Durante a década de 60 o engenheiro Shigeo Shingo desenvolveu um
sistema para reduzir a quantidade de erros humanos que ocorriam diariamente na produção da montadora Toyota, este sistema recebeu o nome de Poka- Yoke (aprova de erros). Estes erros faziam com que uma quantidade maior de materiais fossem desperdiçados ou ainda produtos fossem fabricados apresentando falhas o que consequentemente poderia trazer uma reputação negativa e impactos o setor financeiro da empresa; estes erros poderiam surgir por variados motivos como a falta de atenção de um operador na execução de uma tarefa, peças muito semelhantes que poderiam ser confundidas em uma linha de produção, entre outros tantas falhas que o fator humano poderia originar, deste modo, o sistema Poka-Yoke surgiu para tornar a produção mais enxuta e padronizada.
A literatura apresenta uma multiplicidade de definições do Poka-Yoke,
alguns autores apresentam-no como um dispositivo de impacto limitado a estabilidade da operação em que está implantado ou também como um sistema de garantia de qualidade e redução das variáveis na produção, entre outros. O autor do estudo de caso salienta a pouca disponibilidade de estudos de caso que descrevam a real extensão do uso deste sistema por quatro motivos: 1 A falta de padronização do conceito de Poka-Yoke. 2 A ausência de métodos de avaliação da eficiência e eficácia do uso de Paka- Yoke. 3 A carência de métodos para controlar o retorno financeiro do sistema. 4 A ausência de estudos que podem ser testados e validados com método científico.
O sistema Poka-Yoke se caracteriza por apresentar soluções
relativamente simples para problemas que poderiam acarretar efeitos danosos para a empresa, funcionários e também clientes; essas soluções podem ser dispositivos que emitam sinais sonoros, sistema de luzes de alerta, peças que não aceitam serem encaixadas em ordem diferente, sensores de presença, entre outros; sua aplicação não se limita a indústria, esses sistemas também são utilizados com o cliente final, um exemplo muito simples de poka-Yoke é utilizado por agências bancárias, quando se faz o uso de um caixa eletrônico o equipamento só permite finalizar a operação quando o cliente remove o seu cartão emitindo um sinal de alerta para evitar que o cliente esqueça seu cartão. Conceitos de Poka-Yoke ao longo dos anos: Ainda segundo o autor os Poka-Yokes são classificados por 63% dos estudos como dispositivos, 21% como procedimentos, métodos e técnicas, e 16% como sistemas.
Para se implantar um sistema Poka-Yoke deve-se primeiro se identificar
os problemas que precisam ser resolvidos, depois uma equipe designada desenvolve um projeto de um Poka-Yoke que venha minimizar ou mesmo zerar a ocorrência desses erros; após implantados deve-se criar pontos de inspeção para se verificar a eficácia do sistema, gradualmente estes pontos podem ser removidos na medida que os erros forem solucionados e se chegar a estabilidade do processo, posteriormente os Poka-Yokes devem receber manutenção preventiva para sua plena funcionalidade. O estudo de caso foi montado com as diretrizes de avaliação do método poka yoke aplicados na planta de uma multinacional de grande porte, a qual trabalha com uma variada gama de produtos destinados a reposição em automóveis e outras áreas em menor escala. A empresa usa sistemas de gestão de qualidade e ambiental, certificado com base nas normas ISO e um sistema PE inspirado no modelo utilizado pela Toyota. A empresa em questão utiliza um sistema de gestão de poka-yokes chamado PRESET no qual um setor responsável dentro d empresa faz a verificação dos resultados antes e depois de sua utilização. Conceitualmente a empresa considera sistema Poka- Yoke como todos os dispositivos capazes de realizar a inspeção 100% automática e que detectam a ocorrência de erros.
Segundo o autor, pelo fato da empresa apresentar esse envolvimento
com a qualidade dos seus produtos, tornou o estudo de caso possível e adequado para o método de avaliação dos poka yokes propostos. O conceito da empresa para com os sistemas é que sejam quaisquer dispositivos capazes de detectar completamente e de forma automática a ocorrência de erros e falhas, sendo elas humanas ou técnicas.
O estudo de caso iniciou-se com um treinamento dos envolvidos na
avaliação e para esclarecer o objetivo, importância e funcionamento da ferramenta e verificar possíveis requisitos a serem avaliados ao método. Dando continuidade, foi escolhida por representantes da empresa qual seria o setor que seria avaliado no estudo de acordo com a necessidade e prioridade de avaliação do SGPK (Sistema Global de Preferências Comerciais) nesta unidade. Foi escolhido a unidade que tratava do fornecimento para clientes de alto valor agregado, foi feito um encontro entre os encarregados do setor, um analista treinado foi selecionado para o estudo e a equipe envolvida no estudo.
“O encontro tinha por objetivo mostrar a sistemática do trabalho,
esclarecer dúvidas e obter informações iniciais com relação aos sistemas poka yokes.”
Na terceira etapa do estudo foi feita a avaliação dos sistemas utilizando
o método definido em uma das etapas da pesquisa, a qual utilizou de um processo de criação que partiu da revisão bibliográfica sobre o assunto, definição de critérios e coleta de informações, passando pela criação do método e assim a revisão, ajuste e validação do próprio. A sistemática desenvolvida apresentou uma planilha contendo de forma organizada cada característica de SGPK, divididas em questão de funcionalidade e política da empresa. Segundo o autor o método criado possibilita uma avaliação dos sistemas de forma que cada organização realize melhorias focadas naqueles que apresentam deficiências. As informações obtidas permitiram que fossem definidas ações de melhoria nos sistemas poka yokes da empresa.
A unidade utilizava de um total de 43 poka yokes disponíveis que, depois de
feita a analise e selecionados de acordo com os pontos críticos definidos, foram definidas sete avaliações necessárias destes.
Os resultados obtidos através da avaliação dos sistemas investigados se
subdividiu em características tratadas como atributos, dessa forma na análise dos dados é feita uma totalização das categorias pelo numero de características distribuídas em cada uma que é multiplicado pelo peso de importância de tal categoria. De acordo com o autor o sistema se mostrou bem estruturado e funcional em relação a avaliação, levando em conta que a utilização das categorias de avaliação subdivididas em características, faz com que diferentes situações possam ser tratadas pelo sistema de avaliação.
“Por exemplo, quando é avaliada a característica em relação a garantia de
segurança do operador em relação ao processo. Nessa característica é verificado que o sistema poka-yoke transite por áreas de projeto e engenharia de segurança, o que caracteriza a abrangência ressaltada.” Pag 80
Nas conclusões finais do autor ele ressalta a importância de manter o sistema
poka-yoke ativo de maneira correta fazendo o acompanhamento e manutenção do mesmo. Ele fala também mais especificamente sobre seu método no qual utilizava de caraterísticas binárias para concluir o comportamento dos sistemas em relação as existências de determinada caraterística, e salienta a limitação do mesmo por conta de verificar a necessidade de utilizar escalas para mensurar a proporção de impacto das características sobre os sistemas, e também em relação a perecividade do método, em relação ao surgimento de novas caraterísticas sendo necessário uma revisão para reconstruí-lo. Entretanto o método é julgado como eficiente para avaliar a dimensão dos poka-yokes sobre o sistema de manufatura dependendo do foco analisado.