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INSTALAÇÕES – 1

Padronização de
Irrepreensível sob o aspecto da
plugues e tomadas: segurança, a padronização
brasileira de plugues e
tomadas prediais estabelece,
primeiros produtos finalmente, uma linguagem
própria e unificadora nessa

chegam ao área. Além disso, ela coroa o


processo de certificação
compulsória, cujo objetivo é

mercado garantir que todos os plugues e


tomadas comercializados no
país atendam padrões de
qualidade. E os primeiros
produtos conforme a
padronização já começam a
chegar ao mercado.
Da Redação de EM

á cerca de dois anos, em julho ato contínuo, a padronização seria tros movimentam-se para cumprir os

H de 2001, era finalmente re-


solvida uma indefinição com a
qual o país se defrontava há décadas:
incorporada ao processo de certifi-
cação compulsória de plugues e
tomadas então em curso, conduzi-
prazos.
Elaborada pela comissão de estu-
dos da ABNT intitulada CE 03:023.02
a falta de padronização das tomadas do pelo Inmetro. Com isso, foram Comissão de Estudo de Interruptores,
e plugues usados em instalações fixados prazos para que os produ- Tomadas, Pinos e Placas de Uso
elétricas de edificações. Naquela tos comercializados no país se Geral, pertencente ao CB-03 (Comitê
data foi aprovada a versão final da enquadrem na padronização. Agora, Brasileiro de Eletricidade), a norma
NBR 14136: Plugues e tomadas em plena fase de transição, alguns não recebeu, quando foi submetida a
para uso doméstico e análogo até fabricantes já lançaram produ- consulta pública — seguindo os trâ-
20 A, 250 V c.a. – Padronização. E, tos conforme a padronização e ou- mites vigentes no país —, nenhum
voto contrário. O
que não foi nenhuma
surpresa, pois havi-
am participado pre-
viamente da dis-
cussão do projeto os
segmentos da indús-
tria eletroeletrônica
envolvidos, reunidos
na Abinee — os fa-
Fig. 1 – As normas e,
conseqüentemente, a
certificação
compulsória
abrangem plugues,
tomadas e os
produtos correlatos,
como rabichos,
cordões conectores e
cordões
prolongadores

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classe II, tomadas 2P+T fixas e
móveis e tomadas 2P móveis (estas
para aparelhos classe II).
A exemplo da norma que fixa os
requisitos de desempenho, que é a
NBR 6147 (Plugues e tomadas para
uso doméstico e análogo até 20 A,
250 V c.a. – Especificação), a padro-
nização NBR 14136 é aplicável não
só a plugues e tomadas avulsos, mas a
Fig. 2 – Para proteção contra choques, o corpo isolante do porta-lâmpada deve
possuir um colarinho bem saliente (a) ou então o soquete (camisa filetada) do
todos os produtos ou montagens que
porta-lâmpada deve ser do tipo não-energizado (b) — também chamado de incorporem algum plugue ou alguma
“soquete seccionado” tomada em sua composição.
Os plugues e tomadas “avulsos”
bricantes de plugues e tomadas, de descrevem diferentes versões de correspondem àquilo que a terminolo-
cordões e de aparelhos eletrodomésti- plugues e de tomadas — bipolar (2P), gia da área chama de produtos des-
cos e eletroprofissionais. Outros seg- bipolar com contato de aterramento montáveis: as tomadas prediais, sejam
mentos interessados, incluindo mem- (2P+T), tomadas fixas, tomadas elas de embutir, que é o caso mais típi-
bros da comissão responsável pela móveis, etc. Mas todas destinadas, co, sejam elas de sobrepor ou de semi-
norma de instalações elétricas (a como evidencia o título do documen- embutir, como é o caso das tomadas
NBR 5410), também acompanharam to, a “uso residencial e análogo” — integrantes de sistemas de canaletas
os trabalhos, tendo inclusive manifes- ou, numa outra definição, “plugues e aparentes; e os plugues disponíveis no
tado seus pontos de vista a respeito do tomadas para uso em instalações comércio varejista, seja no balcão de
projeto. elétricas de edificações”. Não se trata, um revendedor de material elétrico,
A NBR 14136 foi inspirada na portanto, de plugues e tomadas indus- seja na prateleira de um supermerca-
norma internacional IEC 60906 — triais, objeto de outra norma. do, na forma de encartelado.
documento cujos propósitos incluem Em termos de corrente nominal, a Já os produtos ou montagens nos
o de servir de modelo para países NBR 14136 padronizou dois valores: quais o plugue, a tomada ou ambos
ainda sem uma padronização nacional 10 e 20 A. Isso significa que metade entram como ingrediente são os “rabi-
de plugues e tomadas de uso domésti- dos desenhos que compõem a norma chos”, os cordões conectores e os
co e análogo, como era o caso do refere-se a modelos de 10 A e a outra cordões prolongadores. É o terreno,
Brasil. Como toda norma de metade aos modelos de 20 A. Cada por excelência, dos produtos não-
padronização, a NBR 14136 é com- corrente nominal reúne, portanto, desmontáveis (produtos injetados, ti-
posta essencialmente de folhas de desenhos equivalentes, compreenden- picamente), embora nada impeça que
desenho, com a indicação de dimen- do plugues 2P+T, para aparelhos cordões prolongadores, em particular,
sões e requisitos. Os desenhos classe I, plugues 2P, para aparelhos sejam confeccionados com plugues e

Fig. 3 – Quando a alavanca porta-fusível é aberta, desfaz-se qualquer contato elétrico com a base e, assim, a retirada ou
troca do fusível pode ser feita com segurança, não importando qual terminal do dispositivo é ligado do lado fonte

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tomadas desmontáveis. respondentes integrados aos


Eles são não-desmontáveis equipamentos são o C14 e o
no sentido de que não é C8, respectivamente).
possível, ao contrário dos Finalmente, o cordão pro-
desmontáveis, acessar os longador nada mais é que a
condutores em seu inte- popular extensão. Numa
rior, para desconexão, extremidade fica o plugue e,
conexão ou reconexão, na outra, uma tomada
pois qualquertentativa nes- móvel — que pode ser
se sentido redundaria em única ou múltipla. É o con-
destruição do plugue ou teúdo desta segunda
tomada. extremidade, aliás, que faz
A figura 1 ilustra, além com que o produto às vezes
de uma tomada fixa, os seja chamado também de
três produtos tipicamen- tomada múltipla móvel ou,
te não-desmontáveis — to- ainda, barra de tomadas.
dos de desenho já con- Fig. 4 – Risco de contato acidental com um ou mais pinos do Outras vezes se reserva o
forme a padronização plugue, durante sua introdução ou desconexão da tomada termo cordão prolongador
(a), e de inserção monopolar do plugue, ficando o outro pino
NBR 14136. acessível ao contato (b) para a versão com tomada
O chamado “rabicho” é única e o termo extensão
um produto que passa ao para o cordão com tomada
largo do usuário final, sendo nhecidos são os da série IEC 60320, múltipla.
transacionado diretamente entre o como o C13, largamente usado nos Neste ponto, relacionados todos os
fabricante especializado na produção cordões de alimentação de microcom- produtos cobertos pelas NBRs 6147 e
desse tipo de peça e o fabricante de putadores do tipo desktop, e o C7, 14136, é oportuno convencionar, para
equipamento eletroeletrônico que irá usado, por exemplo, em cordões de maior clareza, que doravante toda
incorporá-la ao seu aparelho. Trata-se alimentação de aparelhos de som do menção a plugue ou tomada, isolada-
simplesmente de um cordão com um tipo micro-system (os conectores cor- mente — portanto, com a conotação
plugue numa extremidade; a outra implícita de produto avulso —, refere-
extremidade é desprovida de qualquer se a produto desmontável; e que os
elemento de conexão ou, quando produtos não-desmontáveis serão em
muito, provida de terminais — justa- geral designados pelo rótulo identifi-
mente para que o fabricante do cador do produto composto, isto é,
equipamento possa ligar os condu- pelo termo “rabicho” ou “cordão”
tores dessa extremidade a um borne, (seja o cordão um cordão conector ou
terminal ou placa de circuito no inte- um cordão prolongador).
rior do aparelho.
O cordão conector é também um Certificação compulsória
cordão de alimentação de equipamen- Todos os produtos abrangidos
to, só que, diferentemente do “rabi- pelas NBRs 6147 e 14136, os des-
cho”, constitui uma peça acabada, montáveis e os não-desmontáveis, fo-
com elementos de conexão nas duas ram expressamente incluídos na certi-
extremidades: plugue em uma delas e ficação compulsória de plugues e to-
conector na outra. Aliás, na lin- madas de uso doméstico e análogo es-
guagem mais popular, ambos — rabi- tabelecida pelo Inmetro. Em 4 de ou-
cho e cordão conector —, são co- tubro de 2001, o órgão baixou a Por-
nhecidos pelo mesmo nome: “cabo de taria 136, reiterando a certificação —
força”, ou “cordão de força”. que já havia sido anteriormente
Como o termo conector tem uma deflagrada — e nela incluindo a
extensa variedade de significados físi- norma de padronização (NBR 14136).
cos, cabe acrescentar que o conector A portaria fixou diferentes prazos
do cordão conector é um elemento para a certificação, em função do tipo
Fig. 5 – Tomada 2P+T com rebaixo e
plugável, implicando assim a existên- superfície protetora. Trata-se de uma de produto, dos agentes envolvidos
cia, no equipamento, de acoplamento disposição construtiva típica de (fabricantes e importadores, de um
compatível. Os conectores mais co- tomadas fixas de embutir lado; comércio, de outro) e da norma

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disjuntores apareceram no mercado e


figuraram pela primeira vez nas nor-
mas de instalações, ninguém, no
Brasil ou em outro país, foi obrigado
a trocar os fusíveis pelos disjuntores;
• as instalações novas já seriam
equipadas com tomadas conforme a
NBR 14136, à medida que as to-
madas forem efetivamente dis-
poníveis no mercado. Aqui, sim, vige
o princípio de que novas cons-
truções, como qualquer produto,
devem observar as mudanças intro-
duzidas nas normas técnicas apli-
cáveis.

Benefícios da padronização
Fig. 6 – Tomada 2P+T com colarinho, sem superfície protetora. Tal disposição Irônica, mas coerentemente,
construtiva é típica de tomadas móveis, seja a tomada móvel única ou múltipla
quanto mais transparente para o
usuário for essa transição, como se
prenuncia, menos ele dará conta do
a ser observada (especificação ou • o plugue 2P que equipa a grande significado e dos benefícios da
padronização). maioria dos aparelhos hoje em uso e padronização. Até porque as possi-
No que se refere à conformidade à venda no comércio é compatível bilidades e os benefícios que se po-
com a NBR 6147, isto é, com a norma com a padronização; dem extrair de uma padronização
de especificação, quase todos os pra- • em instalações existentes, ninguém não se resumem à face mais visível
zos já se esgotaram. Só está ainda de terá de trocar tomadas, aleatoria- da medida, que é aquela da con-
pé, findando em 1º de janeiro de 2004, mente. Haverá casos em que a troca vergência ou unificação, traduzida na
o prazo dado ao comércio e referente poderá ser conveniente, mas nunca imposição de uma linguagem co-
especificamente a produtos que não os obrigatória e nem a única alternativa mum aos plugues dos aparelhos
plugues e tomadas desmontáveis. No possível. Por exemplo, se amanhã ou eletroeletrônicos vendidos no país e
âmbito dos fabricantes e importado- depois o usuário comprar um apare- às tomadas às quais serão conecta-
res, hoje só podem ser comerciali- lho com plugue 2P+T conforme a dos. O fim de surpresas desagra-
zados plugues e tomadas certificados, NBR 14136 e a tomada 2P+T na qual dáveis, como a de constatar que o
sejam eles na forma de peças avulsas, ele pretende ligar o aparelho, a exis- plugue do aparelho não se encaixa na
de cordões ou integrados a aparelhos. tente, for de padrão italiano, alemão, tomada da instalação, ou se encaixa
Já os prazos para a conformidade norte-americano ou qualquer outro de forma duvidosa, pode ser de fato
de todos os produtos com a padroniza- (e aí reside justamente uma das um grande avanço. Mas isso não é
ção (NBR 14136) são: grandes conquistas da NBR 14136, a tudo. A padronização pode significar
• 1º de janeiro de 2005, para fabri- fixação de um padrão 2P+T comum conquistas, em geral imperceptíveis
cantes e importadores; e para o país, o que até hoje nunca para o usuário comum, de grande al-
• 1º de janeiro de 2006, para o co- existiu), ele poderá optar por trocar a cance, que vão da racionalidade eco-
mércio. tomada — que seria, de fato, o pro- nômica à segurança.
cedimento tecnicamente mais reco-
Transição mendável — ou valer-se de adapta- Ganhos de escala
Além dos benefícios da certifi- dores que certamente estarão dispo- Uma delas é a economia de escala.
cação compulsória, que significa to- níveis no mercado. Mas nada que Se cada aparelho eletroeletrônico
que de retirada para os produtos em signifique imposição ou substituição devesse ser provido de um plugue
desacordo com as normas, e do avan- forçada, programada. A propósito, dimensionado sob medida para sua
ço que a própria padronização repre- vale lembrar que nenhuma norma potência, é fácil imaginar a multipli-
senta em termos de qualidade e segu- técnica tem efeito retroativo, ficando cidade de plugues que daí resultaria,
rança, a transição para o padrão fixa- por conta do livre arbítrio do usuário compondo uma série quase infinita
do pela NBR 14136 tem tudo para ser e/ou do progressivo desuso de um de correntes nominais. Cabe à
pacífica. E essa transição deverá ser certo tipo de produto sua substituição padronização, assim, fixar um ou uns
pacífica, entre outras razões, porque: por outro. Quando, no passado, os poucos valores preferenciais, de

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forma que as necessidades concretas


possam ser atendidas da forma mais “Os fabricantes vão respeitar os prazos”
racional possível. O incremento de palavra de Renato Buselli, diretor período de transição. Os produtos
material resultante de uma capaci- A da Área de Material Elétrico de
Instalação da Abinee - Associação
atuais foram submetidos a uma certifi-
cação compulsória, há relativamente
dade de corrente acima daquela sob Brasileira da Indústria Elétrica e pouco tempo, e a partir de 2005 esses
medida, quando não simplesmente Eletrônica. produtos não poderão mais ser comer-
desprezível, é amplamente compen- cializados pelos fabricantes e importa-
sado pelos ganhos econômicos de Entre os fabricantes, há alguma dores. Para os revendedores, o prazo
restrição à padronização, seja quanto vai até o início de 2006. Há o receio de
escala. Portanto, supondo que o uni- ao padrão, em si, seja no que tange que esse prazo adicional de um ano
verso de aparelhos elétricos uti- aos prazos de entrada em vigor? para os revendedores talvez não seja
lizáveis em instalações prediais Fizemos algumas reuniões na o suficiente para escoar o estoque de
absorva correntes que raramente Abinee, para tratar desse tema. Re- produtos atuais que estaria nas mãos
sumindo essa discussão, eu posso da revenda. Mas veja bem: não estou
ultrapassam 20 A, uma padronização dizer o seguinte: os fabricantes vão falando do prazo de aquisição dos pro-
que preveja apenas duas versões de respeitar o prazo máximo de comer- dutos atuais, que é aquele de comer-
plugue, de 10 e de 20 A, como faz a cialização da linha atual, dado na cialização fixado para fabricantes e im-
NBR 14136, talvez constitua um Portaria 136, que é final de 2004. Nós portadores, ou seja, início de 2005.
achamos também que é necessária
compromisso econômico ótimo. Em uma campanha sobre a padronização, Todos os fabricantes nacionais de
conseqüência, os aparelhos com para que as pessoas tomem conheci- plugues e tomadas são associados da
potência equivalente situada na faixa mento disso com antecedência, princi- Abinee?
até 10 A usariam o plugue de 10 A; e palmente o comércio e o consumidor. Eu não saberia dizer, mas em ter-
mos de market share mais de 90% es-
os que absorvem acima de 10 A, até Essa campanha seria iniciada tão dentro da Abinee.
o limite de 20 A, usariam então o quando?
plugue de 20 A. Aparelhos acima O mais rápido possível, porque co- Como estão os preparativos das in-
desse limite, por suposto de uso bem mo teremos uma mudança na linha de dústrias para a padronização?
produtos daqui a pouco mais de um As empresas que compõem a
mais raro, poderiam ou ser dotados ano, temos de antecipar essa comuni- maioria do market share já estão in-
de plugue especial (leia-se “não-pa- cação ao mercado. vestindo nos seus projetos. E pratica-
dronizado”) ou conectados direta- Além disso, a visão dos fabricantes mente todas as empresas do mercado
mente aos condutores da instalação, é de que talvez devesse ser aumenta- conhecem o volume de investimento
do um pouco o prazo dado ao necessário. Os fabricantes de plugues,
na caixa de derivação, sem uso de revendedor. Isso por conta da situação em particular, estão muito mais adi-
tomada e plugue. muito peculiar que caracteriza esse antados, já com rabichos certificados.

Não-intercambiabilidades do, como manda o senso comum, que inserir uma configuração de plugue
Outro importante objetivo que uma nenhum equipamento com corrente vinculada a determinada tensão a
padronização pode e deve possibilitar nominal de até 10 A seria equipado uma configuração de tomada de
é o de garantir as intercambiabilidades com um plugue de 20 A — o que não qualquer outra tensão. Isso nos dois
e as não-intercambiabilidades dese- seria nenhum absurdo técnico, mas sentidos, ou seja, o plugue de um
jadas. Trata-se, com efeito, de uma um contra-senso econômico. Já quem aparelho de 125 V não se acopla a
dupla tarefa, já que o cumprimento de pode o mais pode o menos e, por isso, uma tomada de 250 V e nem o
uma não garante a outra: a padroniza- uma tomada de 20 A deve permitir a plugue de um aparelho de 250 V se
ção deve permitir todas as conexões inserção de ambos os plugues, de 10 e acopla a uma tomada de 125 V —
compatíveis e evitar as conexões in- de 20 A — exigência também explíci- desde que o eletricista ou usuário
desejadas. Os cuidados com a não- ta da NBR 14136. não cometa equívocos, como instalar
intercambiabilidade, aliás, acabam Outro exemplo de não-intercam- uma tomada “de 125 V” (leia-se “de
sobressaindo aos da intercambiabili- biabilidade que pode ser desejada e, desenho previsto para uso em
dade. caso julgada vantajosa, incorporada a 125 V”) num circuito com tensão
De fato, uma tomada não deve per- uma padronização, é a que evitaria, de 250 V.
mitir a inserção de um plugue com independentemente de cuidados do No Brasil, a legislação dos
corrente nominal superior à sua. Essa usuário, a inserção do plugue de um serviços de eletricidade estabelece
exigência consta, explicitamente, da equipamento de determinada tensão não uma única, mas duas tensões
NBR 14136: a tomada de 10 A não nominal a uma tomada prevista para padronizadas, fase–terra, de uso em
deve permitir a inserção de um plugue ser alimentada com tensão diferente instalações de edificações: 127 V e
de 20 A. O objetivo, claro, é evitar que daquela. A padronização norte-ame- 220 V. Assim, a hipótese de não-
ela seja submetida a uma corrente ricana, por exemplo, estabelece dife- intercambiabilidade vis-à-vis a ten-
além do valor suportável, com todos rentes desenhos de tomadas para são de uso foi estudada durante o
os perigos daí resultantes. Isso supon- diferentes tensões. Não é possível processo de definição da padroniza-

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ção brasileira. As vantagens e proteção contra contatos acidentais


desvantagens foram pesadas e con- com partes vivas. Neste particular, a
cluiu-se que o balanço não era fa- padronização brasileira alinha-se com
vorável à idéia, optando-se pelo conquistas marcantes da normaliza-
recurso da marcação e identificação ção internacional, e presentes também
para prevenir o risco de ligações nas normas nacionais de plugues e
inadvertidas por parte do usuário. tomadas de diversos países.
Uma das razões foi evitar a multi- O aspecto da segurança torna-se
plicidade de versões. No caso norte- especialmente relevante porque não
americano, por exemplo, só no seg- se trata de tomadas e plugues quais-
mento 2P+T e do tipo de simples quer, mas tomadas e plugues de uso
inserção, são três modelos diferen- doméstico e análogo. Pois para a nor-
tes de 15 A — para 125 V, 250 V e malização em geral, tanto a de insta-
277 V —, e outros três diferentes de lações quanto a de componentes e
20 A, para as mesmas tensões (125, equipamentos, o usuário da instalação
250 e 277 V). Seis variantes, portan- doméstica ou análoga é sempre con-
to — todas não-intercambiáveis, siderado absolutamente leigo, sem
como mencionado. Se computadas noção dos riscos de choques elétricos.
outras correntes nominais e as Ao passo que no âmbito de insta-
tomadas e plugues traváveis, isto é, lações ou locais mais específicos,
do tipo insira-e-gire, as variantes, na como numa subestação, por exemplo,
família 2P+T, passam de 15. Na certos componentes e certas dis-
Fig. 7 - Tomada 2P+T combinando
padronização brasileira, com a posições construtivas são tratados
rebaixo e colarinho. Tal disposição
decisão adotada, a família 2P+T construtiva é típica de tomadas fixas pela normalização de forma menos
pôde resumir-se, como já menciona- de semi-embutir e de tomadas fixas de rigorosa, porquanto nesses locais ou
do, às duas versões de correntes sobrepor instalações normalmente só é admiti-
nominais, de 10 e de 20 A, ambas do o ingresso de pessoas habilitadas,
com tensão de isolamento de 250 V, caso dos equipamentos bivolt com com conhecimento dos riscos.
podendo ser usadas, portanto, em comutação manual, não haveria outra Esse é, portanto, um ponto pacífico
instalações de 127 V e de 220 V, solução concreta senão aquela indis- e consagrado da normalização inter-
cabendo então à marcação a orien- pensável ao uso incólume do equipa- nacional de equipamentos e materiais
tação contra ligações inadvertidas. mento: atenção prévia do usuário à elétricos de uso doméstico e análogo:
Outra razão para evitar a adoção tensão da tomada à qual o equipa- eles devem ser concebidos e construí-
de desenhos diferentes vis-à-vis a mento será ligado. E remetendo, por- dos de forma tal que o usuário da
tensão de uso é a existência dos tanto, ao caminho pelo qual a instalação não corra risco de contato
chamados aparelhos bivolt — alguns padronização brasileira optou: mar- acidental com partes vivas. Acresce,
com autosensing, isto é, com cação e identificação das tomadas e ainda, que certos componentes, devi-
detecção automática da tensão à plugues, aspecto que a norma de do à sua característica funcional,
qual foram conectados, e comutação instalações elétricas se encarregaria devem apresentar detalhes constru-
idem, e outros dependentes da ação de reforçar. tivos especiais, visando garantir a
do usuário, que deve previamente segurança do usuário na manipulação
comutar uma chave, da posição Proteção contra choques do componente. É o caso, com efeito,
127 V para a posição 220 V ou vice- De todos os ganhos e benefícios das tomadas e plugues. Como é, tam-
versa. Assim, se pretendida a não- proporcionados por uma padroniza- bém, de porta-lâmpadas e de disposi-
intercambiabilidade relativamente a ção de plugues e tomadas — não a tivos fusíveis, para mencionar dois
tensões, que plugues os equipamen- “padronização” pobre de objetivos outros exemplos.
tos bivolt deveriam utilizar? No caso que o sentido comum do termo pode De fato, ao instalar uma lâmpada
dos equipamentos com autosensing, sugerir, claro, mas aquela capaz de incandescente, o usuário pode even-
talvez se pudesse cogitar de um produzir os resultados mais compen- tualmente tocar a base da lâmpada,
desenho de plugue específico, capaz sadores —, talvez os mais meritórios surgindo então o risco de choque
de permitir sua inserção tanto na sejam mesmo aqueles associados a elétrico se o casquilho já tiver esta-
tomada de 127 V quanto na de 220 V, questões de segurança, em particular belecido contato com parte viva do
com o preço de mais uma variante contra choques elétricos. Não só porta-lâmpada. Mas o porta-lâmpada
(ou de tantas quantas fossem as cor- impedindo conexões incompatíveis — no caso, um porta-lâmpada de
rentes nominais padronizadas). Já no sob esse ponto de vista, mas provendo rosca Edison — não deve permitir

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esse risco, de acordo com as normas inadvertidamente tocar um dos pinos
do produto. Elas prescrevem que os do plugue, ou ambos, enquanto o pino
porta-lâmpadas devem ser concebidos ainda mantém (caso de desconexão)
de tal forma que a base da lâmpada contato com o alvéolo vivo da tomada
jamais fique acessível se estiver sob (figura 4a). Ou a pessoa poderia inad-
tensão. São duas as soluções mais vertidamente introduzir na tomada
conhecidas capazes de atender essa apenas um dos pinos do plugue, cor-
exigência: ou o porta-lâmpadas é rendo assim o risco de choque elétrico
dotado de “soquete não-energizado” caso toque no pino não introduzido
ou de um colarinho com profundidade (figura 4b). Essas são situações de
capaz de garantir afastamento sufi- risco concretas, evocáveis não só pelo
ciente entre a camisa filetada (o sentimento algo familiar que as cenas
soquete propriamente dito) e a borda da figura 4 nos inspiram, como tam-
do porta-lâmpada (figura 2). Isso bém pela lembrança de que as pessoas
garante proteção independentemente muitas vezes se valem dos próprios
de qual dos contatos do porta-lâmpa- dedos, colocando-os em contato com
da é ligado a este ou aquele condutor o pino do plugue, para se orientar na
(fase ou neutro), até porque uma lâm- tentativa de encaixá-lo numa tomada
pada tanto pode vir a ser alimentada de mais difícil acesso — por exemplo,
em esquema fase–neutro quanto em Fig. 8 – Plugue da padronização NBR atrás de um móvel.
14136. A entrada do cabo pode ocupar
esquema fase–fase. qualquer das posições indicadas. Os Pois a padronização brasileira
Como na troca de lâmpada, as pinos vivos podem vir ou não com NBR 14136 atentou para todos esses
operações envolvendo fusíveis devem capa isolante (a norma diz que ela é cuidados. Primeiro, os contatos da
poder ser feitas sem risco de choque opcional). E o diâmetro da capa tomada devem ficar recuados em
isolante, caso existente, deve ser tal
elétrico para o usuário. É essa preocu- que ela não sobressaia à parte não- relação à superfície de contato com o
pação, aliás, que explica por que não isolada dos pinos corpo do plugue. Segundo, e comple-
se deve confundir “fusíveis”, simples- mentando esse recuo, a tomada deve
mente, com “dispositivos fusíveis”. sentando nenhum outro elemento de apresentar ainda uma das seguintes
Porque os “fusíveis” constituem ape- conexão elétrica à base ou ao circuito disposições construtivas:
nas parte de um conjunto — conjunto em que é inserido senão as próprias a) rebaixo, vale dizer, face rebaixa-
que irá garantir que a substituição do virolas do fusível. da (a “face” aqui referida é aquela
fusível, devido à sua queima, ou A mesma filosofia de proteção delimitada pela área de contato com o
manobras de seccionamento sejam ilustrada com os exemplos dos porta- corpo do plugue), com superfície pro-
feitas sem o risco de choque elétrico. lâmpadas e dispositivos fusíveis é tetora. Esse é o arranjo, por excelên-
Dispositivos fusíveis de uso domésti- aplicada aos plugues e tomadas. E cia, das tomadas fixas de embutir
co e análogo, como o da figura 3 — nem poderia ser diferente. O ato de (figura 5);
que é apenas um exemplo, pois exis- conectar (ou desconectar) um plugue b) colarinho saliente, sem necessi-
tem outras formas ou arranjos cons- a uma tomada envolve riscos seme- dade de superfície protetora. É um
trutivos —, devem efetivamente ga- lhantes aos da troca/retirada de lâm- arranjo talhado tipicamente para
rantir plena proteção para a troca do padas e fusíveis. A pessoa poderia tomadas móveis e tomadas fixas de
fusível ou sua re- sobrepor (figura 6).
tirada, para fins de Vale lembrar, no
seccionamento. E caso das tomadas
isso, a exemplo do móveis, que elas
porta-lâmpada, existem nas ver-
independente- sões “tomada úni-
mente de como ca” e “tomada múl-
são ligados os ter- tipla”;
minais do disposi- c) combinação de
tivo: o porta-fu- rebaixo e cola-
sível, no caso, é rinho, com superfí-
na verdade um cie protetora. A
Fig. 9 – O recuo dos contatos da tomada em relação à face de contato com o
mero insersor e plugue, somado à exigência de rebaixo e superfície protetora (ou, o que dá no candidata natural
extrator de fusí- mesmo, colarinho, ou misto de rebaixo e colarinho com superfície protetora), ao uso desse arran-
veis, não apre- elimina o risco de contato acidental com pinos vivos jo é a tomada fixa

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Inmetro: padronização, maior segurança


ue razões determinam a necessi- Na entrevista que se segue, nha no sentido de divulgar o padrão.
Q dade de certificação compulsória
de um produto?
Gustavo Kuster, da Divisão de Pro-
grama de Avaliação da Conformidade
Promover talvez workshops, debates
com fabricantes, para esclarecer como
Pode ser a importância do produto do Inmetro, fala da padronização, das será a entrada em vigor, a fiscalização,
sob o aspecto da saúde e/ou segu- conversas com os fabricantes e de ini- como o Inmetro vai atuar, etc., tudo
rança dos consumidores. Pode ser o ciativas que estão sendo estudadas isso justamente para fortalecer o
impacto do produto no meio ambiente. para divulgar o padrão brasileiro. padrão.
Podem ser objetivos econômicos,
muitas vezes também contemplando A indústria tem apoiado a iniciativa Essa iniciativa é do Inmetro e da
exigências ecológicas, como os de efi- de certificação compulsória, inclusive Abinee?
ciência energética. Pode ser a preocu- no aspecto da padronização? Após a A Abinee e os próprios fabricantes
pação de garantir uma competição Portaria nº 136 o Inmetro emitiu algum propuseram que se fizesse algum tipo
mais justa no mercado, evitando que outro documento, envolvendo a pa- de divulgação nesse sentido, por meio
ele enverede pelo círculo vicioso do dronização? de workshops ou algo similar, e o
nivelamento por baixo, em que produ- Com relação à padronização, não. Inmetro prontamente se colocou à dis-
tos de má qualidade, mas mais O único documento posterior, referente posição para apoiar. Por exemplo, se
baratos, induzam uma corrida em mar- a plugues e tomadas, foi a Portaria eles montarem um workshop, o Inme-
cha a ré. E pode ser uma combinação nº 134, de 2002, que promoveu alguns tro estará lá falando sobre o seu papel
parcial ou total dessas razões. ajustes na Portaria 136, mas apenas nessa regulamentação.
Pois foi uma mistura disso tudo — a no que tange à certificação conforme a
segurança do usuário e de suas insta- NBR 6147, a norma de especificação. Nesses contatos com os fabricantes
lações elétricas, as perdas que Portanto, não houve nenhuma mu- têm havido também relatos de como
conexões de má qualidade produzem e dança no que diz respeito à padroni- andam os preparativos para a pa-
a existência de “uma grande variedade zação. dronização?
de dispositivos produzidos em de- Na área elétrica, o Inmetro sempre O prazo é janeiro de 2005. Con-
sacordo com as normas técnicas” — atuou em parceria com o setor indus- siderando a necessidade de ferramen-
que levou o Inmetro a instituir, com a trial. No Brasil, os fabricantes da área tal e engenharia, tem de começar ago-
Portaria nº 185, de 21 de julho de 2000, elétrica estão ligados à Abinee, que é a ra. Todos os fabricantes com quem
a certificação compulsória de plu- interlocutora do Inmetro nesse setor. conversei disseram que já têm os seus
gues e tomadas de uso doméstico e À época em que estávamos elabo- projetos prontos. Já estão entrando na
análogo. rando a portaria 136, a Abinee, em fase de ferramentaria.
Traduzida em termos práticos, a ini- nome dos fabricantes, nos solicitou, ou
ciativa significa que todos os plugues e sugeriu, que colocássemos na portaria O padrão estabelecido é bom?
tomadas produzidos e/ou comercializa- também a padronização, e não apenas Sempre vai haver questionamentos,
dos no país (o que inclui, portanto, pro- a certificação relativa à especificação. de que o padrão deveria ser este ou
dutos importados) devem seguir as Então nós nos reunimos com fabri- aquele, mas a iniciativa da padroniza-
normas técnicas nacionais aplicáveis. cantes, congregados pela própria ção é válida, tem como finalidade ga-
Ou, ainda, que a comercialização Abinee, e esses fabricantes confirma- rantir mais segurança. E a padro-
de produtos não-certificados — por ram o pleito. Daí a inclusão da pa- nização é uma tendência mundial. Você
suposto, em desacordo com as nor- dronização na portaria. vê países da América do Sul com o seu
mas — fica proibida. padrão; na Europa, não preciso nem
Portanto, num processo de certifi- A solicitação, então, partiu dos falar; os EUA há muito tempo têm o seu
cação, a referência básica são as nor- próprios fabricantes? próprio padrão; etc.
mas técnicas aplicáveis ao produto — Sim, da Abinee, que representa os O Inmetro não entra na discussão
todas quantas existirem. Assim, quan- fabricantes, e depois dos próprios fa- técnica de se o padrão deveria ser este
do a norma de padronização de bricantes. Representantes dos fabri- ou aquele, porque quem entende tecni-
plugues e tomadas, a NBR 14136, cantes estavam na reunião em que se camente do produto é o fabricante. A
tornou-se realidade, depois de discuti- confirmou esse pleito. função do Inmetro é estabelecer o
da e aprovada pelos segmentos inte- mecanismo de avaliação da conformi-
ressados, nada mais natural que ela Houve entre os presentes alguma dade. Sob esse ponto de vista, nós
fosse incorporada ao processo de cer- divergência em relação à necessidade definimos como fazer. Quanto ao as-
tificação compulsória que havia sido do padrão? pecto técnico, confiamos nos fabri-
desencadeado em 2000. E isso se deu Não, pelo contrário. Tanto que o cantes, que foram a base para criar a
via Portaria Inmetro nº 136, de 4 de Inmetro, junto com a Abinee, está norma, e nos laboratórios, que fizeram
outubro de 2001. planejando desenvolver uma campa- a avaliação técnica dessa norma.

de semi-embutir ou a tomada fixa de contatos e as dimensões mínimas da tais disposições garantem então o
sobrepor (figura 7). O arranjo também superfície protetora em torno da face atendimento dos dois princípios ba-
pode ser usado em tomadas móveis. de contato com o plugue — além, lizadores da proteção contra contatos
Como mostram as figuras referidas claro, de outras dimensões que uma acidentais com partes vivas aplicáveis
(5 a 7), a NBR 14136 especifica as norma de padronização deve estabele- ao produto:
dimensões do rebaixo, do colarinho, a cer, incluindo as do próprio plugue a) o de que partes sob tensão dos
distância mínima para o recuo dos (figura 8). E, como ilustra a figura 9, plugues não devem ser acessíveis

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importadores enquadrem seus produ-


tos na padronização NBR 14136, que
é 1º de janeiro de 2005, pode parecer
folgado o suficiente. Principalmente
se se levar em conta a data em que foi
fixado, via Portaria nº 136 do Inme-
tro: 4 de outubro de 2001. Feitas as
contas, são 39 meses, ou três anos e
três meses. Mas nessa altura, meados
de 2003, o tempo que ainda resta não
Fig. 10 – A tomada fixa (2P+T) da oferece muita margem para prote-
padronização brasileira aceita a inserção lações, mesmo porque não é possível
direta tanto de plugues de
equipamentos classe I (2P+T) quanto de pôr um novo produto na rua do dia pa-
plugues de equipamentos classe II (2P) ra a noite. Por isso, vários fabricantes
Fig. 11 – Plugues e tomadas móveis
já colocaram em marcha seus planos 2P conforme a NBR 14136 já são
quando o plugue estiver parcial ou de conversão. Outros preferiram sair disponíveis no mercado há anos
completamente introduzido numa na frente. Entre outras razões — e
tomada; e considerando-se a obrigatoriedade do Inmetro, mas sem detalhes com
b) o de que não deve ser possível ainda algo distante —, para assumi- relação ao cronograma pretendido, a
estabelecer conexão entre o pino de damente colher os dividendos de ima- enquete colheu também informações
um plugue e o alvéolo vivo de uma gem e marketing resultantes dessa li- mais precisas entre alguns fabricantes.
tomada enquanto um outro pino esti- derança no processo de padronização. Essas informações dão conta de que
ver acessível. Na verdade, já existem no merca- até o fim deste ano deverão ser intro-
Mas a preocupação contra choques do alguns produtos conforme a duzidos comercialmente os seguintes
não se esgota no âmbito do produto, NBR 14136. É o caso de plugues produtos (desmontáveis) em con-
em si. A padronização, sintonizada 2P — caso já mencionado, indireta- formidade com a NBR 14136:
com os conceitos maiores que susten- mente, no trecho que tratou da tran- • plugue 2P+T: Forjasul Eletrik
tam a filosofia de proteção contra sição rumo à padronização — e de (10 A) e Peesa (10 e 20 A);
choques consagrada pela normaliza- tomadas móveis também 2P (figura • tomada fixa 2P+T de embutir:
ção internacional, e que permeiam 11). Uma enquete preliminar feita Forjasul Eletrik (10 A), Peesa (10 e
tanto as normas de procedimentos pela redação de EM, junto a fabri- 20 A) e Primelétrica (10 e 20 A);
quanto as de produtos, trata coerente- cantes brasileiros do segmento de • tomada fixa 2P+T de semi-embutir
mente das intercambiabilidades e das material elétrico de instalação, reve- e/ou de sobrepor: Forjasul Eletrik
não-intercambiabilidades necessárias lou que pelo menos três empresas fa- (10 A), Peesa (10 A) e Primelétrica
à preservação daqueles conceitos. Em bricam normalmente o plugue 2P de (10 e 20 A);
termos de tomadas fixas, por exem- 10 A: Perlex, Pial Legrand e Pri- • tomada móvel 2P+T: Perlex (10 A).
plo, a padronização se alinha com a melétrica. Mas é no segmento de rabichos e
orientação da NBR 5410 — aliás, No caso da tomada móvel 2P, pelo cordões que se registram os primeiros
como deve ser, pois tomada fixa é um menos um fabricante declarou ofere- lançamentos nascidos diretamente em
componente da instalação —, de que a cer o produto (de 10 A): a Pial decorrência da NBR 14136 — sem
instalação deve ser a mais universal Legrand. falar das promessas também aí identi-
possível e, ao mesmo tempo, fiel aos Nesse segmento, de plugues e de ficadas pela enquete preliminar de
princípios básicos que definem, para tomadas móveis 2P, a enquete apurou EM. Pelo menos três empresas da área
os equipamentos elétricos, diferentes também que o mercado terá breve- já oferecem cordões e rabichos con-
classes sob o ponto de vista da pro- mente novas opções, todas com cor- forme a padronização: a Condupar, a
teção contra choques. Nesse sentido, a rente nominal de 10 A: Daneva e a Volex. Os produtos foram
tomada fixa da padronização bra- – até meados deste ano, plugue e devidamente certificados — vale
sileira confere à instalação a necessá- tomada marca Peesa; dizer, duplamente certificados, pois
ria universalidade, pois aceita a inser- – até o final do ano, plugue da submetidos à certificação de con-
ção direta, sem necessidade de qual- Forjasul Eletrik e tomada da Perlex e formidade com a norma de especifi-
quer adaptador, de plugues de equipa- da Primelétrica. cação e com a norma de padroniza-
mentos classe I e classe II (figura 10). Quanto aos demais produtos ção.
desmontáveis, além de declarações Os da Condupar são rabichos e
Rumo à padronização categóricas da intenção de lançá-los cordões conectores 2P, de 10 e de
O prazo para que fabricantes e dentro do prazo fixado pela portaria 20 A. O plugue 2P de 10 A foi certifi-

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Fig. 12 – Cordão prolongador 2P conforme a padronização Fig. 13 – Cordão conector 2P+T conforme a padronização
brasileira lançado pela Daneva brasileira lançado pela Volex

cado em junho/julho de 2002; o de dezembro de 2002, via União imagem e sua presença no mercado.
20 A, em janeiro de 2003. Certificadora. A certificação refere-se, Como ressalta Marco Aurélio, “fo-
Os da Daneva são rabichos e mais exatamente, ao plugue (2P+T), mos uma das primeiras, senão a pri-
cordões prolongadores 2P, de 10 A. já que o cordão lançado pela empresa meira empresa, a homologar o plu-
“O plugue foi certificado em julho de é do tipo cordão conector — e o gue 2P+T conforme a NBR 14136.
2002 e a tomada móvel em novembro conector de tais cordões está fora da Através de um trabalho de divulgação,
do mesmo ano, ambos pela União certificação compulsória instituída com o envio de mala-direta e
Certificadora”, informa Marcelo pelo Inmetro. Mesmo assim, Marco amostras, estamos informando nossos
Filippelli, diretor comercial da Aurélio Martinez Elias, gerente de clientes que a Volex já tem o produto
Daneva. O cordão prolongador (figura vendas e marketing, garante que “faz que deverá constar obrigatoriamente
12) é do tipo tomada única, disponí- parte da política de qualidade da de seus equipamentos a partir de
vel com seções nominais (do condu- Volex homologar ou certificar todos 2005. E a reação que temos percebido,
tor) de 0,75 a 1,5 m m2 e nos compri- os seus produtos, de forma completa. da parte dos clientes, é de certa tran-
mentos de 3 a 30 m. São duas as Por isso, o nosso contrato com a quilidade e alívio, pela existência de
opções de condutor, tanto para o União Certificadora prevê a homolo- um fornecedor local já em condições
cordão quanto para o rabicho: cor- gação dos conectores, já que os testes de suprir suas necessidades no
dão paralelo ou cabo PP (plano ou aplicados aos plugues servem também futuro.”
circular). para os conectores”. Ainda no segmento de produtos
Outros passos da empresa, dentro O rabicho e o cordão conforme a não-desmontáveis (rabichos e cor-
da padronização NBR 14136, com- NBR 14136 lançados pela Volex são dões), as empresas que detalharam um
preendem o lançamento de produtos disponíveis nas correntes nominais de pouco mais seus planos, na enquete
incorporando plugues 2P de 20 A e 10 e 20 A — incluindo o conector, no preliminar de EM, foram a Condupar,
plugues 2P+T de 10 A, o que está pre- caso do cordão. O cabo possui veias e Duralux e Forjasul Eletrik. Os produ-
visto para os próximos meses. A cobertura de PVC 70°C, sendo as tos são os seguintes, todos com pre-
Daneva não fabrica plugues e tomadas veias nas cores marrom, azul e verde- visão de lançamento até o final de
desmontáveis (linhas de embutir e de amarelo (condutor PE), com seção de 2003:
sobrepor) e, segundo Marcelo Filippe- 0,75 m m2 . O comprimento do cordão • cordão conector 2P+T: Condupar
lli, não pretente, pelo menos por quan- conector depende da necessidade do (10 A), Duralux (10 A) e Forjasul
to, entrar nesse segmento. cliente (a Volex só fornece para fabri- Eletrik (10 A);
O diretor comercial comenta que a cantes de equipamentos), variando de • cordão conector 2P: Duralux e
Daneva saiu na frente no lançamento e 1 m a 2,10 m, geralmente. Forjasul Eletrik (ambos de 10 A);
na certificação de produtos conforme Marco Aurélio conta que o projeto • cordão prolongador 2P+T: Condu-
a NBR 14136, antecipando-se a ou- dos novos produtos nasceu no início par (10 A, tomada única) e Forjasul
tros fabricantes, para ganhar mercado: de 2002, “por solicitação de alguns de Eletrik (10 A, tomada única e tomada
“A hora é agora, e não quando todos nossos clientes. Aliás, o primeiro a múltipla);
forem obrigados”, explica. fazer tal solicitação foi a Epson. E • cordão prolongador 2P: Condupar
Já a Volex, que também só atua agora o produto pode ser oferecido a (10 e 20 A, tomada única, com
no segmento dos “não-desmontáveis”, outros clientes locais, já que atende à lançamento anunciado para junho de
foi provavelmente a primeira a lançar normalização brasileira”. 2003) e Forjasul Eletrik (10 A, nas
e certificar cordões e rabichos do tipo A exemplo da Daneva, a Volex versões tomada única e tomada
2P+T (figura 13). A certificação con- também tem utilizado os lançamen- múltipla).
forme a NBR 14136 foi obtida em tos como trunfo para fortalecer sua

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