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 Curso de Direito

Cidadania, Ética e Espiritualidade


5º Encontro – Apontamentos a respeito do direito fundamental à liberdade de religião:
foco na neutralidade religiosa

 Prof. Me. Danilo Ferraz Nunes da Silva

 Apontamentos a respeito do direito fundamental à liberdade de religião: foco na


neutralidade religiosa

1 – Introdução;

1.1. Leitura e discussão de texto – Decisão do Conselho Nacional de Justiça a respeito de


símbolos religiosos em Tribunais.

1.2. Conceito de Religião;

2. Art. 5º VI da Constituição brasileira;

3. Direito Internacional;

4. Art. 19 da Constituição Federal.

5. Considerações doutrinárias.

 1. Introdução

 Perplexidade: doutrina constitucional e neutralidade religiosa

 [...] “o Estado Constitucional avança com afirmações categóricas de valor que são tudo
menos axiologicamente neutras” (MACHADO, p. 29) 

 [...] uma neutralidade religiosa, ideológica e axiológica é simplesmente impossível [...]


(MACHADO, p. 29) 

 [...] “os fundamentos do Estado Constitucional se encontram em última análise, nas


ideias fortes, da matriz judaico-cristã que conformam a civilização ocidental”
(MACHADO, P. 30)

 1. Introdução

1.1. Leitura e discussão de texto – Decisão do Conselho Nacional de Justiça a respeito de


símbolos religiosos em Tribunais.

 1.2. Conceito de Religião

[do lat. Religione.] 1. Crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais,


considerada(s) como criadora(s) do Universo, e que como tal deve(m) adorada(s) e
obedecida(s). 2. A manifestação de tal crença por meio de doutrina e ritual próprios, que
envolvem, em geral, preceitos éticos. 3. Restr. Virtude do homem que presta a Deus o culto
que lhe é devido. 4. Reverência a coisas sagradas. 5. Crença fervorosa, devoção, piedade. 6.
Crença numa religião [v. religião (1 e 2)] determinada; fé, culto: Esta moça adotou a religião
do marido. 7. Vida religiosa: Abandonou o mundo e abraçou a religião. 8. Qualquer filiação a
um sistema específico de pensamento ou crença que envolve uma posição filosófica, ética,
metafísica, etc. [...] (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).

 2. O Art. 5º, VI, da Constituição brasileira

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos


cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

 3. Direito Internacional

Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)

 Art. 18º - Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de


religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim
como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto
em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

 3. Direito Internacional - continuação

Convenção Americana de Direitos humanos – 1969 (Pacto de San José da Costa Rica)

Artigo 12 - Liberdade de consciência e de religião

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a
liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças,
bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou
coletivamente, tanto em público como em privado.

2. Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de
conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.

3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita apenas às


limitações previstas em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a
saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.

4. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que seus filhos e pupilos recebam a
educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.

 4. O Art. 19, I, da Constituição brasileira

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento
ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada,
na forma da lei, a colaboração de interesse público;

 5. Considerações doutrinárias

“A defesa da primazia dos valores do Estado Constitucional só é possível a partir de uma visão
teísta do mundo e da vida que corresponda, no essencial, à matriz judaico-cristã. A defesa de
direitos humanos fundamentais diante do poder político autocrático e democrático só é
possível mediante o reconhecimento da sua origem transcendente” (MACHADO, 2013, p. 123).

 5. Considerações doutrinárias - continuação

“O Estado Constitucional deve ser neutro relativamente às diferentes visões de mundo, não no
sentido de estas lhe são éticas ou axiologicamente indiferentes, mas no sentido de que ele as
avalia a todas, de igual modo, com base nos mesmos valores e princípios constitucionais de
dignidade, liberdade, igualdade e justiça” (MACHADO, 2013, p. 134).

“O princípio da neutralidade surge, acima de tudo, como artifício de gestão da diversidade”


(MACHADO, 2013, p. 134).

 5. Considerações doutrinárias - continuação

“As considerações que desenvolvemos anteriormente afastam a utilização abusiva dos


princípios da separação das confissões religiosas do Estado e da neutralidade religiosa e
ideológica como barreiras de proteção de uma visão secularizada do mundo contra qualquer
forma de manifestação da religião” (MACHADO, 125).

 5. Considerações doutrinárias - continuação

“A ideia de que os argumentos religiosos não são racionalmente inteligíveis ou se apresentam


hostis ao compromisso é baseada numa visão limitada e até caricatural da religião, que ignora
a estrutura racional, fundamentada, controlável e refutável de muitos dos argumentos
religiosos, em nada distinta de outros argumentos baseados em visões de mundo e
pressuposições não estritamente religiosos” (MACHADO, 129).

 5. Considerações doutrinárias - continuação

“Se o critério de verdade fosse dado pela razão pública secularizada, a tese de Sepúlveda sobre
a predisposição natural dos índios para a escravatura teria ganho o mencionado debate de
Valladolid, por ser mais ‘racional’ e ‘científica’” (MACHADO, 129).

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