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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MACAÉ


ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PROCESSO Nº XXXXXXXXX

....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do
CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º .....,
Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e
bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório
profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde
recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência apresentar

CONTESTAÇÃO

PRELIMINARMENTE

DA ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM

O Autor pretende que " os Requeridos desocupem o imóvel ..."(item "c" do


pedido). Considerando que existem apenas dois requeridos, sendo um deles o
Fiador, conclui-se que o Contestante é parte ilegítima para responder por tal
pleito, na medida em que não detém a posse do imóvel.

Confira-se, a propósito, o seguinte julgado:

"ALUGUEL - DESPEJO DO LOCATÁRIO AFIANÇADO - AÇÃO DE COBRANÇA -


CUMULAÇÃO - FIADOR - PARTE EXCLUÍDA DA RELAÇÃO PROCESSUAL POR
ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM - POSSIBILIDADE DA MEDIDA - Agravo de
Instrumento. Despejo por falta de pagamento cumulado com cobrança de
aluguéis. Impossibilidade de incluir-se o fiador no pólo passivo da demanda. O
fiador, por não integrar a relação jurídica de locação, não é a parte legítima para
figurar no pólo passivo como réu na ação de despejo. Decisão neste sentido,
incensurável. Improvimento do recurso. Voto vencido. (FJB) (TJRJ - AI 14067/199
- (22042000) 3º C.Cív. - Rel. Des. Murilo Andrade de Carvalho - J. 28.03.2000)
(grifou-se)

Ainda que fosse permitido incluir o fiador no pólo passivo da ação de despejo
cumulada com cobrança de alugueres, o pedido de despejo em si deveria ser
manejado tão somente contra a pessoa do locatário, jamais contra o fiador. A 2ª.
Câmara Cível do E. Tribunal de Alçada deste Estado, sendo Relator o Juiz Jurandyr
Souza Junior, já decidiu que "É possível a cumulação de pedido de despejo com
cobrança de aluguel, nada impedindo que integrem passivamente a lide aos
fiadores, obrigados ao pagamento, em virtude de litisconsórcio." Todavia, há que
se ter em conta que "A cumulação de pedidos é em relação ao inquilino, contra
quem se dirigem os pedidos de despejo e de cobrança, permitindo-se o
litisconsórcio em face do ultimo." (TAPR - AC 0157855-0 - (14136) - 2ª C. Cív. -
Rel. Juiz Jurandyr Souza Junior - DJPR 08.06.2001).

Em suma, mesmo que se admita a cumulação do despejo com ação de cobrança,


o fiador não pode sofrer os efeitos do primeiro pleito. E como o pedido contra o
Requerido foi expresse neste sentido, ou seja, para desocupar o imóvel, torna-se
evidente a sua ilegitimidade para figurar no pólo passivo deste feito.

Por tais motivos, requer-se, preliminarmente, seja declarada a carência da ação,


pela falta de uma de suas condições, extinguindo-se o processo sem julgamento
do mérito, com fundamento no que dispõe o art. 267, VI, do CPC.

DO MÉRITO

DOS FATOS

O requerido efetivamente afiançou o contrato descrito na inicial.

Por duas vezes, o Locatário, passando por dificuldades financeiras, viu-se


compelido a atrasar o pagamento dos alugueres. Em ambas as oportunidades,
mediante simples telefonema ao Fiador, o Autor solucionou prontamente a
questão. Por razões desconhecidas, neste caso, optou o Requerente por ajuizar
diretamente o presente feito. Assim sendo, o Requerente não cumpre com a
verdade, ao dizer textualmente que "foram esgotadas todas as vias extrajudiciais
para resolver o litígio".

A rigor, faltar-lhe-ia legítimo interesse para propor a demanda. Todavia, se assim


o preferiu, vê-se o Requerido na contingência de contestar o presente feito na
forma que se segue.

O Demandante postula o recebimento do valor de R$ ..........., conforme o cálculo


de fl. 10. Aqueles montantes foram apurados de forma incorreta sempre com
elevação indevida, em pelo menos 3 aspectos diferentes.

1. Quanto à correção monetária

O Demandante não especifica que índice foi utilizado para se chegar às quantias
constantes do aludido cálculo, o que, por si só, os invalida-se. O equívoco,
todavia, é manifesto: apenas na parcela mais antiga, observa-se que a correção
monetária ultrapassou o patamar de 30%, em apenas um ano, fato que,
sabidamente, não ocorre neste País há vários anos.

2. Quanto ao valor do aluguel

A partir do mês de ............./....., não se sabe o porquê, os alugueres foram


majorados indevidamente de R$ ........ (R$ ...............) para R$ ...........

3. Quanto à multa

O Autor pretende cobrar multa de 10% sobre o valor do débito. O valor máximo
permitido pela Lei nº 9298/96 é de 2%, preceito este que se aplica ao caso
vertente, como vem entendendo a jurisprudência pátria, segundo se observa nos
seguintes arestos:

a) Do E. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais:


E3.JUROS MORATÓRIO E MULTA - LIMITAÇÃO E REDUÇÃO - POSSIBILIDADE -
INTELIGÊNCIA DO DECRETO Nº 22.626/33 E ART. 1.062, DO CÓDIGO CIVIL E,
AINDA, ART. 5º, DA LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL - VOTO VENCIDO -
Os juros moratórios não podem ultrapassar o percentual máximo de 1% ao mês,
impondo-se sua redução até mesmo de ofício, o mesmo ocorrendo no tocante à
multa, ainda que não aplicável à espécie o CDC - Vv.: Incabível a redução da
multa por inadimplemento, uma vez que a mora ocorreu antes da publicação da
lei que reduziu seu percentual para 2%. (TAMG - AC 0271574-4 - 3ª C. Cív. - Rel.
Juiz Dorival Guimarães Pereira - J. 10.02.1999) (grifou-se)

b) Do E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul

MULTA MORATÓRIA. POSSÍVEL SUA INCIDÊNCIA A RAZÃO DE 10%, VISTO QUE A


CONTRATAÇÃO É ANTERIOR AO ADVENTO DA LEI Nº 9298/96. APELO PROVIDO
PARCIALMENTE. (TARS - AC 197212632 - 16ª C. Cív. - Relª Juíza Genacéia da
Silva Alberdon - J 28.10.1998)

Conclui-se que os valores constantes da inicial devem ser revistos. Os montantes


corretos encontram-se estampados na planilha em anexo, perfazendo o total de
R$ .......... Confrontando-se com a importância constante da inicial (R$ ............),
percebe-se que o Autor pleiteia o recebimento a maior da quantia de
R$ ................

DO DIREITO

Segundo o art. 940 do Código Civil Brasileiro, "Aquele que demandar por dívida já
paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do
que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do
que houver cobrado e, segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver
prescrição".

Assim sendo considerando-se que o Requerente está pedindo mais que o devido,
está obrigado a pagar esse importe de R$ ............... ao Requerido, a contar da
data do respectivo cálculo, devidamente corrigido e com os mesmos acréscimos
devidos às prestações.

DOS PEDIDOS

Isto posto, requer o Demandado que esse MM. Juízo:

a) Reconheça a ilegitimidade passiva ad causam do Peticionário, determinando-se


a extinção do processo, com base no que dispões o art. 267, VI, do CPC;

b) Se este não for o entendimento de Vossa Excelência, que o Requerido seja


considerada parte ilegítima ao menos com respeito ao pedido de desocupação do
imóvel;

c) Se ultrapassadas as preliminares, no mérito requer-se:

1. Seja reconhecido que o Autor está pleiteando o recebimento de uma


importância maior que a devida, nos termos dos cálculos aqui apensados;

2. A aplicação ao caso do art. 940 do Código Civil, no tocante à obrigação do


Autor pagar ao Requerido o que está tentando cobrar em excesso;

3. A condenação do Autor às verbas de sucumbência.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].


[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]

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