da rede
elétrica, pois possuem baterias
isoladas, que absorvem o excesso de
energia e a economizam caso seja
necessário em algum momento. Eles
também têm um grupo gerador, como
uma forma de backup, ou podem ser
conectados diretamente à rede de
consumo de eletricidade. Se a produção
de energia não for suficiente, a
eletricidade pode ser usada para
atender à necessidade.

Os sistemas de energia híbrida trabalham para minimizar as emissões de dióxido de


carbono na atmosfera. O principal motivo é que o grupo gerador não é a principal fonte de
energia, mas cumpre uma função secundária ou de reforço, funcionando apenas em
casos de necessidade e não por 24 horas, como é o caso da energia elétrica comum. Ao
usar recursos infinitos e renováveis como fonte de energia, o consumo de eletricidade é
reduzido e a pressão na rede elétrica, já saturada, também é aliviada.

Esses sistemas de energia podem ser utilizados para diferentes funções, levando em
consideração a quantidade de energia que você deseja produzir e a quantidade de espaço
disponível para a instalação. Esse ponto é importante, porque é necessário instalar dois
tipos de geradores de energia, como um moinho e um painel solar, podendo integrar a
infraestrutura de comunicações, atividades pecuárias com alto consumo de energia
continuamente, usos industriais, eletrificação rural e, em menor grau, residências
familiares. Vejamos alguns exemplos de sistemas híbridos:

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Sistema híbrido solar-diesel

Fonte: Site powerhouseegypt.com

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Sistema híbrido solar-eólico

Fonte: Site energy.gov

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Sistema híbrido diesel-eólico-solar

Fonte: Site th-energy.net

Como qualquer sistema, a geração de energia híbrida tem pontos positivos e negativos:

Vantagens Desvantagens

• O uso de fontes renováveis, limpas e • As condições climáticas são


infinitas como matéria-prima; imprevisíveis. Até os meteorologistas
• Diminuição do lançamento de dióxido fracassam. Portanto, os sistemas de
de carbono e de outros gases energia híbrida não podem ser usados
poluentes, responsáveis pelo como fonte primária de energia em
agravamento do efeito estufa na situações críticas, como em um
atmosfera; hospital.
• Alívio da pressão da rede elétrica; • Em alguns dias será impossível gerar
• Ao usar várias fontes energéticas, se energia por meio dessas fontes e será
uma delas falhar ou não puder ser preciso recorrer à rede elétrica
usada (como em um dia sem sol ou tradicional.
sem vento), a geração de energia não • Se não for gerada energia suficiente, as
será completamente perdida. Caso baterias não poderão ser carregadas
contrário, quando todas as fontes

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puderem ser usadas, será gerada uma no tempo necessário para serem
energia extra, que será armazenada usadas posteriormente.
nas baterias e usada conforme • Preço alto para instalação.
necessário;
• Os sistemas de energia híbrida não
requerem manutenção extensiva. Os
painéis solares precisam apenas de
limpeza, enquanto as turbinas eólicas
precisam de serviço regular para
lubrificar as peças móveis e uma
inspeção na rotação.

CÉLULA A COMBUSTÍVEL

Uma célula de combustível é um dispositivo eletroquímico que converte


diretamente energia química em eletricidade e calor. Consiste em dois eletrodos,
o ânodo e o cátodo, separados por um eletrólito.

Os tipos de células de combustível são


caracterizados principalmente por seus
eletrólitos. Ao contrário de uma célula
ou bateria elétrica, uma célula de
combustível não precisa ser
recarregada. Funciona desde que o
combustível e o oxidante sejam
fornecidos externamente.

Como produzir eletricidade utilizando célula de combustível?

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O calor gerado pode
ser usado
O circuito é
diretamente como
O combustível completado com o
subproduto no
oxidado no ânodo fluxo de íons no
processador de
libera elétrons que eletrólito, que
combustível ou para
fluem para o cátodo também separa os
produzir
através do circuito dois fluxos de gases,
residualmente mais
externo. combustível e
eletricidade (reação
oxidante.
reversa à eletrólise
da água).

A ilustração a seguir demonstra esse processo:

Fonte: Waglione / Wikipedia

As principais reações que ocorrem na produção de energia elétrica utilizando célula de


combustível são:

1
Ânodo:

H2(g) → 2H+ + 2e-

2
Cátodo:

1/2O2 + 2H+ + 2e- → H2O

46 / 52
3
Célula de combustível como um todo:

H2 + 1/2O2 → H2O

Nessas reações, as células são empilhadas e conectadas em série ou em paralelo para


fornecer a tensão e a energia desejadas, razão pela qual também são conhecidas como
células de combustível. Os eletrodos usados e as condições operacionais das células
determinarão o eletrólito a ser utilizado. Existem, atualmente, vários tipos de células a
combustível:

1. Células a combustível de membrana polimérica (PEM)


2. Células a combustível de ácido fosfórico (PAFC)
3. Células a combustível de carbonato fundido (MCFC)
4. Células a combustível de óxido sólido (SOFC)
5. Células a combustível alcalinas (AFC)

A ilustração a seguir mostra uma comparação entre os diferentes tipos de células a


combustível:

Figura 14. Comparação dos diferentes tipos de células a combustível.

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Hidrogênio

O hidrogênio, apesar de ser o elemento mais abundante do universo, não é uma fonte
primária de energia, pois geralmente está associado a outros elementos como a água,
onde é encontrado para formar uma molécula com oxigênio. Na verdade, o hidrogênio é
um vetor de energia, isto é, uma forma secundária energética que deve ser transformada
a partir de outras fontes primárias.

A descontinuidade das energias


renováveis torna necessário o
armazenamento de energia para uso
quando solicitado. Essas energias
encontram o hidrogênio como uma
forma de armazenamento.

O hidrogênio produzido a partir de


fontes renováveis, para uso posterior em
transporte ou produção de eletricidade e
calor, permite que a geração de energia
seja adaptada às necessidades.

A figura a seguir ilustra o


aproveitamento do hidrogênio no
processo de produção de energia.

Figura 15: Aproveitamento do hidrogênio.

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VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. Em relação aos parâmetros que viabilizam a energia eólica, leia as afirmações a seguir:

I - O estudo do comportamento dos ventos por região.

II - Quanto mais acentuada a rugosidade do terreno, maior será a velocidade do vento.

III- Maiores velocidades são verificadas à medida que há um afastamento do solo.

IV- A altura é um parâmetro utilizado na especificação do aerogerador.

É correto apenas o que se afirma em:

a) II e IV.

b) II.

c) I.

d) I, III e IV.

Comentário

Parabéns! A alternativa D está correta.

Em geral, quanto mais acentuada a rugosidade do terreno, maior será a diminuição da


velocidade do vento. Dessa forma, a rugosidade do terreno, onde será feito o
aproveitamento eólico, deve ser baixa, para diminuir as menores taxas de velocidade do
vento na altura do rotor. Baixas rugosidades também são desejáveis no entorno do
terreno e na direção principal do vento.

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2. Sistema que consiste na produção de eletricidade de modo similar às termelétricas,
onde grandes espelhos ou calhas são utilizadas para que a luz solar, em uma única linha
ou ponto, produza calor e o converta em vapor quente que, em alta pressão, possa
movimentar turbinas e gerar eletricidade.

Das seguintes opções, qual não faz parte desse processo:

a) Sistema fotovoltaico autônomo.

b) Sistema cilindro parabólico.

c) Sistema torre central.

d) Sistema disco parabólico.

Comentário

Parabéns! A alternativa A está correta.

Um sistema fotovoltaico autônomo de produção de energia elétrica compreende o


agrupamento de módulos em painéis fotovoltaicos e de outros equipamentos
relativamente convencionais, que transformam ou armazenam a energia elétrica e não a
energia térmica.

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O desenvolvimento sustentável foi definido pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e
Desenvolvimento da ONU como o desenvolvimento que atende às necessidades do
presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas
próprias necessidades. Essa concepção baseia-se na ideia de que é possível conservar o
capital natural e cultural de um território sem comprometer seu desenvolvimento presente
e futuro.

Manter o sistema de energia atual por um período de uma ou duas gerações é


simplesmente insustentável, uma vez que as reservas de combustível estão acabando,
situação que pode trazer riscos à paz mundial. Além disso, o uso de energias não
renováveis contribui para diversos problemas ambientais, como o agravamento do efeito
estufa, a poluição local, a chuva ácida e o desmatamento. Por isso, conhecer as formas
de energia e os avanços no aproveitamento delas é essencial para que possamos pensar
em uma produção energética que atenda às necessidades humanas sem prejudicar o
meio em que vivemos.

REFERÊNCIAS

BORGES NETO, M. R. Geração de Energia Elétrica - Fundamentos. Rio de Janeiro: Érica,


2012.

DINIZ, F. Energia eólica no Nordeste. In: Caderno Setorial ETENE. Ano 4, nº 66. Publicado
em: fev. 2019.

EPE (Empresa de Pesquisa Energética). Balanço Energético Nacional. 2019.

FARAH, M. A. Petróleo e seus derivados. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

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MARQUES FARIAS, L. M.; SELLITTO, M. A. Uso da energia ao longo da história: evolução e
perspectivas futuras. In: Revista Liberato, Novo Hamburgo, v.12, n.17, p.01-106, 2011.

MOREIRA, S. Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética. Rio de


Janeiro: LTC, 2017.

PHILIPPI JR, A.; REIS, L. B. Energia e sustentabilidade. 1. ed. São Paulo: Manole, 2016.

PINTO, M. Fundamentos de energia eólica. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2013.

REIS, L. B. Geração de energia elétrica. 2. ed. Barueri: Manole, 2011.

REN21. Renewables 2019 Global Status Report. 2019.

SANTOS, M. A. Fontes de energia nova e renovável. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

EXPLORE +

Leia os textos a seguir:

Sistema fotovoltaico no aeroporto internacional de Manaus: análise da viabilidade técnica,


econômica e ambiental de implantação usando simulação computacional, de Carlos
Gomes Fontinelle, Jandecy Cabral Leite e Carlos Magno Cassio.

Estudo preliminar de um projeto de parque eólico na região da fronteira oeste do Rio


Grande do Sul, de Luiza Ferreira da Costa Ramanauskas e Eberson José Thimmig Silveira.

Assista ao seguinte documentário:

Promessa de Pandora, dirigido por Stewart Brand, Gwyneth Cravens e Mark Lynas.

Sinopse: Ex-ativistas contra a energia nuclear e cientistas revolucionários dão


testemunhos a favor da tão malvista fonte de energia em um documentário provocativo.

CONTEUDISTA

Óscar Javier Celis Ariza

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