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Londrinense
Rua Sergipe
Patrimônio Cultural Londrinense
Organizador
Leandro Henrique Magalhães
Impressão
Gráfica e Editora Midiograf
Tiragem
1000 cópias
ISBN 978-85-61986-29-2
1. Patrimônio Cultural. 2. Memória. 3. Antropologia Urbana
Magalhães, Leandro Henrique.
1ª Edição
Londrina | Agosto 2012
Patrocínio Realização Apoio
Sumário
APRESENTAÇÃO
Rua Sergipe, em Londrina:
Um patrimônio sob múltiplos enfoques 7
IV. Visuais de horizontalidade. Na Rua Sergipe é predominante o baixo gabarito das edificações, indo de 2 a
3 pavimentos. No entanto, podem-se apontar algumas torres nessa linha visual, com os edifícios Tókio, Badan,
Ohara e Marissol que chegam até 16 pavimentos.
É no contexto de meados do Século XX, O termo art déco aparece...apenas em 1966, em uma
mostra retrospectiva, Les Années 25, no Mussée des Arts
período de ebulição das vanguardas históricas, Décoratifs de Paris. Nessa mostra foram relembrados os
das primeiras obras da arquitetura moderna, dos diversos estilos do período entre-guerras, De Stijl, Bauhaus,
Deutsches Werk, entre outros, buscando-se evidenciar
idealismos políticos, dos avanços tecnológicos da os elementos que uniram essas diversas tendências, o
indústria e nos anos entre as duas grandes guerras que acabou por firmar o conceito de Art décoratif, ou
mundiais, que o Art Déco é apresentado como um simplesmente Art Déco. (UNES, 2001, p.27).
estilo moderno de vida urbana.
Assim como o Art Nouveau, que de certa forma Ao se buscar definições para o Art Déco,
antecede o Art Déco, ambos representam uma quebra Conde e Almada (2000), descrevem o estilo em
na hegemonia dos estilos clássicos e históricos do palavras-chave: arte; decorativo; internacional;
ecletismo e se mostram como uma opção alternativa industrial; moderno por estar associado aos
ao academicismo preconizado na época. arranha-céus, automóveis, aviões, cinema, rádio,
música popular, moda; e por fim, um estilo dito
Embora estes estilos estejam longe de cosmopolita. Ainda, os mesmos autores identificam
serem considerados movimentos artísticos pela 4 fases do estilo Art Déco: I) formação e manifestações
ausência de uma doutrina teórica unificadora embrionárias até 1925; II) lançamento ao público,
com manifestos e paradigmas bem definidos, divulgação mundial e expansão entre 1925 e 1930;
como afirmam Conde e Almada (2000), há que se III) consolidação e apogeu entre 1930 e 1940; e IV)
compreendê-los pela importância para a formação ocorrências tardias de 1940 a 1950.
dos preceitos do modernismo, principalmente, por
Para Castelnou (2002) o estilo Art Déco surge
estes serem difundidos e reproduzidos além dos
do conflito entre o pensamento moderno de valores
limites de seus países de origem.
socialistas e os regimes autoritários. Nasce do mesmo
De acordo com Unes (2001) há duas berço que a arquitetura moderna, pois concorda com
datas que tratam do surgimento do Art Déco. a adoção de materiais industrializados e inspiração
Primeiramente, o evento de 1925 em Paris na geometria, porém, discorda da supressão de
(França), intitulado Exposition Internationale des decorativismo e valorização plástica das superfícies.
Arts Décoratifs et Industriels Modernes, como o Tido como um modernismo “adocicado”, o Art Déco
lançamento formal ao público de um conjunto constituiu-se na simplificação e geometrização do
de manifestações artísticas, sem no entanto, ser Modern Style francês, vindo de encontro ao gosto
proposto como uma doutrina teórica. E a segunda burguês, que se contrapunha aos ideais puristas
data, que somente em 1966 adota-se oficialmente da vanguarda moderna. Dentre outras definições e
a denominação Art Déco. argumentações que atestam o Art Déco característico
por sua fugacidade e transitoriedade, Segre (1991)
Jogo de molduras.
Foto: Rei Santos, 2011.
Apliques e adereços geométricos na fachada.
Foto: Rei Santos, 2011.
A Sergipe é uma rua em que se encontra BASTOS, Maria Alice Junqueira; ZEIN, Ruth Verde.
um pouco de tudo da cidade de Londrina. Vai-se Brasil: arquitetura após 1950. São Paulo: Perspectiva,
do “Cadeião”, antiga função prisional localizada 2010. 432 p.
nas imediações onde passava a linha férrea, diga-se CASTELNOU, Antonio. Arquitetura Art Déco em
também o início da Rua Sergipe e depois indo até Londrina. Londrina: A. Castelnou, 2002. 142 p.
o prédio da “chegada”, a quarta Estação Rodoviária,
emblemática obra da arquitetura moderna, de CONDE, Luiz Paulo Fernandez; ALMADA, Mauro.
autoria de Artigas e Cascaldi, hoje Museu de Arte de Panorama do Art Déco na arquitetura e no urbanismo
Londrina. Nesse trecho da área central, o comércio do Rio de Janeiro. In: CZAJKOWSKI, Jorge (org.). Guia
continua soberano, traz uma vocação tradicional da arquitetura Art Déco no Rio de Janeiro. 3.ed.
que se comunica através do fachadismo de filiação Rio de Janeiro: Casa da Palavra: Prefeitura da Cidade
ao estilo Art Déco, ao mesmo tempo em que foram do Rio de Janeiro, 2000. 164 p.
construídos os prédios de influência da arquitetura SEGRE, Roberto. América Latina, fim de milênio:
moderna. Os anos de 1940 a 1960 deviam ser, raízes e perspectivas de sua arquitetura. São Paulo:
provavelmente, lembrados também pelos sons Studio Nobel, 1991. 328 p.
dos canteiros de obras dos novos endereços nesta SUZUKI, J. H. Artigas e Cascaldi: Arquitetura em
localidade. O moderno chegou a Rua Sergipe na Londrina. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. 152 p.
horizontalidade das edificações, pois poucos são os
____________. Idealizações de modernidade:
arranha-céus até o espigão, na Avenida Higienópolis,
arquitetura dos edifícios verticais em Londrina 1949-
somando quatro prédios, estes os mais altos.
1969. Londrina: Kan, 2011. 180 p.
Permanece assim, aquela paisagem de
UNES, Wolney. Identidade art déco de Goiânia. São
outrora que se funde com os tempos atuais, outra
Paulo: Ateliê Editorial; Goiânia: UFG – Universidade
Sergipe revelada recentemente pelas regras da
Federal de Goiás, 2001. 200 p.
“Cidade Limpa” (Lei Municipal nº. 10.966/2010)
e agora sem ser enxergada por entre as placas XAVIER, Alberto (org.). Depoimento de uma
publicitárias. A pavimentação mudou, de terra geração: arquitetura moderna brasileira. 2.ed. São
batida, depois paralelepípedos, chegando ao Paulo: Cosac & Naify, 2003. 408 p.
asfalto, assim como o passeio foi alargado e YAMAKI, Humberto. Iconografia Londrinense.
depois reduzido... Londrina: Edições Humanidades, 2003. 107 p.
Na dinâmica da cidade que continua
crescendo, a Rua Sergipe ainda é cativante e
frequentada por diferentes públicos e motivos
diversos, seja um passeio pelas lojas, ou mesmo uma
caminhada pelo patrimônio histórico londrinense.
Rua Sergipe: Patrimônio Cultural Londrinense 43
Conselho Editorial - Unifil
Falando pelos pesquisadores “[...] este trabalho não tem a pretensão de es-
gotar a compreensão da Sergipe, mas de realizar uma descrição densa da mesma
com o objetivo de suscitar a curiosidade dos que vivenciam a urbe. Se este texto for
compreendido como um convite aos que gostam de flanar pelas cidades e estabele-
cer com elas uma relação amigável, já nos sentimos recompensados.”
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