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Luciano Cardenes
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Rede
Autônoma Brasileira de Antropologia (RABA)
Em prosseguimento às discussões já mobilizadas pelo tema acerca das "alianças para futuros possíveis", o
presente ST coloca em pauta a composição de coletivos heterogêneos que tenham como objetivo a
resolução/problematização de impasses que apresentam-se como obstáculos para a produção dos próprios
coletivos e seus projetos e vida. Com o advento do antropoceno, a complexidade das tomadas de decisão e
deliberações pragmáticas com vistas nos impasses, por vezes, parece ser a própria tarefa da pesquisa
científica em sua arte de tramar alianças, o que desestabiliza a distinção entre ciência pura e ciência
aplicada, que não passa de uma expressão dos Grandes Divisores modernos. Com o intuito de mapear e
articular diferentes atores e experiências, este simpósio temático tem por objetivo reunir pesquisadores,
ativistas, lideranças de movimentos sociais, associações, organizações de representação política e
comunitária em uma assembleia, para refletir sobre como construir futuros possíveis em comum –
experiências reais ou imaginadas, produção ou articulação de coletivos, redes sócio-técnicas, tecnologias
sociais e outros artefatos. Com isso em vista, são bem-vindas as contribuições de organizações
comunitárias de povos indígenas e comunidades tradicionais, percepções inclusivas e abertas sobre não
humanos numa perspectiva pós-humanista, esforços de intelectuais de coletivos feministas, indígenas,
quilombolas, negros e de pesquisa.
Palavras-chave: redes sócio-técnicas, composição de coletivos, agenciamento, práticas de extensão,
projetos de futuro.
política. Como pensamento crítico ontoético busquei compreender as iniquidades socioecológicas das
atuais estruturas brasileiras do contexto climático. Iniquidades pautadas por princípios éticos
antropocêntricos neoliberais neoextrativas, ou seja, sem a consideração moral de outros agentes. Como
ferramenta analítica busquei compreender a formulação de instrumentos climáticos pautados por outras
ontologias e outras éticas (Kothari et al., 2019), como as ecocêntricas e multicêntricas. Categorias como
pluralidade decisória, localidade energética, acessibilidade epistêmica e material, naturalidade planejada e
benefício intra/intergeracional (Salmi, 2021) se revelaram eficazes. Lançaram luzes sobre as atuais
máquinas políticas brasileiras - que reproduzem as iniquidades socioecológicas no contexto climático - e
revelaram éticas emergentes para além da cosmovisão antropocêntrica. Princípios éticos emergentes que
geraram minimamente novas possibilidades de práticas socioecológicas, as quais começam a permitir a
convivência entre os vários agentes humanos e não humanos. A ética socioclimática como máquina política
se revela assim como uma possibilidade de deslocar o caminhar antropocêntrico catastrófico para
horizontes utópicos emancipatórios (Beck, 2016) ao permitir futuras alianças entre humanos e além de
humanos no contexto do colapso climático.
Palavras-chave: ética socioclimática, convivialismo, ecologias políticas, alianças pós-neoliberalismos.
inclusão na sociedade paulistana; a experiência de uma mulher de meia idade que vive no Espirito Santo,
possui baixa visão e tenta produzir uma dissertação de mestrado para um programa de pós-graduação em
uma universidade federal; e a mãe de uma criança com paralisia cerebral, moradora de uma região pobre
na periferia de São Paulo, que precisa sustentar a família ao mesmo tempo em que se responsabilizar tanto
pelos cuidados diários da filha quanto pela sua educação formal, exigência que se tornou perene durante
isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19. A partir das descrições de realidades
aparentemente tão distintas, buscaremos compreender as associações e traduções que compõe os
coletivos em que essas mulheres estão inseridas, levantando hipóteses a respeito dos valores morais e
sociais que circulam pelas conexões de suas respectivas redes sociotécnicas. Concluiremos explorando as
potencialidades de inserção de novas traduções, por meio de tecnologias assistivas, próteses, planejamento
urbano e arquitetônico etc., capazes de criar coletivos mais acessíveis com circulação de valores pautados
na democracia e na inclusão. Desta forma, objetivamos chamar atenção para as pessoas com deficiência
enquanto minoria social cujas especificidades precisam ser levadas em conta para a composição do
coletivo. A baixa adesão que o assunto recebe nos campos acadêmicos brasileiros justifica a proposição
desse debate em um simpósio de antropologia.
Palavras-chave: Pessoas com deficiência; Acessibilidade; Tradução; Redes Sociotécnicas.