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Boa Vista
2011
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Boa Vista
2011
2
Apresentação
___________________________________________
Dr. Caio Augustus Fortes
IACTI-RR
___________________________________________
Prof. Dr. José Frutuoso do Vale Júnior
Universidade Federal de Roraima
___________________________________________
Profa. Dra. Luiza Câmara Beserra Neta
Universidade Federal de Roraima
4
AGRADECIMENTOS
RESUMO
No Município de Cantá, assim como em toda a Amazônia, atividades de uso da terra vêm
sendo praticadas (por madeireiros, pecuaristas e agricultores) de forma extensiva e predatória
ocasionando, muitas vezes, a degradação do meio ambiente. Utilizando técnicas de
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento, este trabalho contribui para a Gestão Territorial
do Município de Cantá através do desenvolvimento dos seguintes procedimentos
operacionais: análise das modificações ocorridas na cobertura vegetal do município e sua
integração com os diferentes componentes do meio físico (Geologia, Geomorfologia,
Pedologia e Clima.); indicação das áreas que precisam ser preservadas e/ou recuperadas ou
que possam ser utilizadas sob manejo; delimitação de Áreas de Preservação Permanente
(APP) e Terras Indígenas; e ainda uma estimativa de área do município para a manutenção de
Reserva Legal, tomando como base as leis ambientais nº 4.771 (Lei Federal de 15 de
setembro de 1965) e 5.887 (Lei Estadual de 11 de maio de 1965), a Resolução nº 303 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA e a Medida Provisória nº 2.166-67 (de 24
de agosto de 2001).
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ABSTRACT
In the municipality of Cantá, in Roraima State, as well as in the Amazônia, land use activities
have been practiced (by loggers, cattle raisers and agriculturers) in an extensive and predatory
way, causing, many times, the degradation of the environment. Using Remote Sensing and
Geoprocessing techniques this work contributes to land use management of municipality of
Cantá and the following tasks have been developed to: analyse the modification occurred in
the vegetation canopy of the municipality and its integration to the different components of
the physical environment (Geology; Geomorphology, Pedology and Climate); indicate the
areas that need to be preserved, recovered, or could be used under management; delimitation
of the permanent preservation areas and Indian lands. Other important result is the estimate of
the municipality area for maintenance of the legal reserve based on the environmental laws:
Federal law Nº 4771 from September 15, 1965 and State law Nº 5887 from May 11, 1965;
Resolution Nº 303 from the Environment National Council (CONAMA); Provisory Act nº
2166-67 from August 24, 2001.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 27- Imagem processada com realce gaussiano da área de estudo na banda 4 . 82
Figura 28- Imagem processada com realce quadrático da área de estudo na banda 4 82
Figura 29- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 ................................. 83
Figura 30- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
linear ............................................................................................................................ 83
Figura 31- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
de 0-255 níveis de cinza .............................................................................................. 84
Figura 32- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
de 2% ........................................................................................................................... 84
Figura 33- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
gaussiano ..................................................................................................................... 85
Figura 34- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
equalizado .................................................................................................................... 85
Figura 35- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
quadrático .................................................................................................................... 86
Figura 36- Imagem-erro da banda 3 realçada do sensor TM/Landsat ......................... 90
Figura 37- Plano de Informação de Cobertura Vegetal e Uso da Terra do Município de
Cantá obtido por classificação usando o ISODATA ................................................... 91
Figura 38 – Distribuição dos pontos de coleta de dados em campo ........................... 93
Figura 39 – Mapa de Cobertura Vegetal e Uso da Terra ........................................... 103
Figura 40 – Mapa Climático ...................................................................................... 105
Figura 41- Mapa Geológico ...................................................................................... 106
Figura 42- Mapa Geomorfológico ............................................................................. 107
Figura 43- Mapa Pedológico ..................................................................................... 108
Figura 44- Mapa Fitoecológico ................................................................................. 109
Figura 45 – Mapa Geológico ..................................................................................... 112
Figura 46 – Mapa Geomorfológico ........................................................................... 116
Figura 47 – Mapa Geomorfológico – Fragilidade à erosão ...................................... 117
Figura 48 – Mapa Geomorfológico – Domínios Morfoesculturais ........................... 118
Figura 49 – Mapa Geomorfológico – Processos de formação .................................. 119
Figura 50 – Mapa Geomorfológico – Entalhamento dos vales ................................. 120
Figura 51 – Mapa Geomorfológico – Dimensão Interfluvial .................................... 121
Figura 52 – Mapa Geomorfológico – Domínios Morfoestruturais ........................... 122
Figura 53 – Mapa Geomorfológico – Relevo ............................................................ 123
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LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16
1.1 Ecodinâmica ...................................................................................................................... 18
1.2 As unidades de paisagem natural ...................................................................................... 19
1.3 Polígono de intervenção antrópica .................................................................................... 20
1.4 Zoneamento ecológico-econômico e vulnerabilidade à perda de solo .............................. 23
1.4.1 Unidades de paisagem e a geologia ............................................................................... 23
1.4.2 Unidades de paisagem e a geomorfologia ...................................................................... 24
1.4.3 Unidades de paisagem e a pedologia ............................................................................. 25
1.4.4 Unidades de paisagem e a cobertura vegetal e uso da terra ........................................... 25
1.4.5 Unidades de paisagem e o clima .................................................................................... 26
1.5 Avaliação da vulnerabilidade à perda de solo das unidades de paisagem ........................ 27
1.6 Sensoriamento Remoto ..................................................................................................... 29
1.6.1 Processo de aquisição de informações ........................................................................... 31
1.6.2 Espectro eletromagnético ............................................................................................... 32
1.6.3 Composição colorida ...................................................................................................... 35
1.6.4 Resoluções ..................................................................................................................... 36
1.6.4.1 Resolução espacial ...................................................................................................... 36
1.6.4.2 Resolução espectral ..................................................................................................... 37
1.6.4.3 Resolução radiométrica ............................................................................................... 38
1.6.4.4 Resolução temporal ..................................................................................................... 38
1.6.5 Interpretação de imagens ............................................................................................... 39
1.6.5.1 Tonalidade ................................................................................................................... 39
1.6.5.2 Cor ............................................................................................................................... 40
1.6.5.3 Textura ........................................................................................................................ 40
1.6.5.4 Tamanho ...................................................................................................................... 41
1.6.5.5 Forma .......................................................................................................................... 41
1.6.5.6 Sombra ........................................................................................................................ 42
1.6.5.7 Padrão .......................................................................................................................... 42
1.6.5.8 Contexto geográfico .................................................................................................... 43
1.6.6 Sensores imageadores .................................................................................................... 43
1.6.6.1 Sensores passivos ........................................................................................................ 43
1.6.6.2 Sensores ativos ............................................................................................................ 45
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1 INTRODUÇÃO
de campos, na qual predominou a pecuária extensiva. A região do baixo rio Branco tem a
cobertura vegetal predominante de florestas, onde prevaleceu a exploração de recursos
florestais, bem como, a pesca em menor escala. Na região montanhosa prevaleceu a produção
extrativa mineral, principalmente do ouro e do diamante.
A ocupação do estado de Roraima vem sendo feita há séculos por pecuaristas,
agricultores, madeireiros e garimpeiros, com a exploração de forma empírica dos recursos
naturais, muitas vezes causando a degradação ambiental. A mais nociva forma de degradação
ambiental é a perda de solo, portanto é extremamente importante o seu uso sustentável.
“Chamar uma atividade de „sustentável‟ significa que ela pode ser continuada ou
repetida em um futuro previsível. Com base nisso, a preocupação surge porque grande parte
das atividades humanas é nitidamente insustentável” (BERGON; HARPER; TOWNSEND,
2010, p. 438).
Os problemas que vêm ocorrendo com os recursos naturais devem ser enfrentados de
forma global e integrada, ou seja, aumentando a produtividade e a produção, procurando
evitar o desgaste e empobrecimento do solo nas suas diversas fases e formas, através de
práticas que aumentem a infiltração da água no perfil do solo, que intensifiquem a cobertura
vegetal e que reduzam o escoamento superficial. Assim, além de controlar a erosão e o
empobrecimento do solo, obtêm-se, como reflexo, melhorias da qualidade da água, afora a
preservação da vida silvestre e do meio ambiente (LOMBARDI NETO, 1994).
Algumas das causas do esgotamento dos solos pela erosão podem ser controladas, e
todas as técnicas utilizadas para aumentar a resistência do solo ou diminuir as forças do
processo erosivo são denominadas práticas conservacionistas (BERTONI; LOMBARDI
NETO, 1999). Assim sendo, podem ser consideradas conservacionistas todas as práticas às
quais os solos agrícolas são submetidos com o intuito de controlar as perdas de solo e de água.
É importante ressaltar que a melhor forma de conservação dos solos agrícolas é ocupar
a área de acordo com a sua capacidade de uso, o que pode otimizar seu aproveitamento
econômico, reduzindo as perdas de água, e consequentemente, os riscos de erosão. Pruski
(1996) alertou para o fato de que a classificação do solo, de acordo com a sua capacidade de
uso e manejo, deve ser utilizada como base sobre a qual os fatores econômicos e sociais
típicos da região.
Fruto da utilização desordenada dos recursos naturais, a erosão do solo vem, há muitos
anos, causando graves prejuízos ao homem. Estima-se que nos Estados Unidos a erosão cause
um prejuízo anual de cerca de US$ 9 bilhões por ano (RIBAUDO; YOUNG, 1989), enquanto
no Brasil, estes valores estariam próximos de US$ 4,2 bilhões anuais (HERNANI et al.,
18
2002). Estes prejuízos estão relacionados não apenas aos custos relativos à reposição de
corretivos e fertilizantes, à menor produtividade e aos maiores custos de produção. Fora isso,
o prejuízo ambiental é incalculável, com perda do solo, as pressões sobre novas áreas serão
intensas, e novamente inicia-se o ciclo de degradação.
O mapa de vulnerabilidade à perda de solo representa a análise do meio físico e
biótico para a ocupação racional e uso sustentável dos recursos naturais. A sua associação
com dados de potencialidade social e econômica oferece subsídio à gestão territorial
(BRASIL, 1997).
1.1 Ecodinâmica
Uma unidade ecodinâmica se caracteriza por certa dinâmica do meio ambiente que
tem repercussões mais ou menos imperativas sobre a biocenose. A morfodinâmica depende do
clima, da topografia, do material rochoso. O conceito de unidades ecodinâmicas é integrado
no conceito de ecossistema. Baseia-se no instrumento lógico de sistema, e enfoca as relações
mútuas entre os diversos componentes da dinâmica e os fluxos de energia/matéria no meio
ambiente. Portanto, é completamente distinto do ponto de vista estático do inventário. Um
inventário pode ser útil para o ordenamento e administração do território, mas, somente
quando se trata de recursos não renováveis, como os minerais. Não é adequado para os
recursos ecológicos. Com efeito, a gestão dos recursos ecológicos deve ter por objetivo a
avaliação do impacto de inserção da tecnologia humana no ecossistema. Isso significa
determinar a taxa aceitável de extração de recursos, sem degradação do ecossistema, ou
determinar quais as medidas que devem ser tomadas para permitir uma extração mais elevada
sem degradação (TRICART, 1977).
Os princípios da Ecodinâmica de Tricart (1977) estabelecem três categorias
mofordinâmicas: meios estáveis, meios intergrades e meios fortemente instáveis. Nos meios
estáveis prevalecem os processos de pedogênese, nos meios intergrades prevalece o equilíbrio
dos processos de pedogênese/morfogênese, e nos meios fortemente instáveis prevalecem os
processos de morfogênese.
19
A expressão unidade de paisagem (“land unit”) tem sido cada vez mais incorporada à
linguagem dos profissionais, que trabalham com meio ambiente, e para ela existem muitas
definições, mas em geral o sentido é o mesmo. Na realidade a definição fica restrita a área
específica de pesquisa, seja por exemplo a geologia, possui uma definição relativamente
diferente da vegetação.
Florenzano (1986) destaca o sistema “land system approach” como sendo um dos
principais sistemas de classificação de terreno com enfoque adotado na ordenação territorial.
Desenvolvido pela “Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization”
(CSIRO) na Austrália, este sistema baseia-se no uso sistemático de fotografias aéreas e
imagens de plataformas orbitais e comporta, em sua versão mais elaborada, uma divisão da
paisagem em escala crescente de dimensão espacial em três níveis hierárquicos: sítio (“site”),
unidade de terra (“land unit”) e o sistema de terra (“land system”).
A fim de definir as unidades de paisagem para estudos de avaliação do potencial
geoambiental Oliveira et al. (1988) adotaram a análise de grupamentos e medidas de
semelhança para caracterizar uma determinada área e utilizaram uma classificação baseada
em províncias, seção, subseção e geotipos que foram individualmente descritos e classificados
quanto às recomendações para uso agrícola.
Pires Neto (1994) sugere uma abordagem que mostra a interação entre os
levantamentos de uso da terra, cobertura vegetal, estudos climáticos, mapeamentos
hidrológicos, geológicos e geomorfológicos de forma que o terreno seja estudado como um
sistema mantido por vários mecanismos atuando de forma integrada.
Ross (1996) propôs uma classificação do relevo para o planejamento ambiental a partir
de uma compartimentação da paisagem de modo crescente em escala de detalhamento. Essa
classificação buscou hierarquizar o relevo em seis táxons conforme o grau de organização e
detalhe. Primeiramente as unidades morfoestruturais, depois as morfoesculturais, padrões de
formas semelhantes, padrão de forma individualizada, formas, vertentes e por fim fatos
localizados, como ravinas e voçorocas.
Para Crepani et al. (2001) as unidades de paisagem, enquanto unidades territoriais
básicas passíveis de georreferenciamento, contêm uma porção do terreno onde se inscreve
uma combinação de eventos e interações, visíveis e invisíveis, cujo resultado é registrado e
pode ser visto na forma de imagem fotográfica de um determinado momento, representando
um elo de ligação entre a Geografia e a Ecologia.
20
Como representantes nas imagens da área física onde se dá a atuação humana que
modifica as condições naturais, os polígonos de intervenção antrópica podem localizar-se
sobre uma única, ou várias unidades de paisagem natural, dependendo exclusivamente de suas
dimensões. A antropização do meio ambiente, sem o prévio conhecimento do equilíbrio
dinâmico (Ecodinâmica) existente entre os diversos componentes que permitiram a formação
das diferentes unidades de paisagem natural pode levar a situações desastrosas do ponto de
vista ecológico e econômico. Portanto antecedendo qualquer ocupação, deve-se conhecer os
componentes físicos – bióticos (Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Fitogeografia e Clima)
que interagindo levaram ao estabelecimento das unidades de paisagem natural (CREPANI et
al., 2001).
O prévio conhecimento prévio das interações existentes nas unidades de paisagem,
torna possível recomendar as atividades a serem desenvolvidas no polígono de intervenção
antrópica, evitando-se agressões irreversíveis e obtendo-se maior produtividade, e
consequentemente maior sustentabilidade. Pode-se ainda dirigir ações corretivas dentro
daqueles polígonos onde seu uso inadequado provoca degradação.
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adensada no solo que o protege dos efeitos negativos das chuvas, parecem ser os fatores que
permitem a extraordinária produtividade dos solos pobres da Amazônia. Alterar
indiscriminadamente esses fatores pode levar a um desequilíbrio que leve à formação de
cerrados, ou pior ainda, de desertos. As evidências de ocupação humana no deserto do Saara,
obtidas através da descoberta de antigas aldeias e estradas, são intrigantes e devem servir para
reflexão (CREPANI et al., 2001).
1996). Estes aspectos serão analisados a partir das informações bibliográficas e do trabalho de
campo a ser feito na região de estudo. Dessa forma, são atribuídos os valores para as classes
de estabilidade/vulnerabilidade, uma vez que em rochas pouco coesas prevalecem os
processos modificadores das formas de relevo (morfogenéticos), enquanto nas rochas bastante
coesas prevalecem os processos de formação de solos (pedogenéticos).
O tipo de solo determina a suscetibilidade dos terrenos à erosão. Além da textura, uma
série de outras características do solo condicionam a sua erodibilidade: estrutura, composição,
espessura, relação textural entre os horizontes ou camadas. Quando desprovido de sua
vegetação natural, o solo fica exposto a uma série de fatores que tendem a depauperá-lo. A
velocidade com que este depauperamento se processa varia com as suas características, com o
tipo de clima e com os aspectos de topografia (LEPSCH, 2002).
Durante o Cenozóico o relevo de Roraima experimentou modelagem de seu cenário,
promovida por sucessivos processos erosivos, que Schaefer e Vale Júnior (1997) atribuem ao
ciclo de aplainamento Sul-americano, processo que determinante na atual composição
geomorfológica e pedológica local.
O solo desenvolve-se, transforma-se sob as condições de clima, relevo e vegetação, a
partir das rochas (material de origem). Compreende-se o estágio de evolução dos solos da área
de estudo a partir da análise dos mapas pedológicos existentes, observando-se as indicações
da maturidade destes. Essa maturidade, produto direto do balanço erosão/lixiviação, indica
que os processos de morfogênese geram solos jovens, pouco desenvolvidos, onde prevalece a
formação do relevo; assim como processos de pedogênese geram solos maduros e bem
desenvolvidos (PALMEIRA, 2004).
Os fatores como relevo, vegetação, material de origem (p. ex. sedimentos da Formação
Boa Vista), e geomorfologia (relevo plano e suave ondulado) são responsáveis pela grande
diversidade e variabilidade pedológica das savanas amazônicas, em especial de Roraima, e
que as distinguem das do restante do Brasil (VALE JÚNIOR, 2000).
das rochas, as quais, nessas condições, irão fornecer materiais muito intemperizados: solos
espessos e com abundância de minerais secundários (principalmente argilominerais e óxidos
de ferro e alumínio) e pobres em cátions básicos (principalmente cálcio, magnésio e potássio),
é o que ocorre normalmente nos solos amazônicos (LEPSCH, 2002).
Segundo Barbosa (1997), no tipo climático “Am”, predomina uma estação seca de
baixo rigor e a precipitação é bem distribuída ao longo do ano, devido à influência de dois
sistemas de circulação atmosférica predominantes em Roraima: a massa de ar equatorial
continental (mEc) e a convergência intertropical (CIT).
O Brasil com sua extensão continental, sua vasta riqueza em recursos naturais e seu
potencial sócio-econômico, sem a utilização de técnicas de sensoriamento remoto seria
praticamente impossível ordenar seu território. A adoção das imagens de satélite como
“âncora” para o Zoneamento Ecológico-Econômico traz consigo a possibilidade de se utilizar
todo o potencial disponível no sensoriamento remoto e nos sistemas de informações
geográficas, além de desenvolver uma metodologia perfeitamente aplicável a novos produtos
orbitais que estarão disponíveis no futuro (PALMEIRA, 2004).
31
A Amazônia em função do período chuvoso, quando boa parte de sua extensão fica
coberta por nuvens, e estas são fatores limitantes para o uso de sensores passivos, faz se
necessário a utilização de imagens de sensores ativos (RADAR), ainda que de forma
complementar. O imageamento por radar consiste da emissão de pulsos de microondas a
intervalos regulares sobre a região de interesse e a recuperação dos sinais de retorno (ecos)
provenientes desta região, à medida que o sensor se desloca. A recepção do sinal de retorno
pode ser feita utilizando-se a mesma antena emissora ou uma segunda antena (ULABY;
MOORE; FUNG, 1986). Em Roraima, diversos trabalhos já foram realizados com a
integração multisensores (CARVALHO, 1997; BESERRA NETA, 2007). A figura 5 mostra
uma imagem da Missão SRTM da região da Serra do Tepequém em Roraima.
Qualquer matéria ou objeto que esteja a uma temperatura acima de zero absoluto (-
273º C ou 0º K) emite radiação eletromagnética. Em sensoriamento remoto, as duas principais
fontes naturais de energia eletromagnética utilizadas são o Sol e, em menor intensidade, a
Terra. O fluxo de energia eletromagnética, ao incidir sobre um objeto, sofre interações com o
material que o compõe, sendo parcialmente refletido, absorvido ou transmitido (MOREIRA,
2005).
Os materiais componentes dos alvos se diferenciam em relação às propriedades de
reflexão, absorção e transmissão da radiação eletromagnética. Os sistemas sensores
normalmente medem a energia eletromagnética refletida ou emitida, possibilitando assim a
discriminação dos materiais (ROSA, 2007).
A radiação eletromagnética (REM) refletida pelo objeto imageado é registrada pelo
sensor que recebe o sinal analógico e contínuo da energia medida e o discretiza,
armazenando-a em forma de números digitais, que posteriormente serão transformados em
gráficos, tabelas ou imagens em tons de cinza (MENESES, 2005).
As imagens são compostas por um determinado arranjo de pixel (Picture elements),
em linhas e colunas, de acordo com a estrutura e a forma de varredura do sistema sensor.
Essas imagens são produzidas em diversos níveis de cinza (monocromáticas), conforme a
capacidade de discretização da medida de reflectância dos alvos. Para cada faixa de
comprimento de onda, ou banda, é produzida uma imagem, representando a reflectância dos
materiais-alvo naquele comprimento de onda. Os sistemas sensores podem produzir
simultaneamente diversas imagens em diferentes bandas, sendo assim conhecidos como
sistemas pancromático (uma só banda, abrangendo todos os comprimentos de onda do
visível), multiespectrais (com até 20 bandas espectrais) ou hiperespectrais (com mais de 200
bandas espectrais).
ozônio atmosférico e, acima de 2,5 µm, a intensidade da radiação solar, que já é baixa nesse
comprimento de onda, é ainda mais atenuada pela atmosfera (MENESES, 2005). A radiação
emitida pelos corpos na Terra é utilizada pelo sensoriamento remoto, para a estimativa da
temperatura da superfície dos objetos, como oceanos e focos de calor.
Existe, ainda outra faixa muito utilizada em sensoriamento remoto, que é a faixa das
microondas estão compreendidos entre 1 mm e 100 cm e são utilizados pelos sensores
RADAR (Radio Detection And Ranging). No entanto a maior parte das aplicações do
sensoriamento remoto utiliza reflectância da REM emitida pelo Sol, sendo por isso conhecido
como passivo, em contraposição ao sensoriamento remoto ativo, em que antenas RADAR
recebem pulsos de REM produzidos artificialmente pelo próprio sistema, podendo realizar
imageamento sem luz solar (ROSA, 2007).
A interação da REM com os objetos se dá de duas formas, isolada ou
simultaneamente. Uma se dá no campo da energia contida na REM que interage com os
objetos por princípios de absorção, reflexão e transmissão e que é medida e registrada por
sensores, e posteriormente convertida em imagem. Na outra forma, prevalece o modelo
ondulatório, em que a forma e a textura dos objetos são registradas em imagens a partir do
retorno de pulsos de ondas emitidos artificialmente. Nesse modelo, a relação entre o tamanho
do comprimento de onda emitido e o tamanho do objeto é o principio preponderante a ser
considerado. O sensoriamento remoto pode ainda medir a energia emitida por objetos, caso
em que o próprio objeto é a fonte de REM medida pelos sensores (FLORENZANO, 2008).
A radiação eletromagnética das regiões do visível e do infravermelho possui
comprimento de onda (0,4 a 2,5 µm) menores que o tamanho médio (50 µm) das moléculas
de vapor de água que compõem as nuvens. Devido a essa diferença de tamanhos, a REM
incidente nas nuvens atinge essa moléculas de água e é refletida de volta, fazendo com que o
sensor registre essa intensidade da reflectância, gerando uma imagem da nuvem e não dos
objetos que estão na superfície da Terra. O mesmo não acontece com os sensores que
trabalham na faixa das microondas (comprimentos de onda de 1 a 100 cm), pois, nessa faixa
do espectro, o comprimento de onda é bem maior que as moléculas de vapor de água que
compõem as nuvens e, portanto, a REM atravessa a nuvem e atinge os objetos da superfície
terrestre. Os sensores que operam na faixa das microondas são denominados RADAR. Por
este motivo, a utilização de sensores RADAR é recomendada para o imageamento de áreas
com constante cobertura de nuvens durante o ano, como é o caso de algumas regiões da
Amazônia (MENESES, 2005).
35
As imagens são obtidas em diferentes canais, ou seja, cada canal, também conhecido
por banda, produz uma imagem. A quantidade de energia refletida por cada objeto varia em
cada banda, sendo representada em forma de imagem em diferentes tons de cinza, onde o
branco significa reflexão total da energia incidente e o preto significa absorção total da
energia pelo objeto. Essas imagens, que originalmente são monocromáticas, podem ser
visualizadas simultaneamente através de filtros coloridos, azul, verde e vermelho (cores
primárias), possibilitando gerar imagens coloridas. Nas imagens coloridas, a cor de um objeto
vai depender da quantidade de energia por ele refletida em cada uma das bandas, e da escolha
36
das bandas que devem ser associadas a cada cor primária. Assim, dependendo da composição
colorida, ou seja, dependendo de que banda foi associada a cada cor primária, o mesmo objeto
apresentará cores diferentes em cada composição colorida (FLORENZANO, 2007).
1.6.4 Resoluções
A resolução espacial pode ser definida como a habilidade que um sensor possui de
distinguir objetos que são próximos espacialmente. Cada sensor é projetado para fornecer
dados a um determinado nível de detalhe espacial. Quanto menor o objeto possível de ser
identificado, maior a resolução espacial (NOVO, 2008).
A escolha da resolução espacial do sensor depende do objetivo da análise no caso em
questão. Em terrenos naturais, florestas por exemplo, os alvos apresentam pouca variabilidade
ao longo de uma área, não exigindo altas resoluções espaciais. Para uma área com alta
variabilidade de tipos de objetos, áreas urbanas por exemplo, torna-se necessário o uso de
sensores com alta resolução espacial (MENESES, 2005).
Segundo Moreira (2005), resolução espacial trata-se do campo de visada instantâneo
(Ifov), ou seja, refere-se a área vista por determinado sensor sobre a superfície da Terra dentro
de um ângulo sólido, em dado instante de tempo. De acordo, com esse ponto vista, pode-se
dizer que a resolução espacial está intimamente relacionada com o tamanho do pixel. Desse
modo, o pixel representa a média das energias refletidas pelos alvos da superfície terrestre
dentro de um ifov. A figura 8 representa duas imagens com resoluções espaciais diferentes.
37
Refere-se a frequência com que o sensor imageia uma determinada área, é também
referida como a periodicidade ou repetitividade. Os sensores embarcados em satélites orbitais
têm a vantagem de recobrir uma mesma área com maior freqüência, o que é útil para
programas de monitoramento (pode variar entre 12 horas e várias semanas nos satélites de uso
39
civil). Há ainda os satélites geoestacionários, que mantêm uma posição relativa fixa em
relação à Terra, oferecendo possibilidade de maior resolução temporal, especialmente
empregados em aplicações meteorológicas (MENESES, 2005).
Segundo Moreira (2005), a resolução temporal é função das características da
plataforma na qual o de tempo que o satélite leva para voltar a recobrir a área de interesse. No
caso de sensores orbitais, a resolução temporal indica o intervalo da faixa imageada no solo.
Por exemplo, o sensor TM do Landsat-5 tem uma resolução temporal de 16 dias, isto é, a cada
16 dias o Landsat-5 passa sobre um mesmo ponto geográfico da Terra. Já os sensores a bordo
do satélite NOAA têm resolução temporal de nove dias, no entanto, como a largura de faixa é
muito grande, é possível obter dados diários sobre um mesmo ponto. A resolução temporal é
muito importante porque permite fazer um acompanhamento dinâmico dos alvos sobre a
superfície da Terra.
1.6.5.1 Tonalidade
nada mais é do que diferentes graduações de cinza, que variam do branco ao preto,
constituindo-se em elemento essencial na interpretação de fotografias e em imagens de
satélite. As graduações de cinza da imagem dependem das características da emulsão,
processamento fotográfico, propriedades físico-químicas dos objetos/alvos fotografados ou
imageados, além das condições de iluminação/topografia e condições atmosféricas. Assim, a
latitude, mês e hora são variáveis que interferem, podendo um mesmo tipo de cobertura
aparecer com tonalidades diferentes, dependendo da hora, local e época do ano (ROSA,
2007).
1.6.5.2 Cor
É mais fácil interpretar imagens coloridas do que em tons de cinza, porque o olho
humano distingue cem vezes mais cores do que tons de cinza. As imagens de sensoriamento
remoto podem ser visualizadas através de filtros coloridos, azul, verde e vermelho (cores
primárias), possibilitando gerar imagens coloridas. Nas imagens coloridas, a cor de um objeto
vai depender da quantidade de energia por ele refletida em cada uma das bandas, e da escolha
das bandas que devem ser associadas a cada cor primária, com base na formação de matizes a
partir da mistura de cores primárias. Por exemplo, um objeto que aparece amarelo em uma
imagem terá aproximadamente a mesma reflectância nas bandas que estiverem associadas aos
filtros verde e azul, com baixa reflectância na banda que estiver associada ao filtro vermelho
(FLORENZANO, 2007).
A cor depende do comprimento de onda de radiação eletromagnética e da
sensibilidade do filme (no caso de fotografias aéreas) e das bandas usadas na composição
colorida (no caso de das imagens de Satélite). Uma das vantagens é que o olho humano é
capaz de distinguir mais cores do que tons de cinza (ROSA, 2007).
1.6.5.3 Textura
A textura refere-se ao aspecto liso ou rugoso dos objetos numa imagem. A textura é
um elemento importante na identificação de unidades de relevo: a textura lisa corresponde a
áreas de relevo plano, enquanto a textura rugosa corresponde a áreas de relevo acidentado e
dissecado pela drenagem. Para a vegetação, verifica-se que uma área de mata, que é mais
41
heterogênea, é representada por uma textura rugosa, enquanto áreas de culturas agrícolas
apresentam texturas mais lisas (FLORENZANO, 2007).
A textura é o padrão de arranjo espacial dos elementos texturais. Elemento textural é a
menor feição continua e homogênea distinguível em uma fotografia aérea e/ou imagem de
satélite, porém passível de repetição. Depende da escala e da resolução espacial do sistema
sensor, além do contraste entre objetos ou feições da superfície. A textura varia de lisa a
grosseira, dependendo de características dos alvos, resolução e escala (ROSA, 2007).
1.6.5.4 Tamanho
1.6.5.5 Forma
1.6.5.6 Sombra
1.6.5.7 Padrão
Segundo Rosa (2007), sensores passivos são os que não possuem fonte própria de
radiação, como por exemplo temos: radiômetros, espectrorradiômetros e termômetros de
44
radiação. Esses sensores dependem exclusivamente da energia solar para seu funcionamento,
portanto, não é possível sua utilização à noite.
Os sensores passivos são aqueles que detectam a radiação solar refletida ou a emitida
pelos objetos da superfície. Dependem, portanto, de uma fonte de radiação externa para que
possam gerar informação sobre os de interesse. Os sensores passivos que detectam radiação
refletida pelo Sol ou emitida pela Terra, e possuem espelhos, prismas lentes em sua
configuração, são classificados de sensores ópticos. Existem, entretanto, sensores passivos
que operam na região de microondas, e utilizam-se de antenas parabólicas refletoras como
componente básico para coletar a radiação e direcioná-las para os subsistemas de
processamento e gravação. Esses sensores são conhecidos por radiômetros de microondas
(NOVO, 2008).
Os sensores passivos mais tradicionais são as câmaras fotográficas, empregadas em
imageamento aéreo desde o início do século XX. O avanço da eletrônica possibilitou um
grande avanço em sistemas sensores, possibilitando o desenvolvimento de sensores com os
mais variados tipos de resoluções, dedicados a propósitos multifinalitários ou específicos
(MENESES, 2005).
Os sensores passivos multiespectrais são os mais comuns, por possibilitarem a
diferenciação e o reconhecimento de alvos terrestres, a partir do conhecimento do
comportamento espectral dos alvos, conforme figura 9.
geográfico de informações e detecção de mudanças de alvos necessita de dados com uma boa
precisão, o que leva a uma necessidade de efetuar as devidas correções (ROSA, 2007).
A correção geométrica é necessária para corrigir as distorções das imagens devidas às
mudanças de trajetória da plataforma do sensor (principalmente altitude e inclinação), dos
movimentos da Terra durante o imageamento e pelo próprio sistema de imageamento cônico
realizado pelos sensores (MENESES, 2005).
A correção radiométrica visa corrigir as distorções das imagens devida aos desajustes
na calibração radiométrica dos sensores e erros esporádicos que surgem na transmissão de
dados (MENESES, 2005).
Segundo Rosa (2007), a correção radiométrica refere-se à remoção ou diminuição de
distorções originadas quando do registro da radiação eletromagnética por parte de cada
detector. Vários fatores podem causar distorções nos valores digitais registrados para as
células de uma imagem. Algumas distorções mais comuns, para as quais existem
procedimentos de correção, são: desajustes na calibração dos detetores, erros esporádicos na
transmissão dos dados e influências atmosféricas. A correção radiométrica de imagens visa
corrigir estas degradações e é uma das mais importantes fases do processamento digital pois,
caso estas imperfeições não sejam removidas, poderão ser enfatizadas, por exemplo, quando
da aplicação posterior de técnica de realce de imagens.
A correção atmosférica visa corrigir as distorções produzidas nas imagens devidas aos
desajustes causados pelo espalhamento e absorção da energia eletromagnética emitida e
refletida na atmosfera, antes de ser registrada pelo sensor (MENESES, 2005).
Na prática, desenvolveram-se técnicas de correção atmosférica com bons resultados,
principalmente o método do mínimo histograma, que consiste na identificação, na imagem, de
áreas com sombras de relevo, sombra de nuvem ou corpos límpidos d‟água, onde assume-se
que estas áreas possuem radiância zero e os valores de níveis de cinza não nulos encontrados
nestes alvos são considerados provenientes do efeito aditivo do espalhamento atmosférico. O
menor valor medido em cada banda espectral nestas áreas é subtraído dos valores digitais de
toda a cena na respectiva banda (MOREIRA, 2005).
1.6.7.2.4 Classificação
sendo representada no local. As imagens digitais são adquiridas neste formato, entretanto é
possível representar dados cartográficos desta maneira, por exemplo: uma estrada,
representada no formato vetorial por uma linha, no formato raster será representada por um
conjunto de células.
Para que as operações de consulta e análise espacial sejam realizadas é necessário que
haja uma organização e o gerenciamento das informações geográficas dentro do sistema.
Desta forma, o sistema necessita de um componente denominado de Sistema de Gerência de
Banco de Dados (SGBD). O SGBD é o responsável pelo armazenamento e recuperação dos
dados espaciais e seus atributos.
Redes: são dados em que cada objeto geográfico possui uma localização geográfica
exata e está sempre associado a atributos descritos e presentes no banco de dados.
Como exemplos temos cabos telefônicos, canos de água, etc.
Computacionalmente as redes são consideradas atributos armazenados no banco de dados.
Modelo numérico de terreno (MNT): é definido como um modelo matemático que
reproduz uma superfície real a partir de algoritmos e de um conjunto de pontos (x, y)
em um referencial qualquer, com atributos denotados de z, que descrevem a variação
contínua da superfície. É utilizado para denotar a representação de uma grandeza que
varia continuamente no espaço. Este modelo é comumente associado a altimetria,
podendo ser utilizado para modelar características geológicas, como teor de minerais,
ou propriedades do solo ou subsolo.
Imagem: representam formas de captura indireta de informação espacial. Consideradas
geo-campo, são armazenadas como matriz e cada elemento de imagem (pixel) tem um
valor proporcional à energia eletromagnética refletida ou emitida pela área da
superfície terrestre correspondente.
2 JUSTIFICATIVA
3 OBJETIVOS
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.2 Materiais
4.2 Metodologia
BANCO DE DADOS
GEOGRÁFICO
CANTÁ-RR
Plano de Inform ação Plano de Inform ação Plano de Inform ação Plano de Inform ação Plano de Inform ação
Geologia Altimetria TM Landsat-5 Limite territorial Malha viária
Geomorfologia Pluviometria ETM+ Landsat-7 Assentamentos Rede de energia
Pedologia Modelo de Elevação CBERS-2B Unid. de conservação Drenagem
Cobertura e uso SRTM ALOS Faixa de fronteira
Clima Isolinha Carta topográfica Área urbana
Para obter uma melhor qualidade nos resultados da interpretação e na classificação das
imagens utilizadas como “âncora” (Crepani et al., 2001) foi necessário aplicar algumas
técnicas de processamento de imagens, conforme esquema apresentado na figura 15.
4.2.4 Classificação
Sobre cada uma das imagens-fração de vegetação, solo e sombra, obtidas a partir do
modelo linear de mistura espectral, foi aplicada uma classificação não-supervisionada
utilizando o classificador ISODATA (Interactive Self Organizing Data Analysis Tecnique
Algorithm), implementado no software ENVI, por meio deste procedimento obteve-se o mapa
de cobertura e uso atual.
O PI Geologia foi gerado tendo como base os mapas produzidos pela CPRM (2002) no
formato digital, na escala 1: 250.000. Estes mapas estão georreferenciados e foram usados
64
como referência na interpretação geológica das imagens usadas como “âncora” utilizando-se a
ferramenta de edição vetorial do software ArcView 9.3 para interpretação em tela.
O Mapa de Solos fornecido pela CPRM (2002) no formato digital na escala 1:250.000,
que após seu registro, foi utilizado como referência para a geração do PI Solos. Este Plano de
Informação foi gerado tendo como base as formas de relevo fornecidas pelo PI
Geomorfologia.
4.2.6.1 Geologia
4.2.6.2 Geomorfologia
maior a inclinação maior a declividade e, portanto, mais rapidamente a energia potencial das
águas pluviais se transforma em energia cinética, o que se traduz em maior velocidade para as
massas de água em movimento e, conseqüente, maior poder erosivo. Desta forma, quanto
maior a declividade, maior o valor de vulnerabilidade à perda de solo atribuído.
Quanto maiores forem os interflúvios (ou menor for a intensidade de dissecação)
menores são os valores de vulnerabilidade atribuídos às unidades de paisagem. Da mesma
forma as unidades de paisagem que apresentarem os menores interflúvios (ou maiores
intensidades de dissecação) têm os maiores valores de vulnerabilidade.
Os lineamentos serão traçados a partir das feições lineares de relevo (cristas e vales) e
drenagem (trechos retilíneos, padrões e anomalias) conforme Veneziani e Anjos (1982), sendo
a base cartográfica, o elemento principal de análise, e a interpretação de imagens de sensores
orbitais, para complementação. Os indicadores cinemáticos foram obtidos a partir dos
modelos regionais vigentes elaborados por Costa (1999), CPRM (2002) e Tavares Júnior
(2004), além de interpretações das imagens atuais de sensoriamento remoto.
Os valores calculados dos índices morfométricos foram associados aos valores de
vulnerabilidade à perda de solo, conforme mostrado nas figuras 17, 18 e 19.
4.2.6.3 Solos
4.2.6.5 Clima
A erosão hídrica - causada pelo impacto das gotas de chuva e arraste de partículas na
superfície e sub-superfície do solo, ou pelo movimento do rio em seu leito - é a forma mais
comum e mais importante de erosão.
A causa fundamental da denudação é a ação da chuva agindo inicialmente sobre as
rochas provocando o intemperismo, e mais tarde sobre o solo removendo-o pela erosão
hídrica. O impacto direto das gotas e o escoamento superficial do excesso de água da chuva
são os agentes ativos da erosão hídrica, o solo é o agente passivo.
73
Nesta fase, foram descritos os tratamentos a serem realizados para que os mapas
temáticos envolvidos, na análise ecodinâmica, possam conter os valores atribuídos de
vulnerabilidade, de acordo com a metodologia proposta por Crepani et al. (2001), para
geração do mapa de vulnerabilidade à perda de solo. Também será elaborado mapa de Áreas
de Preservação Permanente, seja de corpos hídricos e/ou relevo, definidas na legislação
vigente.
74
Para que os Planos de Informação referentes a cada tema possam conter os valores de
vulnerabilidade à perda de solo foi realizada uma operação pontual de ponderação que gerará
uma grade com os valores de vulnerabilidade, conforme apresenta a figura 23.
Os erros de inclusão são pixels pertencentes a uma determinada classe que foram
erroneamente classificados como de outra classe, ou seja, foram omitidos de sua verdadeira
classe. Descreve com que precisão uma determinada classe foi definida. São dados para cada
classe dividindo o número de pixels incorretamente classificados da classe pela soma parcial
da linha da mesma classe (CENTENO, 2003).
Onde:
SL(i) = soma parcial da linha i
M (i,i) = elemento da diagonal na linha i
Onde:
SC(i) = soma parcial da coluna i
M (i,i) = elemento da diagonal na coluna i
Landis e Koch (1977) estabeleceram intervalos para os quais o coeficiente Kappa pode
ser conceituado, conforme tabela 2.
Tabela 2 – Conceitos de eficiência do coeficiente de concordância kappa
Kappa Conceito
<0 Péssima
0 < k < 0,20 Má
0,20 < k < 0,40 Razoável
0,40 < k < 0,60 Boa
0,60 < k < 0,80 Muito Boa
0,80 < k < 1,00 Excelente
Fonte: Landis e Koch (1977)
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A correção geométrica das imagens foi feita através de registro imagem-carta, no qual
foram coletados 9 (nove) pontos de controle para cada imagem. Este procedimento
proporcionou um registro que foi gerado através de polinômio do primeiro grau. Registro esse
com erro médio de 0,942 pixel, ou seja, abaixo de 30 metros e aceitável para a escala de
trabalho (1: 100.000). O critério utilizado no registro possibilitou a confecção do mosaico das
imagens de forma eficiente sem erros perceptíveis de deslocamento.
Figura 26- Imagem processada com realce linear da área de estudo na banda 4.
82
Figura 27- Imagem processada com realce gaussiano da área de estudo na banda 4.
Figura 28- Imagem processada com realce quadrático da área de estudo na banda 4.
83
Figura 30- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
linear.
84
Figura 31- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
de 0-255 níveis de cinza.
Figura 32- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
de 2%.
85
Figura 33- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
gaussiano.
Figura 34- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
equalizado.
86
Figura 35- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
quadrático.
Para que pudesse ser avaliada a precisão do modelo de mistura foi feita a análise das
imagens-erro geradas e dos erros de estimação descritos nas tabela 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,
12, 13 e 14.
Geográfica (SIG), a fim de editar as eventuais classes confundidas pelo classificador com o
auxílio dos dados coletados no campo.
As feições de savanas, que dominam a parte central e norte-nordeste do estado,
apresentam-se nas formas arbórea, parque e graminosa. No extremo norte de Roraima
observa-se a feição caracterizada como estépica, nas formas arbórea e parque. Atualmente,
verifica-se um alto grau de antropismo nos ambientes dominados pelas savanas, representado
principalmente pela ocupação com pastagens e lavouras, além de áreas alteradas abandonadas.
Além das unidades fitoecológicas representadas pelas diversas formas de Campinarana
e de Formações Pioneiras, podem ser evidenciadas, no Estado de Roraima, áreas de tensão
ecológica ou transição (contatos) entre as duas feições de floresta, entre as savanas e as
florestas, entre a campinarana e as florestas e entre as formações pioneiras e as florestas.
A maior dificuldade encontrada para a correta classificação das unidades
fitoecológicas de savanas e áreas alteradas, em virtude de suas características espectrais serem
semelhantes. Apesar de não existir a unidade fitoecológica de campinarana na área de estudo,
a mesma aparece no momento que utilizamos o mosaico estadual para treinamento dos
classificadores. Para minimizar os erros de classificação, a solução foi utilizar imagens de
RADAR gentilmente cedidas pelo Censipam, e imagens Alos adquiridas junto ao IBGE, e a
utilização do classificador orientado a objeto e-Cognition, o qual utilizar além das
características espectrais, as características geométrica, de forma e de contexto. Por meio
deste classificador se obteve um produto coerente com as conferências de campo.
Entendemos, como um grande potencial na classificação de cobertura vegetal e uso da terra,
os classificadores via objeto, que deverá em pouco tempo está difundido na comunidade de
Sensoriamento Remoto local.
Tabela 15 – Matriz de confusão obtida para o mapeamento feito antes do trabalho de campo (Mapa Pré-Campo).
Classes apresentadas somente ISODATA (Pré-Campo)
Áreas
Contato Alteradas Áreas
Áreas
Classes reais Savana / Floresta Floresta Floresta Áreas com Alteradas
Floresta Savana Savana Alteradas Erro de
(Pontos de Campo) Floresta Ombrófila Ombrófila Ombrófila Alteradas Pastagem, com Total
Estacional Arbórea Parque com Inclusão
Ombrófila Aberta Aluvial Densa Urbanas Lavoura e Vegetação
Pastagem
Densa Vegetação Secundária
Secundária
Contato Savana /
Floresta Ombrófila 3 0 0 0 1 2 1 0 1 1 0 9 0,6667
Densa
Floresta Estacional 1 2 1 1 1 1 0 0 0 0 0 7 0,7143
Floresta Ombrófila
1 1 4 1 2 1 1 0 0 0 0 11 0,6364
Aberta
Floresta Ombrófila
1 1 1 3 2 0 0 0 0 0 0 8 0,6250
Aluvial
Floresta Ombrófila
0 1 1 1 3 1 0 0 0 0 0 7 0,5714
Densa
Savana Arbórea 2 1 1 1 0 6 1 0 2 1 0 15 0,6000
Savana Parque 0 0 0 0 0 1 2 0 0 1 0 4 0,5000
Áreas Alteradas
0 0 0 0 0 0 0 4 1 0 1 6 0,3333
Urbanas
Áreas Alteradas com
0 0 0 0 0 0 0 1 4 2 1 8 0,5000
Pastagem
Áreas Alteradas com
Pastagem, Lavoura e 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 2 8 0,6250
Vegetação Secundária
Áreas Alteradas com
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 3 0,3333
Vegetação Secundária
Total 8 6 8 7 9 12 5 5 11 9 6 86 36
Erro de Omissão 0,6250 0,6667 0,5000 0,5714 0,6667 0,5000 0,6000 0,2000 0,6364 0,6667 0,6667 729
101
Tabela 16 – Matriz de confusão obtida para o mapeamento feito antes do trabalho de campo (Mapa Pós-Campo).
Classes apresentadas e-Cognition (Pós-Campo)
Áreas
Contato Alteradas Áreas
Áreas
Classes reais Savana / Floresta Floresta Floresta Áreas com Alteradas
Floresta Savana Savana Alteradas Erro de
(Pontos de Campo) Floresta Ombrófila Ombrófila Ombrófila Alteradas Pastagem, com Total
Estacional Arbórea Parque com Inclusão
Ombrófila Aberta Aluvial Densa Urbanas Lavoura e Vegetação
Pastagem
Densa Vegetação Secundária
Secundária
Contato Savana /
Floresta Ombrófila 6 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 8 0,2500
Densa
Floresta Estacional 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0,0000
Floresta Ombrófila
1 0 7 0 1 1 0 0 0 0 0 10 0,3000
Aberta
Floresta Ombrófila
1 0 0 6 1 0 0 0 0 0 0 8 0,2500
Aluvial
Floresta Ombrófila
0 0 1 0 7 0 0 0 0 0 0 8 0,1250
Densa
Savana Arbórea 0 1 0 1 0 9 0 0 1 0 0 12 0,2500
Savana Parque 0 0 0 0 0 1 4 0 0 0 0 5 0,2000
Áreas Alteradas
0 0 0 0 0 0 0 5 1 0 0 6 0,1667
Urbanas
Áreas Alteradas com
0 0 0 0 0 0 0 0 7 1 1 9 0,2222
Pastagem
Áreas Alteradas com
Pastagem, Lavoura e 0 0 0 0 0 0 0 0 2 6 2 10 0,4000
Vegetação Secundária
Áreas Alteradas com
0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 3 5 0,4000
Vegetação Secundária
Total 8 6 8 7 9 12 5 5 11 9 6 86 65
Erro de Omissão 0,2500 0,1667 0,1250 0,1429 0,2222 0,2500 0,2000 0,0000 0,3636 0,3333 0,5000 720
102
De acordo com os resultados obtidos para a exatidão global e para o coeficiente kappa,
o mapeamento desenvolvido após o trabalho de campo, com a utilização de classificação
orientada a objeto, foi o que obteve a maior quantidade de acertos nas classificações. O
número do coeficiente kappa obtido por este mapeamento (0,7295) não só prova uma
melhoria de classificação, se comparado aos outros mapas pré-existentes, como é considerado
mapeamento muito bom segundo os desempenhos de classificação adotados pela comunidade
científica em geral.
Com a utilização da classificação orientada a objeto, e as imagens de RADAR, foi
possível uma melhora considerável nas classificações das savanas, em virtude de suas
características geométricas predominantes sob as espectrais. Outro aspecto importante que
facilitou bastante a classificação foi a utilização de imagens fusionadas agregando os
potenciais de imagens oriundas dos sensores passivos e ativos.
A metodologia inicial de classificação adotada neste trabalho, segundo Almeida-Filho
e Shimabukuro (2002), a propriedade de minimizar os chamados erros de comissão e omissão,
que ocorrem nas classificações automáticas, com a edição dos eventuais erros em ambiente de
Sistemas de Informações Geográfica (SIG) através da interpretação visual, com uso das
informações coletadas em campo. O resultado final da classificação e posterior edição em
ambiente de Sistemas de Informações Geográfica (SIG) geraram um Mapa de Cobertura
Vegetal e Uso da Terra, conforme figura 39, com 11 classes temáticas: Contato Savana /
Floresta Ombrófila Densa; Floresta Estacional; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta
Ombrófila Aluvial; Floresta Ombrófila Densa; Savana Arbórea; Savana Parque; Áreas
Alteradas Urbanas; Áreas Alteradas com Pastagem; Áreas Alteradas com Pastagem, Lavoura
e Vegetação Secundária e Áreas Alteradas com Vegetação Secundária.
103
O novo mapa geológico gerado apresenta algumas alterações em relação aos pré-
existentes. Entre essas alterações destacam-se:
Grupo Cauarane (PP2cm, PP2cp): As litologias pertencentes ao Grupo
Cauarane tem sua maior expressão areal nos domínios da sub-região hídrica
Uraricoera, em sua porção leste região compreendida pelo trecho vila Brasil –
Taiano. Outras ocorrências mais significativas situam-se na sub-região hídrica
Tacutu e somente uma pequena extensão se encontra na área de estudo, a qual
em mapeamentos anteriores não estava contida nesta, conforme figura 45;
Suíte Metamórfica Rio Urubu: Essa unidade litoestrutural tem sua maior
distribuição espacial no extremo nordeste da sub-região hídrica Anauá e sul da
sub-região hídrica Tacutu, a exemplo das ocorrências no leito do rio Quitauaú.
Também comparece na forma alongada sigmoidal ou como pequenas lentes
dispostas no sul da sub-região hídrica Uraricoera e Branco Norte,
respectivamente. Essa unidade litoestrutural ocupava cerca de 90% da área de
estudo, na re-interpretação esse percentual passou para aproximadamente 75%,
conforme figura 45;
Suíte Intrusiva Serra da Prata (Mp1γsp): A Suíte Intrusiva Serra da Prata
ocorre principalmente na sub-região hidrográfica Anauá na forma de extensos
e espessos sigmóides alongados preferencialmente orientados na direção NE–
SW. De forma mais restrita comparece no setor sul da sub-região hídrica
Tacutu. As ocorrências mais expressivas afloram nas serras Cigana, Balata e da
Prata e no rio Urubu. Ao longo do Cinturão Guina Central, os autores do
Projeto Roraima Central, identificaram hiperstênio granitóides (charnockitos a
mangeritos) não deformados, além de hiperstênio granitóides foliados e
hiperstênio gnaisses, tendo sido todo o conjunto, tentativamente, agrupado na
Suíte Intrusiva Serra da Prata, cujo posicionamento no Mesoproterozóico é
sugerido pela idade obtida para um litótipo não deformado. Essa unidade foi
re-interpretada e teve uma ampliação em sua extensão de aproximadamente
20%, conforme figura 45;
Formação Boa Vista (n12bv): A sedimentação cenozóica mais antiga que
recobre os litotipos do hemigráben do Tacutu correspondem aos sedimentos da
Formação Boa Vista, a qual ocorre amplamente distribuída no setor central da
sub-região hídrica Tacutu e setor leste das sub-regiões hídricas Uraricoera e
Branco Norte. Essa unidade é uma das mais expressivas no setor nordeste de
111
nula do terreno (< 2%). Como área típica, pode ser citado o extenso pediplano
desenvolvido sobre a Depressão Marginal do Norte da Amazônia e de Boa
Vista;
Baixa: as formas de relevo reunidas neste nível propiciam a instalação do
processo de erosão laminar difusa ou semiconcentrada, decorrente de um maior
adensamento da rede de drenagem e da presença de gradientes mais elevados
no terreno. Neste estágio já é possível observar sinais significativos de
remoção da camada superficial do solo, sobretudo nas áreas desmatadas pela
atividade agropecuária. Compreende as superfícies planas, levemente
onduladas a colinosas, podendo haver a presença subordinada de formas
residuais e de acumulação. Apresenta baixa dissecação do terreno, amplitude
altimétrica inferior a 40 metros e declividade das vertentes muito suave a suave
(< 6%). Incluem-se ainda neste nível as formas residuais sem dissecação
aparente, como os “inselbergs” e os platôs lateríticos. As áreas levemente
onduladas a colinosas nas imediações das vicinais do município de
Rorainópolis, no sul do estado, tipificam bem este nível de fragilidade;
Moderada: encontram-se inseridas neste nível as formas de relevo que, em
função do gradiente de suas vertentes e/ou da alta densidade da rede de
drenagem, propiciam o escoamento semiconcentrado da água pluvial,
sobretudo nas áreas desprovidas de cobertura vegetal original. Ocorre a erosão
laminar fraca a moderada, responsável pela remoção do horizonte superficial
do solo e pela instalação nas vertentes de sulcos erosivos e voçorocas
ocasionais, de profundidade rasa a moderada. Caracterizam-se por superfícies
levementes onduladas a colinosas com dissecação média, eventualmente com a
presença de formas decorrentes dos processos de laterização e acumulação.
Incluem-se ainda, as formas aguçadas/arredondadas, com amplitudes inferiores
a 100 metros, vertentes com declividade moderada a forte (6 –20%) e grau de
dissecação moderada. A amplitude média destes terrenos é inferior a 80 metros
e a declividade é suave a moderada (<20%). As áreas colinosas do Planalto
Dissecado do Norte da Amazônia tipificam o relevo presente neste nível;
Alta: Encontram-se agrupadas neste nível as formas de relevo que, devido ao
gradiente elevado de suas vertentes, a uma maior densidade da rede de
drenagem e à própria constituição do substrato rochoso, tornam-se propícias ao
desenvolvimento de escoamento difuso, semiconcentrado a concentrado,
115
argila menor que 15% até 150 cm de profundidade ou até um contato lítico,
sendo que mais de 95% da fração areia está representada por quartzo,
calcedônia e opala, observando-se ausência de minerais primários alteráveis.
Possui seqüência de horizontes A e C, sem contato lítico dentro de 50 cm de
profundidade. O horizonte A possui espessura variável, cores dominantes
bruno (10 YR 5/3) e bruno-amarelado-claro (10 YR 6/4), textura da classe
areia e areia franca, estrutura em grãos simples; a consistência úmida é solta e,
quando molhado, é não plástico e não pegajoso. O horizonte C tem espessura
média de 120 cm, sua cor mais comum é bruno (10YR) 7/2 e 8/2, cinzento
claro e branco respectivamente; a textura é da classe areia e areia franca, a
estrutura é em grãos simples, a consistência úmida é solto e, se molhado, é não
plástico e não pegajoso. Apresentam-se órticos ou hidromórficos, com
presença de lençol freático elevado durante grande parte do ano,
imperfeitamente ou mal drenados, com mosqueados comuns, pequenos e
distintos. São solos alumínicos, sendo encontrados em relevo plano e suave
ondulado. Quando órticos, estão associados principalmente a Argissolo
Amarelo, Latossolo Amarelo, Gleissolo e Afloramento de Rochas, e, quando
hidromórficos, a Gleissolo Háplico, Espodossolo Cárbico e Plintossolo
Háplico, nas planícies do rio Branco e áreas alagadas da parte sul do estado. A
extensão deste tipo de solo neste trabalho foi ampliado em 5% em relação aos
trabalhos anteriores;
Neossolo Flúvico: são solos pouco desenvolvidos, pouco profundos até
profundos, moderadamente drenados, formados pela deposição de sedimentos
transportados pelos cursos d‟água, tendo como horizonte diagnóstico apenas o
A, seguido de uma sucessão de camadas estratificadas, de diferentes tipos de
materiais, sem nenhuma relação pedogenética. Os Neossolos Flúvicos, por
terem camadas estratificadas, possuem distribuição muito irregular de carbono,
portanto, mostram teor de matéria orgânica bastante variável de um estrato
para outro. Aparecem dominantemente ao longo das planícies do rio Branco,
associados a Gleissolo Háplico e Neossolo Quartzarênico Hidromórfico, sob
vegetação de formação pioneira e floresta aluvial, em relevo plano. A extensão
deste tipo de solo neste trabalho foi ampliado em 15% em relação aos trabalhos
anteriores
129
Figura 60 – Mapa de Subsídio à Gestão Territorial – Projetos de Assentamento, Terras Indígenas e Vulnerabilidade.
135
O produto final deste trabalho está reunido num banco de dados georreferenciados,
anexado a este documento através de um CD-ROM, contendo mosaicos de imagens de
satélites de diferentes épocas, dados básicos de altimetria, rede de estradas, mapas temáticos
reinterpretados (Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Clinatologia, Hidrografia), mapas e
dados gerados (mapa de Intensidade Pluviométrica, mapa de Cobertura Vegetal e Uso da
Terra e mapa de localização de pontos visitados) e os resultados alcançados (Mapa de
Subsídio à Gestão Territorial).
Este banco de dados tem por objetivo:
Permitir a análise dos mapas e dos demais dados gerados de modo que
determinadas áreas de interesse possam ser observadas com maior detalhe
(escalas maiores);
Colocar os dados a disposição da sociedade para que sejam utilizados em
benefício do desenvolvimento do Município de Cantá e da região amazônica;
Tornar possível a atualização dos dados à medida que novos conhecimentos e
tecnologias sejam adquiridos;
Colocar os dados a disposição da comunidade científica para que a
metodologia de trabalho, se considerada útil, seja estendida a outras regiões do
país.
136
6. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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355 p.
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139
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Janeiro: EMBRAPA, 2002. 174 p.
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passive: radar remote sensing and surface scattering and emission theory. 2. ed. v.2.
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de rochas vulcânicas ácidas e básicas, no nordeste de Roraima. Viçosa, 2000. 185 f. (Tese
de Doutorado), Universidade Federal de Viçosa.