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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DA BAHIA
BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

BRUNO RICHARD
ELOYSA VENDRAMINI MELLO
VINICIUS SANTOS AMORIM PORTUGAL

DIMENSIONAMENTO DE TUBULAÇÃO E SELEÇÃO DE BOMBA


PARA ABASTECIMENTO DE CANAL DE IRRIGAÇÃO

EUNÁPOLIS – BAHIA
2021
BRUNO RICHARD
ELOYSA VENDRAMINI MELLO
VINICIUS SANTOS AMORIM PORTUGAL

Memorial descritivo para o dimensionamento de


uma instalação de recalque de água, destinada a
abastecer um canal de irrigação, referente à
disciplina Hidráulica, com o docente Davi Santiago
Aquino.

EUNÁPOLIS – BAHIA
2021
1. INTRODUÇÃO

O sistema de irrigação é de extrema importância para a área agrícola. Com o auxílio


desse recurso é possível fornecer a quantidade de água necessária à plantação, sem depender
exclusivamente do abastecimento pluvial, o que aumenta a produtividade e reduz a chance de
prejuízos. Diante disso, torna-se fundamental selecionar os componentes hidráulicos adequados
para cada situação; tais que, serão destacados nesse trabalho os sistemas de bombeamento e
elevação de água, bem como, os sistemas de transporte de água.
Os sistemas de recalque têm como função transportar uma quantidade de líquido em um
determinado períodos de tempo de um reservatório inferior a um reservatório superior. A fim
de dimensionar uma instalação, torna-se essencial obter algumas informações acerca das
características da tubulação, como: alturas geométricas (sucção e recalque); diâmetros e
comprimento da tubulação; perda de carga; viscosidade e velocidade do líquido; estudos de
cavitação; altura manométrica, entre outros. Sendo que, a partir disso, será possível selecionar
a bomba ideal que se adequará aos requisitos e necessidades dessa tubulação.
Para a seleção da bomba, utilizou-se o catálogo de bombas do fabricante KSB da Série
HPK-L, adotou-se a rotação de 3500 rpm e a família 40-250 por se adequarem ao projeto.
Por fim, elucida-se que esse projeto será composto pelo memorial descritivo, com
detalhamento de cálculos, relatórios e tabelas; bem como, terá como complemento, o perfil
altimétrico e a tubulação em um arquivo DWG.
1. MEMORIAL DE CÁLCULO

1.1.VAZÃO DEMANDADA

A vazão demandada é estabelecida diante do consumo de água em volume por tempo.


Nesse projeto, foi determinado que o período de atividade da bomba será de 12 horas por
dia, e, durante esse tempo, a vazão definida deve suprir a necessidade diária de consumo de
água. Para isso, utiliza-se a seguinte equação:

𝑄 = 10 × 𝐿𝐵𝐼 × 𝐴𝑖

Em que:

𝑄 → Vazão de demanda;

𝐿𝐵𝐼 → Lâmina bruta de irrigação;

𝐴𝑖 → Área irrigada (hectare).

A partir dos dados fornecidos pelo Perfil 6, é possível calcular a vazão demandada pelo sistema:

𝐿𝐵𝐼 = 6 𝑚𝑚/𝑑𝑖𝑎

𝐴𝑖 = 6,50 ℎ𝑎

𝑄 = 10 × 6 × 6,50 = 390 𝑚3 /𝑑𝑖𝑎

Ao distribuir a vazão requerida pelo tempo de funcionamento da bomba, pode-se obter a vazão
de projeto:

390
𝑄= = 32,5𝑚3 /ℎ = 0,00903 𝑚3 /𝑠
12

1.2. DIÂMETRO DA TUBULAÇÃO

Dispondo-se da fórmula de Bresse, torna-se possível determinar o diâmetro da tubulação.

D = K√Q
Em que:

𝐷 → Diâmetro (m);

𝐾 → Coeficiente variável;

𝑄 → Vazão (m3/s).

Apesar do valor de K depender de diversas variáveis, no Brasil, é possível utilizar K=1,2;


logo, pode-se calcular o diâmetro da tubulação:

𝐷 = 1,2√0,00903 = 0,114𝑚

Sendo assim, afirma-se que os diâmetros nominais (DN) de sucção e recalque são:

𝐷𝑠 = 150𝑚𝑚

𝐷𝑟 = 100𝑚𝑚

O diâmetro de sucção, será o diâmetro comercial imediatamente superior ao diâmetro


calculado, e o diâmetro de recalque será o diâmetro comercial imediatamente inferior.

1.3. VELOCIDADES ECONÔMICAS

A velocidade recomendável para sucção deve ser menor que 2,0 m/s e para recalque 2,5
m/s. Sendo assim, determina-se as velocidades a partir da vazão e dos diâmetros calculados
anteriormente.
Diante de uma representação modificada da equação da continuidade:
4×𝑄
𝑣=
𝜋 × 𝐷2
Em que:

𝑉 → Velocidade;

𝑄 → Vazão de projeto;

𝐷 → Diâmetro da tubulação.

Pôde-se obter:
4 × 9,03 × 10−3
𝑉𝑠 = = 0,511𝑚/𝑠
𝜋 × 0,152

4 × 9,03 × 10−3
𝑉𝑟 = = 1,149𝑚/𝑠
𝜋 × 0,102

2. ALTURA MANOMÉTRICA E PERDA DE CARGA

2.1. PERDA DE CARGA DA TUBULAÇÃO


2.1.1. PERDAS DE CARGA ACIDENTAIS

A partir do Perfil fornecido no software AutoCAD, foi determinada a tubulação,


considerando os devidos níveis do terreno e a adaptação da tubulação com cerca de 3 metros de
limite para apoio ou escavação a partir da superfície. Sendo assim, pode-se definir o
comprimento das tubulações de recalque e sucção.

Comprimento da Tubulação de Recalque 523,673m


Comprimento da Tubulação de Sucção 7,367m

A fim de determinar as perdas de carga acidentais, utiliza-se a Equação:


𝐾𝑣 2
ℎ𝑓𝑎 =
2𝑔
ℎ𝑓𝑎 → Perda de carga acidental;
𝐾 → Coeficiente variável;
𝑣 → Velocidade econômica;
𝑔 → Aceleração da gravidade.

Seguidamente, estipula-se as peças especiais e os valores de K referentes:


Tubulação de Sucção (150mm)
Peças especiais Quantidade Valor de K Valor Total
Válvula de Pé com Crivo 1 1,75 1,75
Redução Excêntrica 1 0,15 0,15
Curva de 90º 1 0,4 0,4
Σ (𝐾𝑠𝑢𝑐çã𝑜 ) 2,3

Tubulação de Recalque (100mm)


Peças especiais Quantidade Valor de K Valor Total
Válvula de Retenção 1 2,5 2,5
Válvula de Gaveta 1 0,2 0,2
Ampliação Concêntrica 1 0,3 0,3
Curva de 90º 1 0,4 0,4
Curva de 45º 1 0,2 0,2
Curva de 22,5º 13 0,1 1,3
Saída da Tubulação 1 1,0 1,0

Σ (𝐾𝑟𝑒𝑐𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒 ) 5,9

Logo, pode-se obter as seguintes perdas de carga acidentais:

2,3 ×0,511
ℎ𝑓𝑆𝑎 = = 0,03𝑚𝑐𝑎
2×9,80

5,9×1,149
ℎ𝑓𝑅𝑎 = = 0,346𝑚𝑐𝑎
2×9,80

2.1.2. PERDAS DE CARGA CONTÍNUAS

Após determinar as perdas de carga acidentais, é possível calcular as perdas de carga


contínuas a partir da Equação de Hazen-Williams. Para isso, é necessário determinar o material
a ser utilizado a fim de encontrar o coeficiente C; nesse projeto, o PVC usado ± 10 anos foi
selecionado (C=135).

Lt Q 1,85
hf = 10,643 × 4,87 × )
( (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 5)
D C
Em que:

ℎ𝑓 → Perda de carga da tubulação (m.c.a);

𝐿𝑡 → Comprimento total da tubulação (m);


𝑄 → Vazão de projeto (m³/s);

𝐷 → Diâmetro da tubulação (m);

𝐶 → Coeficiente de Hazen-Williams.

Dispondo-se dos comprimentos das tubulações e da vazão calculada:

7,367 0,00903 1,85


hfSc = 10,643 × × ( ) = 0,015𝑚𝑐𝑎
0,154,87 135

523,67 0,00903 1,85


hfRc = 10,643 × ×( ) = 7.816𝑚𝑐𝑎
0,104,87 135

2.2. ALTURA MANOMÉTRICA

Para determinar a altura manométrica, utiliza-se a soma da altura geométrica com a perda
de carga total do sistema. A altura geométrica é a soma das alturas de recalque e sucção:

Altura geométrica de sucção 1,89m


Altura geométrica de recalque 77,49m
Valor Total 79,68m

Como perda de carga total do sistema, tem-se:

Perda de carga da Tubulação de sucção 0,045mca


Perda de carga da Tubulação de recalque 8,162mca
Valor Total 8,207mca

Logo, a Altura Manométrica:

𝐻𝑀 = 𝐻𝐺 + ℎ𝑓 = 79,68 + 8,207 = 87,887𝑚𝑐𝑎


3. SELEÇÃO DA BOMBA

3.1 PRÉ SELEÇÃO DA BOMBA


Para a determinação da bomba, utilizou-se o catálogo de bombas do fabricante KSB da
Série HPK-L, com isso, adotou-se a rotação de 3500 rpm e a família 40-250 por se adequarem
ao projeto.
A partir das curvas características da família 40-250 da bomba, pôde-se selecionar o rotor da bomba
com 227 mm de diâmetro, sendo a curva superior ao ponto.

3.2 MÉTODOS DE SELEÇÃO


3.2.1 MUDANÇA DO PONTO DE OPERAÇÃO INICIAL
Para a execução desse método, traçou-se a curva característica do sistema e a curva
característica da bomba no software Excel, a fim de determinar o ponto de encontro entre elas.
Logo, a intersecção se tornará o novo ponto de projeto.
Diante do gráfico, torna-se possível definir o novo ponto de operação como 35,5 m³/h de
vazão e 92 mca de altura manométrica.

Apropriando-se da nova configuração do sistema, calcula-se a potência requerida pela


bomba e a potência a ser instalada. O rendimento da bomba de acordo com a tabela KSB pode
ser conferido pelo gráfico a seguir:

Diante do gráfico, observa-se que, o rendimento da bomba será de 52,5% para a nova
vazão de 35,5 m³/h.
Calculando a potência requerida, tem-se
(𝛾 × 𝑄𝑃 × 𝐻𝑀 )
𝑃𝑜𝑡𝑟𝑒𝑞 =
75 × 𝜂

Em que:

𝑃𝑜𝑡𝑟𝑒𝑞 → Requerida;

𝛾 → Peso específico da água;

𝑄𝑃 → Vazão de projeto;

𝐻𝑀 → Altura manométrica;

𝜂 → Rendimento da bomba.
35,5
(1000 × ( ) × 92)
𝑃𝑜𝑡𝑟𝑒𝑞 = 3600 = 23,04 𝐶𝑉
75 × 0,525

Diante de uma potência maior que 20 CV, utiliza-se uma folga de 10% para a potência
instalada:

23,04 × 1,1 = 25,34 𝐶𝑉

𝑃𝑜𝑡𝑖𝑛𝑡 = 25,34 𝐶𝑉

3.2.2 MUDANÇA DE ROTAÇÃO


Usando a seguinte fórmula para encontrar os pontos homólogos ao ponto inicial
𝐻1
𝐻2 = 𝑄22 ×
𝑄12
Em que:

Q1 = 32,5 e H1 = 87,887

Determina-se a equação

𝐻2 = 8,32 × 10−2 × 𝑄2

A partir disso, torna-se possível encontrar os pontos homólogos com auxílio do Excel,
gerando o gráfico:
Sendo assim, determina-se que Q2 é igual a 33,5 m³/h. Com posse dessa informação e
𝑛 𝑄
utilizando a equação 𝑛1 = 2 1, tem-se:
𝑄2

3500 × 32,5
𝑛1 = = 3395 𝑟𝑝𝑚
33,5

Da mesma maneira, diante a nova altura manométrica H2 = 93 mca e usando a equação


𝐻
𝑛1 = 𝑛2 × √𝐻1 , tem-se:
2

87,887
𝑛1 = 3500 × √ = 3402 𝑟𝑝𝑚
93

A nova rotação será um valor entre 3395 rpm e 3402 rpm. Para fins de projeto, optou-se
por uma nova rotação com o valor de 3400 rpm.

3.2.3 MUDANÇA DE DIÂMETRO

Assumindo os pontos homólogos determinados anteriormente, faz-se:

𝐷2 𝑄1
𝐷1 = = 0,220𝑚
𝑄2

𝐻1
𝐷1 = 𝐷2 × √ = 0,221𝑚
𝐻2

Sendo assim, o novo diâmetro estará em um intervalo entre 220mm e 221mm.

Adotou-se o maior diâmetro para a determinação da usinagem:

227 − 221
𝑈= = 3𝑚𝑚
2

4. CÁLCULO DO NPSH DISPONÍVEL

A fim de prever e evitar a cavitação, verifica-se a energia disponível no líquido na entrada


da bomba (NPSH), para isso é necessário que a 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 (característica da tubulação) seja
maior que 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 (característica da bomba).
Dispondo-se da seguinte equação, tem-se:
𝑃𝑎𝑡𝑚 𝑃𝑉
𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = − (𝐻𝑆 + + ℎ𝑓 )
𝛾 𝛾 𝑆

Onde:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 → NPSH disponível;

𝑃𝑎𝑡𝑚 → Pressão atmosférica;

𝐻𝑆 → Altura de sucção;

𝑃𝑉 → Pressão de vapor em função de sua temperatura;

ℎ𝑓 → Perda de carga na sucção.


𝑆

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = 10 − 0,0012 × (200,5) − (1,89 + 0,43 + 0,045) = 7,39𝑚𝑐𝑎

Com base no catálogo de bombas, determinou-se o 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 como 2 mca. Como


medida de prevenção, adota-se um valor 15% maior que o 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 . Logo, tem-se:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 × 1,15 ≤ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑

2 × 1,15 ≤ 7,39

2,3 ≤ 7,39

Diante dessa informação, pode-se afirmar que a bomba não sofrerá cavitação.

5. ASSOCIAÇÕES DE BOMBAS

5.1. ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE

Sabe-se que para uma associação de bombas em série, as alturas manométricas se


somam para a mesma vazão. Com o auxílio do Excel, obteve-se a comparação com a curva do
sistema para verificar a viabilidade. Tal que:
Logo, percebe-se que não é viável a associação das bombas em série.

5.2. ASSOCIAÇÃO EM PARALELO


Para uma associação de bombas em paralelo, as vazões se somam e a altura manométrica
permanece inalterada. Com o auxílio do Excel, traçou-se a curva e verificou-se a intersecção
das curvas, demonstrando a possibilidade da associação.
O ponto de operação descrito pela associação tem como vazão 42,3m³/h e como altura
manométrica 96,5mca.
A potência da associação é dada por:

𝑃𝑜𝑡𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑃𝑜𝑡1 + 𝑃𝑜𝑡2

𝑄1 𝑄2 𝑄1 + 𝑄2
+ =
𝑛1 𝑛2 𝑛𝑡

32,5 32,5
𝑄1 + 𝑄2
= 3600 + 3600 = 0,0344
𝑛𝑡 0,525 0,525

(𝛾 × (𝑄1 + 𝑄2 ) × 𝐻𝑀 ) 1000 × 0,0344 × 87,887


𝑃𝑜𝑡𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = = = 40,31𝐶𝑉
75 × 𝜂 75

Logo, a potência da associação é 40,31 CV.

6. LISTA DE MATERIAIS
A seguir, a lista de materiais e equipamentos a serem adquiridos para a construção da
instalação:
Peças especiais Quantidade Bitola
Válvula de Retenção 1 100mm
Válvula de Gaveta 1 100mm
Ampliação Concêntrica 1 100mm
Curva de 90º 1 100mm
Curva de 45º 1 100mm
Curva de 22,5º 13 100mm
Válvula de Pé com Crivo 1 150mm
Redução Excêntrica 1 150mm
Curva de 90º 1 150mm
Tubulação de PVC (recalque) 524m 100mm
Tubulação de PVC (sucção) 7,5m 150mm
Bomba –Família 50-200 1 227mm de rotor
HPK-L da KSB
7. BIBLIOGRAFIA

AZEVEDO NETTO, J.M. & ALVAREZ, G.A. Manual de Hidráulica. Editor Edgard
Blucher, São Paulo, 8ª edição, 1998;

KSB. Cavitação em bombas centrífugas. Disponível em: https://www.ksb.com/ksb-


pt/Informacoes_tecnicas-noticias_ch/Arquivo/2015-info-tecnicas-e-noticias/cavitacao-em-
bombas-centrifugas/177256/. Acesso em: 07 de outubro de 2019.

8. ANEXOS

NPSH e Potência da Bomba 40-250

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