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CAIO HENRIQUE 25, EDUARDO LOPES 27 E GABRIELA

FERNANDA 11

ANTOLOGIA DOS POETAS ROMANTICOS

Trabalho de Pesquisa em Literatura


apresentado à disciplina de Língua
Portuguesa e Literatura, na E.E Da-
Vid Carneiro Ewbank.
Orientador(a): Porfª Maria Ângela
de Freitas Chiachiri.

Franca
12/04/2011
"Queria que você fosse tudo em minha vida, mas quis demais. Você foi apenas
um sonho, nada mais."

BILHETE

Se tu me amas, ama-me baixinho

Não o grites de cima dos telhados

Deixa em paz os passarinhos

Deixa em paz a mim!

Se me queres,

Enfim,

Tem de ser bem devagarinho, Amada,

Que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...


Mário Quintana
INTRODUÇÃO

Este trabalho fala sobre alguns poetas românticos e sobre seus poemas.
Em que falam sobre os estilos e como esta organizada sua antologia. Foi feito
para o trabalho de Português.
1. ALMEIDA GARRETT

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto a 4 de


Fevereiro de 1799. Passou a sua infância na Quinta do Sardão, em Oliveira do
Douro (Vila Nova de Gaia), pertencente ao seu avô materno José Bento Leitão.
Mais tarde viria a escrever a este propósito: "Nasci no Porto, mas criei-me em
Gaia". No período de sua adolescência foi viver para os Açores, na Ilha
Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram
Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra. Foi
também aí que engravidou sua companheira Luisa Midosi.

De seguida, em 1816 foi para Coimbra, onde acabou por se matricular no curso
de Direito. Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que fez com que lhe
pusessem um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. É
também neste ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida
Garrett.

Almeida Garrett participou na revolução liberal de 1820, de seguida foi para o


exílio na Inglaterra em 1823, após a Vila francada. Antes se casou com uma
muito jovem senhora Luísa Midosi, que tinha apenas 14 anos. Foi em Inglaterra
que tomou contato com o movimento romântico, descobrindo Shakespeare,
Walter Scott e outros autores e visitando castelos feudais e ruínas de igrejas e
abadias góticas, vivências que se refletiriam na sua obra posterior.

Em 1824, pode partir para França e assim o fez, nessa viagem escreveu o
muitíssimo conhecido Camões (1825) e Dona Branca (1826) não tão conhecido
mas não menos importante, poemas geralmente considerados como as
primeiras obras da literatura romântica em Portugal. No ano de 1826 foi
chamado e regressou à pátria com os últimos emigrados dedicando-se ao
jornalismo, fundando e dirigindo o jornal diário O Português (1826-1827) e o
semanário O Cronista (1827).

Teria de deixar Portugal novamente em 1828, com o regresso do Rei


absolutista D. Miguel. Ainda no ano de 1828 perdeu a sua filha recém-nascida.
Novamente em Inglaterra, publica Adozinda (1828).
1.1 DESTINO
Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta --- <<Floresce!>> ---
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha


Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?

Que eras tu meu ser, querida,


Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai! não mo disse ninguém.
Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.

1.2 ANÁLISE
Este belo poema de Almeida Garret fala que nada no mundo é
predestinado, que algumas coisas não tem um porque, que ninguém disse a
ele quem era sua amada. Neste poema a linguagem é simples, de fácil
compreensão dos leitores. O poma contem 3 estrofes, mais elas não tem um
numero certo de versos, algumas com 4, outras com 8 e outras com 12 versos.
As rimas deste poema não são iguais em todas as estrofes, na 2º estrofe a
rima é ABAB, já no 3º a rima é irregular.
1.3 SEUS OLHOS
Seus olhos - que eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

Divino, eterno! - e suave


Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.

1.4 ANALISE
Este poema fala sobre os olhos da amada, com 2 estrofes de 7 versos
cada e rima ABAACDC – EEEFFEF , romântico e muito sentimentalista, ele
também fala sobre a alma da amada.
2. GONÇALVES DIAS
Nascido em Caxias, era filho de uma união não oficializada entre um
comerciante português com uma mestiça cafuza brasileira (o que muito o
orgulhava de ter o sangue das três raças formadoras do povo brasileiro:
branca, indígena e negra), e estudou inicialmente por um ano com o professor
José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar
da escrituração da loja de seu pai, que veio a falecer em 1837.

Iniciou seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835 quando foi


matriculado em uma escola particular.

Foi estudar na Europa, em Portugal em 1838 onde terminou os estudos


secundários e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
(1840), retornando em 1845, após bacharelar-se. Mas antes de retornar, ainda
em Coimbra, participou dos grupos medievistas da Gazeta Literária e de O
Trovador, compartilhando das ideias românticas de Almeida Garrett, Alexandre
Herculano e Antonio Feliciano de Castilho. Por se achar tanto tempo fora de
sua pátria inspira-se para escrever a Canção do exílio e parte dos poemas de
"Primeiros cantos" e "Segundos cantos"; o drama Patkull; e "Beatriz de Cenci",
depois rejeitado por sua condição de texto "imoral" pelo Conservatório
Dramático do Brasil. Foi ainda neste período que escreveu fragmentos do
romance biográfico "Memórias de Agapito Goiaba", destruído depois pelo
próprio poeta, por conter alusões a pessoas ainda vivas.

No ano seguinte ao seu retorno conheceu aquela que seria sua grande musa
inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. Várias de suas peças românticas,
inclusive “Ainda uma vez — Adeus” foram escritas para ela. Nesse mesmo ano
ele viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, onde trabalhou como
professor de história e latim do Colégio Pedro II, além de ter atuado como
jornalista, contribuindo para diversos periódicos: Jornal do Comercio, Gazeta
Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da Monarquia, publicando crônicas,
folhetins teatrais e crítica literária.

Em 1849 fundou com Manuel de Araújo Porto-alegre e Joaquim Manuel de


Macedo a revista Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época.
Em 1851 voltou a São Luís do Maranhão, a pedido do governo para estudar o
problema da instrução pública naquele estado.

Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em 1852, mas a família dela,
em virtude da ascendência mestiça do escritor, refutou veementemente o
pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde casou-se com
Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios
Estrangeiros. Passou os quatro anos seguintes na Europa realizando
pesquisas em prol da educação nacional. Voltando ao Brasil foi convidado a
participar da Comissão Científica de Exploração, pela qual viajou por quase
todo o norte do país.

Voltou à Europa em 1862 para um tratamento de saúde. Não obtendo


resultados retornou ao Brasil em 1864 no navio Ville de Boulogne, que
naufragou na costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o poeta que foi
esquecido agonizando em seu leito e se afogou. O acidente ocorreu nos
baixios de Atins, perto da vila de Guimarães no Maranhão.

Sua obra pode ser enquadrada no Romantismo. Procurou formar um


sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras
na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o Indianismo.
Por sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que
Gonçalves Dias incorporou uma ideia de Brasil à literatura nacional.

2.1 Olhos Verdes


São uns olhos verdes, verdes
Uns olhos de verde-mar
Quando o tempo vai bonança
Uns olhos cor de esperança
Uns olhos por que morri
Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Como duas esmeraldas,


Iguais na forma e na cor,
Têm luz mais branda e mais forte,
Diz uma — vida, outra — morte
Uma — loucura, outra — amor.
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

São verdes da cor do prado,


Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflamam,
Tão meigamente derramam
Fogo e luz do coração;
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
São uns olhos verdes, verdes,
Que podem também brilhar;
Não são de um verde embaçado,
Mas verdes da cor do prado,
Mas verdes da cor do mar.
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Como se lê num espelho,


Pude ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Dizei vós, ó meus amigos,


Se vos perguntam por mi,
Que eu vivo só da lembrança
De uns olhos cor de esperança,
De uns olhos verdes que vi!
Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Dizei vós: Triste do bardo!


Deixou-se de amor finar!
Viu uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos da cor do mar:
Eram verdes sem esp'rança,
Davam amor sem amar!
Dizei-o vós, meus amigos,
Que ai de mi!
Não pertenço mais à vida
Depois que os vi!

2.2 ANALISE
Este poema fala da amada de Gonçalves dias que tinha lindos olhos verdes
mas que não tinham esperança nem amor, ele também usa uma linguagem
fácil de se entender. O poema tem 7 estrofes de 8 versos cada, as rimas dele
são ABCCDEFD, e todas as estrofes tem os 3 últimos versos iguais.

2.3 SE EU FOSSE QUERIDO


Se eu fosse querido dum rosto formoso, A
Se um peito extremoso - pudesse encontrar, B
E uns lábios macios, que expiram amores C
E abrandam as dores - pudesse beijar; B

A tantos encantos minh'alma rendida, D


Votara-lhe a vida - que Deus me quis dar; B
Constante a seu lado, seus sonhos divinos E
Aos sons dos meus hinos - quisera embalar. B

Depois, quando a morte viesse impiedosa D


Da amante extremosa - meus dias privar, B
De funda saudade minha alma rendida D
Votara-lhe a vida - que Deus me quis dar. B

2.4 ANALISE
Poema de linguagem fácil de ser entendida mais ao mesmo tempo rica em
suas palavras, onde ele fala sobre quando ele fosse querido por alguém. Rima
tipo ABCB – DBEB – DBDB. De 3 estrofes com 4 versos cada.
3. CASIMIRO DE ABREU
Foi filho do abastado comerciante e fazendeiro português, José Joaquim
Marques de Abreu,[1] e de Luísa Joaquina das Neves, uma fazendeira de
Capivary, viúva do primeiro casamento. Com José Joaquim ela teve três filhos,
embora nunca tenham sido oficialmente casados. Casimiro nasceu na Fazenda
da Prata, em Capivary (Silva Jardim), propriedade herdada por sua mãe em
decorrência da morte do seu primeiro marido, de quem não teve filhos. [1]

A localidade onde viveu parte de sua vida, Barra de São João, é hoje distrito do
município que leva seu nome, e também chamada "Casimirana", em sua
homenagem. Recebeu apenas a instrução primária no Instituto Freeze, dos
onze aos treze anos, em Nova Friburgo, então cidade de maior porte da região
serrana do estado do Rio de Janeiro, e para onde convergiam, à época, os
adolescentes induzidos pelos pais a se aplicarem aos estudos.

Aos treze anos transferiu-se para o Rio de Janeiro para trabalhar com o pai no
comércio. Com ele, embarcou para Portugal em 1853, onde entrou em contato
com o meio intelectual e escreveu a maior parte de sua obra. O seu sentimento
nativista e as saudades da família escreve: "estando a minha casa à hora da
refeição, pareceu-me escutar risadas infantis da minha mana pequena. As
lágrimas brotavam e fiz os primeiros versos de minha vida, que teve o título de
Ave Maria".

Em Lisboa, foi representado seu drama Camões e o Jau em 1856, que foi
publicado logo depois.

Seus versos mais famosos do poema Meus oito anos: Oh! Que saudades que
tenho/da aurora da minha vida,/ da minha infância querida/que os anos não
trazem mais!/ Que amor, que sonhos, que flores,/naquelas tardes fagueiras,/ à
sombra das bananeiras,/ debaixo dos laranjais!

Em 1857 retornou ao Brasil para trabalhar no armazém de seu pai. Isso, no


entanto, não o afastou da vida boêmia. Escreveu para alguns jornais e fez
amizade com Machado de Assis. Escolhido para a recém fundada Academia
Brasileira de Letras, tornou-se patrono da cadeira número seis.

Tuberculoso, retirou-se para a fazenda de seu pai, Indaiaçu, hoje sede do


município que recebeu o nome do poeta, onde inutilmente buscou uma
recuperação do estado de saúde, vindo ali a falecer. Foi sepultado conforme
seu desejo em Barra de São João, estando sua lápide no cemitério da secular
Capela de São João Batista, junto ao túmulo de seu pai. Em 1859 editou as
suas poesias reunidas sob o título de Primaveras.
Espontâneo e ingênuo, de linguagem simples, tornou-se um dos poetas mais
populares do Romantismo no Brasil. Seu sucesso literário, no entanto, deu-se
somente depois de sua morte, com numerosas edições de seus poemas, tanto
no Brasil, quanto em Portugal. Deixou uma obra cujos temas abordavam a
casa paterna, a saudade da terra natal, e o amor (mas este tratado sem a
complexidade e a profundidade tão caras a outros poetas românticos). A
despeito da popularidade alcançada pelos livros do poeta, sua mãe, e herdeira
necessária, morreu em 1859 na mais absoluta pobreza, não tendo recebido um
tostão sequer em termos de direitos autorais, fossem do Brasil, fossem de
Portugal.

3.1 AMOR E MEDO


Quando eu te vejo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
— "Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"
 
Como te enganas! meu amor, é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...
 
Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.

 O véu da noite me atormenta em dores


A luz da aurora me enternece os seios,
E ao vento fresco do cair cias tardes,
Eu me estremece de cruéis receios.
 
É que esse vento que na várzea — ao longe,
Do colmo o fumo caprichoso ondeia,
Soprando um dia tornaria incêndio
A chama viva que teu riso ateia!
 
Ai! se abrasado crepitasse o cedro,
Cedendo ao raio que a tormenta envia:
Diz: — que seria da plantinha humilde,
Que à sombra dela tão feliz crescia?
 
A labareda que se enrosca ao tronco
Torrara a planta qual queimara o galho
E a pobre nunca reviver pudera.
Chovesse embora paternal orvalho!
 
Ai! se te visse no calor da sesta,
A mão tremente no calor das tuas,
Amarrotado o teu vestido branco,
Soltos cabelos nas espáduas nuas! ...

 
Ai! se eu te visse, Madalena pura,
Sobre o veludo reclinada a meio,
Olhos cerrados na volúpia doce,
Os braços frouxos — palpitante o seio!...
 
Ai! se eu te visse em languidez sublime,
Na face as rosas virginais do pejo,
Trêmula a fala, a protestar baixinho...
Vermelha a boca, soluçando um beijo!...
 
Diz: — que seria da pureza de anjo,
Das vestes alvas, do candor das asas?
Tu te queimaras, a pisar descalça,
Criança louca — sobre um chão de brasas!
 
No fogo vivo eu me abrasara inteiro!
Ébrio e sedento na fugaz vertigem,
Vil, machucara com meu dedo impuro
As pobres flores da grinalda virgem!

Vampiro infame, eu sorveria em beijos


Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço,
Anjo enlodado nos pauis da terra.

 Depois... desperta no febril delírio,


— Olhos pisados — como um vão lamento,
Tu perguntaras: que é da minha coroa!...
Eu te diria: desfolhou-a o vento!...
 
Oh! não me chames coração de gelo!
Bem vês: traí-me no fatal segredo.
Se de ti fujo é que te adoro e muito!
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo!...

3.2 ANÁLISE
Este poema diz respeito ao amor e ao medo que o eu lírico sente pela pessoa.
Casimiro de Abreu usa uma linguagem simples neste poema que contem 15
estrofes de 4 versos cada e rimas ABCB.
3.3 DEUS
Eu me lembro! Eu me lembro! - Era pequeno A
E brincava na praia; o mar bramia, B
E, erguendo o dorso altivo, sacudia, B
A branca espuma para o céu sereno. A

E eu disse a minha mãe nesse momento: A


"Que dura orquestra! Que furor insano! A
Que pode haver de maior do que o oceano A
Ou que seja mais forte do que o vento?" A

Minha mãe a sorrir, olhou pros céus C


E respondeu: - Um ser que nós não vemos, A
É maior do que o mar que nós tememos, A
Mais forte que o tufão, meu filho, é Deus. A

3.4 ANALISE
Ele conta sobre um momento de sua vida na praia em que faz
comparações da “força divina”, Rima tipo ABBA – AAAA - CAAA. Tem 3
estrofes com 4 versos cada.
4. ÁLVARES DE AZEVEDO
Filho de Inácio Manuel Álvares de Azevedo e Maria Luísa Mota
Azevedo, passou a infância no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos.
Voltou a São Paulo (1847) para estudar na Faculdade de Direito do Largo de
São Francisco, onde desde logo ganhou fama por brilhantes e precoces
produções literárias. Destacou-se pela facilidade de aprender línguas e pelo
espírito jovial e sentimental.

Durante o curso de Direito traduziu o quinto ato de Otelo, de Shakespeare;


traduziu Parisina, de Lord Byron; fundou a revista da Sociedade Ensaio
Filosófico Paulistano (1849); fez parte da Sociedade Epicureia; e iniciou o
poema épico O Conde Lopo, do qual só restaram fragmentos.

Não concluiu o curso, pois foi acometido de uma tuberculose pulmonar nas
férias de 1851-52, a qual foi agravada por um tumor na fossa ilíaca, ocasionado
por uma queda de cavalo, falecendo aos 20 anos. A sua obra compreende:
Poesias diversas, Poema do Frade, o drama Macário, o romance O Livro de
Fra Gondicário, Noite na Taverna, Cartas, vários Ensaios (Literatura e
civilização em Portugal, Lucano, George Sand, Jacques Rolla), e a sua
principal obra Lira dos vinte anos (inicialmente planejada para ser publicada
num projeto - As Três Liras - em conjunto com Aureliano Lessa e Bernardo
Guimarães). É patrono da cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras.

Machado de Assis publicou no jornal “Semana Literária”, em 26/06/1866 uma


análise de Lira dos vinte anos.

Atualmente tem suscitado alguns estudos acadêmicos, dos quais sublinham-se


"O Belo e o Disforme", de Cilaine Alves Cunha (EDUSP, 2000), e "Entusiasmo
indianista e ironia byroniana" (Tese de Doutorado, USP, 2000); "O poeta leitor.
Um estudo das epígrafes hugoanas em Álvares de Azevedo", de Maria C. R.
Alves (Dissertação de Mestrado, USP, 1999); "Álvares de Azevedo: A busca de
uma literatura consciente", de Gilmar Tenorio Santini (Dissertação de Mestrado,
UNESP, 2007).

Suas principais influências são: Lord Byron, Goethe, François-René de


Chateaubriand, mas principalmente Alfred de Musset.

Um aspecto característico de sua obra e que tem estimulado mais discussão,


diz respeito a sua poética, que ele mesmo definiu como uma "binomia", que
consiste em aproximar extremos, numa atitude tipicamente romântica. É
importante salientar o prefácio à segunda parte da Lira dos Vinte Anos, um dos
pontos críticos de sua obra e na qual define toda a sua poética.
No segundo prefácio de Lira dos Vinte Anos, o seu autor nos revela a sua
intencionalidade e o vincula de tal maneira ao texto poético, que a gratuidade e
autonomia perde espaço e revela a intencionalidade do poeta, isto é,
explicação de temas, motivos e outros elementos.

O autor de Lira dos Vinte Anos estabelece valores e critérios a sua obra.
Revela-se assim, uma verdadeira teorização programada da obra,
transformando-se numa verdadeira teoria do conhecimento dos textos poéticos
apresentados.

É evidente a explicitação de Álvares de Azevedo nessa postura consciente do


fazer poético, afinal em seus prefácios há um alto grau de conhecimento
quanto à proposta ultra-romântica, a qual exibe um certo metarromantismo
marcada pelo senso crítico.

É o primeiro a incorporar o cotidiano na poesia no Brasil, com o poemas Ideias


íntimas, da segunda parte da Lira.

Segundo alguns pesquisadores, Álvares de Azevedo que teria escolhido o título


"As Três Liras", pois havia uma garota - que até hoje ninguém sabe a
identidade, muito bem escondida pelo Dr. Jaci Monteiro - que tocava esse
instrumento.

Figura na antologia do cancioneiro nacional. E foi muito lido até as duas


primeiras décadas do século XX, com constantes reedições de sua poesia e
antologias. As últimas encenações de seu drama Macário foram em 1994 e
2001.

4.1 AMOR
Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração! 
Sofrer e amar essa dor 
Que desmaia de paixão!
Na tu'alma, em teus encantos
E na tua palidez 
E nos teus ardentes prantos 
Suspirar de languidez! 
Quero em teus lábio beber 
Os teus amores do céu, 
Quero em teu seio morrer 
No enlevo do seio teu! 
Quero viver d'esperança, 
Quero tremer e sentir! 
Na tua cheirosa trança 
Quero sonhar e dormir! 
Vem, anjo, minha donzela, 
Minha'alma, meu coração! 
Que noite, que noite bela! 
Como é doce a viração! 
E entre os suspiros do vento 
Da noite ao mole frescor, 
Quero viver um momento, 
Morrer contigo de amor!

4.2 ANALISE
Este poema de Álvares de Azevedo diz que ele quer viver sua vida toda
ao lado de seu amor, que quer viver no coração de sua amada. A linguagem
usada pelo autor neste poema e bastante simples e de fácil compreensão. Este
poema não contem estrofes, e a rima dele é ABAB

4.3 SOLIDÃO
 Nas nuvens cor de cinza do horizonte
A lua amarelada a face embuça;
Parece que tem frio, e no seu leito
Deitou, para dormir, a carapuça.
 
Ergueu-se, vem da noite a vagabunda
Sem xale, sem camisa e sem mantilha,
Vem nua e bela procurar amantes;
É doida por amor da noite a filha.
 
As nuvens são uns frades de joelhos,
Rezam adormecendo no oratório;
Todos têm o capuz e bons narizes
E parecem sonhar o refeitório.
 
As árvores prateiam-se na praia,
Qual de uma fada os mágicos retiros...
Ó lua, as doces brisas que sussurram
Coam dos teus lábios como suspiros!
 
Falando ao coração que nota aérea
Deste céu, destas se desata?
Canta assim algum gênio adormecido
De ondas mortas no lençol de prata?
 

Minh'alma tenebrosa se entristece.


É muda como sala mortuária...
Deito-me só e triste, sem ter fome
Vendo na mesa a ceia solitária.
 
Ó lua, ó lua bela dos amores,
Se tu és moça e tens um peito amigo,
Não me deixes assim dormir solteiro
À meia-noite vem cear comigo!

 4.4 ANALISE

Poema que fala sobre um sentimento do escritor que seria a solidão, onde ele
sonha com alguém ao seu lado. Tem 7 estrofes com 4 versos cada e rima
ABCBBBAB.
5. Junqueira Freire
Luís José Junqueira Freire nasceu em Salvador (BA), em 1832 e foi
onde estudou Humanidades. Aos dezoito anos se tornou monge da ordem
beneditina e permaneceu na vida religiosa por cerca de quatro anos. A
clausura trouxe frustração e foi tema de suas poesias.

Junqueira Freire morreu com apenas vinte e três anos vítima de problemas
cardíacos. Durante sua vida esteve dividido entre a vida religiosa, espiritual e a
sua falta de fé e vocação para a vida celibatária. Suas experiências foram
retratadas em suas duas obras poéticas: Inspirações do claustro e
Contradições poéticas.
A decisão do autor por uma vida monástica foi em razão dos problemas de
convívio familiar sofridos e suas poesias são marcadas por uma autobiografia
reveladora.

Além disso, nos poemas de Junqueira Freire constam a crise moral da igreja do
século XIX e os conflitos do escritor entre a profissão de frei e os fatos que
presenciou dentro da igreja. O poeta ainda expressou em suas obras seu
pessimismo em relação à vida, seu interesse pelo mundanismo, sua
sexualidade reprimida, seu desejo pelo pecado e seu sentimento de culpa

5.1 TEMOR
Não, não é louco. O espírito somente 
É que quebrou-lhe um elo da matéria. 
Pensa melhor que vós, pensa mais livre, 
Aproxima-se mais à essência etérea. 
  
Achou pequeno o cérebro que o tinha:  
Suas idéias não cabiam nele; 
Seu corpo é que lutou contra sua alma, 
E nessa luta foi vencido aquele. 
  
Foi uma repulsão de dois contrários; 
Foi um duelo, na verdade insano: 
Foi um choque de agentes poderosos: 
Foi o divino a combater com o humano. 
  
Agora está mais livre. Algum atilho 
Soltou-se-lhe do nó da inteligência; 
Quebrou-se o anel dessa prisão de carne, 
Entrou agora em sua própria essência. 
  
Agora é mais espírito que corpo: 
Agora é mais um ente lá de cima; 
É mais, é mais que um homem vão de barro: 
É um anjo de Deus, que Deus anima. 
  
Agora, sim - o espírito mais livre 
Pode subir às regiões supernas: 
Pode, ao descer, anunciar aos homens 
As palavras de Deus, também eternas. 
  
E vós, almas terrenas, que a matéria 
Ou sufocou ou reduziu a pouco, 
Não lhe entendeis, por isso, as frases santas, 
E zombando o chamais, portanto: - um louco! 
  
Não, não é louco. O espírito somente 
É que quebrou-lhe um elo da matéria.  
Pensa melhor que vós, pensa mais livre, 
aproxima-se mais à essência etérea.

5.2 ANALISE
Este poema de Junqueira freire fala de uma pessoa que morreu, diz que essa
pessoa agora é um anjo de deus e que seu espírito agora esta livre. O autor
usa uma linguagem um pouco complexa e com algumas palavras de difícil
compreensão. Este poema contem 8 estrofes com 4 versos cada, com rimas
ABCB.

5.3 TEMOR
Não, não é louco. O espírito somente
É que quebrou-lhe um elo da matéria.
Pensa melhor que vós, pensa mais livre,
Aproxima-se mais à essência etérea.
 
Achou pequeno o cérebro que o tinha: 
Suas idéias não cabiam nele;
Seu corpo é que lutou contra sua alma,
E nessa luta foi vencido aquele.
 
Foi uma repulsão de dois contrários;
Foi um duelo, na verdade insano:
Foi um choque de agentes poderosos:
Foi o divino a combater com o humano.
 
Agora está mais livre. Algum atilho
Soltou-se-lhe do nó da inteligência;
Quebrou-se o anel dessa prisão de carne,
Entrou agora em sua própria essência.
 
Agora é mais espírito que corpo:
Agora é mais um ente lá de cima;
É mais, é mais que um homem vão de barro:
É um anjo de Deus, que Deus anima.
 
Agora, sim - o espírito mais livre
Pode subir às regiões supernas:
Pode, ao descer, anunciar aos homens
As palavras de Deus, também eternas.
 
E vós, almas terrenas, que a matéria
Ou sufocou ou reduziu a pouco,
Não lhe entendeis, por isso, as frases santas,
E zombando o chamais, portanto: - um louco!
 
Não, não é louco. O espírito somente
É que quebrou-lhe um elo da matéria. 
Pensa melhor que vós, pensa mais livre,
aproxima-se mais à essência etérea.

 
5.4 ANALISE
Poema que fala sobre um dos temores do escritor que fala dele como um elo
da matéria, um pouco “gótico” com rima ABAB, possui 8 estrofes com 4 versos
cada.
6. FAGUNDES VARELA
Filho do magistrado Emiliano Fagundes Varella e de Emília de Andrade, ambos
de ricas famílias cariocas.

Poeta romântico e boêmio inveterado, Fagundes Varella foi um dos maiores


expoentes da poesia brasileira, em seu tempo. Tendo ingressado no curso de
Direito (e frequentado as faculdades de São Paulo e Recife), abandonou o
curso no quarto ano. Foi a transição entre a segunda e a terceira geração
romântica.

Diria, reafirmando sua vocação exclusiva para a arte, no poema "Mimosa", na


boca duma personagem: "Não sirvo para doutor"...

Casando-se muito novo (aos vinte e um anos) com Alice Guilhermina Luande,
filha de dono de um circo, teve um filho que veio a morrer aos três meses.

Casou-se novamente com uma prima - Maria Belisária de Brito Lambert, sendo
novamente pai de duas meninas e um menino, também falecido
prematuramente.

Embriagando-se e escrevendo, faleceu ainda jovem, vivendo à custa do pai,


passando boa parte do tempo no campo, seu ambiente predileto.

Fagundes Varella morreu com 33 anos de idade.

6.1 A FLOR DO MARACUJÁ


Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias

Da flor do maracujá !

Pelo jasmim, pelo goivo,


Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá.
Pelas tranças da mãe-d'água 
Que junto da fonte está, 
Pelos colibris que brincam 
Nas alvas plumas do ubá, 
Pelos cravos desenhados 
Na flor do maracujá. 

Pelas azuis borboletas 


Que descem do Panamá, 
Pelos tesouros ocultos 
Nas minas do Sincorá, 
Pelas chagas roxeadas 
Da flor do maracujá ! 

Pelo mar, pelo deserto, 


Pelas montanhas, sinhá ! 
Pelas florestas imensas 
Que falam de Jeová ! 
Pela lança ensangüentado 
Da flor do maracujá ! 

Por tudo que o céu revela ! 


Por tudo que a terra dá 
Eu te juro que minh'alma 
De tua alma escrava está !!.. 
Guarda contigo este emblema 
Da flor do maracujá ! 

Não se enojem teus ouvidos 


De tantas rimas em - a - 
Mas ouve meus juramentos, 
Meus cantos ouve, sinhá! 
Te peço pelos mistérios 
Da flor do maracujá!

6.2 ANALISE
Este poema de Fagundes varela fala da beleza da flor do maracujá, e para
dizer isto ele usa uma linguagem um pouco complexa. Neste poema há 7
estrofes com 6 versos cada, e rimas ABCADB.
6.3 JUVENÍLIA VII

Ah! quando face a face te contemplo,


E me queimo na luz de teu olhar,
E no mar de tua alma afogo a minha,
E escuto-te falar;

Quando bebo no teu hálito mais puro


Que o bafejo inefável das esferas,
E miro os róseos lábios que aviventam
Imortais primaveras,

Tenho medo de ti!... Sim, tenho medo


Porque pressinto as garras da loucura,
E me arrefeço aos gelos do ateísmo,
Soberba criatura!

Oh! eu te adoro como a noite


Por alto mar, sem luz, sem claridade,
Entre as refegas do tufão bravio
Vingando a imensidade!

Como adoro as florestas primitivas,


Que aos céus levantam perenais folhagens,
Onde se embalam nos coqueiros presas

Como adoro os desertos e as tormentas,


O mistério do abismo e a paz dos ermos,
E a poeira de mundos que prateia
A abóbada sem termos! ...

Como tudo o que é vasto, eterno e belo;


Tudo o que traz de Deus o nome escrito!
Como a vida sem fim que além me espera
No seio do infinito.

6.3 ANALISE
Fala sobre algumas características de sua amada, rima TIPO ABCB, 8
estrofes com 4 versos cada, linguagem não muito simples porem de fácil
entendimento.

7. CASTRO ALVES
Era filho de Antônio José Alves e Clélia Brasília da Silva Castro. [1] Sua mãe
faleceu em 1859. No colégio, no lar por seu pai, iria encontrar uma atmosfera
literária, produzida pelos oiteiros, ou saraus, festas de arte, música, poesia,
declamação de versos. Aos 17 anos fez as primeiras poesias. No dia 10 de
novembro de 1863 teria recitado os primeiros versos em festa no Ginásio
Americano.

O pai se casou por segunda vez em 24 de janeiro de 1862 com a viúva Maria
Rosário Guimarães.[1] No dia seguinte ao do casamento, o poeta e seu irmão
Antônio José partiram para o Recife, enquanto o pai se mudava para o solar do
Sodré.

Em maio de 1863, submeteu-se à prova de admissão para o ingresso na


Faculdade de Direito do Recife sendo reprovado.[1] Mas seria em Recife tribuno
e poeta sempre requisitado nas sessões públicas da Faculdade, nas
sociedades estudantis, na plateia dos teatros, incitado desde logo pelos
aplausos e ovações, que começava a receber e ia num crescendo de
apoteose. Era um belo rapaz, de porte esbelto, tez pálida, grandes olhos vivos,
negra e basta cabeleira, voz possante, dons e maneiras que impressionavam a
multidão, impondo-se à admiração dos homens e arrebatando paixões às
mulheres. Ocorrem então os primeiros romances, que nos fez sentir em seus
versos, os mais belos poemas líricos do Brasil.

Em 1863 a atriz portuguesa Eugénia Câmara se apresentou no Teatro Santa


Isabel.[1] Influência decisiva em sua vida exerceria a atriz, vinda ao Brasil com
Furtado Coelho. No dia 17 de maio, Castro Alves publicou no primeiro número
de A Primavera seu primeiro poema contra a escravidão: A canção do africano.
A tuberculose se manifestou e em 1863 teve uma primeira hemoptise.

Em 1864 seu irmão José Antônio,[1] que sofria de distúrbios mentais desde a
morte de sua mãe,[carece de fontes?] suicidou-se em Curralinho.[1] Ele enfim consegue
matricular-se na Faculdade de Direito do Recife e em outubro viaja para a
Bahia. Só retornaria ao Recife em 18 de março de 1865, acompanhado por
Fagundes Varela.[1] A 10 de agosto, recitou O Sábio na Faculdade de Direito e
se ligou a uma moça desconhecida, Idalina. Alistou-se a 19 de agosto no
Batalhão Acadêmico de Voluntários para a Guerra do Paraguai.[1] Em 16 de
dezembro, voltou com Fagundes Varela a Salvador. Seu pai morreu no ano
seguinte, a 23 de janeiro de 1866. Castro Alves voltou ao Recife, matriculando-
se no segundo ano da faculdade. Nessa ocasião, fundou com Rui Barbosa e
outros amigos uma sociedade abolicionista.

Em 1866, tornou-se amante de Eugênia Câmara. [1]


Teve fase de intensa produção literária e a do seu apostolado por duas
grandes causas: uma, social e moral, a da abolição da escravatura; outra, a
república, aspiração política dos liberais mais exaltados. Data de 1866 o
término de seu drama Gonzaga ou a Revolução de Minas, representado na
Bahia e depois em São Paulo, no qual conseguiu consagrar as duas grandes
causas de sua vocação. No dia 29 de maio, resolveu partir para Salvador,
acompanhado de Eugênia. Na estreia de Gonzaga, dia 7 de setembro, no
Teatro São João, foi coroado e conduzido em triunfo.

7.1 DEDICATÓRIA
A pomba d'aliança o vôo espraia
Na superfície azul do mar imenso,
Rente... rente da espuma já desmaia
Medindo a curva do horizonte extenso...
Mas um disco se avista ao longe... A praia
Rasga nitente o nevoeiro denso!...
Ó pouso! ó monte! ó ramo de oliveira!
Ninho amigo da pomba forasteira! ...

Assim, meu pobre livro as asas larga


Neste oceano sem fim, sombrio, eterno... 
O mar atira-lhe a saliva amarga,
O céu lhe atira o temporal de inverno. . .
O triste verga à tão pesada carga!
Quem abre ao triste um coração paterno?... 
É tão bom ter por árvore — uns carinhos! 
É tão bom de uns afetos — fazer ninhos!

Pobre órfão! Vagando nos espaços


Embalde às solidões mandas um grito!
Que importa? De uma cruz ao longe os braços
Vejo abrirem-se ao mísero precito...
Os túmulos dos teus dão-te regaços!
Ama-te a sombra do salgueiro aflito...
Vai, pois, meu livro! e como louro agreste
Traz-me no bico um ramo de... cipreste!

7.2 ANALISE
Neste poema Castro Alves faz uma dedicatória a algum amigo, a linguagem
usada neste poema é um pouco complexa. Este poema tem 3 estrofes com 8
versos cada e rima ABABABCC.
7.3 AMANTE
"Basta, criança! Não soluces tanto...
Enxuga os olhos, meu amor, enxuga!
Que culpa tem a clícia descaída
Se abelha envenenada o mel lhe suga?

"Basta! Esta faca já contou mil gotas


De lágrimas de dor nos teus olhares.
Sorri, Maria! Ela jurou pagar-tas
No sangue dele em gotas aos milhares.

"Por que volves os olhos desvairados?


Por que tremes assim, frágil criança?
Est'alma é como o braço, o braço é ferro,
E o ferro sabe o trilho da vingança.

"Se a justiça da terra te abandona,


Se a justiça do céu de ti se esquece,
A justiça do escravo está na força...
E quem tem um punhal nada carece!...

"Vamos! Acaba a história... Lança a presa...


Não vês meu coração, que sente fome?
Amanhã chorarás; mas de alegria!
Hoje é preciso me dizer — seu nome!"

7.4 ANALISE
O poema fala sobre o que parece ser o “primeiro amor” de alguém, possui 5
estrofes com 4 versos, linguagem de fácil entendimento e rima ABBB.
8. SOUSÂNDRADE
Joaquim de Sousa Andrade, mais conhecido por Sousândrade
(Guimarães, 9 de julho de 1833 — São Luís, 21 de abril de 1902) foi um
escritor e poeta brasileiro.

Formou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris, onde fez também o curso de


engenharia de minas.

Republicano convicto e militante, transfere-se, em 1870, para os Estados


Unidos.

Publicou seu primeiro livro de poesia, Harpas Selvagens, em 1857. Viajou por
vários países até fixar-se nos Estados Unidos em 1871, onde publicou a obra
poética O Guesa, em que utiliza recursos expressivos, como a criação de
neologismos e de metáforas vertiginosas, que só foram valorizados muito
depois de sua morte, sucessivamente ampliada e corrigida nos anos seguintes.
No período de 1871 a 1879 foi secretário e colaborador do periódico O Novo
Mundo, dirigido por José Carlos Rodrigues em Nova York (EUA).

De volta ao Maranhão, aderiu com entusiasmo ao golpe de 1889. Em 1890 foi


presidente da Intendência Municipal de São Luís. Realizou a reforma do
ensino, fundou escolas mistas e idealizou a bandeira do Estado, garantindo
que suas cores representassem todas as raças ou etnias que construíram sua
história. Foi candidato a senador, em 1890, mas desistiu antes da eleição. No
mesmo ano foi presidente da Comissão de preparação do projeto da
Constituição Maranhense.

Morreu em São Luís, abandonado, na miséria e considerado louco. Sua obra


foi esquecida durante décadas.

Resgatada no início da década de 1960, pelos poetas Augusto e Haroldo de


Campos, revelou-se uma das mais originais e instigantes de todo o nosso
Romantismo, precursora das vanguardas históricas.

8.1 CANTO TERCEIRO


As balseiras na luz resplandeciam — a
oh! que formoso dia de verão! b
Dragão dos mares, — na asa lhe rugiam a
Vagas, no bojo indômito vulcão! b
Sombrio, no convés, o Guesa errante c
De um para outro lado passeava d
Mudo, inquieto, rápido, inconstante, c
E em desalinho o manto que trajava.a
A fronte mais que nunca aflita, branca a
E pálida, os cabelos em desordem,
Qual o que sonhos alta noite espanca,
"Acordem, olhos meus, dizia, acordem!"
E de través, espavorido olhando
Com olhos chamejantes da loucura,
Propendia p'ra as bordas, se alegrando
Ante a espuma que rindo-se murmura:
Sorrindo, qual quem da onda cristalina
Pressentia surgirem louras filhas;
Fitando olhos no sol, que já s'inclina,
E rindo, rindo ao perpassar das ilhas.
— Está ele assombrado?... Porém, certo
Dentro lhe idéia vária tumultua:
Fala de aparições que há no deserto,
Sobre as lagoas ao clarão da lua.

Imagens do ar, suaves, flutuantes,


Ou deliradas, do alcantil sonoro,
Cria nossa alma; imagens arrogantes,
Ou qual aquela, que há de riso e choro:
Uma imagem fatal (para o ocidente,
Para os campos formosos d'áureas gemas,
O sol, cingida a fronte de diademas,
índio e belo atravessa lentamente):
Estrela de carvão, astro apagado
Prende-se mal seguro, vivo e cego,
Na abóbada dos céus, — negro morcego
Estende as asas no ar equilibrado.

8.2 ANALISE
Este poema tem uma linguagem que necessita de prestar mais atenção
para entender, é composto por 2 estrofes com 24 e 12 versos,
respectivamente. A rima é ABABCDCAA.

8.3 HARPA XXXII


Dos rubros flancos do redondo oceano
Com suas asas de luz prendendo a terra
O sol eu vi nascer, jovem formoso
Desordenando pelos ombros de ouro
A perfumada luminosa coma,
Nas faces de um calor que amor acende
Sorriso de coral deixava errante.
Em torno de mim não tragas os teus raios,
Suspende, sol de fogo! tu, que outrora
Em cândidas canções eu te saudava
Nesta hora d'esperança, ergue-te e passa
Sem ouvir minha lira. Quando infante
Nos pés do laranjal adormecido,
Orvalhado das flores que choviam
Cheirosas dentre o ramo e a bela fruta,
Na terra de meus pais eu despertava,
Minhas irmãs sorrindo, e o canto e aromas,
E o sussurrar da rúbida mangueira
Eram teus raios que primeiro vinham
Roçar-me as cordas do alaúde brando
Nos meus joelhos tímidos vagindo.

8.3 ANALISE
O poema fala sobre um “anjo” que desce na terra na qual é
esplendorosamente bonito. Com uma linguagem um tanto culta e Apenas 1
estrofe com 21 versos e não contem uma rima certa.
CONCLUSÃO
Este trabalho mostra com toda certeza as diversas fases do romantismo
e a diferença de seus temas e estilos de acordo com os poetas citados. Nós
trazemos essencialmente a tentativa de mostrar todas as diferenças entre os
poetas e seus métodos de fazer os poemas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Todas referência bibliográficas foram tiradas do site
http://www.jornaldepoesia.jor.br/ , e adaptadas para o trabalho.

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