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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

UNIDADE ABAETÉ
SERVIÇO SOCIAL

LORRANE ALEXANDRINA GONÇALVES PEREIRA

A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO SUAS EM FACE DA PANDEMIA DO


CORONAVÍRUS:
DESAFIOS E POSSIBILIDADE

ABAETÉ - MG
2021
LORRANE ALEXANDRINA GONÇALVES PEREIRA

A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO SUAS EM FACE DA PANDEMIA DO


CORONAVÍRUS:
DESAFIOS E POSSIBILIDADE

Projeto de pesquisa realizado à


disciplina de Orientação em Trabalho de
Conclusão do Curso I, do curso de Serviço
Social da Universidade do Estado de Minas
Gerais - UEMG, Unidade de Abaeté, como
requisito parcial para obtenção de créditos.

Orientador (a): Luciane Aparecida


Pereira

ABAETÉ - MG
2021
SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO.................................................................................................3
2. OBJETIVOS ..........................................................................................................4
2.1 Geral......................................................................................................................4
2.2 Específicos...........................................................................................................4
3. JUSTIFICATIVA......................................................................................................5
4. PROBLEMATIZAÇÃO..............................................................................................7
5. REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................12
6. METODOLOGIA..................................................................................................15
7. CRONOGRAMA..................................................................................................17
REFERÊNCIAS...........................................................................................................18
3

1. APRESENTAÇÃO

O texto apresenta a problemática do Coronavírus, enfatizando as diversas


consequências sociais e econômicas resultantes desta. O momento trouxe à pauta
discussões a respeito do trabalho do assistente social, sua autonomia e atuação
sem a possibilidade de planejamento necessário ao trabalho para superação da
situação de vulnerabilidade social. Essa mudança na atuação social afetou
intensamente o Sistema Único da Assistência Social, voltando a Política de
Assistência Social para uma atuação de atendimentos mais pontuais e imediatos,
remetendo a uma cultura do assistencialismo. Ou seja, demonstra-se que o
momento da pandemia afetou fortemente a rotina dos trabalhadores do SUAS,
gerando incertezas e inseguranças perante a missão de atender os usuários.
Apresenta a adoção de novas formas de atuação, acompanhadas das novas
tecnologias de informação e comunicação que contribuem crescentemente nas
ações de esclarecimento da população e no exercício do teletrabalho, entre outras
atividades. Com essa perspectiva, apresenta características e exigências do
trabalho remoto/teletrabalho e requisições desse que tem chegado aos assistentes
sociais no contexto da pandemia.
Também identifica e analisa as orientações técnicas elaboradas pelo conjunto
CCFESS/CRESS sobre as competências e atribuições dos assistentes sociais em
face da pandemia do COVID-19, mostrando a importância do papel político do
conjunto CCFESS/CRESS que ofereceu respostas à categoria profissional,
propondo direção às ações, fundamentando-as nos princípios éticos da profissão.
4

2. OBJETIVOS

2.1 Geral:

Analisar a prática do (a) assistente social no Sistema Único de Assistência


Social – SUAS, diante da conjuntura da pandemia da COVID-19, a fim de
compreender os desafios e possibilidades enfrentados por esse profissional.

2.2 Específicos:

 Apresentar as competências e atribuições profissionais dos (as) assistentes


sociais na Política de Assistência Social.
 Estudar a prática do (a) assistente social dentro dos equipamentos CRAS e
CREAS no contexto da Pandemia.
 Investigar os múltiplos desafios e as possibilidades encontrados pelos (as)
assistentes sociais para enfrentar a questão social em tempos adversos.
 Compreender as orientações técnicas elaboradas pelo conjunto CFESS-
CRESS para atuação do (a) assistente social em face da Pandemia do
COVID-19.
 Analisar os aspectos éticos no exercício profissional do (a) assistente social
no enfrentamento à pandemia.
5

3. JUSTIFICATIVA

Esse projeto de pesquisa se justifica pela necessidade de analisar a questão


da atuação do assistente social no Sistema Único de Assistência Social – SUAS no
contexto da pandemia, visto que a pandemia acresceu, ao Brasil, novas mazelas e
agravou desigualdades preexistentes, mostrando que a parcela da população mais
afetada são os mais vulneráveis, e com poucos recursos financeiros, ou seja, a
pandemia contribuiu para o aumento da pobreza e da desigualdade social. Nesse
contexto, situa-se um grande desafio para os/as assistentes sociais nesse período,
pois a pandemia possui diversos aspectos sociais.
Segundo IAMAMOTO (1997, p. 14) “Os assistentes sociais trabalham com a
questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas”, ou seja, o
assistente social tem como objeto profissional a questão social e suas múltiplas
expressões. Dessa forma, faz-se necessário analisar os desafios e as possibilidades
que os/as assistentes sociais possuem mediante essa situação de crise humanitária
para intervirem nesta realidade, de acordo com os princípios da profissão, a fim de
contribuir na luta para uma sociedade justa e igualitária. Pois a pandemia imprimiu
na atuação profissional uma tensão desdobrada caracterizada por velhas e novas
demandas resultantes do cenário vivido.
Segundo ANTUNES1 (2020):

A crise econômica e a explosão da pandemia do coronavírus, na inter-


ralação que há entre elas, têm gerado impactos e consequência profundas
para a humanidade que depende de seu trabalho para sobreviver. Além dos
altíssimos índices globais de mortalidade, ampliam-se enormemente o
empobrecimento e a miserabilidade na totalidade da classe trabalhadora.
Em parcelas enormes desse contingente, como nos desempregados e
informais, a situação torna-se verdadeiramente desesperadora, com o Brasil
se destacando como um dos campeões da tragédia (ANTUNES, 2020, p.7).

Contudo cabe verificar o auxílio no acolhimento; prestação de informações


quando solicitada sobre a profissão; além de se informar sobre o mapeamento dos
serviços no CRAS E CREAS para oferecer informações e atendimento qualificado,
como orientações sobre os benefícios eventuais para o enfrentamento da

1
Doutor em Sociologia pela USP. Professor Titular de Sociologia no Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas da UNICAMP. Pesquisador do CNPq. Coordena as Coleções Mundo do Trabalho
(Boitempo Editorial) e Trabalho e Emancipação, pela Editora Expressão Popular.
6

precarização da desigualdade. Por fim, diante a tensão do cenário atual, o trabalho


profissional segue conforme o fluxo de demanda e as orientações protocolares?
É a partir dessas características que o Serviço Social pretende analisar essa
problemática, objetivando desvendar os aspectos sociais que nela estão inseridos.
7

4. PROBLEMATIZAÇÃO

Tratar a questão da prática do (a) assistente social no Sistema Único de


Assistência Social (SUAS), perpassa fundamentalmente por compreender o Serviço
Social na contemporaneidade no âmbito da pandemia. Para compreender a
implantação do SUAS é necessário compreender a instituição da Política Nacional
de Assistência Social (PNAS) aprovada em 2004 (COUTO, RACHELIS e YAZBEK,
2010).
Com a aprovação da nova Política Nacional de Assistência Social (PNAS), foi
instituído o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), sistema não contributivo,
descentralizado e participativo que regula e organiza os fundamentos da PNAS
(RAICHELIS, 2010).
Conforme COUTO (2009):

O Suas está voltado á articulação em todo o território nacional, das


responsabilidades, dos vínculos e da hierarquia do sistema de serviços,
benefícios e ações de assistência social, de caráter permanente ou
eventual, executados e providos por pessoas jurídicas de direito público,
sob o critério da universalidade e da ação em rede hierarquizada e em
articulação com iniciativas da sociedade civil (COUTO, 2009, p.209)

A instituição do SUAS e sua rápida expansão por todo o território nacional,


vem ampliando o mercado de trabalho para os assistentes sociais e os demais
profissionais que atuam nessa área. Percebe-se também que ampliou as
possibilidades de trabalho profissional nos novos espaços ocupacionais, como os
Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) 2, e os Centros de Referência
Especializados de Assistência Social (CREAS) 3. Além de exigir novas habilidades e
competências (RAICHELIS, 2010).
Os profissionais atuantes no Centro de Referência da Assistência Social
(CRAS), e no Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS)
trabalham diretamente com as políticas de Assistência Social e possuem a
necessidade de afastar das abordagens tradicionais funcionalistas e pragmáticas,
que reforçam as práticas conservadoras que tratam as situações sociais como

2
É uma unidade pública e estatal, que realiza atendimento de até 1.000 famílias/ano, estão
localizados em área de maior vulnerabilidade social (PNAS, 2004).
3
Destinados a pessoas com vínculos familiares rompidos, em decorrência de abandono
familiar, violência, abuso sexual, além de maus tratos que podem ser físicos, ou mesmo psicológico
(PNAS, 2004).
8

problemas pessoais que devem ser resolvidos individualmente, a partir da


“correlação” do indivíduo e do ambiente onde ele está inserido (PNAS,2004).
MOREIRA4 (2020, p. 53) afirma que diversas refrações da questão social têm
perpetuado no presente das discussões sobre o futuro das relações humanas.
Desse modo, temos a concepção difundida por CARVALHO e IAMAMOTO (1983):
A questão social não é senão as expressões do processo de
formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no
cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe
por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da
vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa
a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão
(CARVALHO, Raul; IAMAMOTO, Marilda Vilela, 1983, p.77 ).

Diante da pandemia desencadeada pela COVID-19, tem-se,portanto um


aumento de inúmeras refrações da questão social. Assim, o termo “pandemia” se
refere à dimensão geográfica de uma doença e não à sua gravidade, apontando no
momento, surtos de COVID-19 em vários países e regiões do mundo (OPAS
BRASIL, 2020)5.
O vírus expressa a articulação entre a reestruturação produtiva e as políticas
neoliberais que fragilizam o trabalho e derrotaram os direitos sociais pelo mundo,
como sinaliza PEREIRA6 (2020, p. 46).
Para SILVA7 (2020, p. 66), a Política de Assistência Social será necessária
durante a Pandemia, porém necessita ser fortalecida agora e depois, através de
investimentos públicos, com a valorização dos trabalhadores e com respeito às
instâncias de controle social. SILVA (2020) afirma:
A política de assistência social que vem, no Brasil, assumindo
funcionalidade nos últimos anos para da conta de demandas da reprodução
da classe trabalhadora, sobretudo sua fração mais empobrecida ou, para
usar os termos de Marxs, aquele contingente que compõe a superpopulação
relativa estagnada (MARXS, 2013) é requisitada a intensificar suas ações.
(SILVA, 2020, p 64, apud MARXS, K. 2013)

Em relação às atribuições e competências profissionais, reconhece que os


assistentes sociais possuem a capacidade de elaborar projetos, avaliar políticas
públicas, ou seja, mediar diante a dinâmica das relações sociais. Pois é um
profissional crítico e competente, ao atuar em equipes interdisciplinares, de modo
4
Ana Izabel Moura de Carvalho Moreira. Professora da Escola de Serviço Social da UFRJ.
5
Disponível: https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19.
6
Gênesis de Oliveira Pereira. Doutor em Serviço Social pela UERJ. Professor Adjunto
na Escola de Serviço Social da UFRJ.
7
Mossicleia Mendes da Silva. Assistente Social. Mestrado e Doutorado pelo Programa de
Pós-graduação em Serviço Social da UERJ. Professora Adjunta na Escola de Serviço Social da
UFRJ. Pesquisadora no grupo de Estudos e Pesquisas Marxistas em Política Social (GEMPS).
9

que pode induzir um sentido novo na história, ao se posicionar de acordo com o


código de ética e as diretrizes do Serviço Social, como a coloca KONDER (2009).
Vale ressaltar que para a realização dessas competências e atribuições, os
profissionais precisam utilizar os instrumentos adequados a cada situação social a
ser enfrentada profissionalmente (CFESS, 2009).
Como afirma FÁVERO (2020), os assistentes sociais contêm um conjunto de
diretrizes éticas e técnicas definidas pelo conjunto CFESS/CRESS (Conselho
Federal de Serviço Social/Conselho Regional de Serviço Social), manifestadas no
Código de Ética Profissional, na Lei 8662, aprovada em 7 de junho de 1993, que
regulamenta a profissão, em uma série de resoluções.
O boletim CFESS Manifesta8 “Os impactos da pandemia do Coronavírus”,
mostra que os assistentes sociais atendem em uma diversidade de espaços sócio-
ocupacionais. Por isso, nesse momento de pandemia, diversos/as profissionais não
tiveram autorização para se afastarem do trabalho. Diante dessa situação, o CFESS
orienta aos profissionais que negociem com as chefias o revezamento das escalas
de trabalho, proporcionando a redução de presença física nos serviços sem o
comprometimento do atendimento à população. “Essa é uma orientação das
Comissões de Orientação e Fiscalização (Cofi) dos Cress e CFESS para promover a
proteção dos/as profissionais nesse momento”. Também ressalta o posicionamento
do CFESS, onde se mostra desfavorável à realização de perícia social por meio
eletrônico, conforme a nota da Comissão de Orientação e Fiscalização (2020), que
afirma a necessidade de garantia da qualidade ética e técnica, bem como do sigilo
profissional (CFESS, 2020).
Contudo o Conjunto CFESS-CRESS:

Não poderá determinar quais são os serviços essenciais ou as


ações que deverão ser desenvolvidas pelos/as profissionais, mas pode
exercer o papel de orientação e fiscalização. Contudo, também é nosso
direito, enquanto trabalhadores/as, ter condições dignas para nosso
exercício profissional.(Ver Seção Especial COVID-19 (coronavírus).
Disponível em: <http://www.cfess.org.br/visualizar/menu/local/covid-19-
coronavírus>. Acesso em:15 junho 2021).

ANTUNES (2020) afirma que diante o cenário atual, as formas de trabalho


têm se intensificado através de aplicativos, o que caracteriza, portanto, o trabalho
remoto que tende a ser mantido após a pandemia, pois se mostra vantajoso para as

8
CFESS Manifesta.Disponível
em:http://www.cfess.org.br/arquivos/2020CfessManifestaEdEspecialCoronavirus.pdf.
10

instituições empregadoras. No que diz respeito ao atendimento por


videoconferência/remoto/online, o (CFESS, 2020) não regulamentou essa
modalidade de atendimento, pois a profissão possui cautela acerca da qualidade do
serviço prestado dessa forma. Ou seja, ao decidir utilizar este tipo de atendimento, o
assistente social deve considerar a quantidade dos serviços prestados e a garantia
dos padrões éticos e profissionais, principalmente no que se refere ao sigilo
profissional.
No que se refere a essas novas formas de atendimento, de modo a
questionar se o trabalho remoto é realmente eficaz na política de assistência social,
FÁVERO (2020, p. 10), afirma que as tecnologias auxiliam o profissional em ações,
atividades, e em diversas situações seu uso é necessário e indispensável. Porém,
existem algumas particularidades das situações vividas pelos sujeitos, que solicita o
trabalho de assistente social, no qual existe a necessidade de ser conhecidas,
analisadas, sendo objeto de algum tipo de prosseguimento e/ou encaminhamento,
e/ou a emissão técnica a ser registrada em um relatório ou laudo.
Conforme diz FÁVERO (2020):
[...] se o estudo social implica em [sic] conhecer e analisar a
realidade socioeconômica, de trabalho, habitacional/territorial, cultural,
familiar, dos sujeitos, de maneira aprofundada, para assegurar o
oferecimento de subsídios qualificados à decisão judicial e/ou à defesa,
registrados em algum tipo de documento, não é possível fazê-lo por meio
remoto.(FÁVERO, 2020, p. 10-11).

O artigo 3° do Código de Ética Profissional 9, afirma que é dever do/a


assistente social, na relação com a população usuária, “participar de programas de
socorro à população em situação de calamidade pública, no atendimento e defesa
de seus interesses e necessidade”. Então é preciso garantir a autonomia profissional
para distinguir o que são urgência e emergências nesse contexto de pandemia, e o
que os profissionais podem fazer através do meio remoto e o que exigiria o trabalho
presencial, o que depende também das condições de trabalho e da disponibilidade e
do compromisso ético da/o assistente social. (FÁVERO, 2020, p.11)
O trabalho remoto, seja em teletrabalho ou home office, tem fortes
rebatimentos para a classe trabalhadora, gerando individualização do trabalho,
aumentando o distanciamento social e diminuindo as relações coletivas e solidárias,

9
Lei n. 8662/93 – que regulamenta a profissão de Serviço Social. Disponível em:
http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf
11

assim como promove o “fim da separação entre tempo de trabalho e tempo de vida”
(ANTUNES, 2020, p.19-20).
Destarte, compreende-se que independentemente da situação atual, devem
ser garantidas as condições técnicas e éticas do exercício conforme preconiza a
Resolução Cfess 493/200610. Assim o (CFESS, 2020) está zeloso aos
desdobramentos diários causados pelo coronavírus, podendo atualizar as
informações sobre a prática profissional à medida do necessário. Além disso,
recomenda que a categoria siga os protocolos estabelecidos pelas autoridades
sanitárias locais e nacionais.

10
Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/Resolucao_493-06.pdf
12

5. REFERENCIAL TEÓRICO

Será apresentado a exposição dos efeitos da pandemia do COVID-19 no


sistema de proteção social brasileiro, considerando a estrutura existente no Brasil,
no que se refere à assistência social. Nesse contexto de crise é necessário repensar
as estruturas de proteção social da sociedade capitalista, pois a pandemia tornou
mais nítido que à fragilidade do sistema de proteção social no Brasil é algo evidente.
(LOPES11,Márcia; RIZZOTI12, Maria; 2020).
O estado mínimo, uma das premissas do modelo liberal, no Brasil ganha outra
direção - mínimo para o social (NETTO, 1993, p.94). Em tempos de pandemia, volta
à tona as mazelas desse modelo econômico obrigando os Estados a implantarem
medidas protetivas com forte conceito de dividir o cargo entre os trabalhadores.
IAMAMOTO (2007, p. 22) afirma que “[...] o Serviço Social é uma
especialização do trabalho, uma profissão particular inscrita na divisão social e
técnica do trabalho coletivo da sociedade”. Ao associar que os Assistentes Sociais
atuam em diferentes áreas, a autora assegura que:
Nesses espaços ocupacionais esses profissionais realizam
assessorias, consultorias e supervisão técnica; contribuem na formulação,
gestão e avaliação de políticas, programas e projetos sociais; atuam na
instrução de processos sociais, sentenças e decisões, especialmente no
campo sociojurídico; realizam estudos socioeconômicos e orientação social a
indivíduos, grupos e famílias, predominantemente das classes subalternas;
impulsionam a mobilização social desses segmentos e realizam práticas
educativas; formulam e desenvolvem projetos de pesquisa e de atuação
técnica, além de exercerem funções de magistério, direção e supervisão
acadêmica (IAMAMOTO, 2009, p.6)

A autora RAICHELIS (2020) aborda a intervenção profissional do assistente


social e as condições de trabalho no Suas. Ou seja, analisa os espaços sócio-
ocupacionais do assistente social, diretamente no âmbito do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS), enfatizando os desafios da profissão. Dessa forma a
autora afirma:

11
Márcia Helena Carvalho Lopes. Assistente Social. Mestre em Serviço Social pela PUC/SP.
Professora aposentada pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra do Ministério de
Desenvolvimento Social e Controle á Fome (2010). Consultora nacional e internacional e internacional
em Políticas Sociais. Coordenação da Frente Nacional do SUAS.

12
Maria Luiza Amaral Rizzotti. Doutora em Serviço Social pela PUC/SP. Professora
aposentada do Programa de Pós Graduação em Serviço Social e Política Social da Universidade
Estadual de Londrina. Pesquisadora Visitante na UDPB, com concentração de pesquisa na área de
Gestão de Política Social.
13

A questão do trabalho e dos trabalhadores no Suas é um dos grandes


desafios a ser enfrentado, se o objetivo for a implementação da política de
assistência social voltada para o atendimento de necessidades sociais e
comprometida com a ampliação e a consolidação de direitos das classes
subalternas (RAICHELIS, 2010, p. 760).

A pandemia também impactou os trabalhadores, levando as condições da


chamada uberização do trabalho. Em relação ao modo de trabalho, Antunes (2020),
aborda o mundo do trabalho digital, com suas “novas modalidades” de trabalho on-
line. ANTUNES (2020) ainda relata:
Uberização do trabalho, distintos modos de ser da informalidade,
precarização ilimitado, desemprego estrutural exacerbado, trabalhos
intermitente em proliferação, acidentes, assédios, mortes e suicídios: eis o
mundo Do trabalho que se expande e se desenvolve na era informacional,
das plataformas digitais e dos aplicativos (ANTUNES, 2020, p.14).

Neste prisma de pandemia, o conjunto CFESS/CRESS (2020) reafirma a


função social da profissão, e ressalta notas inicialmente publicadas, que nesse
contexto de crise, está expressa a necessidade da atuação profissional. Sendo
essas notas caracterizadas por respostas e direções da atuação profissional frente à
pandemia, junto aos princípios dos projetos profissionais, mostrando a importância
do papel técnico e burocrático. Ao acompanhar os usuários, reforça “[...] É nosso
dever ético continuar prestando auxilio à população brasileira” (CFESS,2020. p.02).
Durante a pandemia a assistência social e os serviços sociais tiveram
continuidade mantendo as unidades e trabalhadores atuando. MOTA (196) reforça
que:
[..]em tempos de crise, a Assis tência social incide tanto junto aos
pobres e meseráveis, como aos desempregados, os desqualificados para o
mercado de trabalho, além dos tradicionalmente considerados inaptos para
produzir. Em conseqüência, limita o acesso, impondo critérios a exemplo de
renda [...]. nesta linha, poder-se-ia argumentar que a assistência estaria
assumindo a condição de política estruturadora das demais políticas sociais,
como a ocupação e renda, qualificação profissional, desemprego, entre
outras. (MOTA,1996, p.170)

Por se tratar de uma política pública, a assistência social utiliza instrumentais


para garantir seus objetos como ressalta Guerra (2007, p.02), “a instrumentalidade é
uma propriedade e/ou capacidade que a profissão vai adquirindo na medida em que
se concretiza seus objetivos”. O momento da pandemia, com atendimentos pontuais,
rompeu com a lógica de construção da instrumentalidade e retrocede em direção
aos atendimentos pontuais. Sem condições de planejamento em meio a pandemia a
autora reafirma que a “ausência ou insuficiência da tematização desta dimensão da
14

profissão produz, por um lado, o discurso que nega; por outro, intervenções que se
reproduzem a ações finalísticas, repetitivas, modelares”. (GUERRA, 2007, p.38)
Portanto, a proposta de estudo será analisar a prática do assistente social,
diante os princípios que fundamentam a atuação profissional no SUAS, no contexto
da pandemia.
15

6. METODOLOGIA

Compreender a atuação profissional do assistente social no âmbito da


pandemia não será tarefa fácil, assim percebe-se a importância deste estudo, visto
que se trata de um assunto do presente, no qual ainda é pouco abordado, e
consequentemente desconhecido por muitos.
Surge do desejo de aprender mais sobre o trabalho dos profissionais do
Serviço Social, a fim de compreender como os profissionais realizam o trabalho no
seu dia a dia.
A princípio, seria realizado uma pesquisa de estudo de caso para investigar
os múltiplos desafios e as possibilidades encontradas pelos assistentes sociais para
enfrentar a questão social frente à pandemia do COVID-19. No entanto, nos
deparamos com a dificuldade de abordar e desenvolver a pesquisa diante as
barreiras resultantes do cenário vivido.

Propõe-se realizar uma pesquisa documental, sobretudo uma pesquisa


bibliográfica realizada através de material já elaborado, caracterizada principalmente
por artigos científicos e livros. Nessa perspectiva, a coleta de dados bibliográficos e
documentais tem o objetivo de aprofundar o conhecimento acerca do tema que
engloba a atuação profissional do assistente social no Sistema Único de Assistência
Social – SUAS, diante do cenário da pandemia da COVID-19.
Dessa forma, pretende ser elaborado três capítulos teóricos na monografia,
onde o primeiro propõe abordar a trajetória para implementação do SUAS. No
segundo capítulo pretende-se analisar a prática do assistente social no SUAS, já
enfatizando a conjuntura da Pandemia da COVID-19, expondo os desafios e
possibilidades enfrentados pelos assistentes sociais. E o último capítulo cogita
abordar os aspectos éticos no exercício profissional do assistente social no
enfrentamento à pandemia e as normativas elaboradas pelo conjunto CFESS-
CRESS para atuação do assistente social em face da pandemia do COVID-19.
Após a revisão do orientador, o projeto deverá ser apresentado de
forma sucinta á uma banca avaliadora composta por professores do curso, a fim de
cumprir as exigências da ABESPSS e do MEC, conforme as condicionalidades para
cumprir o curso de bacharel em Serviço Social pala Universidade de Minas Gerais -
16

Unidade Abaeté, para sua aprovação que possibilitará dar início á elaboração da
monografia.
No processo de construção da monografia, novos materiais podem ser
utilizados para auxiliar confirmações de informações obtidas anteriormente, sendo
possível até a descoberta e utilização de autores com opiniões contrárias e/ou
complementares, aos que já foram utilizadas até o momento, a fim de promover o
debate de idéias e uma possível reflexão sobre o tema.
17

7. CRONOGRAMA
Mês Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar
Escolha do Tema X

Levantamento Bibliográfico X X X X X X X X X

Elaboração do Projeto de Pesquisa X X X

Apresentação do Projeto de Pesquisa X X

Elaboração do primeiro e segundo X X X


capítulo da Monografia
Elaboração do terceiro capítulo da X X
Monografia
Revisão da Monografia X

Apresentação da Monografia X
18

REFERÊNCIAS

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Paulo: Boitempo, 2020.

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Cortez, 1983.

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de março de 1993. Resolução nº 273/1993.

CFESS. Lei n. 8662. Lei de regulamentação da profissão de Assistente Social.


Brasília, 1993.

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do/a Assistente Social. Brasília, 23 de março de 2020b. disponível
http://www.cfess.org.br/arquivos/2020CfessManifestaEdEspecialCoronavirus.pdf.
Acesso em: 15/06/21.

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http://www.cfess.org.br/arquivos/Nota-teletrabalho-telepericiacfess.pdf

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