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O ROTACIONAL E O TEOREMA DE
STOKES

14.1 - O ROTACIONAL

A equação:

(14.1)
∫ H.dL = I
l
(A )

relaciona a integral de linha do vetor intensidade de campo magnético H ao longo de um caminho


fechado L com a corrente total envolvida por esse caminho.

Embora relações envolvendo caminhos finitos sejam úteis em teoria de circuitos, é frequentemente
desejável, na teoria de campos, relações que envolvam grandezas em um ponto no espaço. O
Rotacional é uma relação pontual que pode ser utilizada para aplicar a lei de Ampére em um ponto.

Considere uma área incremental ∆S, em um meio condutor, atravessada perpendicularmente por uma
corrente ∆I (figura 14.1)

∆S

H
∆I

figura 14.1 - Superfície incremental atravessada por corrente

Aplicando a lei de Ampére, e dividindo por ∆S:

∫ H.dL = ∆I
 

(14.2)
l
( A / m2 )
∆S ∆S

Passando ao limite, com ∆S tendendo a zero:

∫ H. d l


lim lim ∆I (14.3)


l
= ( A / m2 )
∆S → 0 ∆S ∆S → 0 ∆S


O segundo membro da equação 14.3 é a densidade de corrente J . O primeiro membro representa uma
operação vetorial sobre um campo vetorial, denominada rotacional. Assim, podemos escrever:

( rotH)a (14.4)
 

= J ( A / m2 )


 

ân indica que rotH é um vetor perpendicular a ∆S e na direção de J .


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Vamos agora encontrar a expressão para rotH em termos das coordenadas x, y e z. Considere 

inicialmente uma área incremental formada pelos lados ∆x e ∆y, e a componente em x do vetor J , Jx,
perpendicular a ∆S.

Hy + (∂Hy/∂z)∆z

Hz Hz + (∂Hz/∂y)∆y
Jx

y
Hy
x 

figura 14.2 - Circulação de H em uma superfície ∆S.


Aplicando a lei de Ampére:

(14.5)
∫l H. dL = I



(A)

∂Hz ∂Hy
Hy ∆y + Hz ∆z + ∆y∆z + ( −Hy ∆y − ∆z∆y ) + ( −Hz ∆z) = Jx ∆y∆z (14.6)
∂y ∂z

Dividindo por ∆S:

∂Hz ∂Hy
( )
 

rotH ax = − = Jx ( A / m2 ) (14.7)
∂y ∂z

Semelhantementente, nas direções y e z teremos:

∂H x ∂H z
( rotH)a


y = − = J y ( A / m2 ) (14.8)
∂z ∂x

∂H y ∂H x
( rotH)a


z = − = J z ( A / m2 ) (14.9)
∂x ∂y

Assim:

 ∂H z ∂H y   ∂H x ∂H z   ∂H y ∂H x 
rotH =  − ax +  − ay +  − az =

 ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 
(14.10)
J xa x + J ya y + J za z ( A / m2 )

ou:

(14.11)

rotH = J (A / m2 )

Lembrando que:

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∂ ∂ ∂
∇= ( )a x + ∂y ( )a y + ∂z ( )a z

∂x (14.12)

e:

(14.13)


H = H x a x + H y a y + H z a z ( A / m)

vamos fazer a operação ∇ × H :


ax ay az
∂ ∂ ∂
∇×H = (14.14)
∂x ∂y ∂z
Hx Hy Hz

 ∂H z ∂H y   ∂H z ∂H x   ∂H y ∂H x 
∇×H =  −  ax +  − +  ay +  −  az

(14.15)
 ∂y ∂ z   ∂x ∂z   ∂x ∂y 

ou:

(14.16)
 

∇ × H = J ( A / m2 )

Esta é a lei de Ampére na forma pontual.




A circuitação do vetor intensidade de campo magnético H em uma superfície que


Conceito tende a zero (caracterizando um ponto no espaço), dividida pela área dessa 

superfície, é o vetor densidade de corrente J neste ponto .

O conceito do rotacional pode também ser aplicado ao campo eletrosático:

(14.17)
∫ E.dL = 0
 

(14.18)


∇×E = 0

Exemplo 14.1
Uma interpretação física do rotacional - Uma carga retangular leva água na direção do eixo x. a largura
da calha é b m. Achar o rotacional da velocidade da água, que é expressa por:


π
V = k sen( y)a x ( m / s)

Solução
z figura 14.3 - Calha
O rotacional da velocidade será: retanagular

∂Vx
∇×V = − a z ( m / s2 )

∂y

As demais derivadas são nulas, porque a y


velocidade só possui a componente em x, e só
varia na direção y
. V


kπ  πy  Uma interpretação física para o rotacional da


∇×V = − cos  a z ( m / s2 )

b  b velocidade nestex exemplo pode conseguida com


o auxílio de de um pequeno aparelho medidor de

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rotacional, que denominaremos "rotacionâmetro", pequeno aparelho, determinar a velocidade da


mostrado na figura 14.4. Se colocarmos este água em cada ponto da calha.
aparelho dentro da calha, com seu eixo vertical
ao longo do eixo z, ele girará no sentido horário
quando estiver à esquerda do centro da calha, e
no sentido anti-horário quando estiver à direita do
centro da calha, correspondendo a valores V
positivos e negativos do rotacional. Quando
estiver no centro da calha ele não girará, visto
que as forças que atuam nas pás estarão em
equilíbrio. Também podemos deduzir que ele
girará mais rapidamente quando estiver nas
bordas da calha, decaindo a velocidade até zero
no centro da calha.
∇×V

pás

figura 14.4 - medidor de rotacional figura 14.5 - gráficos da velocidade e rotacional


no exemplo 14.1
Sabendo que a velocidade da água é nula nas
paredes da calha, é possível, com a ajuda desse

Exemplo 14.2
Considere um condutor cilíndrico com raio R m, percorrido por uma corrente I A, uniformemente


distribuída. Encontre ∇ × H dentro e fora do condutor.

Solução
I
Hφ = ( A / m)
Hφ 2 πr

Hφ A expressão geral para o rotacional em


r coordenadas cilíndricas é:
R
r  1 ∂H z ∂Hφ 


 ∂H r ∂H z 
∇×H =  − ar +  −  aφ +
 

I
 r ∂φ ∂z   ∂z ∂r 
1  ∂rH φ ∂H r 
 − az


r  ∂r ∂φ 
figura 14.6 - condutor percorrido por corrente I

O vetor intensidade de campo magnético será Portanto, dentro do condutor:


expresso em coordenadads cilíndricas:


1 ∂  r 2I 
∇×H =   a z (A / m2 )


H = H φ a φ (A / m) r ∂r  2 πR 2 


dentro do condutor Hφ vale: 

I
∇×H = a z ( A / m2 )


2 πR 2
I
Hφ = r (A / m)
2 πR 2 ou:

e fora:
 

∇ × H = J ( A / m2 )

Fora do condutor:

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∇ × H= 0


1 ∂  rI 
∇× H= 
2
 a z (A / m )


r ∂r  2 πr 

14.2 - O TEOREMA DE STOKES

Considere a superfície S, dividida em superfícies incrementais ∆S, mostrado na figura 14.7.

an

figura 14.7 - Superfície dividida em superfícies incrementais.

∫ H.dL = (∇ × H)a
 

∆S


(14.19)
( A / m2 )


n
∆S

ou

∫ ( ) ( ) (14.20)
   

H. dL = ∇ × H a n . ∆S = ∇ × H ∆S


∆S

Realizando uma circulação para todas as áreas incrementais, e somando os resultados, a maioria dos
termos se cancelam, com exceção dos que estão no contorno da superfície S. Portanto:

∫ H.dL = ∫ (∇ × H).dS
   

(A ) (14.21)
l S

A equação acima é chamada de Teorema de Stokes, e é válida para qualquer campo vetorial.
Utilizando-o na lei de Ampére:

∫ (∇ × H).dS = ∫ J .dS = ∫ H.dL


     

(A) (14.22)
S S l

Pelas identidades acima percebemos que podemos facilmente partir da lei de Ampére na forma integral
e chegar na sua forma pontual e vice-versa, utilizando o teorema de Stokes.

EXERCÍCIOS

1 
1) - Dado o vetor genérico A = e − 2 z sen φ a φ em coordenadas cilíndricas, calcule o rotacional de A em



2 
( 0,8; π/3; 0,5).

2 cos θ sen θ
2) - Dado o vetor genérico A = ar +
 

3 3
a θ , mostre que o rotacional de A é nulo para todo o
r r
espaço.

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H = 3. a x + 7 y. a y + 2 x. a z H = 6r. a r + 2 r. a φ + 5. a z
     

3) - Encontre J se (a) (b) e (c)




H = 2 r. a r + 3. a θ + cos θ. a φ
  

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