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MISSÃO HOPE DOS EMIRADOS

Á R A B E U N ID O S
Sonda Hope chega no aeroporto de
Tóqui no Japão para os preparati-
vos finais para o lançamento.
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Um orbitador Marciano desenvolvido pelos Emirados Árabes Unidos em


parceria com cientistas norte-americanos já está montado no topo do
foguete japonês H-2A e as suas baterias já estão carregadas para o lança-
mento que deve acontecer a qualquer momento, direto do Tanegashima
Space Center no Japão.

A Emirates Mars Mission, também conhecida como Hope, ou Al Amal,


foi colocada no topo do foguete H-2A no dia 6 de julho de 2020, dentro
do Vehicle Assembly Building, em Tanegashima, localizada numa ilha na
ponta sul da principal ilha japonesa.

Desde então, os engenheiros completaram uma série de testes de inte-


gração para garantir as boas conexões entre o foguete H-2A e a missão
dos Emirados Árabes Unidos. As equipes também completaram uma
revisão do voo, deixando tudo pronto e carregaram a bateria da sonda
para o lançamento.

Engenheiros em Dubai trabalham na sonda marciana Hope dos Emirados Árabes Unidos. Crédito: MBRSC

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O foguete H-2A está programado para ser, desde Tanegashima, numa


trajetória sobre o Oceano Pacífico. Depois de liberar os dois boosters
laterais de combustível sólido, e o primeiro estágio, o foguete irá ligar
o seu estágio superior para acelerar a sonda que pesa cerca de 1350 kg
numa trajetória de escape de força gravitacional da Terra.

O lançamento acontecerá meia hora depois do nascer do Sol em Tane-


gashima. A sonda do Emirados Árabes Unidos irá se separar do foguete
cerca de uma hora depois do lançamento, e então começará uma sequên-
cia de procedimentos onde seus painéis solares serão abertos e o sistema
de propulsão será ativado.

Se tudo correr como o planejado, a sonda Hope, será a primeira sonda


espacial lançada por um país árabe a chegar em Marte, e isso deve acon-
tecer em fevereiro de 2021.

Missão marciana dos Emirados Árabes Unidos, a sonda Hope, é fotografada dentro da sala limpa, durante testes em solo.
Crédito: MBRSC

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Os preparativos para o lançamento em Tanegashima aconteceram sem


grandes impactos causados pela pandemia do coronavírus, de acordo
com Omran Sharaf, gerente de projetos para a Emirates Mars Mission
no Mohammed Bin Rashid Space Centre em Dubai.

Sonda Hope chega no aeroporto de Tóqui no Japão para os preparativos finais para o lançamento.

O maior problema envolveu a ida da sonda de Dubai para Tanegashima


durante o mês de abril de 2020, mas nem foi um problema tão grande.
Os gerentes da missão tiveram que enviar uma equipe para o Japão, com
2 semanas de antecedência para que eles ficassem em quarentena por lá

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esperando a sonda chegar.

Depois da quarentena, a equipe de solo pôde retornar para as atividades


normais, e eles então ajudaram a receber a sonda no Japão e começaram
então a preparação final para o lançamento dentro da sala limpa já em
Tanegashima.

“Obviamente a equipe teve que respeitar regras de distanciamento so-


cial”, disse Sharaf. “Contudo, trabalhando com a MHI (Mitsubishi Heavy
Industries), a equipe conseguiu contornar toda a situação e trabalhar de
forma a minimizar os impactos no lançamento da missão Hope”.

Com a sonda então no topo do foguete, o dia do lançamento se aproxima


rapidamente e o próprio Sharaf brincou, que está no modo pânico.

Sarah Al Amiri, cientista chefe da missão Hope e ministra de estado dos


Emirados Árabes Unidos para ciências avançadas, disse que está com
uma mistura de sentimentos. Animada, apreensiva e interessada para
ver tudo isso acontecer, muitos sentimentos ao mesmo tempo, disse ela.

Sonda Hope é transportada para a ilha de Tanegashima, local do lançamento para Marte.

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Cerca de meio dia antes do lançamento, o foguete H-2A com seus 53


metros de altura irá sair do Vehicle Assembly building e será rolado até
a plataforma de lançamento, que fica de cara com o Oceano Pacífico em
Tanegashima. Essa jornada toda deve levar cerca de meia para ser com-
pletada.

Uma vez na plataforma de lançamento, o foguete será preparado, terá


o seu tanque enchido com combustível. Hidrogênio líquido e oxigênio
líquido super gelados serão bombeados para os dois estágios do foguete,
que irá então passar pelos testes de comunicação e de preparação do mo-
tor para garantir que o veículo estará pronto para o lançamento.

O lançamento do H-2A com a missão Hope irá marcar o voo de número


42 do foguete desde 2001 e a primeira vez que um foguete H-2A lança
uma nave para Marte.

O foguete H-2A irá ligar seu motor principal e seus dois boosters de
combustível sólido para deixar a plataforma de lançamento em Tane-
gashima, arqueando sobre o Oceano Pacífico, com 1.4 milhões de libras
de empuxo.

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Foguete japonês H-2A que levará a sonda Hope dos Emirados Árabes Unidos para o espaço e a colocará a caminho de
Marte.

Os dois boosters de combustível sólido irão queimar e serão liberados


menos de dois minutos depois do lançamento, seguindo da separação do
escudo aerodinâmico que protege a carga, cerca de 4 minutos depois do
lançamento.

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O primeiro estágio irá desligar seu motor principal e irá cair no Oceano
Pacífico, mais de seis minutos e meio depois do lançamento, seguido de
duas queimas do estágio superior do foguete abastecido com hidrogênio,
para primeiro, colocar a sonda Hope numa órbita ao redor da Terra, e
então acelerar a nave a uma velocidade de mais de 34 mil km/h.

Sonda Hope é acoplada ao estágio superior do foguete japonês H-2A.

Uma hora depois do lançamento, o foguete irá liberar a sonda, ela então
irá abrir seus painéis solares, cinco minutos depois, e vai então come-
çar a transmitir sinais para os controladores em Terra, que ficarão em
Dubai, usando para isso a estação de rastreamento da NASA que fica na
Espanha.

Cerca de 90 minutos depois do lançamento, a sonda irá ativar seus mo-


tores para começar a controlar a sua orientação. Uma das prioridades
após o lançamento, é apontar os painéis solares em direção ao Sol para
começar a produzir eletricidade.

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A sonda já tem uma série de manobras de correção de curso para ser


realizada em agosto de 2020, começando assim o seu processo de ajuste
fino da trajetória da Hope em direção a Marte. Eventualmente, navega-
dores na Terra, irão guiar a sonda até o seu ponto preciso perto do Pla-
neta Vermelho.

Sonda Hope é montada no foguete japonês H-2A, como parte dos preparativos finais para o lançamento para Marte.

Uma queima de 30 minutos do seu motor irá colocar a sonda na órbita


ao redor de Marte no início de fevereiro de 2021, completando assim
uma jornada de aproximadamente 493 milhões de quilômetros. A ma-
nobra para entrar na órbita de Marte é uma das fases mais arriscadas da
missão.

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A programação inicial é que a sonda chegue em Marte em 9 de fevereiro


de 2021, mas isso pode variar um pouco dependendo dos ajustes de tra-
jetória.

A Emirates Mars Mission teve um custo de cerca de 200 milhões de dóla-


res para o seu design, desenvolvimento e preparação para o lançamento.
Isso inclui a sonda, os sistemas de solo e os serviços de lançamento, que
os Emirados Árabes Unidos contrataram da Mitsubishi Heavy Indus-
tries, a empresa que constrói o foguete H-2A.

Sarah disse que os oficiais dos Emirados Árabes Unidos responsáveis


pelo programa espacial entraram em contato com empresas no mundo
todo antes de selecionar o foguete H-2A para lançar a missão.

“Existem diferentes conjuntos de critérios que são considerados na hora


de escolher um foguete para lançar a sua missão. Nós exploramos dife-
rentes opções. Procuramos por opções nos EUA, na Europa e na Ásia e
escolhemos o H-2A, pois ele está dentro dos requisitos estabelecidos,
que inclui o histórico de sucesso, a performance, a oportunidade de lan-
çamento, a acomodação da sonda e obviamente o custo”, disse ela.

O foguete H-2A tem um grande sucesso, só uma missão falhou em 41


lançadas, e desde 2005 ele apresenta 35 missões realizadas com sucesso.

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Sonda Hope nop Mohammed Bin Rashid Spce Centre, antes de ser transportada para o Japão.

Sonda Hope passa por testes no decorrer da sua construção.

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O foguete H-2A irá colocar a Hope com uma velocidade de mais de 34


mil km/h com relação a Terra, imprimindo nela energia suficiente para
que a sonda possa se libertar da Terra e começar sua viagem para Marte.
A sonda irá receber ajustes finos na sua trajetória através de uma série
de correções de curso usando propulsores, começando com uma queima
em meados de agosto de 2020 para então rumar para o Planeta Verme-
lho.

Em fevereiro de 2021, uma manobra crítica irá permitir que a sonda en-
tre na órbita de Marte e assim vai se juntar com as missões que já estão
lá operando, sondas dos EUA, da ESA e da Índia. A missão dos Emirados
Árabes Unidos é uma das 3 missões programadas para viajar até Marte
nas próximas semanas, as outras são o rover Perseverance da NASA e a
missão chinesa.

A oportunidade de lançar uma missão para Marte só ocorre a cada 26


meses, quando os planetas estão na posição ideal para que se possa fazer
uma viagem direta.

A sonda Hope, tem o tamanho de um Mini Cooper e possui 3 instru-


mentos científicos para medir as condições na atmosfera marciana a par-
tir de uma órbita única semi-síncrona acima do Planeta Vermelho.

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Embora, a missão tenha todo um objetivo científico, o governo dos emi-


rados Árabes Unidos também vislumbra o projeto como um catalizador
para as mudanças acadêmicas e industriais no país, fazendo com que ele
foque mais em tecnologia e em inovação. A missão chega em Marte para
comemorar o quinquagésimo aniversário da independência do país que
aconteceu em dezembro de 1971.

“A missão não é apenas dos Emirados Árabes Unidos, ela também faz
parte do mundo árabe”, disse Sharaf. “A ideia é inspirar a juventude ára-
be e enviar uma mensagem de esperança para eles, e uma mensagem que
basicamente diga a eles que se um país como os Emirados Árabes Unidos

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conseguiu chegar em Marte em menos de 50 anos, então, vocês, jovens


podem fazer muito mais com a história que vocês têm e com o talento
humano que vocês têm”.

Para a primeira missão interplanetária, os oficiais dos Emirados Árabes


Unidos buscaram parceria com engenheiros e cientistas nos Estados
Unidos para ajudar a desenvolver a sonda Hope.

Sonda Hope no Mohammed Bin Rashid Space Centre, antes de ser transportada para o Japão.

Os engenheiros dos Emirados trabalharam junto com os especialistas


norte-americanos para construir a sonda no Laboratory for Atmospheric
and Space Physics, ou LASP na Universidade do Colorado em Boulder.
Os cientistas dos Emeridos e dos Estados Unidos também desenvolve-
ram os três instrumentos da missão, com equipe do MBRSC em Dubai,
colaborando com pesquisadores no LASP, na Universidade Estadual do

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Arizona e na Universidade da Califórnia Berkeley.

Um dos objetivos da missão é desenvolver as capacidades científicas e


os pesquisadores nos Emirados Árabes e em longo prazo desenvolver os
cientistas que estarão aptos a trabalhar com pesquisas planetárias, com
o foco em Marte.

O governo dos Emirados Árabes Unidos, anunciou a missão Hope em


julho de 2014, e os oficiais deram ao projeto um tempo de 6 anos para
ser preparado e lançado. O projeto também contou com um orçamento
limitado. O dinheiro bem menor do que o envolvido em outras missões
para Marte.

Sonda Hope desembarca do avião em Tóquio e é preparada para o transporte para Tanegashima.

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A sonda MAVEN da NASA, que tem alguns objetivos parecidos com os


da sonda Hope, custou 671 milhões de dólares, para os EUA, mais de 3
vezes do orçamento devotado para a sonda Hope. No outro lado temos a
sonda Mars Orbiter Mission da Índia, que custou 74 milhões de dólares
para a ISRO. A Hope fica no meio das duas.

Os gerentes da missão procuraram por parceiros nos EUA que já tinham


trabalhado em outras missões para Marte. E os Emirados Árabes não
tinham um veículo lançador e então selecionaram o H-2A japonês para
isso.

O Exploration Imager, tem uma câmera autônoma digital e irá fazer imagens coloridas de alta resolução do planeta Marte.

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O Emirates Mars Ultraviolet Spectrometer que irá estudar a atmosfera superior de Marte e os traços de oxigênio e hidro-
gênio.

A NASA irá ajudar a missão fornecendo o sistema de rastreamento e de


comunicação através da Deep space Network, que inclui antenas na Cali-
fórnia, na Espanha e na Austrália, para fazer o relay de dados das sondas
que estão explorando o Sistema Solar.

“Essa é a nossa filosofia, construir algo com base no que já existe, utili-

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zar a infraestrutura já existente ao redor do mundo, não apenas olhar


essa missão como sendo uma missão dos Emirados Árabes, e sim algo
mais integrado com a comunidade espacial global”, disse Sharaf. “Parte
disso é para a transferência de know-how, parte para ganhar experiência
e parte para reduzir os riscos”.

Os líderes dos Emirados Árabes querem que o projeto sirva para propos-
tas científicas e estratégicas. A missão deve inspirar a juventude árabe, e
ajudar no desenvolvimento de novas capacidades para a indústria e para
as instituições acadêmicas dos Emirados Árabes.

Omran Sharaf, gerente de projeto para a Emirates Mars Mission. Crédito: MBRSC

Toda essa abordagem é muito parecida com a que foi usada na constru-
ção dos satélites DubaiSat 1 e de 2 satélites de imageamento da Terra,

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que foram lançados em 2009 e 2013. Eles usaram as lições aprendidas


dessa experiência e com isso conseguiram construir o KhalifaSat, um sa-
télite de observação da Terra que foi lançado em 2018.

Na esteira da sua inserção na era espacial, os Emirados Árabes Unidos


enviaram sue primeiro astronauta para a ISS em 2019, Hazzaa Ali Al-
mansoori.

A ideia toda é preparar o país para uma economia pós-petróleo.

Por isso uma missão para Marte. O objetivo é desenvolver um ecossiste-


ma que suporta a criação de um setor avançado em ciência e tecnologia.
A outra coisa que o país quer é preparar cientistas e engenheiros para o
futuro, que poderão enfrentar os desafios da nação, que terão foco em
recursos hídricos, recursos alimentícios e em energia limpa.

Engenheiros instalam o Mars Infrared Spectrometer na sonda Hope.

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Um dos principais responsáveis pela missão da sonda Hope é Omran


Sharaf, o gerente de projeto da missão.

Sharaf, na verdade, ajudou a guiar o programa espacial dos Emirados


Árabes desde 2006, quando ele se juntou a esse grande projeto depois
de ter se graduado na Universidade da Virginia, em engenharia elétrica.
Durante esse período ele trabalhou na Coreia do Sul para preparar as
missões do DubaiSat e assim fez seu mestrado no Instituto de Ciência e
Tecnologia da Coreia.

Depois do DubaiSat, era hora de alçar um voo bem maior. A decisão dos
governantes árabes foi de construir e não de comprar uma sonda. A
ideia era trabalhar com outras pessoas, aprender com as outras pessoas,
começar de onde os outros haviam parado, e complementar o trabalho.

Mais de 450 pessoas trabalharam na missão dos Emirados Árabes. Sen-


do 200 do país árabe, e 150 no Colorado. E dos 200 árabes, mais de um
terço são mulheres.

Um ponto interessante, que para reduzir drasticamente o custo da mis-


são, foi escolhido não inserir sistemas redundantes na sonda, com isso
conseguiram fazer a sonda ficar na casa dos 200 milhões de dólares.

Mas a missão Hope também irá coletar novos tipos de dados da atmos-
fera marciana e os cientistas esperam aprender sobre novas ideias a res-
peito do padrão climático do planeta.

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O Emirates Mars Infrared Spectrometer da sonda Hope que irá medir a distribuição da poeira, das nuvens de gelo, do
vapor d’água e da temperatura na atmosfera marciana.

Depois de chegar em Marte em fevereiro de 2021, a sonda Hope irá ma-


nobrar para atingir a sua órbita científica e operacional, o que deve acon-
tecer por volta de abril de 2021, essa órbita fará com que a sonda passe
entre 20 mil km e 43 mil km de distância da superfície de Marte.

Durante partes de cada órbita que deve durar 55 horas, a sonda irá se
mover com a mesma velocidade de rotação de Marte. Isso dará aos ins-
trumentos científicos uma visão sustentada da mesma região de Marte.

A missão Hope terá objetivos científicos parecidos com os da sonda MA-


VEN da NASA, que chegou no Planeta Vermelho em 2014, e a sua equi-
pe de ciência está no LASP em Boulder no Colorado, a mesma instituição
envolvida em ajudar o desenvolvimento da missão Hope.

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Os instrumentos da sonda Hope e o que eles irão estudar em Marte.

Os cientistas analisam os dados da sonda MAVEN para confirmar que o


bombardeamento do vento solar e da radiação em Marte, tem sido res-
ponsável por arrancar a atmosfera marciana, transformando o planeta
que era mais quente e mais úmido em um planeta frio e seco como é
hoje.

A Hope irá rastrear o escape de oxigênio e hidrogênio da atmosfera mar-


ciana no espaço e irá analisar de forma mais profunda a atmosfera do
planeta do que a MAVEN faz. Os cientistas querem investigar a possível
ligação entre o clima marciano com o escape de partículas da atmosfera.

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O Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo se prepara para a contagem regressiva do lançamento da sonda Hope para
Marte.

“Nosso foco primário é entender o ciclo climático diário de Marte


durante um ano inteiro”, disse Al Amiri. “Então isso nos dará uma
melhor perspectiva sobre as mudanças que acontecem durante um dia,
e se extrapolar isso para uma escala de tempo maior, poderá entender
melhor o que acontece dentro das estações e de uma estação para outra,
em cada hemisfério em Marte, e em todos os locais ao redor do planeta.

“Isso irá permitir caracterizar de forma completa, pela primeira vez, o


sistema climático marciano que acontece na atmosfera inferior do plane-
ta”, disse Al Amiri. “Nós vamos olhar no ciclo de poeira, as temperaturas
tanto na superfície como na atmosfera até uma altura de 50 km. Nós
vamos olhar as nuvens de gelo, o ciclo do vapor d’água e o ozônio, para
poder entender a atmosfera”.

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Os instrumentos científicos da sonda Hope dos Emirados Árabes Unidos.

Os cientistas também desenharam a Hope para ajudar a buscar a ligação


entre o clima na atmosfera inferior com a taxa de escape atmosférico,
onde moléculas são arrancadas de Marte e jogadas no espaço. O proces-
so de escape tem afinado a atmosfera marciana, que em algum momento
da história foi muito mais espessa e poderia ter suportado a vida.

“A cobertura global da missão é uma grande parte que faz a ciência da


Emirates Mars Mission, única, ela ajudará a preencher muitas lacunas
no entendimento da atmosfera marciana”, disse Al Amiri. “Hoje nós usa-
mos muitos modelos climáticos e teorias para preencher essas lacunas, e
agora teremos dados”.

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Um ponto final muito interessante da missão da sonda Hope, é que a


partir de setembro de 2021, os dados obtidos pela missão são públicos,
ou seja, qualquer pessoa poderá ter acesso e utilizar esses dados.

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sonda Hope, é fotografada dentro da sala limpa,
durante testes em solo. Crédito: MBRSC

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