Você está na página 1de 29

Curso de Engenharia Química

G103L63 - Resíduos Sólidos

COPROCESSAMENTO
DE RESÍDUOS

PROFª: MARIA AMÉLIA ZAZYCKI


Tratamento Térmico de Resíduos

• Incineração
• Coprocessamento em fornos de cimento

Princípio básico

Destruição térmica dos resíduos empregando altas


temperaturas
Porque “Coprocessamento?”

Tecnologia de destruição
de resíduos em fornos de
cimento que não gera
novos resíduos e contribui
para a preservação de
recursos naturais, por
substituir matérias primas
e combustíveis tradicionais
no processo de fabricação
do cimento.
Coprocessamento

Processo industrial tradicional de fabricação do cimento:

Processo industrial com coprocessamento:


Processo de fabricação do cimento
Tipos de resíduos coprocessados
Tipos de resíduos coprocessados

• Resíduos com poder calorífico substitutos de


combustíveis tradicionais:
• Solventes, resíduos oleosos e resíduos têxteis;
• Óleos usados (de carro e fábricas);
• Pneus usados e resíduos de picagem de veículos;
• Graxas, lamas de processos químicos e de destilação;
• Resíduos de empacotamento e de borracha;
• Resíduos plásticos, de serragem e de papel;
• Lama de esgoto, ossos de animais e grão vencidos;
• Resíduos do agronegócio;
• Resíduos urbanos (com poder calorífico).
Tipos de resíduos coprocessados

• Resíduos substitutos das matérias primas:


• Lama com alumina (alumínio);
• Lamas siderúrgicas (ferro);
• Areia de fundição (sílica);
• Terras de filtragem (sílica);
• Refratários usados (alumínio);
• Resíduos da fabricação de vidros (flúor);
• Gesso, cinzas e escórias;
• Solos contaminados;
• Resíduos da perfuração de poços de petróleo.
Coprocessamento no Brasil

• Surgimento → época da crise mundial do petróleo


(1980).

• Em resposta à crise o setor cimenteiro experimentou


diversas estratégias → técnica do
coprocessamento.

• Surge como um método para melhorar o desempenho


econômico da indústria cimenteira, possibilitando um
menor gasto com o consumo energético.
Coprocessamento no Brasil

• A partir da década de 80, com a definição da Política


Nacional do Meio Ambiente, e ampliação da cobrança
por parte dos órgãos ambientais com relação à
disposição inadequada dos RI, a incineração e o
coprocessamento passaram a ser vistos como uma
forma de eliminar definitivamente os resíduos
gerados.

• Atualmente têm-se uma convergência de interesses:


• A indústria cimenteira está interessada nos resíduos como
uma fonte energética de baixo custo;
• A indústria geradora do resíduo vê a cimenteira como um
mecanismo de eliminar seu problema (resíduo).
Coprocessamento no Brasil

• No Brasil iniciou-se em 1991, com a Empresa


Transforma, que adaptou a técnica, já amplamente
utilizada nos EUA e Europa, às condições brasileiras.

• Parceria com a Cia de Cimento Itambé, situada em


Balsa Nova, PR.

• Atualmente diversas empresas especializadas no


tratamento e disposição final de resíduos industriais
atuam em parceria com cimenteiras, usando os fornos
de cimento para a destruição dos resíduos industriais.
Coprocessamento no Brasil
• 2016:
• 57 plantas
integradas que
possuem fornos
rotativos para a
produção de
clínquer;

• 38 são plantas
integradas com
fornos rotativos
licenciados para o
coprocessamento de
resíduos;

• Representa 67% do
parque industrial
brasileiro.
Coprocessamento no Brasil
• Em função do crescimento da atividade econômica e diversas
iniciativas do setor, o coprocessamento obteve um excelente
resultado, atingindo sua melhor marca dos últimos 20 anos.

• Em 2019, atingiu-se o patamar de 1.466 milhões de toneladas


de resíduos coprocessados.

Evolução dos resíduos coprocessados em fornos de cimento (2000-2019) em ton.


Coprocessamento no Brasil

• Substitutos de combustíveis fósseis, matérias primas e biomassas


coprocessadas:

Combustível alternativo
(% por poder calorífico em
kcal/kg)

Dos substitutos de
combustíveis destacam-se os
pneus inservíveis e o blend
(mistura) de resíduos.
“Outros” se referem a
serragem impregnada com
óleo, solos contaminados e
solventes.
Coprocessamento no Brasil

• Substitutos de combustíveis fósseis, matérias primas e biomassas


coprocessadas:

Matéria prima alternativa


(% em toneladas)

A utilização de resíduos como


matéria prima na fabricação
do cimento reduz o impacto
ambiental e prolonga a vida
útil das jazidas.
SPL (Spent Pot Liner) é um
resíduo sólido gerado pela
indústria de alumínio.
Coprocessamento no Brasil

• Substitutos de combustíveis fósseis, matérias primas e biomassas


coprocessadas:

Combustível de biomassa
coprocessados (% por
poder calorífico em
kcal/kg)

Os combustíveis oriundos de
resíduos de biomassa
representam 17% em poder
calorífico (kcal/kg) dos
resíduos com potencial
energético dos combustíveis
alternativos utilizados como
coprocessamento.
Coprocessamento no Brasil

Evolução do coprocessamento de pneus.


Coprocessamento no Brasil
Aspectos legais do coprocessamento

• Resolução CONAMA 264/99 → REVOGADA

• CONAMA 499/20 → Dispõe sobre o licenciamento


da atividade de coprocessamento de resíduos em
fornos rotativos de produção de clínquer.

• RS: Resolução CONSEMA 02/2000 → Dispõe de


norma sobre o licenciamento ambiental para
coprocessamento de resíduos em fornos de clínquer.
Etapas do coprocessamento
Etapas do coprocessamento

Blendagem de resíduos:
• Pode ser realizada na cimenteira ou em unidades de
blendagem.

São as unidades que realizam a preparação e mistura de


resíduos para envio de um CDR – combustível derivado
de resíduos para as fábricas de cimento, ou seja, é um
processo prévio que procura ajustar os materiais de
forma física e química para que se adequem aos
processos exigidos nas cimenteiras.
Etapas do coprocessamento

Blendagem de resíduos:
• Existem normas que precisam ser
respeitadas para assegurar que o blend
Caracterização dos resíduos: resultante seja usado no forno para a
fabricação do clínquer (argila e calcário
Parâmetros determinados: – utilizada como matéria-prima do
• Umidade; cimento), sem que a destruição pelo
• Densidade; calor provoque algum impacto sobre a
• Poder calorífico; qualidade do cimento.
• Fluoretos;
• Cinzas;
• Compostos orgânicos voláteis;
• Metais: arsênio, bromo, níquel, cobre, telúrio, cromo, manganês,
cobalto, estanho, cálcio, zinco, mercúrio, vanádio;
• Óxidos: SiO2, Al2O3, P2O3, Fe2O3, TiO2, Mn2O3.
Etapas do coprocessamento

Blendagem de resíduos: 3 etapas:

Trituração dos resíduos → reduzir seu tamanho.


Classificação dos resíduos → conforme a granulometria
máxima que a fábrica de cimento define. Os resíduos
são peneirados e segregados de acordo com o tamanho
dos grãos.
Mistura dos resíduos → composto homogêneo. Esse
composto é o blend que será remetido às cimenteiras.
Condições operacionais do coprocessamento

• Alta temperatura: 1000-2000ºC.

• Longo tempo de residência dos gases: 6-9 segundos.


Estas condições garantem a destruição de compostos
orgânicos.

• Forte turbulência de gases: O escoamento dos gases no


sistema forno é altamente turbulento com Número de
Reynolds > 100.000.
Condição altamente favorável ao processo de combustão
e destruição de resíduos.
Condições operacionais do coprocessamento

• Meio fortemente básico:


• Os fornos de clínquer não possuem mecanismos de neutralização
de gases ácidos, porque o ambiente no forno é naturalmente
alcalino.
• Um dos principais estágios de produção de clínquer é a
calcinação/descarbonatação do carbonato de cálcio, com geração
de óxido de cálcio, que é o mesmo material usado nos
mecanismos de neutralização dos gases ácidos nos incineradores
convencionais de resíduos perigosos.
• Além disto, os gases ácidos se deslocam da zona de queima
através das zonas de calcinação e pré-aquecimento, onde a
maioria destes gases é neutralizada pelo material alcalino do
sistema forno.
Condições operacionais do coprocessamento

• Controles e monitoramento: resíduo, processo,


clínquer, produtos de combustão (gases).
Vantagens do coprocessamento

• Solução para os resíduos industriais perigosos;


• Recuperação de energia do resíduo (principal razão de interesse
das cimenteiras pelos resíduos);
• Redução do custo de fabricação do cimento (processo com alto
consumo de energia – cerca de 25% dos custos de fabricação
estão associados ao combustível de processo);
• Economia de recursos naturais e energéticos;
• Utilização de tecnologia e instalações já existentes (são poucas as
modificações na planta de produção de cimento para co-
processar os resíduos);
• Não existe a necessidade de disposição das cinzas em aterros
especiais (as mesmas são incorporadas ao cimento);
• Custos inferiores.
Tendências futuras do coprocessamento

• A ambição do setor está baseada principalmente no


desenvolvimento para utilização dos resíduos sólidos
urbanos e dos lodos das estações de tratamento de
efluentes. Isto permitirá atingir um marco de
substituição de combustível fóssil de 55% em 2050.

• O coprocessamento constitui alternativa vantajosa


com relação à disposição em aterros, com elevado
grau de esgotamento ou a incineração, que gera outros
resíduos
Tendências futuras do coprocessamento

• Novas regulações sobre o tema têm sido aprovadas e


muitas outras ações estão em andamento, criando
assim um ambiente mais favorável de investimentos,
o que permitirá um avanço mais rápido e sustentável,
frente aos enormes desafios em relação à destinação
adequada dos resíduos no Brasil.

Você também pode gostar