Você está na página 1de 8

O uso de GNSS em

smartphones
Você sabe como funcionam os serviços de localização do seu celular?

O mesmo GPS que utilizamos em mapeamentos e projetos de engenharia é também


utilizado no seu smartphone! Ele é fundamental para os serviços mais populares nos
dias de hoje como serviços de entrega, transporte e marketing. Mas nem sempre ele
pode ser utilizado sozinho! O Global Positioning System (GPS) foi proposto em 1970
pelo departamento de defesa americano. Trata-se de um sistema de posicionamento
global baseado em uma constelação de satélites artificiais. Neste sistema, as órbitas são
definidas de tal forma que ao menos quatro satélites são rastreáveis em qualquer horário
e lugar do globo terrestre. Seu princípio de funcionamento está baseado na trilateração
por meio de medidas de tempo e distância da propagação de ondas de rádio frequência.
A distância deve ser mensurada entre um satélite e um receptor. As coordenadas dos
satélites são conhecidas para cada instante de tempo.

Outros projetos de sistemas de posicionamento baseados em trilateração também foram


surgindo ao longo do tempo, iniciados por diferentes nações. Alguns dos mais
conhecidos são os sistemas GLONASS, Galileu e Beidou. O Global Navigation Satellite
System (GNSS) é o conjunto de todas as constelações de satélites artificiais de
geoposicionamento, suas estações terrestres e seus agentes de controle.

A evolução das tecnologias de posicionamento bem como a popularização do acesso à


internet e aos dispositivos móveis vem impulsionando o surgimento de serviços
baseados em localização, os quais são chamados de Location Based Services (LBS).
Estes serviços podem ser definidos como aplicações, em sua maioria desenvolvidos para
plataformas móveis, cujo objetivo é fornecer informações baseadas no contexto e
localização do dispositivo e usuário. Alguns exemplos são os aplicativos de entrega,
aplicativos de transporte ou as propagandas direcionadas por localização.

Ocorre que os receptores GNSS embarcados em dispositivos móveis ainda possuem


limitações em relação à qualidade e quantidade dos sinais rastreados dos satélites
artificiais. Dessa forma, a precisão final da localização do dispositivo é comprometida.
Para possibilitar um nível de precisão satisfatório aos diferentes aplicativos, outros
métodos são utilizados para melhorar a localização final do dispositivo móvel.

A-GPS (Assisted GPS)

Como dito anteriormente os sinais oriundos dos satélites alcançam os receptores


presentes nos smarthphones com qualidade reduzida, isso ocorre devido à condições
climáticas ou devido à presença de obstáculos durante a propagação de sinal. Esse efeito
é agravado nos grandes centros urbanos dada a existência de grandes construções. Para
solucionar este problema, grandes estações terrestres captam e processam dados dos
satélites e transmitem estas informações por meio das torres de telefonia móvel
melhorando a localização final dos dispositivos.

Sistema de Posicionamento por Wi-fi

Utiliza do conhecimento prévio da localização de pontos de acesso sem fio para medir a
intensidade do sinal recebida pelo dispositivo móvel assim, é possível calcular a
distância até o ponto de acesso. Este método é bastante aplicado em ambientes internos
onde o sinal dos satélites GNSS não estão disponíveis. São necessários pontos de acesso
espalhados em locais estratégicos. Esses pontos de acesso, aliados a técnicas de
triangulação de sinal, permitem que se identifique a localização do dispositivo.

GNSS Shadow Matching

O mapeamento e representação tridimensional de construções urbanas vem se tornando


cada vez mais recorrente e facilitado por novas tecnologias. Os modelos 3D das cidades,
por serem georreferenciados, permitem a determinação das das zonas de sombras dos
sinais dos satélites em relação as vias localizadas em grandes centros urbanos.
Consequentemente, a localização do receptor pode ser melhorada por meio da
identificação de sinais de satélites diretos ou desviados permitindo ainda estimar em
qual lado da via o dispositivo está localizado.
Mesmo não conectado à internet, seu smartphone pode lhe dizer onde você
está. Mas, afinal, como o aparelho faz isso? Em entrevista ao canal
Computerphile, Derek MacAuley, professor da escola de Ciência da
Computação da universidade de Nottingham, explicou objetivamente um dos
métodos mais comuns utilizado por operadoras de telefonia e fabricantes de
celulares.

Apesar de parecer complicada, a forma com que o rastreamento físico de


celulares é feito baseia-se em princípios físicos bastante básicos (tais como
distância entre dois ou mais pontos e velocidade de locomoção de objetos). A
explanação de MacAuley possui como fio condutor os processos de Cell ID.
De fato: várias técnicas que fazem uso deste método de localização física
existem. Antes de desvelarmos, porém, alguns pormenores da tecnologia Cell
ID, é importante entender os fundamentos deste mecanismo de localização.

Tecnologia compartilhada

Em suma, pode-se dizer que a localização de celulares em modo offline é


possível graças ao compartilhamento de tecnologias – tais como a de ondas de
rádio e de determinados protocolos. Sempre que uma ligação é feita, essas
ondas são naturalmente interpretadas por terminais terrestres (aqui, a
tecnologia GPS está sendo deixada de lado, deve-se deixar claro). Dessa
forma, e a partir da leitura de parâmetros emitidos pelos próprios aparelhos,
identificar a localização física de usuários acaba por ser um processo
relativamente simples.

Mas alguns obstáculos podem fazer com que os cálculos de localização não
sejam feitos de forma precisa. “Precisamos nos certificar de que dois ou mais
sinais não estão sendo emitidos no exato momento. Se isso acontecer, um tipo
de lixo será gerado; o que não permite o envio e recebimento de pacotes de
sinais, pois há colisão”, observa MacAuley. A troca de dados entre celular e
torres acontece, porém, em milésimos de segundos – aspecto este capaz de
contornar eventuais fluxos travados de sinais.

E na prática?

Ao realizar uma chamada, o usuário emite um sinal à torre de telefonia mais


próxima. E para que o “engarrafamento” entre sinais seja evitado, a operadora
de precisa então gerenciar cada um dos milhares de impulsos recebidos. A
“ordem de administração” de sinais leva em conta, portanto, o tempo gasto
entre o envio e recebimento de impulsos – o que possibilita a medida da
distância entre usuário e torre. Vale dizer que smartphones atuais são
equipados com uma série de sensores capazes de mensurar a localização
física: magnetômetro (que determina a direção do movimento), acelerômetro e
giroscópio, por exemplo, podem fazer palpites baseados no padrão de
movimentos dos usuários e “adivinhar” a localização do celular – este tipo de
procedimento hospeda essas estimativas por tempo determinado.

As formas mais comuns de se localizar, portanto, um telefone móvel offline


são quatro: os cálculos podem ser feitos baseados de forma a depender da
rede, de maneira independente à conexão, ter como objeto de análise a própria
rede ou até mesmo de modo híbrido.

 Cálculos independentes da rede

Os cálculos de rastreamento são realizados no próprio terminal. O sinal é


então enviado a fontes de transmissão e mensurados novamente pelas torres –
essa técnica é comumente utilizada pela tecnologia GPS.

 Cálculos dependentes da rede

Também realizados pelo próprio terminal, os cálculos têm como fonte de dados e sinais
instrumentos da própria rede (técnica esta adotada pelo E-OTD, baseado em terminais).
 Cálculos baseados na própria rede

Realizados e mensurados pela própria rede, os cálculos levam em conta


também os dados de posicionamento dos celulares. Esta tecnologia exige a
atualização de todas as estações utilizadas pela base para a realização dos
cálculos.

 Cálculos híbridos

Esta forma de leitura leva em conta a emissão de dados de assistência; é,


grosso modo, um método “assistido” de monitoramento de sinais.

Localização física “triangular” e por setores

Ainda conforme dito por MacAuley, as técnicas de localização offline são


mais eficientes em ambientes com alta densidade urbana por um motivo
óbvio: quanto mais torres estiverem dispostas por uma área, mais precisa será
a leitura dos sinais. Comumente, celulares mantêm conexão com três torres
simultaneamente – o que possibilita a identificação de certa forma precisa de
sua posição geográfica.
Em áreas soterradas por receptores de ondas de rádio, o raio das torres pode
variar de 150 a 300 metros – levando em conta a conexão dos mobiles com
pelo menos três terminais, descobrir a localização dos usuários acaba por ser
tarefa pouco complicada. Não é raro enxergar também antenas gigantescas
com seus topos rodeados por receptores: “cada antena fica responsável por
cobrir uma determinada área. Então não apenas sabemos o quão distante você
está do terminal; o setor de emissão de sinais também é conhecido”, diz o
professor.

Segurança de dados

“Cada empresa utiliza um protocolo específico para calcular a localização de


seus usuários baseado na distância e velocidade de emissão de sinais. É claro
que as companhias protegem as informações pessoais; se elas fossem
publicadas, haveria um desastre de segurança”, garante MacAuley. Apesar de
não disponibilizar a terceiros dados pessoais, as operadoras são capazes de
gerar e publicar determinadas estatísticas.
Por exemplo: durante certo dia da semana, mais ligações são feitas em um
horário e local específicos. Significa que mais pessoas estão próximas a um
determinado ponto geográfico (como a um shopping). Esses tipos de
levantamentos são então coletados por companhias que têm interesse em
trabalhar em empreitadas destinadas a este público (sejam as iniciativas de
publicidade ou de infraestrutura).

Vulnerabilidades

Garantir a não exposição de informações pessoais não garante segurança


completa aos usuários. É por isso que determinadas fabricantes são contrárias
à prestação de certas informações a terminais. De acordo com artigo publicado
pelo site JammerStore, a Samsung não disponibiliza às torres informações de
localização até que seu firmware esteja devidamente “empacotado e
protegido”. A Nokia, por outro lado, simplesmente não compartilha tais dados
com aplicativos não certificados. Dessa forma, se seu dispositivo possui vírus
ou foi hackeado, os protocolos de segurança de prestação de informações
acerca de seu posicionamento podem ser violados (saiba mais sobre segurança
para mobiles aqui).

....

Os esclarecimentos prestados por MacAuley têm o objetivo de desmistificar


de forma simples o mecanismo de localização de mobiles offline. Existem
diversas formas de se executar a localização geográfica de celulares (técnicas
recentes desenvolvidas pelas companhias Shopkick e Locata prometem deixar
estes processos ainda mais eficientes e baratos).

Você também pode gostar