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PIAGET

Nas discussões ocorridas na sala de aula sobre a construção do conceito de número,


iniciamos com a abordagem a respeito da natureza do número. Segundo Piaget “o número é a
relação criada mentalmente por cada indivíduo” (KAMII, 1990, p.15). Mas para que esta
estrutura seja estabelecida, é preciso que anteriormente a criança construa relações e
conhecimento sobre elementos físicos (objetos), essas relações são denominadas simples, pois
servirão para a construção de outras estruturas mentais mais complexas.
Essas relações serão resultantes do contanto da criança com objetos presentes no seu
contexto, isso é o denominado de conhecimento físico que se dá pela abstração empírica, a
criança distingue os objetos pela suas características físicas como a cor, por exemplo. A isto
podemos chamar de estrutura simples que será o ponto de partida para outras estruturas mais
complexas. Mas como as estruturas complexas são estabelecidas?
Para Piaget este processo se dá pela abstração reflexiva, ou seja, a criança consegue
estabelecer relações entre os objetos a partir do conhecimento existente sobre esses objetos
que estejam na sua mente, mas isso depende da abstração empírica. Isso se configura no que
na teoria de Piaget é denominado “de dentro para fora”, ou se preferir, a criança estaria
construindo um conhecimento inicial sobre um objeto pela sua manipulação, isso estaria
sendo “guardado em sua mente” e quando estimulado por elementos externos, teria
condições de buscar “lá dentro” conhecimento para relacionar com a realidade externa. Na
construção do número, a abstração reflexiva será responsável por essa habilidade da criança,
mas essa abstração não ocorre separada da sua forma empírica (KAMII, 1990). Isso nos chama
a atenção para o fato do construtivismo considerar o uso de materiais concretos para a
estruturação desses conhecimentos.

O que se pretender ao “ensinar” o número? No ensino tradicional da matemática que


vivenciamos, dificilmente teríamos algo diferente de: fazer exercícios sem falar com o colega e
argumentar junto ao professor sobre uma determinada resolução, ou seja, não tínhamos
espaço para argumentar ou pensar matematicamente. Sobre o número, algumas ações ainda
estão cristalizadas no seio da escola, como repetir verbalmente a série numérica, e assim,
achar que o número já está construído, ou que ao grafar os símbolos dos numerais, uma
criança já esta alfabetizada matematicamente. Sobre o “ensinar” número é pretendido que a
criança construa mentalmente uma estrutura do número, para que futuramente possa
continuar a elaborar conhecimento sobre as quantidades futuramente. Ainda, se pretende que
neste processo de construção a criança tenha condições de desenvolver um pensamento ativo
a sua maneira, ou seja, que possa argumentar e defender suas idéias. Neste aspecto a
construção do número é a principal meta, já a contagem e a escrita pode acontecer após a
elaboração da estrutura mental sobre o número, não quer dizer que negamos a importância
desses dois aspectos da representação numérica, mas acreditamos que elas possam ocorrer
mais tarde, pois a construção do número contribuirá para essas atividades, caso isso não tenha
ocorrido, é possível que a repetição e a memorização, sejam o mais provável, que esteja
acontecendo.
Conclusão

Como já foi dito antes para a representação gráfica é preciso conhecer o sistema de
numeração decimal, visto que a diversidade das formas de representação é muito extensa.
Muitas vezes as crianças usam seus “próprios” símbolos, que geralmente não conseguem
transmitir aos outros um significado real da quantidade expressa por ela. Segundo Danyluk
(2002), as crianças apresentam espontaneidade ao realizar seus registros numéricos, esses por
sua vez podem ser rabiscos e desenhos que têm significado para ela e que pode ser criados
para representar algo que elas queiram, como por exemplo, uma determinada quantidade.

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