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EXERCÍCIOS – DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS

1) No município de Taubaté será construído um novo centro de


compras. Para que a empresa responsável pela construção possa iniciar
projeto e obra, quais as medidas administrativas de proteção ambiental?
Explique e fundamente.

2) No funcionamento de uma usina hidrelétrica ocorreu um grave


acidente ambiental: o rompimento da barragem em virtude de uma forte chuva.
Em decorrência desse acidente danos ambientais e mortes ocorreram. Nesse
caso há responsabilidade por parte do ente estatal em questão? Explique.

3) A produção de resíduos sólidos nos municípios tem gerado sérios


problemas ambientais. No seu entendimento, quais as medidas necessárias
para minimizar o impacto causado pela produção de resíduos?

4) Diminuir o consumo seria uma maneira de diminuir os danos


ambientais ou o desenvolvimento econômico não pode parar em prol da
natureza? Você tem qual visão com relação à utilização dos bens ambientais:
antropocêntrica ou biocêntrica? Justifique.

5) No seu entendimento o Direito ambiental é um Direito ou um


dever social?

6) Quais são as conseqüências da degradação ambiental para a


vida humana e quais os tipos de degradação?

7) O que é patrimônio genético?

8) No seu entendimento qual é o principal princípio do Direito


ambiental? Por quê?

RESPOSTAS:
1) Nesse caso, será necessário que a empresa responsável pela
construção consulte o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), órgão
competente pela autorização e emissão do licenciamento e da licença
ambiental.

O licenciamento e a licença foram definidos na Resolução nº 237/97


do CONAMA:

“Art. 1º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes


definições:
- Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual
o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando
as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao
caso.
- Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de
controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa
física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental.”

Assim, para obter uma licença ambiental é necessário o


desenvolvimento válido e regular de uma sequência de atos administrativos, à
exemplo da realização de estudos de impacto ambiental. Estes procedimentos
culminam num ato final, que é a concessão ou denegação do pedido de licença
ambiental. A licença é um ato administrativo de controle preventivo, que
objetiva a proteção ambiental.

Já o licenciamento ambiental é o processo ou procedimento em si,


abrangendo todos os atos e a forma como se desenvolve.
Ademais, as licenças possuem prazo de validade, devendo ser
renovadas a depender do tipo de licença concedida. A licença prévia antecede
início da implantação do projeto e possui o prazo de 5 anos; a licença de
instalação autoriza o início da implantação do empreendimento e possui o
prazo de 6 anos e a licença de operação autoriza o início da atividade
licenciada e possui o prazo de 4 a 10 anos.

2) O artigo 3°, IV, da Lei nº 6.938/81, estabelece que poluidor é toda


pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável por
atividade causadora de degradação ambiental, seja direta ou indiretamente.
Assim, todos os causadores (diretos e indiretos) respondem solidariamente
pelos prejuízos causados ao meio ambiente.

A jurisprudência de nossos Tribunais Superiores vem decidindo que


o ente estatal deve ser responsabilizado quando houver falha em seu dever de
fiscalização.

Desta forma, no caso apresentado, o ente estatal poderá ser


responsabilizado se ficar provado que houve omissão da sua parte e que esta
omissão foi realmente responsável pelo dano ao meio ambiente, isto é, que foi
determinante para a concretização do dano ou do seu agravamento pelo seu
causador imediato.

Salienta-se que a responsabilidade civil por dano ambiental é


objetiva, assim, basta a comprovação da ocorrência do dano ambiental e do
respectivo nexo causal para que incida a responsabilização civil.

3) Resíduo sólido é todo material, substância, objeto ou bem


descartado, resultante de atividades humanas em sociedade.

A Lei de Resíduos Sólidos - Lei nº 12.305/2010 procura incentivar a


não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento dos
resíduos sólidos, bem como a disposição final ambientalmente adequada.

Na minha opinião, para diminuir os impactos causados pela


produção de resíduos sólidos é imprescindível a cooperação entre todos os
segmentos da sociedade, ou seja, entre a população, as empresas e o setor
público.
Para isso, diversas medidas podem ser tomadas: primeiramente,
essencial é o efetivo cumprimento das determinações legais e constitucionais
já previstas no nosso ordenamento. Os entes estatais devem fiscalizar
rigorosamente o cumprimento de tais regras, bem como a produção, o
comércio e a destinação final de materiais plásticos, que demoram milhares de
anos para se decompor na natureza. A fiscalização das formas de destinação
dos resíduos sólidos é de extrema relevância, evitando impactos ambientais
que podem se tornar irreversíveis, como por exemplo, a erosão, o
empobrecimento dos solos e a proliferação de pragas e doenças.

Ademais, é necessário a prevenção e conscientização da população,


iniciando nas escolas primárias, até chegar aos adultos por meio de
propagandas em televisão, de modo que a população brasileira tenha mais
cuidado com o meio ambiente.

A imposição de multas sancionatórias também pode ser uma opção


para aqueles que produzem lixo de modo demasiado.

4) Sim, diminuir o consumo seria uma maneira de reduzir os danos


ambientais. E isso não significa parar de consumir, o que é praticamente
impossível no mundo globalizado em que vivemos atualmente, mas consumir
com cautela, de maneira consciente e de forma a tutelar o meio ambiente
saudável, que é direito e dever constitucional de todos.

Na visão antropocêntrica o homem é o titular do direito, sendo o


único capaz de proteger e preservar o meio ambiente, bem como respeitar as
normas. Para essa visão, o bem ambiental deve satisfazer as necessidades
humanas.

Já a visão biocêntrica objetiva a proteção dos seres vivos, o respeito


a todas as formas de vida, sendo a vida o centro de todas as coisas e não
somente uma utilidade para a espécie humana. O homem é parte da natureza
e não superior a esta.

Acredito que a visão antropocêntrica é resultante de um liberalismo


econômico exagerado e imoderado, não podendo prevalecer nos dias atuais.
Não há como negar que o ser humano pertence ao meio em que vive, devendo
respeitá-lo e preservá-lo para as futuras gerações. Ademais, a tutela ambiental
é indispensável para a manutenção da vida na Terra.

5) Para Paulo de Bessa Antunes, Direito Ambiental é o ramo jurídico


que regula a relação dos indivíduos, governos e empresas com o meio
ambiente, objetivando conciliar os aspectos ecológicos, econômicos e sociais,
de modo a melhorar a condição ambiental o bem-estar da população.

Nos termos do artigo 225, caput, da Constituição Federal de 1988, o


meio ambiente saudável ou ecologicamente equilibrado é um direito de todos,
devendo a coletividade e o poder público defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.

Assim, o objetivo do Direito Ambiental é proteger o meio ambiente,


evitando danos a ele e garantindo que ele permaneça saudável para as
próximas gerações, sendo, ao mesmo tempo, um direito e um dever social de
todos.

6) A degradação ambiental pode causar inúmeras consequências


para a vida humana, entre elas: a destruição da biodiversidade,
genocídio das nações indígenas, erosão e empobrecimento dos solos,
enchentes e assoreamento dos rios, elevação das temperaturas,
desertificação, proliferação de pragas e doenças, entre outras.

Os tipos de degradação ambiental são:

a) Atmosférica (efeito estufa; aquecimento global com o aumento da


temperatura no planeta, causando o derretimento das geleiras, aumento dos
oceanos; rompimento da camada de ozônio, fazendo com que os raios solares
penetrem no planeta de forma mais forte);
b) Hídrica (poluição das águas dos rios e mares);
c) Do solo (nos aterros sanitários, a decomposição da matéria
orgânica produz chorume, substância altamente poluente, que prejudica o solo
e até mesmo o lençol freático);
d) Sonora (sons altos);
e) Visual da paisagem urbana (excesso de publicidade - outdoor,
cartazes).
7) De acordo com o inciso I do art. 2º da Lei nº 13.123, patrimônio
genético significa “informação de origem genética de espécies vegetais,
animais, microbianas ou espécies de outra natureza, incluindo substâncias
oriundas do metabolismo destes seres vivos”.
É o conjunto de informações contidas nas plantas, nos animais e
nos microrganismos, no todo ou em suas partes (cascas, folhas, raízes, pelos,
penas, peles, etc.), estejam eles vivos ou mortos. O patrimônio genético
também está contido em substâncias produzidas por esses organismos, como
resinas, látex de plantas ou venenos de animais e substâncias químicas
produzidas por microrganismos.

8) Entendo que o principal princípio do Direito Ambiental é o


princípio do poluidor-pagador por estar ligado à ideia de prevenção e repressão
ao mesmo tempo.

Esse princípio determina que ao poluidor será imposta a


obrigação de recuperar os danos causados, na maior medida do possível,
contudo, se o dano for irrecuperável, caberá ao poluidor indenizar os danos
causados por meio do pagamento de determinado valor em espécie, que
deverá ser revertido à preservação do meio ambiente.

Ademais, esse princípio é de extrema importância, pois é um


incentivo negativo para aqueles que pretendem praticar conduta lesiva ao meio
ambiente.

Vale ressaltar que a responsabilidade civil por dano ambiental é


objetiva, assim, basta a comprovação da ocorrência do dano ambiental e do
respectivo nexo causal para que incida a responsabilização civil.

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