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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS

RAIMUNDO COSTA FILHO

TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO


APLICADAS AO PLANEJAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE CANTÁ,
ESTADO DE RORAIMA

Boa Vista
2011
1

RAIMUNDO COSTA FILHO

TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO


APLICADAS AO PLANEJAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE CANTÁ,
ESTADO DE RORAIMA

Projeto de Dissertação apresentado ao


Programa de Pós-Graduação em Recursos
Naturais da Universidade Federal de
Roraima, como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre em Recursos
Naturais.

Orientador: Profo. Dr. Stélio Soares


Tavares Júnior

Boa Vista
2011
2

Apresentação

Dados Internacionais de Catalogação-na publicação (CIP)

Xxxxx Costa Filho, Raimundo


Técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento
aplicadas ao planejamento territorial do município de Cantá,
Estado de Roraima/Raimundo Costa Filho. Boa Vista, 2011.

Orientador: Prof. Dr. Stélio Soares Tavares Júnior.


Dissertação (Mestrado) – Mestrado em Recursos
Naturais. Universidade Federal de Roraima.

1. Geociências. 2. Sensoriamento Remoto. 3.


Geoprocessamento. 4. Gestão Territorial. I – Título. II – Tavares
Júnior, Stélio Soares.
3

RAIMUNDO COSTA FILHO

TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO


APLICADAS AO PLANEJAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE CANTÁ,
ESTADO DE RORAIMA

Dissertação apresentada como pré-requisito para conclusão do Curso de Mestrado em


Recursos Naturais da Universidade Federal de Roraima, defendida em 30 de agosto de 2011 e
avaliada pela seguinte banca examinadora.

___________________________________________
Dr. Caio Augustus Fortes
IACTI-RR

___________________________________________
Prof. Dr. José Frutuoso do Vale Júnior
Universidade Federal de Roraima

___________________________________________
Profa. Dra. Luiza Câmara Beserra Neta
Universidade Federal de Roraima
4

Aos meus pais por me


proporcionarem as oportunidades
que não tiveram.
5

AGRADECIMENTOS

À Deus por ter me proporcionado a existência até aqui;


À Universidade Federal de Roraima pelo excelente curso oferecido;
Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pelo apoio institucional e a turma 2010;
Aos colegas do Pronat: Ilzo, Ramão Luciano, James, Tiago, Karen, Marlene; Márcia;
Aos professores Marcos Vital e Gardênia Cabral pelo apoio institucional e amizade;
Ao meu orientador professor Stélio pelo conhecimento e humildade a mim repassados;
À minha família pelo eterno apoio em todos os momentos;
À minha amada Paula Amantino pelo apoio integral;
Ao meu grande irmão eng. Ramildo Cavalcante Costa;
Ao meu grande amigo Daniel Gianluppi;
Ao meu amigo José Antônio de Castro Neto;
Aos amigos e mestres: José Frutuoso, Henrique, Carlos Sander, Cirino, Fábio, Albanita;
À Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia de Roraima (Femact),
especialmente aos amigos Alessandro Sarmento, Rair Fiel, Adeildo Oliveira, Antônio José,
Josenildo Silva, Pedro Milton, Rosiray Charles, Rogério Campos, Lourdes, Maria Lindalva,
Ediana Assad, Antônio Bentes;
Ao Instituto de Desenvolvimento Florestal de Roraima (Idefer) especialmente aos amigos Jair
Dall‟Agnol, Caio Augustus, Tiago Moratto, Cláudia Regina;
Ao amigo e ilustre roraimense General de Divisão Jorge Ernesto Pinto Fraxe pelos
conhecimentos a mim repassados;
Ao amigo Coronel de Engenharia Carlos Alberto Maciel Teixeira pelo apoio e conhecimentos
a mim repassados;
Ao Exército Brasileiro pela hierarquia e disciplina a mim ensinado, especialmente aos amigos
TC. Geordane, TC. Edimilson, Maj. Ilson, Maj. Bastos, Cap. Figueiredo, Cap. Ferreira, Cap.
Breno, Cap.Fonseca, Cap. Fernandes, Cap. Kleberson, Ten. Éder, Ten. Ricardo, Ten. Vieira,
Ten. Lino, Ten. Macedo, Sgt. Lohmann, Sgt. Gilberto, Sgt. Marcelo, Sgt. Freire, Sgt Lisarb,
Sgt. Roseli, Sgt. Nunes, Sgt. Feijó;
Ao Tribunal de Contas da União (TCU) especialmente aos amigos José Barreto, João Ricardo,
Ricardo Antunes, José Pedro.
6

Os cães ladram e a caravana passa...


Existe uma estrela a ser seguida, um
sentimento a ser preservado e nada vai
impedir que a caravana siga seu rumo...
(Sandra Nasrallah)
7

RESUMO

No Município de Cantá, assim como em toda a Amazônia, atividades de uso da terra vêm
sendo praticadas (por madeireiros, pecuaristas e agricultores) de forma extensiva e predatória
ocasionando, muitas vezes, a degradação do meio ambiente. Utilizando técnicas de
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento, este trabalho contribui para a Gestão Territorial
do Município de Cantá através do desenvolvimento dos seguintes procedimentos
operacionais: análise das modificações ocorridas na cobertura vegetal do município e sua
integração com os diferentes componentes do meio físico (Geologia, Geomorfologia,
Pedologia e Clima.); indicação das áreas que precisam ser preservadas e/ou recuperadas ou
que possam ser utilizadas sob manejo; delimitação de Áreas de Preservação Permanente
(APP) e Terras Indígenas; e ainda uma estimativa de área do município para a manutenção de
Reserva Legal, tomando como base as leis ambientais nº 4.771 (Lei Federal de 15 de
setembro de 1965) e 5.887 (Lei Estadual de 11 de maio de 1965), a Resolução nº 303 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA e a Medida Provisória nº 2.166-67 (de 24
de agosto de 2001).
8

ABSTRACT

In the municipality of Cantá, in Roraima State, as well as in the Amazônia, land use activities
have been practiced (by loggers, cattle raisers and agriculturers) in an extensive and predatory
way, causing, many times, the degradation of the environment. Using Remote Sensing and
Geoprocessing techniques this work contributes to land use management of municipality of
Cantá and the following tasks have been developed to: analyse the modification occurred in
the vegetation canopy of the municipality and its integration to the different components of
the physical environment (Geology; Geomorphology, Pedology and Climate); indicate the
areas that need to be preserved, recovered, or could be used under management; delimitation
of the permanent preservation areas and Indian lands. Other important result is the estimate of
the municipality area for maintenance of the legal reserve based on the environmental laws:
Federal law Nº 4771 from September 15, 1965 and State law Nº 5887 from May 11, 1965;
Resolution Nº 303 from the Environment National Council (CONAMA); Provisory Act nº
2166-67 from August 24, 2001.
9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Avaliação da estabilidade das categorias mofordinâmicas ........................ 27


Figura 2 – Escala de vulnerabilidade à perda de solo das unidades de paisagem ....... 28
Figura 3 – Características observadas para avaliar a vulnerabilidade à perda de solo
das unidades de paisagem ........................................................................................... 29
Figura 4- Obtenção de imagens por sensoriamento remoto ........................................ 30
Figura 5 – Imagem de RADAR com feições lineares de relevo e drenagem .............. 31
Figura 6 - Espectro eletromagnético ........................................................................... 33
Figura 7 – Curva espectral da vegetação, da água e do solo ....................................... 35
Figura 8 – Cidade de Manaus com resolução 30x30 m à esquerda e 1x1m à direita .. 37
Figura 9 – Imagem óptica do norte do Estado de Roraima ......................................... 44
Figura 10 – Imagem de RADAR SAR da região do baixo rio Branco no estado de
Roraima ....................................................................................................................... 45
Figura 11 – Estrutura geral de Sistemas de Informação Geográfica ........................... 52
Figura 12 – Classes de operações geográficas ............................................................ 55
Figura 13 – Localização da área de estudo, imagem Landsat-5 .................................. 59
Figura 14 – Modelo conceitual do banco de dados ..................................................... 61
Figura 15 – Técnicas de processamento de imagem ................................................... 62
Figura 16 – Escala de vulnerabilidade à denudação das rochas mais comuns ............ 67
Figura 17 – Valores de vulnerabilidade à perda de solo para a amplitude altimétrica 68
Figura 18 – Valores de vulnerabilidade para a declividade das encostas ................... 69
Figura 19 – Valores de vulnerabilidade para o grau de dissecação do relevo ............. 69
Figura 20 – Valores de vulnerabilidade dos solos. ...................................................... 71
Figura 21 – Valores de vulnerabilidade à perda de solo para as classes de cobertura
vegetal e uso da terra ................................................................................................... 72
Figura 22 – Escala de erosividade da chuva e valores de vulnerabilidade à perda de
solo .............................................................................................................................. 73
Figura 23 – Operação pontual de ponderação em um geo-campo temático. No
exemplo: Plano de Informação de Geologia, com aluviões (valor de vulnerabilidade =
3,0) em área sedimentar (valor de vulnerabilidade = 2,6) ........................................... 74
Figura 24 – Modelo esquemático da operação de média aritmética ........................... 75
Figura 25- Imagem pré-processada da área de estudo na banda 4 .............................. 81
Figura 26- Imagem processada com realce linear da área de estudo na banda 4 ........ 81
10

Figura 27- Imagem processada com realce gaussiano da área de estudo na banda 4 . 82
Figura 28- Imagem processada com realce quadrático da área de estudo na banda 4 82
Figura 29- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 ................................. 83
Figura 30- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
linear ............................................................................................................................ 83
Figura 31- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
de 0-255 níveis de cinza .............................................................................................. 84
Figura 32- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
de 2% ........................................................................................................................... 84
Figura 33- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
gaussiano ..................................................................................................................... 85
Figura 34- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
equalizado .................................................................................................................... 85
Figura 35- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
quadrático .................................................................................................................... 86
Figura 36- Imagem-erro da banda 3 realçada do sensor TM/Landsat ......................... 90
Figura 37- Plano de Informação de Cobertura Vegetal e Uso da Terra do Município de
Cantá obtido por classificação usando o ISODATA ................................................... 91
Figura 38 – Distribuição dos pontos de coleta de dados em campo ........................... 93
Figura 39 – Mapa de Cobertura Vegetal e Uso da Terra ........................................... 103
Figura 40 – Mapa Climático ...................................................................................... 105
Figura 41- Mapa Geológico ...................................................................................... 106
Figura 42- Mapa Geomorfológico ............................................................................. 107
Figura 43- Mapa Pedológico ..................................................................................... 108
Figura 44- Mapa Fitoecológico ................................................................................. 109
Figura 45 – Mapa Geológico ..................................................................................... 112
Figura 46 – Mapa Geomorfológico ........................................................................... 116
Figura 47 – Mapa Geomorfológico – Fragilidade à erosão ...................................... 117
Figura 48 – Mapa Geomorfológico – Domínios Morfoesculturais ........................... 118
Figura 49 – Mapa Geomorfológico – Processos de formação .................................. 119
Figura 50 – Mapa Geomorfológico – Entalhamento dos vales ................................. 120
Figura 51 – Mapa Geomorfológico – Dimensão Interfluvial .................................... 121
Figura 52 – Mapa Geomorfológico – Domínios Morfoestruturais ........................... 122
Figura 53 – Mapa Geomorfológico – Relevo ............................................................ 123
11

Figura 54 – Imagem SRTM sombreada .................................................................... 124


Figura 55 – Modelo Digital de Elevação .................................................................. 125
Figura 56 – Extração de Curvas de Nível ................................................................. 126
Figura 57 – Mapa Pedológico ................................................................................... 129
Figura 58 – Mapa de Vulnerabilidade à Perda de Solo – Segundo Crepani et al. .... 131
Figura 59 – Mapa de Subsídio à Gestão Territorial – Projetos de Assentamento e
Terras Indígenas ........................................................................................................ 134
Figura 60 – Mapa de Subsídio à Gestão Territorial – Projetos de Assentamento, Terras
Indígenas e Vulnerabilidade ...................................................................................... 135
12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Exemplo de Matriz de Confusão ............................................................... 76


Tabela 2 – Conceitos de eficiência do coeficiente de concordância kappa ................. 78
Tabela 3 – Erros estimados para a imagem TM/Landsat-5 Órbita/Ponto 232/58 de 04
de janeiro de 2008 ....................................................................................................... 86
Tabela 4 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Orbita/Ponto 232/58 de
03 de janeiro de 2009 .................................................................................................. 87
Tabela 5 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Orbita/Ponto 232/58 de
12 de janeiro de 2010 .................................................................................................. 87
Tabela 6 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Orbita/Ponto 232/58 de
02 de janeiro de 2011 .................................................................................................. 87
Tabela 7 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 232/59 de
10 de março de 2008 ................................................................................................... 87
Tabela 8 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 232/59 de
20 de março de 2009 ................................................................................................... 88
Tabela 9 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 232/59 de
23 de março de 2010 ................................................................................................... 88
Tabela 10 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 232/59 de
12 de março de 2011 ................................................................................................... 88
Tabela 11 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 231/59 de
02 de abril de 2008 ...................................................................................................... 88
Tabela 12 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 231/59 de
13 de abril de 2009 ...................................................................................................... 89
Tabela 13 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 231/59 de
25 de abril de 2010 ...................................................................................................... 89
Tabela 14 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 231/59 de
28 de abril de 2011 ...................................................................................................... 89
Tabela 15 – Matriz de confusão obtida para o mapeamento feito antes do trabalho de
campo (Mapa Pré-Campo) ........................................................................................ 100
Tabela 16 – Matriz de confusão obtida para o mapeamento feito antes do trabalho de
campo (Mapa Pós-Campo) ........................................................................................ 101
Tabela 17 – Comparação entre os valores de Exatidão Global e índice kappa.......... 102
13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16
1.1 Ecodinâmica ...................................................................................................................... 18
1.2 As unidades de paisagem natural ...................................................................................... 19
1.3 Polígono de intervenção antrópica .................................................................................... 20
1.4 Zoneamento ecológico-econômico e vulnerabilidade à perda de solo .............................. 23
1.4.1 Unidades de paisagem e a geologia ............................................................................... 23
1.4.2 Unidades de paisagem e a geomorfologia ...................................................................... 24
1.4.3 Unidades de paisagem e a pedologia ............................................................................. 25
1.4.4 Unidades de paisagem e a cobertura vegetal e uso da terra ........................................... 25
1.4.5 Unidades de paisagem e o clima .................................................................................... 26
1.5 Avaliação da vulnerabilidade à perda de solo das unidades de paisagem ........................ 27
1.6 Sensoriamento Remoto ..................................................................................................... 29
1.6.1 Processo de aquisição de informações ........................................................................... 31
1.6.2 Espectro eletromagnético ............................................................................................... 32
1.6.3 Composição colorida ...................................................................................................... 35
1.6.4 Resoluções ..................................................................................................................... 36
1.6.4.1 Resolução espacial ...................................................................................................... 36
1.6.4.2 Resolução espectral ..................................................................................................... 37
1.6.4.3 Resolução radiométrica ............................................................................................... 38
1.6.4.4 Resolução temporal ..................................................................................................... 38
1.6.5 Interpretação de imagens ............................................................................................... 39
1.6.5.1 Tonalidade ................................................................................................................... 39
1.6.5.2 Cor ............................................................................................................................... 40
1.6.5.3 Textura ........................................................................................................................ 40
1.6.5.4 Tamanho ...................................................................................................................... 41
1.6.5.5 Forma .......................................................................................................................... 41
1.6.5.6 Sombra ........................................................................................................................ 42
1.6.5.7 Padrão .......................................................................................................................... 42
1.6.5.8 Contexto geográfico .................................................................................................... 43
1.6.6 Sensores imageadores .................................................................................................... 43
1.6.6.1 Sensores passivos ........................................................................................................ 43
1.6.6.2 Sensores ativos ............................................................................................................ 45
14

1.6.7 Processamento de imagens ............................................................................................. 46


1.6.7.1 Pré- processamento ..................................................................................................... 46
1.6.7.1.1 Correção geométrica ................................................................................................ 46
1.6.7.1.2 Correção radiométrica .............................................................................................. 47
1.6.7.1.3 Correção atmosférica ............................................................................................... 47
1.6.7.2 Técnicas de processamento digital de imagens ........................................................... 48
1.6.7.2.1 Técnicas de realce .................................................................................................... 48
1.6.7.2.2 Transformação de imagens ...................................................................................... 49
1.6.7.2.3 Técnicas de filtragem ............................................................................................... 49
1.6.7.2.4 Classificação ............................................................................................................ 50
1.6.8 Sistema de Informações Geográficas (SIG) ................................................................... 51
1.6.8.1 Arquitetura de um SIG ................................................................................................ 52
1.6.8.2 Características de um SIG ........................................................................................... 53
1.6.8.3 Álgebra de mapas ........................................................................................................ 54
2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 56
3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 58
3.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 58
3.2 Objetivos específicos ........................................................................................................ 58
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 59
4.1 Área de estudo: município de Cantá ................................................................................. 59
4.2 Materiais ............................................................................................................................ 60
4.2.1 Aquisição de dados ........................................................................................................ 60
4.2.1 Seleção do material ........................................................................................................ 60
4.2.2 Equipamentos e aplicativos ............................................................................................ 60
4.2. Metodologia ..................................................................................................................... 61
4.2.1 Construção do banco de dados georreferenciados ......................................................... 61
4.2.2 Processamento digital de imagens orbitais .................................................................... 62
4.2.3 Registro e técnicas de realce .......................................................................................... 62
4.2.4 Classificação .................................................................................................................. 63
4.2.5 Análise e interpretação de dados e imagens orbitais ...................................................... 63
4.2.5.1 Plano de Informação Cobertura Vegetal e Uso da Terra ............................................ 63
4.2.5.2 Reinterpretação e ajuste dos mapas ............................................................................ 63
4.2.5.3 Plano de Informação Geologia .................................................................................... 63
4.2.5.4 Plano de Informação Geomorfologia .......................................................................... 64
15

4.2.5.5 Plano de Informação Solos ......................................................................................... 64


4.2.5.6 Plano de Informação Intensidade Pluviométrica ........................................................ 64
4.2.5.7 Etapa de campo ........................................................................................................... 65
4.2.6 Análise Ecodinâmica ...................................................................................................... 65
4.2.6.1 Geologia ...................................................................................................................... 65
4.2.6.2 Geomorfologia ............................................................................................................ 67
4.2.6.3 Solos ............................................................................................................................ 70
4.2.6.4 Cobertura vegetal e uso da terra .................................................................................. 71
4.2.6.5 Clima ........................................................................................................................... 72
4.2.7 Integração dos dados ...................................................................................................... 73
4.2.7.1 Mapa de Vulnerabilidade à Perda de Solo .................................................................. 74
4.2.7.2 Mapa de Subsídio à Gestão Territorial ....................................................................... 75
4.3 Avaliação do Mapa de Cobertura Vegetal e Uso da Terra................................................ 75
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 80
5.1 Processamento digital das imagens orbitais ...................................................................... 80
5.1.1 Correção geométrica ...................................................................................................... 80
5.1.2 Técnicas de realce .......................................................................................................... 80
5.1.3 Modelo linear de mistura espectral e classificação ........................................................ 86
5.2 Análise e interpretação dos dados gerados ....................................................................... 92
5.2.1 Etapa de campo .............................................................................................................. 92
5.2.2 Mapa de Cobertura Vegetal e Uso da Terra ................................................................... 97
5.2.3 Análise dos resultados das classificações ...................................................................... 98
5.2.4 Representação dos dados de Intensidade Pluviométrica .............................................. 104
5.2.5 Análise e reinterpretação dos mapas pré-existentes ..................................................... 106
5.3 Integração dos dados gerados ......................................................................................... 130
5.3.1 Mapa de Vulnerabilidade Natural à Perda de Solo ...................................................... 130
5.3.2 Mapa de Subsídio à Gestão Territorial ........................................................................ 132
5.4 Banco de dados georreferenciados .................................................................................. 135
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 136
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 138
16

1 INTRODUÇÃO

O território brasileiro possui a maior floresta tropical úmida (Floresta Amazônica) e a


maior planície inundável (Pantanal) do mundo, além do Cerrado (savanas e bosques), da
Caatinga (florestas semi-áridas) e da Mata Atlântica (floresta tropical pluvial). Sua costa
marinha abrange 3,5 milhões de km² e apresenta uma grande variedade de ecossistemas, os
quais incluem recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos, além de
diversos ambientes de transição denominados ecotónos (AB‟ SABER, 1977).
A conservação da biodiversidade tem sido considerada um dos maiores desafios da
humanidade para o próximo século. A identificação deste problema surgiu dos grandes
impactos que as populações humanas têm causado à diversidade biológica levando a taxas de
extinção jamais registradas na história da vida sobre a Terra (VENTURIERI, 2007).
A ocupação humana na Amazônia tem sido o resultado de um longo processo
histórico. Resultados de pesquisas indicam que esse processo histórico de ocupação e
construção do espaço da Amazônia tem início bem antes do colonizador europeu. No entanto,
é mister afirmar que a partir do século XVI esse processo se acelera definindo a atual
configuração espacial regional (VENTURIERI, 2007).
A ocupação da Amazônia ocorreu praticamente com as seguintes finalidades: manter a
soberania do território e a exploração dos recursos naturais ali existentes. Em Roraima, esse
contexto não foi diferente, principalmente pela sua localização estratégica, fazendo fronteira
ao norte e noroeste com a República Bolivariana de Venezuela e ao leste e nordeste com a
República Cooperativista da Guiana, portanto, era extremamente necessário manter a
soberania do território na região. Além disso, a riqueza em recursos naturais na região
impressionava os colonizadores, que inicialmente viram a grande possibilidade da pecuária
extensiva nos campos do rio Branco.
Em 1787 o Coronel Manoel da Gama Lobo D‟Almada, defendendo a coroa
portuguesa, afirmou que uma das maiores vantagens que se poderia tirar do rio
Branco era povoá-lo e colonizar toda aquela fronteira com as pessoas que
habitavam as montanhas daquela região. Isso, porém, não significava que os
portugueses não desejassem a exploração econômica do vale do rio Branco,
pelo contrário. E por isso já tinham em mente a vinda de colonos europeus
assim como a introdução do gado nos extensos campos naturais do rio Branco.
Esse fato, a introdução da pecuária em Roraima veio acontecer, efetivamente,
em 1789, com o próprio Lobo D‟Almada introduzindo as primeiras cabeças de
gado nos campos do rio Branco com animais, trazidos de Tefé, Amazonas
(FREITAS, 2009, p. 119).
Conforme a classificação de Guerra (1956), a paisagem física do território do Rio
Branco se dava em três regiões: do baixo rio Branco, do alto rio Branco e da montanhosa.
Segundo esta classificação, a região do alto rio Branco tem a cobertura vegetal predominante
17

de campos, na qual predominou a pecuária extensiva. A região do baixo rio Branco tem a
cobertura vegetal predominante de florestas, onde prevaleceu a exploração de recursos
florestais, bem como, a pesca em menor escala. Na região montanhosa prevaleceu a produção
extrativa mineral, principalmente do ouro e do diamante.
A ocupação do estado de Roraima vem sendo feita há séculos por pecuaristas,
agricultores, madeireiros e garimpeiros, com a exploração de forma empírica dos recursos
naturais, muitas vezes causando a degradação ambiental. A mais nociva forma de degradação
ambiental é a perda de solo, portanto é extremamente importante o seu uso sustentável.
“Chamar uma atividade de „sustentável‟ significa que ela pode ser continuada ou
repetida em um futuro previsível. Com base nisso, a preocupação surge porque grande parte
das atividades humanas é nitidamente insustentável” (BERGON; HARPER; TOWNSEND,
2010, p. 438).
Os problemas que vêm ocorrendo com os recursos naturais devem ser enfrentados de
forma global e integrada, ou seja, aumentando a produtividade e a produção, procurando
evitar o desgaste e empobrecimento do solo nas suas diversas fases e formas, através de
práticas que aumentem a infiltração da água no perfil do solo, que intensifiquem a cobertura
vegetal e que reduzam o escoamento superficial. Assim, além de controlar a erosão e o
empobrecimento do solo, obtêm-se, como reflexo, melhorias da qualidade da água, afora a
preservação da vida silvestre e do meio ambiente (LOMBARDI NETO, 1994).
Algumas das causas do esgotamento dos solos pela erosão podem ser controladas, e
todas as técnicas utilizadas para aumentar a resistência do solo ou diminuir as forças do
processo erosivo são denominadas práticas conservacionistas (BERTONI; LOMBARDI
NETO, 1999). Assim sendo, podem ser consideradas conservacionistas todas as práticas às
quais os solos agrícolas são submetidos com o intuito de controlar as perdas de solo e de água.
É importante ressaltar que a melhor forma de conservação dos solos agrícolas é ocupar
a área de acordo com a sua capacidade de uso, o que pode otimizar seu aproveitamento
econômico, reduzindo as perdas de água, e consequentemente, os riscos de erosão. Pruski
(1996) alertou para o fato de que a classificação do solo, de acordo com a sua capacidade de
uso e manejo, deve ser utilizada como base sobre a qual os fatores econômicos e sociais
típicos da região.
Fruto da utilização desordenada dos recursos naturais, a erosão do solo vem, há muitos
anos, causando graves prejuízos ao homem. Estima-se que nos Estados Unidos a erosão cause
um prejuízo anual de cerca de US$ 9 bilhões por ano (RIBAUDO; YOUNG, 1989), enquanto
no Brasil, estes valores estariam próximos de US$ 4,2 bilhões anuais (HERNANI et al.,
18

2002). Estes prejuízos estão relacionados não apenas aos custos relativos à reposição de
corretivos e fertilizantes, à menor produtividade e aos maiores custos de produção. Fora isso,
o prejuízo ambiental é incalculável, com perda do solo, as pressões sobre novas áreas serão
intensas, e novamente inicia-se o ciclo de degradação.
O mapa de vulnerabilidade à perda de solo representa a análise do meio físico e
biótico para a ocupação racional e uso sustentável dos recursos naturais. A sua associação
com dados de potencialidade social e econômica oferece subsídio à gestão territorial
(BRASIL, 1997).

1.1 Ecodinâmica

Uma unidade ecodinâmica se caracteriza por certa dinâmica do meio ambiente que
tem repercussões mais ou menos imperativas sobre a biocenose. A morfodinâmica depende do
clima, da topografia, do material rochoso. O conceito de unidades ecodinâmicas é integrado
no conceito de ecossistema. Baseia-se no instrumento lógico de sistema, e enfoca as relações
mútuas entre os diversos componentes da dinâmica e os fluxos de energia/matéria no meio
ambiente. Portanto, é completamente distinto do ponto de vista estático do inventário. Um
inventário pode ser útil para o ordenamento e administração do território, mas, somente
quando se trata de recursos não renováveis, como os minerais. Não é adequado para os
recursos ecológicos. Com efeito, a gestão dos recursos ecológicos deve ter por objetivo a
avaliação do impacto de inserção da tecnologia humana no ecossistema. Isso significa
determinar a taxa aceitável de extração de recursos, sem degradação do ecossistema, ou
determinar quais as medidas que devem ser tomadas para permitir uma extração mais elevada
sem degradação (TRICART, 1977).
Os princípios da Ecodinâmica de Tricart (1977) estabelecem três categorias
mofordinâmicas: meios estáveis, meios intergrades e meios fortemente instáveis. Nos meios
estáveis prevalecem os processos de pedogênese, nos meios intergrades prevalece o equilíbrio
dos processos de pedogênese/morfogênese, e nos meios fortemente instáveis prevalecem os
processos de morfogênese.
19

1.2 As unidades de paisagem natural

A expressão unidade de paisagem (“land unit”) tem sido cada vez mais incorporada à
linguagem dos profissionais, que trabalham com meio ambiente, e para ela existem muitas
definições, mas em geral o sentido é o mesmo. Na realidade a definição fica restrita a área
específica de pesquisa, seja por exemplo a geologia, possui uma definição relativamente
diferente da vegetação.
Florenzano (1986) destaca o sistema “land system approach” como sendo um dos
principais sistemas de classificação de terreno com enfoque adotado na ordenação territorial.
Desenvolvido pela “Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization”
(CSIRO) na Austrália, este sistema baseia-se no uso sistemático de fotografias aéreas e
imagens de plataformas orbitais e comporta, em sua versão mais elaborada, uma divisão da
paisagem em escala crescente de dimensão espacial em três níveis hierárquicos: sítio (“site”),
unidade de terra (“land unit”) e o sistema de terra (“land system”).
A fim de definir as unidades de paisagem para estudos de avaliação do potencial
geoambiental Oliveira et al. (1988) adotaram a análise de grupamentos e medidas de
semelhança para caracterizar uma determinada área e utilizaram uma classificação baseada
em províncias, seção, subseção e geotipos que foram individualmente descritos e classificados
quanto às recomendações para uso agrícola.
Pires Neto (1994) sugere uma abordagem que mostra a interação entre os
levantamentos de uso da terra, cobertura vegetal, estudos climáticos, mapeamentos
hidrológicos, geológicos e geomorfológicos de forma que o terreno seja estudado como um
sistema mantido por vários mecanismos atuando de forma integrada.
Ross (1996) propôs uma classificação do relevo para o planejamento ambiental a partir
de uma compartimentação da paisagem de modo crescente em escala de detalhamento. Essa
classificação buscou hierarquizar o relevo em seis táxons conforme o grau de organização e
detalhe. Primeiramente as unidades morfoestruturais, depois as morfoesculturais, padrões de
formas semelhantes, padrão de forma individualizada, formas, vertentes e por fim fatos
localizados, como ravinas e voçorocas.
Para Crepani et al. (2001) as unidades de paisagem, enquanto unidades territoriais
básicas passíveis de georreferenciamento, contêm uma porção do terreno onde se inscreve
uma combinação de eventos e interações, visíveis e invisíveis, cujo resultado é registrado e
pode ser visto na forma de imagem fotográfica de um determinado momento, representando
um elo de ligação entre a Geografia e a Ecologia.
20

Desse modo percebe-se que o termo unidades de paisagem é utilizado de forma


abrangente e que pode ser utilizado toda e qualquer unidade de uma determinada área que
leve em consideração fatores físico-naturais e sócio-econômicos para avaliação das
possibilidades de uso do território e/ou recursos naturais, ainda que haja, de acordo com os
objetivos e metodologias de cada projeto, certa ênfase em determinado fator.
Segundo Crepani et al. (2001) para se analisar uma unidade de paisagem natural é
necessário conhecer sua gênese, constituição física, forma e estágio de evolução, bem como o
tipo da cobertura vegetal que sobre ela se desenvolve. Estas informações são obtidas por meio
das características físicas e ambientais como: a Geologia, a Geomorfologia, a Pedologia e a
Fitogeografia, que precisam ser integradas para que se tenha um retrato fiel do
comportamento de cada unidade frente à sua ocupação. Finalmente, é necessário o auxilio da
Climatologia para que se conheçam algumas características climáticas da região onde se
localiza a unidade de paisagem, a fim de que se anteveja o seu comportamento frente às
alterações impostas pela ocupação.

1.3 Polígono de intervenção antrópica

Como representantes nas imagens da área física onde se dá a atuação humana que
modifica as condições naturais, os polígonos de intervenção antrópica podem localizar-se
sobre uma única, ou várias unidades de paisagem natural, dependendo exclusivamente de suas
dimensões. A antropização do meio ambiente, sem o prévio conhecimento do equilíbrio
dinâmico (Ecodinâmica) existente entre os diversos componentes que permitiram a formação
das diferentes unidades de paisagem natural pode levar a situações desastrosas do ponto de
vista ecológico e econômico. Portanto antecedendo qualquer ocupação, deve-se conhecer os
componentes físicos – bióticos (Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Fitogeografia e Clima)
que interagindo levaram ao estabelecimento das unidades de paisagem natural (CREPANI et
al., 2001).
O prévio conhecimento prévio das interações existentes nas unidades de paisagem,
torna possível recomendar as atividades a serem desenvolvidas no polígono de intervenção
antrópica, evitando-se agressões irreversíveis e obtendo-se maior produtividade, e
consequentemente maior sustentabilidade. Pode-se ainda dirigir ações corretivas dentro
daqueles polígonos onde seu uso inadequado provoca degradação.
21

Os materiais que compõem as unidades de paisagem natural, os processos que nela


atuam e a sua geometria, fazem parte de um conjunto auto - regulador em que toda forma é
resultado do ajustamento entre materiais e processos. O equilíbrio deste sistema, presente em
cada unidade de paisagem natural, mostra o ajustamento completo das suas variáveis internas
às condições externas, e como estes sistemas são abertos eles mantêm-se estabilizados na
medida em que as forças atuantes, provindas do meio ambiente, possam ser absorvidas pela
flexibilidade existente na estrutura do sistema. Quando a introdução de novas forças gera
processos que ultrapassem o grau de absorção há um reajuste em busca de um novo estado de
equilíbrio (CREPANI et al., 2001).
As atividades desenvolvidas dentro dos polígonos de intervenção antrópica
introduzem novas forças que podem alterar, em escala variável, as condições de equilíbrio do
sistema representado pela unidade de paisagem natural. A agricultura, a pecuária, a
silvicultura, a mineração e as obras de engenharia civil são exemplos de atividades que, em
maior ou menor escala, introduzem estímulos externos ao sistema.
No Brasil, e particularmente na Amazônia, a agricultura e a pecuária são as atividades
mais importantes na introdução de estímulos externos, devido a seu caráter extensivo que
envolve grandes áreas e busca sempre novas fronteiras. A primeira intervenção destas
atividades no sistema representado pelas unidades de paisagem natural é a alteração da
cobertura vegetal, que acontece na forma de retirada de matéria orgânica pelo desmatamento
seguido de queimadas. A exposição da superfície do solo ao Sol e a chuva em conseqüência
da alteração da cobertura vegetal, desencadeia processos que, dependendo do grau de
absorção do sistema, podem não ser completamente absorvidos, iniciando um reajustamento
em busca de uma nova situação de equilíbrio cujos efeitos são extremamente danosos aos
seres vivos (CREPANI et al., 2001).
A floresta da Amazônia, em parte exuberante, baseia-se num equilíbrio delicado entre
a matéria orgânica, a estrutura do solo, a umidade do ar e o nível freático. É um ecossistema
extremamente frágil que depende das árvores para ausência de vento na paisagem e para a
proteção de seus solos contra o sol e o impacto das chuvas equatoriais, (que ocorrem graças à
mata densamente fechada), além da água transpirada que garante a umidade do ar, e depende
também da distribuição equilibrada das chuvas durante todo o decorrer do ano, devido à
reduzida capacidade de retenção de água da maioria dos solos.
A exuberância das florestas equatoriais levou também os primeiros exploradores a
supor que os solos eram naturalmente muito férteis. No entanto, hoje se sabe que a maior
parte deles é pobre em nutrientes e a riqueza da vegetação está mais relacionada com a
22

luminosidade, temperatura e umidade constantemente elevadas. A maior parte dos nutrientes


está contida mais na própria floresta (biomassa). No solo, pode existir apenas uma quantidade
de nutrientes minerais (cálcio, magnésio, potássio, nitrogênio, etc.), pequena mais eficiente
para atender à “lei do mínimo” de Liebig, os quais estão sempre em eficiente ciclagem,
estabelecida com uma rápida decomposição dos restos vegetais, liberação dos nutrientes
minerais e reabsorção dos mesmos pelas raízes (LEPSCH, 2002).
O clima da região amazônica equatorial úmida se mostra extremamente favorável à
produção vegetal, como prova a “hiléia” (floresta pluvial amazônica), mas não se pode
esquecer que o clima interage com a mata, que como imenso termostato evita os extremos de
temperatura. Pastagens não agem como termostato, portanto não se pode esperar a
manutenção do clima amazônico após a modificação total da paisagem, com a troca
indiscriminada de mata por pastagens.
A queima anual dos solos amazônicos cria “terra queimada” que em pouco tempo não
é mais capaz de suportar nenhuma colheita, sendo tomada por plantas silvestres adaptadas ao
fogo (capins fibrosos e cespitosos). A superfície desses solos se torna impermeável às
precipitações, que oscilam entre 1300 e 3000 mm anuais, e as águas escorrem turvas pelo
material em suspensão, acumulando-se nas baixadas onde causam a morte por asfixia das
árvores ali existentes.
Nas áreas que não sofreram desmatamento o ciclo da água é perfeito: a chuva cai,
infiltra-se lentamente no solo até atingir o lençol freático de onde abastece os rios
vagarosamente, é absorvida pelas raízes e transpirada pelas folhas, formam-se nuvens e chove
novamente. Nas áreas desmatadas o vento sopra e a umidade evaporada é levada para longe,
criando um ambiente seco. As chuvas atingem diretamente o chão desnudo e escorrem
rapidamente causando cheias nunca antes conhecidas em igarapés e rios. A erosão devasta o
solo e as doenças aparecem com incrível rapidez e intensidade quase incontrolável.
Quando se compara a constituição dos solos dos cerrados com a dos solos da
Amazônia constata-se que aqueles apresentam maior quantidade de cátions disponíveis e
menor teor de alumínio trocável, não sendo, portanto, a maior riqueza do solo nem o menor
teor de alumínio responsáveis pela vegetação luxuriante da floresta. Mas há outros três
fatores, presentes nos cerrados e responsáveis pela sua vegetação raquítica e xeromorfa, que
aos poucos chegam à floresta trazidos pelo desmatamento indiscriminado: o vento, o fogo e a
camada adensada do solo.
A ausência de vento e a conseqüente conservação da umidade; o impedimento do fogo
e o conseqüente retorno de matéria orgânica ao solo, além da inexistência da camada
23

adensada no solo que o protege dos efeitos negativos das chuvas, parecem ser os fatores que
permitem a extraordinária produtividade dos solos pobres da Amazônia. Alterar
indiscriminadamente esses fatores pode levar a um desequilíbrio que leve à formação de
cerrados, ou pior ainda, de desertos. As evidências de ocupação humana no deserto do Saara,
obtidas através da descoberta de antigas aldeias e estradas, são intrigantes e devem servir para
reflexão (CREPANI et al., 2001).

1.4 Zoneamento ecológico-econômico e vulnerabilidade à perda de solo

Há tempos o zoneamento ecológico-econômico tem surgido em propostas


governamentais com a finalidade de subsidiar as decisões de planejamento social, econômico
e ambiental do desenvolvimento e do uso do território nacional em bases sustentáveis. Após a
instituição da Política Nacional de Meio Ambiente, Lei Federal n. 6938 de 31 de agosto de
1981 (BRASIL, 1981), que arrolou o zoneamento ambiental entre seus instrumentos de
planejamento, diversas iniciativas esparsas de zoneamento foram tomadas durante a década de
80, até que o zoneamento ecológico-econômico aparecesse, pela primeira vez, nas diretrizes
do Programa Nossa Natureza, com o objetivo de ser estendido a todo território nacional
(BRASIL, 1997)
A vulnerabilidade à perda de solo das unidades de paisagem está ligada ao
desequilíbrio da dinâmica natural do meio ambiente. Cada componente da paisagem, como
Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Vegetação, Clima e a intervenção antrópica, participa
desta dinâmica de forma integrada.
As unidades de paisagem apresentam diferentes graus de absorção aos estímulos
exteriores, assim como seus componentes apresentam escalas diferentes para o reajustamento
frente às modificações provocadas externamente até que se restaure o equilíbrio perdido,
podendo oscilar da escala medida em anos até milhares de anos (PALMEIRA, 2004).

1.4.1 Unidades de paisagem e a geologia

Os elementos considerados para a atribuição de valores para as classes de


estabilidade/vulnerabilidade do tema Geologia são aqueles relacionados ao grau de coesão das
rochas que suportam a unidade de paisagem natural. Por grau de coesão das rochas entende-se
a intensidade da ligação entre os minerais ou partículas que as constituem (CREPANI et al.,
24

1996). Estes aspectos serão analisados a partir das informações bibliográficas e do trabalho de
campo a ser feito na região de estudo. Dessa forma, são atribuídos os valores para as classes
de estabilidade/vulnerabilidade, uma vez que em rochas pouco coesas prevalecem os
processos modificadores das formas de relevo (morfogenéticos), enquanto nas rochas bastante
coesas prevalecem os processos de formação de solos (pedogenéticos).

1.4.2 Unidades de paisagem e a geomorfologia

O estado de Roraima representa, sem dúvidas, o mais variado conjunto


geomorfológico da Amazônica. Nela se encontram superfícies baixa e recobertas por
sedimentos recentes que sobem gradualmente ou abruptamente até os mais altos relevos
brasileiros. Estes dois extremos são referidos na bibliografia desde os primeiros viajantes. As
denominações variavam, mas convergiam para o Planalto das Guianas até a Planície
Amazônica (BRASIL, 1975).
A influência do relevo nos processos de perda de solo é conseqüência da sua
morfologia, que se subdivide em: aspectos morfográficos e parâmetros morfométricos. Os
aspectos morfográficos descrevem o terreno quanto à sua forma e à sua aparência. As
unidades morfoestruturais Planalto Dissecado Norte da Amazônia, Planalto Residuais de
Roraima e Pediplano Rio Branco-Rio Negro são encontrados no município de Cantá, segundo
o mapa de Geomorfologia do Projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1975). Os parâmetros
morfométricos são quantitativos das formas do relevo, como o grau de dissecação do relevo
pela drenagem, a declividade e a amplitude altimétrica.
A dissecação do relevo pela drenagem é obtida pelas medidas da dimensão ou
amplitude interfluvial (distância entre canais de drenagem), ou da densidade de drenagem
(número de canais por unidade de área), retiradas da carta topográfica ou da imagem.
A declividade das vertentes refere-se à inclinação do relevo em relação ao horizonte.
Pode ser medida diretamente nas cartas topográficas, em termos de porcentagem, baseada na
relação entre a distância vertical e a horizontal entre dois pontos; ou ainda, nas cartas
topográficas com auxílio de um ábaco (DE BIASI, 1992). De forma automatizada, a
declividade pode ser obtida pelos dados de altimetria introduzidos em um sistema
computacional por meio de um Modelo Numérico de Terreno (MNT) obtido pela
digitalização das curvas de nível.
25

A amplitude altimétrica está relacionada com o aprofundamento da dissecação, e é


obtida pelo cálculo da diferença entre as cotas máxima e mínima contidas na unidade de
paisagem, baseado nos dados de altimetria da carta topográfica ou pelo processamento de um
MNT.

1.4.3 Unidades de paisagem e a pedologia

O tipo de solo determina a suscetibilidade dos terrenos à erosão. Além da textura, uma
série de outras características do solo condicionam a sua erodibilidade: estrutura, composição,
espessura, relação textural entre os horizontes ou camadas. Quando desprovido de sua
vegetação natural, o solo fica exposto a uma série de fatores que tendem a depauperá-lo. A
velocidade com que este depauperamento se processa varia com as suas características, com o
tipo de clima e com os aspectos de topografia (LEPSCH, 2002).
Durante o Cenozóico o relevo de Roraima experimentou modelagem de seu cenário,
promovida por sucessivos processos erosivos, que Schaefer e Vale Júnior (1997) atribuem ao
ciclo de aplainamento Sul-americano, processo que determinante na atual composição
geomorfológica e pedológica local.
O solo desenvolve-se, transforma-se sob as condições de clima, relevo e vegetação, a
partir das rochas (material de origem). Compreende-se o estágio de evolução dos solos da área
de estudo a partir da análise dos mapas pedológicos existentes, observando-se as indicações
da maturidade destes. Essa maturidade, produto direto do balanço erosão/lixiviação, indica
que os processos de morfogênese geram solos jovens, pouco desenvolvidos, onde prevalece a
formação do relevo; assim como processos de pedogênese geram solos maduros e bem
desenvolvidos (PALMEIRA, 2004).
Os fatores como relevo, vegetação, material de origem (p. ex. sedimentos da Formação
Boa Vista), e geomorfologia (relevo plano e suave ondulado) são responsáveis pela grande
diversidade e variabilidade pedológica das savanas amazônicas, em especial de Roraima, e
que as distinguem das do restante do Brasil (VALE JÚNIOR, 2000).

1.4.4 Unidades de paisagem e a cobertura vegetal e uso da terra

A cobertura vegetal deve ser considerada como a vegetação nativa ou a vegetação


resultante da atividade antrópica. A densidade da vegetação está associada à capacidade de
26

proteção da paisagem, através da redução da perda de solos e processos modificadores das


formas do relevo. Essa proteção se dá pela redução do impacto direto das gotas de chuva no
solo, interceptadas pela folhagem e pela redução do escoamento superficial, diminuindo a
capacidade de as águas removerem e transportarem partículas de solo (CREPANI et al.,
2001).
Alterações na cobertura vegetal, como a retirada da vegetação nativa para a formação
de pastagens ou agricultura, podem desencadear processos degenerativos resultando na perda
das camadas superficiais de solo. A exposição do solo ao sol, vento e chuva provoca
modificações na estrutura física e biológica, refletindo diretamente na sustentabilidade tanto
da atividade econômica, quanto da paisagem natural.

1.4.5 Unidades de paisagem e o clima

As informações climatológicas necessárias para a caracterização das classes de


estabilidade/vulnerabilidade existentes na área de estudo serão relativas à pluviosidade anual e
à duração do período chuvoso, que definem a Intensidade Pluviométrica (IP).
De acordo com ROSS (1996), as informações sobre a IP dependem da extensão da
área de estudo ou das características do relevo, podendo ser a mesma em toda a sua extensão.
Uma alta pluviosidade anual e uma curta duração do período chuvoso levam ao
desenvolvimento de processos morfogenéticos, resultantes de uma maior capacidade de
erosão e transporte, enquanto a baixa pluviosidade anual e uma longa duração do período
chuvoso favorecem a infiltração da água no solo, resultando em processos pedogenéticos.
O fator clima costuma ser posto em evidência sobre todos os outros fatores formadores
de solo, pela sua maneira ativa e diferencial. Um material derivado de uma mesma rocha
poderá formar solos completamente diversos se decomposto em condições climáticas
diferentes. Por outro lado, materiais diferentes podem formar solos similares quando sujeitos,
por um longo período, ao mesmo ambiente climático. Os elementos principais do clima –
temperatura e umidade – regulam o tipo e a intensidade de intemperismo das rochas, o
crescimento dos organismos e, consequentemente, a distinção entre os horizontes
pedogenéticos. Sabe-se que, para cada 10º C de aumento de temperatura, dobra a velocidade
das reações químicas. Sabe-se também que é a água e o gás carbônico nela dissolvido, os
responsáveis pela maior parte das reações químicas quando do intemperismo dos minerais.
Portanto, quanto mais quente e úmido for o clima, mais rápida e intensa será a decomposição
27

das rochas, as quais, nessas condições, irão fornecer materiais muito intemperizados: solos
espessos e com abundância de minerais secundários (principalmente argilominerais e óxidos
de ferro e alumínio) e pobres em cátions básicos (principalmente cálcio, magnésio e potássio),
é o que ocorre normalmente nos solos amazônicos (LEPSCH, 2002).
Segundo Barbosa (1997), no tipo climático “Am”, predomina uma estação seca de
baixo rigor e a precipitação é bem distribuída ao longo do ano, devido à influência de dois
sistemas de circulação atmosférica predominantes em Roraima: a massa de ar equatorial
continental (mEc) e a convergência intertropical (CIT).

1.5 Avaliação da vulnerabilidade à perda de solo das unidades de paisagem

A vulnerabilidade à perda de solo das unidades de paisagem é avaliada a partir da


caracterização morfodinâmica destas unidades, segundo critérios baseados na Ecodinâmica de
Tricart (1977) que estabelece as seguintes categorias morfodinâmicas:
 Meios estáveis: cobertura vegetal densa, dissecação moderada e ausência de
manifestações vulcânicas;
 Meios intergrades: equilíbrio entre as interferências morfogenéticas e pedogenéticas;
 Meios fortemente instáveis: condições bioclimáticas agressivas, com ocorrências de
variações fortes e irregulares de ventos e chuvas, relevo com vigorosa dissecação,
presença de solos rasos, inexistência de cobertura vegetal densa, planícies e fundos de
vales sujeitos a inundações e geodinâmica interna intensa.
Os critérios desenvolvidos por Crepani et al. (1996), a partir desses princípios, permitiram
a criação de um modelo onde se buscou a avaliação, de forma relativa e empírica, do estágio
de evolução morfodinâmica das unidades de paisagem, atribuindo valores de estabilidade às
categorias morfodinâmicas, conforme pode ser visto na figura 1. Nesta análise quando
predomina a morfogênese prevalecem os processos erosivos, modificadores das formas de
relevo, e quando predomina a pedogênese prevalecem os processos formadores de solos.

Figura 1 – Avaliação da estabilidade das categorias mofordinâmicas.


Fonte: Creapani et al. (1996).
28

Desenvolveu-se então, o modelo mostrado na figura 2 que estabelece 21 classes de


vulnerabilidade à perda de solo, distribuídas entre as situações onde há o predomínio dos
processos de pedogênese (às quais se atribuem valores próximos de 1,0), passando por
situações intermediárias (às quais se atribuem valores ao redor de 2,0) e situações de
predomínio dos processos de morfogênese (às quais se atribuem valores próximos de 3,0).

Figura 2 – Escala de vulnerabilidade à perda de solo das unidades de paisagem.


Fonte: Modificada de Crepani et al. (1996).

O valor final de estabilidade/vulnerabilidade para cada unidade de paisagem é


determinado pela média aritmética dos 5 temas acima abordados, segundo a Equação 1.1, para
que seja obtida a posição desta unidade dentro da escala de estabilidade/vulnerabilidade.
VULNERABILIDADE = (G + R + S + V + C)/5 (1.1)
Onde:
G = vulnerabilidade para o tema de Geologia
R = vulnerabilidade para o tema de Geomorfologia
S = vulnerabilidade para o tema de Solos
V = vulnerabilidade para o tema de Vegetação/Uso da Terra
C = vulnerabilidade para o tema de Climatologia
29

Dentro desta escala de vulnerabilidade as unidades que apresentam maior estabilidade


são representadas por valores mais próximos de 1,0; as unidades de estabilidade intermediária
são representadas por valores ao redor de 2,0 enquanto que as unidades de paisagem mais
vulneráveis à perda de solo apresentam valores mais próximos de 3,0.
A denudação é a responsável pelo arrasamento das formas de relevo da superfície
terrestre, sendo a água, seu principal agente e responsável direta pela perda de solo. Toda
água que cai na forma de chuva ou neve, sobre 29% da superfície terrestre ocupada pelos
continentes, tende a mover-se para baixo, pela ação da gravidade, de volta ao oceano de onde
veio na forma de vapor. Toda gota de chuva que atinge o solo possui energia potencial
proporcional ao produto de sua massa e altitude acima do nível do mar do seu ponto de queda
e tende a transformá-la em energia cinética. A figura 3 mostra as características observadas
para avaliar a vulnerabilidade à perda de solo e atribuir valores para cada classe de cada tema
que compõe as unidades de paisagem.

Figura 3 – Características observadas para avaliar a vulnerabilidade à perda de solo


das unidades de paisagem
Fonte: Crepani et al, (2001).

1.6 Sensoriamento Remoto

Sensoriamento remoto é uma técnica que se baseia na utilização de dados sobre a


superfície terrestre, obtidos sem o contato físico direto entre o sensor e o alvo. Os sensores
remotos captam a radiação eletromagnética (REM) refletida ou emitida pelos alvos e essa
radiação traz consigo as informações espaciais e também as espectrais do alvo (BAPTISTA,
2006).
O sensoriamento remoto pode ser definido, de uma maneira ampla, como sendo a
forma de obter informações de um objeto ou alvo, sem que haja contato físico com o mesmo.
As informações são obtidas utilizando-se a radiação eletromagnética gerada por fontes
naturais como o Sol e a Terra, ou por fontes artificiais (ROSA, 2007).
30

Sensoriamento remoto é a tecnologia que permite obter imagens e outros tipos de


dados, da superfície terrestre, por meio da captação e do registro da energia reflectida ou
emitida pela superfície. O termo sensoriamento remoto refere-se à obtenção dos dados, e
remoto, que significa distante, é utilizado porque a obtenção é feita à distância, ou seja, sem o
contato físico entre o sensor e a superfície terrestre (FLORENZANO, 2007).
Sensoriamento remoto é a utilização conjunta de sensores, equipamentos para
processamento de dados, equipamentos de transmissão de dados colocados a bordo de
aeronaves, espaçonaves, e ou outras plataformas, com o objetivo de estudar eventos,
fenômenos e processos que ocorrem na superfície do planeta Terra a partir do registro e da
análise das interações entre a radiação eletromagnética e as substâncias que o compõem em
suas mais diversas manifestações (NOVO, 2008). A figura 4 mostra as modalidades de
aquisição de imagens por sensoriamento remoto por sensores passivos.

Figura 4- Obtenção de imagens por sensoriamento remoto.


Fonte: Florenzano (2007).

O Brasil com sua extensão continental, sua vasta riqueza em recursos naturais e seu
potencial sócio-econômico, sem a utilização de técnicas de sensoriamento remoto seria
praticamente impossível ordenar seu território. A adoção das imagens de satélite como
“âncora” para o Zoneamento Ecológico-Econômico traz consigo a possibilidade de se utilizar
todo o potencial disponível no sensoriamento remoto e nos sistemas de informações
geográficas, além de desenvolver uma metodologia perfeitamente aplicável a novos produtos
orbitais que estarão disponíveis no futuro (PALMEIRA, 2004).
31

A Amazônia em função do período chuvoso, quando boa parte de sua extensão fica
coberta por nuvens, e estas são fatores limitantes para o uso de sensores passivos, faz se
necessário a utilização de imagens de sensores ativos (RADAR), ainda que de forma
complementar. O imageamento por radar consiste da emissão de pulsos de microondas a
intervalos regulares sobre a região de interesse e a recuperação dos sinais de retorno (ecos)
provenientes desta região, à medida que o sensor se desloca. A recepção do sinal de retorno
pode ser feita utilizando-se a mesma antena emissora ou uma segunda antena (ULABY;
MOORE; FUNG, 1986). Em Roraima, diversos trabalhos já foram realizados com a
integração multisensores (CARVALHO, 1997; BESERRA NETA, 2007). A figura 5 mostra
uma imagem da Missão SRTM da região da Serra do Tepequém em Roraima.

Figura 5 – Imagem de RADAR com feições lineares de relevo e drenagem.


Fonte: adaptado de Beserra Neta (2007).

1.6.1 Processo de aquisição de informações

A obtenção de informações a respeito de um objeto é realizada analisando-se a


interação da energia eletromagnética com a superfície deste. Essa energia pode ter sido gerada
por uma fonte externa natural ou artificial e posteriormente refletida pelo objeto, ou pode ter
sido emitida pelo próprio objeto.
32

Qualquer matéria ou objeto que esteja a uma temperatura acima de zero absoluto (-
273º C ou 0º K) emite radiação eletromagnética. Em sensoriamento remoto, as duas principais
fontes naturais de energia eletromagnética utilizadas são o Sol e, em menor intensidade, a
Terra. O fluxo de energia eletromagnética, ao incidir sobre um objeto, sofre interações com o
material que o compõe, sendo parcialmente refletido, absorvido ou transmitido (MOREIRA,
2005).
Os materiais componentes dos alvos se diferenciam em relação às propriedades de
reflexão, absorção e transmissão da radiação eletromagnética. Os sistemas sensores
normalmente medem a energia eletromagnética refletida ou emitida, possibilitando assim a
discriminação dos materiais (ROSA, 2007).
A radiação eletromagnética (REM) refletida pelo objeto imageado é registrada pelo
sensor que recebe o sinal analógico e contínuo da energia medida e o discretiza,
armazenando-a em forma de números digitais, que posteriormente serão transformados em
gráficos, tabelas ou imagens em tons de cinza (MENESES, 2005).
As imagens são compostas por um determinado arranjo de pixel (Picture elements),
em linhas e colunas, de acordo com a estrutura e a forma de varredura do sistema sensor.
Essas imagens são produzidas em diversos níveis de cinza (monocromáticas), conforme a
capacidade de discretização da medida de reflectância dos alvos. Para cada faixa de
comprimento de onda, ou banda, é produzida uma imagem, representando a reflectância dos
materiais-alvo naquele comprimento de onda. Os sistemas sensores podem produzir
simultaneamente diversas imagens em diferentes bandas, sendo assim conhecidos como
sistemas pancromático (uma só banda, abrangendo todos os comprimentos de onda do
visível), multiespectrais (com até 20 bandas espectrais) ou hiperespectrais (com mais de 200
bandas espectrais).

1.6.2 Espectro eletromagnético

O espectro eletromagnético representa a distribuição da radiação eletromagnética por


regiões, segundo o comprimento de onda e a frequência. É importante saber os valores dos
intervalos de comprimento de onda utilizados em sensoriamento remoto, pois a maioria das
características que os objetos apresentam numa imagem de sensoriamento remoto depende do
intervalo espectral da imagem. Cabe ressaltar que não são limites rigorosamente precisos,
sendo comum encontrar na literatura pequenas diferenças nos limites dos intervalos espectrais
33

(MENESES, 2005). A figura 6 apresenta o espectro eletromagnético com os comprimentos de


ondas em metros e a frequência em Hertz, observa-se a estreita faixa do visível.

Figura 6 - Espectro eletromagnético.


Fonte: Florenzano (2007).

A região do visível do espectro compreende uma faixa com comprimento de onda


entre 0,4 a 0,7 µm. Essa faixa recebe esse nome porque agrupa os comprimentos de onda que
são visíveis ao olho nu. De uma maneira geral, ela pode ser dividida em regiões
correspondentes às cores básicas: vermelho (0,6 a 0,7 µm), verde (0,5 a 0,6 µm) e azul (0,4 a
0,5 µm). Antes da região do azul, encontra-se a região do ultravioleta, que é muito pouco
utilizada em sensoriamento remoto, pois essa energia é fortemente absorvida e espalhada pela
atmosfera, dificultando a obtenção de imagens, ou seja, não possui janela atmosférica
adequada na região do ultravioleta (FLORENZANO, 2008).
Após a região do vermelho, os comprimentos de onda recebem o nome de
infravermelho (0,72 µm a 1 mm). Essa região é importante para o sensoriamento remoto, pois,
como a absorção – ou espalhamento – pela atmosfera não tão intensa, nela os sensores
remotos são capazes de registrar alguns fenômenos naturais com muita clareza. O olho
humano não é capaz de enxergar esse comprimento de onda. A região do infravermelho pode
ser dividida três grandes faixas: infravermelho próximo (0,72 a 1,3 µm), infravermelho médio
(1,3 a 4,0 µm) e infravermelho distante ou termal (4,0 a 300 µm). Neste último, predomina a
energia emitida pelos corpos na Terra, sob forma de calor (ROSA, 2007).
Para fins de sensoriamento remoto, a principal fonte de radiação eletromagnética
(REM) é o Sol. Outras fontes são a emissão de REM pelos objetos (captadas por sensores
termais) e fontes artificiais de REM, como os radares de abertura sintética, que emitem e
recebem pulsos de REM, na faixa das microondas. A radiação solar útil limita-se ao intervalo
de 0,38 a 2,5 µm. Abaixo de 0,4 µm, a radiação ultravioleta é totalmente absorvida pelo
34

ozônio atmosférico e, acima de 2,5 µm, a intensidade da radiação solar, que já é baixa nesse
comprimento de onda, é ainda mais atenuada pela atmosfera (MENESES, 2005). A radiação
emitida pelos corpos na Terra é utilizada pelo sensoriamento remoto, para a estimativa da
temperatura da superfície dos objetos, como oceanos e focos de calor.
Existe, ainda outra faixa muito utilizada em sensoriamento remoto, que é a faixa das
microondas estão compreendidos entre 1 mm e 100 cm e são utilizados pelos sensores
RADAR (Radio Detection And Ranging). No entanto a maior parte das aplicações do
sensoriamento remoto utiliza reflectância da REM emitida pelo Sol, sendo por isso conhecido
como passivo, em contraposição ao sensoriamento remoto ativo, em que antenas RADAR
recebem pulsos de REM produzidos artificialmente pelo próprio sistema, podendo realizar
imageamento sem luz solar (ROSA, 2007).
A interação da REM com os objetos se dá de duas formas, isolada ou
simultaneamente. Uma se dá no campo da energia contida na REM que interage com os
objetos por princípios de absorção, reflexão e transmissão e que é medida e registrada por
sensores, e posteriormente convertida em imagem. Na outra forma, prevalece o modelo
ondulatório, em que a forma e a textura dos objetos são registradas em imagens a partir do
retorno de pulsos de ondas emitidos artificialmente. Nesse modelo, a relação entre o tamanho
do comprimento de onda emitido e o tamanho do objeto é o principio preponderante a ser
considerado. O sensoriamento remoto pode ainda medir a energia emitida por objetos, caso
em que o próprio objeto é a fonte de REM medida pelos sensores (FLORENZANO, 2008).
A radiação eletromagnética das regiões do visível e do infravermelho possui
comprimento de onda (0,4 a 2,5 µm) menores que o tamanho médio (50 µm) das moléculas
de vapor de água que compõem as nuvens. Devido a essa diferença de tamanhos, a REM
incidente nas nuvens atinge essa moléculas de água e é refletida de volta, fazendo com que o
sensor registre essa intensidade da reflectância, gerando uma imagem da nuvem e não dos
objetos que estão na superfície da Terra. O mesmo não acontece com os sensores que
trabalham na faixa das microondas (comprimentos de onda de 1 a 100 cm), pois, nessa faixa
do espectro, o comprimento de onda é bem maior que as moléculas de vapor de água que
compõem as nuvens e, portanto, a REM atravessa a nuvem e atinge os objetos da superfície
terrestre. Os sensores que operam na faixa das microondas são denominados RADAR. Por
este motivo, a utilização de sensores RADAR é recomendada para o imageamento de áreas
com constante cobertura de nuvens durante o ano, como é o caso de algumas regiões da
Amazônia (MENESES, 2005).
35

1.6.3 Composição colorida

Os objetos da superfície da Terra emitem, refletem, absorvem e transmitem REM em


proporções que com o comprimento de onda, de acordo com suas características bio-físico-
químicas. As variações da energia refletida pelos objetos podem ser representadas através de
curvas, possibilitando distinguir os diferentes objetos da superfície terrestre nas imagens. A
representação dos objetos nas imagens é feita por tons de cinza, variando do branco, quando
refletem muita energia, ao preto, quando refletem pouca energia (FLORENZANO, 2007). Na
figura 7 são apresentadas curvas espectrais de diversos alvos, na qual se observa a reflectâncis
dos mesmos.

Figura 7 – Curva espectral da vegetação, da água e do solo.


Fonte: Florenzano (2007).

As imagens são obtidas em diferentes canais, ou seja, cada canal, também conhecido
por banda, produz uma imagem. A quantidade de energia refletida por cada objeto varia em
cada banda, sendo representada em forma de imagem em diferentes tons de cinza, onde o
branco significa reflexão total da energia incidente e o preto significa absorção total da
energia pelo objeto. Essas imagens, que originalmente são monocromáticas, podem ser
visualizadas simultaneamente através de filtros coloridos, azul, verde e vermelho (cores
primárias), possibilitando gerar imagens coloridas. Nas imagens coloridas, a cor de um objeto
vai depender da quantidade de energia por ele refletida em cada uma das bandas, e da escolha
36

das bandas que devem ser associadas a cada cor primária. Assim, dependendo da composição
colorida, ou seja, dependendo de que banda foi associada a cada cor primária, o mesmo objeto
apresentará cores diferentes em cada composição colorida (FLORENZANO, 2007).

1.6.4 Resoluções

Independentemente do tipo de sensor, quando recebemos uma tabela com as


especificações dos dados desse sensor, temos uma lista de características fornecidas pela
agência fornecedora do dado. As imagens de sensoriamento remoto são caracterizadas por
quatro tipos de resolução. Essas resoluções indicarão as possibilidades e limites de uso de
cada imagem para as aplicações de sensoriamento remoto (NOVO, 2008).

1.6.4.1 Resolução espacial

A resolução espacial pode ser definida como a habilidade que um sensor possui de
distinguir objetos que são próximos espacialmente. Cada sensor é projetado para fornecer
dados a um determinado nível de detalhe espacial. Quanto menor o objeto possível de ser
identificado, maior a resolução espacial (NOVO, 2008).
A escolha da resolução espacial do sensor depende do objetivo da análise no caso em
questão. Em terrenos naturais, florestas por exemplo, os alvos apresentam pouca variabilidade
ao longo de uma área, não exigindo altas resoluções espaciais. Para uma área com alta
variabilidade de tipos de objetos, áreas urbanas por exemplo, torna-se necessário o uso de
sensores com alta resolução espacial (MENESES, 2005).
Segundo Moreira (2005), resolução espacial trata-se do campo de visada instantâneo
(Ifov), ou seja, refere-se a área vista por determinado sensor sobre a superfície da Terra dentro
de um ângulo sólido, em dado instante de tempo. De acordo, com esse ponto vista, pode-se
dizer que a resolução espacial está intimamente relacionada com o tamanho do pixel. Desse
modo, o pixel representa a média das energias refletidas pelos alvos da superfície terrestre
dentro de um ifov. A figura 8 representa duas imagens com resoluções espaciais diferentes.
37

Figura 8 – Cidade de Manaus com resolução 30x30 m à esquerda e 1x1m à direita.


Fonte: Modificado de CPRM (2002).

1.6.4.2 Resolução espectral

A resolução espectral é a capacidade que um sensor apresenta de registrar o


comportamento espectral de alvos em diferentes comprimentos de onda. Quanto mais
numerosos e mais específicos forem os canais ou bandas de um sensor, melhor a resolução
espectral. A capacidade de discriminação dos materiais da superfície da Terra por
sensoriamento remoto fundamenta-se no comportamento de seus constituintes ao longo do
espectro eletromagnético. Um aspecto fundamental em sensoriamento remoto é a
possibilidade de discriminar materiais, pela sua resposta espectral peculiar em diferentes
faixas de comprimento de onda. Diferentes materiais podem ter respostas espectrais
semelhantes em um determinado intervalo de comprimento de onda e respostas distintas em
outra faixa do espectro. Portanto, quanto maior o número de canais espectrais, maior a
capacidade discriminatória. A resolução espectral está ligada à quantidade e à largura dos
canais espectrais, sendo definida como a habilidade de separar feições espectralmente
semelhantes (MENESES, 2005).
Segundo NOVO (2008), a resolução espectral é uma medida da largura das faixas
espectrais e da sensibilidade do sistema sensor em distinguir entre dois níveis de intensidade
do sinal de retorno (resolução radiométrica). Por exemplo, um sistema que opera na faixa de
0,4 a 0,5 µm tem uma resolução espectral maior que um sensor que opera na faixa de 0,4 a 0,6
µm. Este sensor será capaz de registrar pequenas variações no comportamento espectral em
regiões mais estreitas do espectro eletromagnético.
38

1.6.4.3 Resolução radiométrica

A resolução radiométrica refere-se aos níveis digitais, representados por níveis de


cinza, possíveis numa imagem de um canal, e é expressa pelo número de dígitos binários
(bits) necessários para armazenar o valor máximo de níveis de cinza dos pixels. Quanto maior
o intervalo entre os níveis de cinza máximo e mínimo, maior a resolução radiométrica. Por
exemplo, para armazenar 2 níveis é necessário 1 bit (nível de cinza 0 = pixel preto, nível de
cinza 1 = pixel branco); para armazenar 64 níveis são necessários 6 bits (26 = 64); a resolução
de 8 bits (1 byte) permite representar 256 níveis (28 = 256). Quanto maior for a resolução
radiométrica, maior a capacidade de distinguir variações sutis no comportamento espectral
dos objetos medidos pelo sensor (MENESES, 2005).
A resolução radiométrica de um sensor descreve sua habilidade de distinguir variações
no nível de energia refletida, emitida ou retro-espalhada que deixa a superfície do alvo. Esta
energia apresenta diferenças de intensidade contínuas, as quais precisam ser detectadas,
registradas e reproduzidas pelo sensor (NOVO, 2008).
A radiação eletromagnética refletida e/ou emitida pelos alvos da superfície terrestre
possui valor de intensidade que difere de um alvo para outro ou mesmo dentro de determinado
alvo. Por exemplo, em certos comprimentos de onda, uma vegetação reflete e/ou emite muito
menos energia do que uma placa de zinco. Entretanto, certos alvos, apesar de serem
diferentes, refletem ou emitem a radiação eletromagnética com valores de intensidade muito
próximos entre si, tornando-se quase idêntico espectralmente. Assim, a resolução radiométrica
de um sensor refere-se à sua capacidade de poder discriminar, numa área imageada, alvos que
apresentam pequenas diferenças da radiação refletida e/ou emitida em certas regiões do
espectro eletromagnético (MOREIRA, 2005).
Quanto maior for a capacidade do sensor de distinguir diferenças de intensidade do
sinal, maior será sua resolução radiométrica.

1.6.4.4 Resolução temporal

Refere-se a frequência com que o sensor imageia uma determinada área, é também
referida como a periodicidade ou repetitividade. Os sensores embarcados em satélites orbitais
têm a vantagem de recobrir uma mesma área com maior freqüência, o que é útil para
programas de monitoramento (pode variar entre 12 horas e várias semanas nos satélites de uso
39

civil). Há ainda os satélites geoestacionários, que mantêm uma posição relativa fixa em
relação à Terra, oferecendo possibilidade de maior resolução temporal, especialmente
empregados em aplicações meteorológicas (MENESES, 2005).
Segundo Moreira (2005), a resolução temporal é função das características da
plataforma na qual o de tempo que o satélite leva para voltar a recobrir a área de interesse. No
caso de sensores orbitais, a resolução temporal indica o intervalo da faixa imageada no solo.
Por exemplo, o sensor TM do Landsat-5 tem uma resolução temporal de 16 dias, isto é, a cada
16 dias o Landsat-5 passa sobre um mesmo ponto geográfico da Terra. Já os sensores a bordo
do satélite NOAA têm resolução temporal de nove dias, no entanto, como a largura de faixa é
muito grande, é possível obter dados diários sobre um mesmo ponto. A resolução temporal é
muito importante porque permite fazer um acompanhamento dinâmico dos alvos sobre a
superfície da Terra.

1.6.5 Interpretação de imagens

Segundo Florenzano (2007), em qualquer resolução ou escala, as imagens apresentam


os elementos básicos de análise e interpretação, a partir dos quais se extraem informações de
objetos, áreas, ou fenômenos. Esses elementos são: tonalidade, cor, textura, tamanho, forma,
sombra, altura, padrão e localização.

1.6.5.1 Tonalidade

O sensor recebe o sinal analógico e contínuo da energia medida e o discretiza,


armazenando-o em forma de matriz de números digitais, que posteriormente serão
transformados em tons de cinza, gerando a imagem. Quanto mais energia refletida de um
objeto o sensor registrar, maior será o seu número digital ou nível de cinza e mais sua
representação na imagem vai tender para o banco. De forma análoga, quanto menos energia
refletir, mais sua representação na imagem vai tender para o preto. Dessa forma, os objetos
são representados em diferentes tonalidades, entre o branco e o preto, de acordo com a
quantidade de reflexão de energia mediada pelo sensor em cada faixa de comprimento de
onda, o que ajuda a distingui-los (FLORENZANO, 2007).
A tonalidade está relacionada com a intensidade da radiação eletromagnética refletida
e/ou emitida pelos alvos, ou com o retorno do sinal, no caso de sistemas ativos. A tonalidade
40

nada mais é do que diferentes graduações de cinza, que variam do branco ao preto,
constituindo-se em elemento essencial na interpretação de fotografias e em imagens de
satélite. As graduações de cinza da imagem dependem das características da emulsão,
processamento fotográfico, propriedades físico-químicas dos objetos/alvos fotografados ou
imageados, além das condições de iluminação/topografia e condições atmosféricas. Assim, a
latitude, mês e hora são variáveis que interferem, podendo um mesmo tipo de cobertura
aparecer com tonalidades diferentes, dependendo da hora, local e época do ano (ROSA,
2007).

1.6.5.2 Cor

É mais fácil interpretar imagens coloridas do que em tons de cinza, porque o olho
humano distingue cem vezes mais cores do que tons de cinza. As imagens de sensoriamento
remoto podem ser visualizadas através de filtros coloridos, azul, verde e vermelho (cores
primárias), possibilitando gerar imagens coloridas. Nas imagens coloridas, a cor de um objeto
vai depender da quantidade de energia por ele refletida em cada uma das bandas, e da escolha
das bandas que devem ser associadas a cada cor primária, com base na formação de matizes a
partir da mistura de cores primárias. Por exemplo, um objeto que aparece amarelo em uma
imagem terá aproximadamente a mesma reflectância nas bandas que estiverem associadas aos
filtros verde e azul, com baixa reflectância na banda que estiver associada ao filtro vermelho
(FLORENZANO, 2007).
A cor depende do comprimento de onda de radiação eletromagnética e da
sensibilidade do filme (no caso de fotografias aéreas) e das bandas usadas na composição
colorida (no caso de das imagens de Satélite). Uma das vantagens é que o olho humano é
capaz de distinguir mais cores do que tons de cinza (ROSA, 2007).

1.6.5.3 Textura

A textura refere-se ao aspecto liso ou rugoso dos objetos numa imagem. A textura é
um elemento importante na identificação de unidades de relevo: a textura lisa corresponde a
áreas de relevo plano, enquanto a textura rugosa corresponde a áreas de relevo acidentado e
dissecado pela drenagem. Para a vegetação, verifica-se que uma área de mata, que é mais
41

heterogênea, é representada por uma textura rugosa, enquanto áreas de culturas agrícolas
apresentam texturas mais lisas (FLORENZANO, 2007).
A textura é o padrão de arranjo espacial dos elementos texturais. Elemento textural é a
menor feição continua e homogênea distinguível em uma fotografia aérea e/ou imagem de
satélite, porém passível de repetição. Depende da escala e da resolução espacial do sistema
sensor, além do contraste entre objetos ou feições da superfície. A textura varia de lisa a
grosseira, dependendo de características dos alvos, resolução e escala (ROSA, 2007).

1.6.5.4 Tamanho

Pela comparação de tamanho entre os objetos representados e pela própria medição


destes nas imagens, é possível interpretar e diferenciar alvos terrestres, tais como pequenas e
grandes edificações, ruas estreitas e avenidas largas, açudes e grandes represas
(FLORENZANO, 2007).
O tamanho pode ser utilizado para identificar feições individuais, dependendo da
escala utilizada. O tamanho da feição pode indicar o tipo de ocupação, tipo de uso, tamanho
da propriedade, abrangência de impactos ambientais etc., as áreas ocupadas por agricultura
familiar e o agronegócio possuem tamanhos diferentes (ROSA, 2007).

1.6.5.5 Forma

Por meio da forma, é possível identificar diversos objetos representados na imagem.


Geralmente, objetos artificiais, como construções, possuem formas mais regulares, como
estradas e lavouras, enquanto objetos naturais, como, por exemplo, os rios, possuem formas
irregulares e muito peculiares, facilitando a distinção entre alvos (FLORENZANO, 2007).
Geralmente feições naturais apresentam formas irregulares, enquanto que as feições
trabalhadas pelo home, como exemplo, culturas agrícolas, reflorestamento, parques aquicolas,
loteamentos, estradas etc., possuem formas geométricas, logo essa característica facilita a
interpretação dos recursos naturais (ROSA, 2007).
42

1.6.5.6 Sombra

Em imagens bidimensionais, a altura de objetos como árvores e edifícios e do relevo


pode ser estimada por meio do elemento sombra. Por outro lado, a sombra também pode
ocultar a visualização dos objetos encobertos por ela. Assim, objetos altos como uma
montanha são facilmente distinguíveis, conforme sua posição relativa ao sol e sombra por ela
produzida (FLORENZANO, 2007).
As sombras são fenômenos comuns nas imagens de satélite obtidas no inverno. Elas
são resultantes da iluminação oblíqua do Sol ou da ausência do retorno do sinal, no caso de
dados obtidos por sensores ativos. Em fotografia e imagens de grande escala, a sombra pode
proporcionar o reconhecimento e aferição da altura de edifícios, árvores/reflorestamentos,
porém, muitas vezes o efeito da sombra mascara detalhes importantes. Imagens obtidas com
baixos ângulos de elevação solar (inverno), favorecem estudos geomorfológicos, em função
da sombra propiciar o inferimento do modelo topográfico. No entanto, não são adequadas
para o estudo do solo, pois seu efeito pode ocultar alvos ou feições de interesse (ROSA,
2007).

1.6.5.7 Padrão

Este elemento se refere ao arranjo espacial ou à organização dos objetos numa


superfície, como unidades habitacionais de alto, médio e baixo padrão, culturas de plantações,
loteamentos, unidades militares, entre outros padrões reconhecíveis pelo conhecimento do
analista (FLORENZANO, 2007).
Em imagens de satélite, o processo de extração visual de informações consiste
basicamente na inspeção e na identificação de diferentes padrões tonais e texturais em cada
banda espectral, assim como sua comparação em diferentes bandas espectrais e épocas.
Devido às características de repetitividade de imageamento, pode-se analisar as variações
temporais apresentadas pelos diferentes padrões de tonalidade e de textura dos alvos. O
padrão ou arranjo espacial das fazendas, dos campos, das culturas, ou de outros alvos torna-
se, usualmente, uma características importante na fotointerpretação (ROSA, 2007).
43

1.6.5.8 Contexto geográfico

O conhecimento dos diversos fatores da localização geográfica em que se encontra o


objeto imageado auxilia na interpretação deste, como, por exemplo, estação climática, relevo,
geologia, tipo de solo, tipo de vegetação e proximidade ou associação com outros alvos.Com
esse conjunto de elementos, associado ao próprio conhecimento prévio de cada analista e às
informações de padrões de respostas espectrais em diversas bandas espectrais, é que se realiza
a interpretação de imagens de sensoriamento remoto. Existem diversos programas
computacionais que auxiliam na interpretação e classificação de imagens (FLORENZANO,
2007).

1.6.6 Sensores imageadores

Segundo Novo (2008), o que distinguem os sensores não-imageadores dos sensores


imageadores é que esses últimos permitem que seja gerada uma imagem bidimensional e, em
alguns casos, tridimensional da superfície imageada. Nos demais aspectos, pode-se dizer que
todos os sensores, independentemente da região do espectro em que operem, são compostos
por um subsistema de colimação da energia proveniente da superfície (lente, antenas), um
subsistema de detecção e registro dessa energia, e um subsistema de processamento do sinal
detectado, para transformá-lo em dado possível de ser transmitido, gravado ou transformado
em produto passível de análise.
O processo de produção de imagem pelos sensores é definido durante sua construção.
Existem diversos modos de se classificar os sensores imageadores, em função do tipo da fonte
de REM que utilizam, esses sensores podem ser classificados como passivos e ativos. Os
sensores passivos são aqueles que o Sol ou Terra como fonte de radiação que é emitida pelos
objetos terrestres. Os sensores ativos utilizam uma fonte artificial de radiação, sendo o
RADAR o sensor mais conhecido desse tipo (MENESES, 2005).

1.6.6.1 Sensores passivos

Segundo Rosa (2007), sensores passivos são os que não possuem fonte própria de
radiação, como por exemplo temos: radiômetros, espectrorradiômetros e termômetros de
44

radiação. Esses sensores dependem exclusivamente da energia solar para seu funcionamento,
portanto, não é possível sua utilização à noite.
Os sensores passivos são aqueles que detectam a radiação solar refletida ou a emitida
pelos objetos da superfície. Dependem, portanto, de uma fonte de radiação externa para que
possam gerar informação sobre os de interesse. Os sensores passivos que detectam radiação
refletida pelo Sol ou emitida pela Terra, e possuem espelhos, prismas lentes em sua
configuração, são classificados de sensores ópticos. Existem, entretanto, sensores passivos
que operam na região de microondas, e utilizam-se de antenas parabólicas refletoras como
componente básico para coletar a radiação e direcioná-las para os subsistemas de
processamento e gravação. Esses sensores são conhecidos por radiômetros de microondas
(NOVO, 2008).
Os sensores passivos mais tradicionais são as câmaras fotográficas, empregadas em
imageamento aéreo desde o início do século XX. O avanço da eletrônica possibilitou um
grande avanço em sistemas sensores, possibilitando o desenvolvimento de sensores com os
mais variados tipos de resoluções, dedicados a propósitos multifinalitários ou específicos
(MENESES, 2005).
Os sensores passivos multiespectrais são os mais comuns, por possibilitarem a
diferenciação e o reconhecimento de alvos terrestres, a partir do conhecimento do
comportamento espectral dos alvos, conforme figura 9.

Figura 9 – Imagem óptica do norte do Estado de Roraima.


45

1.6.6.2 Sensores ativos

A radiação eletromagnética com comprimentos de onda no intervalo de 1 mm a 100


cm não possui energia suficiente para interagir com os alvos, prevalecendo o modelo
ondulatório. Esses sensores denominados RADAR (Radio Delection and Ranging) são
compostos por conjuntos de antenas que emitem e recebem pulsos de REM, que possibilitam
a interpretação de alvos terrestres com base na intensidade do pulso refletido. As antenas
atuais simulam antenas de maiores dimensões, sendo conhecidas como Radares de Abertura
Sintética, ou SAR. Os diferentes comprimentos de onda utilizados servirão para delimitar
dimensões mínimas do objeto que se deseja registrar nas imagens, como, por exemplo,
troncos de árvores, ondas em corpos d‟água, rugosidades em solo agrícola (ROSA, 2007).
Os comprimentos de onda () são referenciados usualmente como banda L ( = 23,5
cm), banda X ( = 3,0 cm), banda C ( = 5,8 cm) e banda P ( = 72,0 cm), ou pela freqüência
do pulso, em GHz. Alguns sensores RADAR são capazes de emitir e receber pulsos em
polarizações distintas (vertical e horizontal). Assim, um sinal de RADAR com determinado
comprimento de onda pode ainda ter quatro combinações que auxiliarão na interpretação de
alvos: VV, VH, HV e HH. A figura 10 representa imagem de RADAR SAR da região do
baixo rio Branco no estado de Roraima.

Figura 10 – Imagem de RADAR SAR da região do baixo rio Branco no estado de


Roraima.
Fonte: Modificado de SIPAM (2007).
46

1.6.7 Processamento de imagens

As funções básicas de um sistema de processamento de imagem são: preparar uma


imagem para facilitar a interpretação da cena, explorar com melhores recursos toda a
informação contida na imagem e extrair informações de interesse. Os dados são trabalhados
em função dos seus valores digitais, dentro de uma abordagem de caráter espectral. Ou seja, a
imagem é convertida para uma forma numérica ou digital, permitindo a aplicação de uma
variedade de técnicas de processamento e de análise. Os resultados dos processamentos são
novos arranjos de valores digitais, representando melhoramentos na qualidade original das
imagens (MENESES, 2005).

1.6.7.1 Pré- processamento

A maior parte das imagens disponibilizadas pelos distribuidores privados ou


governamentais de produtos de sensoriamento remoto necessita de algum tipo de pré-
processamento, dependendo da finalidade da interpretação.
A aplicação das técnicas de processamento da imagem deve ser antecedida por alguns
procedimentos visando corrigir preliminarmente irregularidades no dado original, sendo para
tanto úteis as correções geométrica, radiométrica e atmosférica da imagem (NOVO, 2008).
O pré-processamento refere-se ao tratamento preliminar dos dados brutos, com a
finalidade de calibrar a radiometria da imagem, atenuar os efeitos da atmosfera, remover
ruídos, corrigir suas distorções geométricas, por meio de georreferenciamento e
reamostragem. Os dados obtidos por sensoriamento remoto são fortemente influenciados pelo
relevo. Por, isso técnicas de pré-processamento também são aplicadas visando reduzir o efeito
da topografia nas imagens. Técnicas de pré-processamento que alteram muito os dados
originais devem ser evitadas antes da aplicação de realce e da classificação automática
(FLORENZANO, 2008)

1.6.7.1.1 Correção geométrica

As imagens originais apresentam distorções geométricas, que diminuem a precisao da


informação. Uma série de aplicações como na cartografia, confecção de mosaicos, sistema
47

geográfico de informações e detecção de mudanças de alvos necessita de dados com uma boa
precisão, o que leva a uma necessidade de efetuar as devidas correções (ROSA, 2007).
A correção geométrica é necessária para corrigir as distorções das imagens devidas às
mudanças de trajetória da plataforma do sensor (principalmente altitude e inclinação), dos
movimentos da Terra durante o imageamento e pelo próprio sistema de imageamento cônico
realizado pelos sensores (MENESES, 2005).

1.6.7.1.2 Correção radiométrica

A correção radiométrica visa corrigir as distorções das imagens devida aos desajustes
na calibração radiométrica dos sensores e erros esporádicos que surgem na transmissão de
dados (MENESES, 2005).
Segundo Rosa (2007), a correção radiométrica refere-se à remoção ou diminuição de
distorções originadas quando do registro da radiação eletromagnética por parte de cada
detector. Vários fatores podem causar distorções nos valores digitais registrados para as
células de uma imagem. Algumas distorções mais comuns, para as quais existem
procedimentos de correção, são: desajustes na calibração dos detetores, erros esporádicos na
transmissão dos dados e influências atmosféricas. A correção radiométrica de imagens visa
corrigir estas degradações e é uma das mais importantes fases do processamento digital pois,
caso estas imperfeições não sejam removidas, poderão ser enfatizadas, por exemplo, quando
da aplicação posterior de técnica de realce de imagens.

1.6.7.1.3 Correção atmosférica

A atmosfera é um dos principais provocantes de degradações nas imagens originais,


muitas vezes comprometendo a análise e interpretação destas. A intensidade da influencia
atmosférica depende do comprimento de onda, ou seja, varia de banda (faixa espectral de
operação do sistema sensor) e a sua correção na imagem pode ser feita a partir de um modelo
matemático. Estes modelos matemáticos são de difícil aplicação porque normalmente os
parâmetros atmosféricos requeridos no modelo geralmente são desconhecidos. Estes
parâmetros devem ser obtidos na hora e data da passagem do satélite por estações
meteorológicas com equipamentos de radiossondagem (ROSA, 2007).
48

A correção atmosférica visa corrigir as distorções produzidas nas imagens devidas aos
desajustes causados pelo espalhamento e absorção da energia eletromagnética emitida e
refletida na atmosfera, antes de ser registrada pelo sensor (MENESES, 2005).
Na prática, desenvolveram-se técnicas de correção atmosférica com bons resultados,
principalmente o método do mínimo histograma, que consiste na identificação, na imagem, de
áreas com sombras de relevo, sombra de nuvem ou corpos límpidos d‟água, onde assume-se
que estas áreas possuem radiância zero e os valores de níveis de cinza não nulos encontrados
nestes alvos são considerados provenientes do efeito aditivo do espalhamento atmosférico. O
menor valor medido em cada banda espectral nestas áreas é subtraído dos valores digitais de
toda a cena na respectiva banda (MOREIRA, 2005).

1.6.7.2 Técnicas de processamento digital de imagens

Após a correção das distorções geométricas, radiométricas e atmosféricas, executam-


se os procedimentos de processamento da imagem. A escolha das técnicas de processamento a
serem aplicadas à imagem depende das características da área imageada, das condições em
que a imagem foi obtida, do objetivo específico do trabalho e da capacidade do analista em
interpretação de imagem. Portanto a decisão cabe ao analista que irá interpretar a imagem
(MENESES, 2005).
Podem-se citar os procedimentos de realce, de transformações de imagens, de
filtragem e de classificação como os principais grupos de técnicas de processamento de
imagens.

1.6.7.2.1 Técnicas de realce

A finalidade das técnicas de realce é melhorar a qualidade visual das imagens e


facilitar o trabalho de interpretação. Consistem na aplicação de técnicas de processamento que
visam melhorar ou realçar as características visuais da imagem como um todo, ou destacar
elementos específicos, para posterior interpretação (FLORENZANO, 2008).
As técnicas de realce alteram as relações de brilho ou nível de cinza dos pixels
originais. Dessa forma, caso se pretenda proceder a uma classificação automática na imagem
realçada, é necessário ter conhecimento sobre o efeito da transformação realizada sobre os
valores digitais (MENESES, 2005).
49

São diversas as técnicas de realce existentes, podendo-se citar: as ampliações ou


suavizações de contraste pelos métodos linear, de equalização, gaussiano e por partes; as
composições coloridas RGB e IHS e o realce por saturação.

1.6.7.2.2 Transformação de imagens

Segundo Moreira (2005), muitos dos objetivos da classificação de imagem de satélite


no formato digital, o uso de dados espectrais transformados, é, às vezes, mais conveniente do
que trabalhar com os originais. São técnicas aplicadas às bandas de um mesmo sensor, ou até
mesmo a bandas de diferentes datas e/ou de sensores diferentes, a fim de ampliar a capacidade
de interpretação, ou descartar informações irrelevantes para determinado objetivo,
simplificando o processamento.
São diversas as técnicas de transformação de imagens existentes, podendo-se citar:
transformação RGB para IHS, operações aritméticas com bandas, divisão de bandas, DVI e
NDVI, rotação espectral, decorrelação, componentes principais, fusão de imagens
(MENESES, 2005).

1.6.7.2.3 Técnicas de filtragem

Segundo Florenzano (2008), a freqüência espacial de uma imagem refere-se ao


número de mudanças nos valores de níveis de cinza por unidade de distância de um setor de
imagem (freqüência da variação dos níveis de cinza ou textura). Assim, as áreas de baixa
freqüência são as de pouca mudança, enquanto as de alta freqüência são de mudanças
abruptas. A transformação da imagem filtrada depende dos valores dos níveis de cinza dos
pixels vizinhos. Os filtros espaciais operam por meio de máscara (ou janela) móvel formada
por uma matriz de coeficientes (pesos), dimensão e forma variáveis.
As técnicas de filtragem visam melhorar as características visuais da imagem toda ou
destacar elementos específicos, com vista posterior interpretação. Difere das técnicas de
realce por considerar nos cálculos os pixels vizinhos, e não apenas cada pixel separadamente
(MENESES, 2005).
A técnica de filtragem consiste numa transformação dos níveis de cinza pixel a pixel,
levando-se em consideração a informação espacial, isto é, a relação existente entre os pixels
vizinhos. Filtragem digital é definida como qualquer técnica ou processo de tratamento de
50

imagens que, diferencialmente, modificam o conteúdo da imagem e tende a enfatizar feições


de interesse do analista, enquanto suprime outras indesejáveis, como por exemplo, o ruído
(ROSA, 2007).
As principais técnicas de filtragem que podem ser citadas são: passa alta, passa baixa e
passa-faixa. Nas imagens resultantes da aplicação de filtros passa-altas, são destacados:
estradas, contatos, drenagem, falhas, juntas e outras feições lineares. Os filtros passa-baixas,
por exemplo, o Sigma e o Nagao-Matsuyama são muito utilizados para atenuar o ruído
speckle, característico das imagens de RADAR (FLORENZANO, 2008).

1.6.7.2.4 Classificação

O processo de associar os pixels de um conjunto de bandas de uma imagem em classes


individuais, com base nos seus valores digitais. Assim, grupos de pixels com características
espectrais similares em uma imagem são associados a uma mesma classe. O produto gerado a
partir do uso de uma técnica de classificação geralmente é um mapa temático, em que objetos
de uma mesma classe podem ser facilmente separáveis e quantificados (MENESES, 2005).
A classificação de imagens refere-se à interpretação de imagens de sensoriamento
remoto auxiliada por computador. Embora alguns procedimentos permitam incorporar
informações acerca de características das imagens, como textura e contexto, a maior parte da
classificação de imagens baseia-se exclusivamente na detecção de assinatura espectrais
(padrões de resposta espectral) de classes de cobertura do solo.Os métodos de classificação
digital podem ser divididos em duas categorias: classificação supervisionada e classificação
não supervisionada (ROSA, 2007).
A classificação supervisionada é utilizada quando se tem algum conhecimento sobre
as classes na imagem, quanto ao seu número e pontos (na imagem) representativos destas
classes. Antes da fase de classificação propriamente dita, o analista obtém as características
das classes, por exemplo, média e variância de cada classe, que serão utilizadas como termos
de comparação na classificação, fase denominada de treinamento. Na classificação
supervisionada, o usuário utiliza seu conhecimento a respeito da região para definir as classes
de interesse, identificando áreas na imagem que representem as classes desejadas. Assim,
amostras de alvos classificados manualmente pelo usuário servem para expandir essa
classificação para toda a imagem. Neste tipo de classificação o analista identifica exemplos
das classes de informação (tipos de cobertura do solo) presentes na imagem, estes exemplos
51

são chamados de área de treinamento. O sistema de processamento de imagem é então usado


para desenvolver uma caracterização estatística das reflectâncias para cada classe de
informação. Este estágio é frequentemente chamado de análise de assinaturas e pode envolver
o desenvolvimento de uma caracterização tão simples quanto a média ou o intervalo de
reflectâncias em cada banda, ou tão complexo como análises detalhadas da média, variâncias
e covariâncias em todas as bandas (ROSA, 2007).
Na classificação não supervisionada, cabe ao operador apenas definir a quantidade de
classes que deseja obter, assim os algoritmos utilizados irão agrupar os pixels com
características espectrais similares (CENTENO, 2003). Este tipo de classificação não requer
qualquer informação prévia sobre as classes de interesse. Ela examina os dados e os divide
nos agrupamentos espectrais naturais predominantes presentes na imagem. O analista então
identifica esses agrupamentos como classes de cobertura do solo, através de uma combinação
de sua familiaridade com a região estudada e visitas para levantamentos de verdade de campo.
A lógica com a qual a classificação não supervisionada trabalha é conhecida como análise de
agrupamento (cluster). É importante reconhecer que os agrupamentos produzidos neste caso
não são classes de informação, mas categorias espectrais (isto é, agrupamentos de padrões de
reflectância similares). Geralmente o analista necessita reclassificar as classes espectrais em
classes de informações (ROSA, 2007).

1.6.8 Sistema de Informações Geográficas (SIG)

O crescente avanço tecnológico da informática e a necessidade de armazenar e


manipular informações e fenômenos do mundo real (análise dos recursos naturais,
planejamento regional e urbano, etc.) tornou possível o desenvolvimento de uma ferramenta
capaz de permitir a realização de análises complexas de dados geográficos.
Deste modo surgiram as ferramentas computacionais para o Geoprocessamento,
chamadas de Sistema de Informação Geográfica (SIG), que permite a integração e análise de
dados de diversas fontes, bem como automatizar a produção de documentos cartográficos,
através da criação de um banco de dados georreferenciado. Um Sistema de Informação
Geográfica pode ser definido como um conjunto de ferramentas para manipular dados
georreferenciados capaz de armazenar, recuperar, transformar, analisar e manipular os dados
coletados do mundo real (ARONOFF, 1989).
52

1.6.8.1 Arquitetura de um SIG

De acordo com Câmara (1995), a arquitetura de um SIG está dividida em componentes


que se relacionam de forma hierárquica, tais como: interface com usuário, entrada e
integração de dados, funções de consulta e análise espacial, visualização e plotagem,
armazenamento e recuperação de dados, conforme esquema apresentado na figura 11.

Figura 11 – Estrutura geral de Sistemas de Informação Geográfica.


Fonte: Câmara (1995).

A interação usuário/SIG se dá através de uma interface gráfica, na qual o usuário


determina as operações a serem executadas pelo sistema.
Aronoff (1989) relata que existem dois tipos de representação digital na qual os dados
externos são convertidos para que o sistema possa trabalhar com os dados de entrada: formato
vetorial e formato raster (imagem).
O formato vetorial geralmente é o resultado da digitalização de objetos ou feições de
modo que o elemento possa ser a representação mais fiel do mundo real. Estes elementos são
representados no sistema sob a forma de linhas, pontos e polígonos. A posição espacial de
cada elemento representado é organizada na forma de um sistema de coordenadas de
referência.
O formato raster é representado por uma malha quadriculada ou uma matriz regular
composta de “n” linhas e “n” colunas, construindo célula a célula o elemento a ser
representado. O valor atribuído a cada célula denota o tipo de elemento ou a condição que está
53

sendo representada no local. As imagens digitais são adquiridas neste formato, entretanto é
possível representar dados cartográficos desta maneira, por exemplo: uma estrada,
representada no formato vetorial por uma linha, no formato raster será representada por um
conjunto de células.
Para que as operações de consulta e análise espacial sejam realizadas é necessário que
haja uma organização e o gerenciamento das informações geográficas dentro do sistema.
Desta forma, o sistema necessita de um componente denominado de Sistema de Gerência de
Banco de Dados (SGBD). O SGBD é o responsável pelo armazenamento e recuperação dos
dados espaciais e seus atributos.

1.6.8.2 Características de um SIG

Para que as informações do mundo real possam ser representadas em um Sistema de


Informação Geográfica o espaço geográfico é modelado segundo duas visões
complementares: o modelo de campo ou Geo-campo e o modelo de objetos ou Geoobjeto.
O Geo-campo representa a distribuição espacial de uma variável que possui valores
em todos os pontos pertencentes a uma região geográfica (modelos temáticos, numéricos e
imagens). O Geo-objeto é um elemento único que possuí atributos não espaciais e está
associado a múltiplas localizações geográficas, sua localização pretende ser exata e o objeto é
distinguível de seu entorno (mapas de cadastro rural).
Segundo Fitz (2008) estes dois modelos se dividem de acordo com suas representações,
topologia e formato dos dados, dentre os quais são citados:
 Mapas temáticos: são dados que descrevem a distribuição espacial de uma grandeza
geográfica expressa de forma qualitativa, como por exemplo, os mapas de pedologia, e
aptidão agrícola de uma região. Mapas temáticos medem, no espaço de atributos,
valores nominais que representam as classes de um mapa temático e valores ordinais,
quando as classes representam intervalos (escala) de valores. Estes dados são do tipo
geo-campo e admitem tanto a representação matricial quanto a vetorial.
 Mapas Cadastrais: são dados que permitem a representação de elementos gráficos
(geo-objeto) por pontos, linhas ou polígonos, sendo que cada um dos seus elementos
possui um atributo descritivo e podem estar associados a várias representações
gráficas.
54

 Redes: são dados em que cada objeto geográfico possui uma localização geográfica
exata e está sempre associado a atributos descritos e presentes no banco de dados.
Como exemplos temos cabos telefônicos, canos de água, etc.
Computacionalmente as redes são consideradas atributos armazenados no banco de dados.
 Modelo numérico de terreno (MNT): é definido como um modelo matemático que
reproduz uma superfície real a partir de algoritmos e de um conjunto de pontos (x, y)
em um referencial qualquer, com atributos denotados de z, que descrevem a variação
contínua da superfície. É utilizado para denotar a representação de uma grandeza que
varia continuamente no espaço. Este modelo é comumente associado a altimetria,
podendo ser utilizado para modelar características geológicas, como teor de minerais,
ou propriedades do solo ou subsolo.
 Imagem: representam formas de captura indireta de informação espacial. Consideradas
geo-campo, são armazenadas como matriz e cada elemento de imagem (pixel) tem um
valor proporcional à energia eletromagnética refletida ou emitida pela área da
superfície terrestre correspondente.

1.6.8.3 Álgebra de mapas

O conceito de álgebra de mapas ou álgebra de campo pode ser considerado uma


extensão da álgebra tradicional, de modo que as variáveis manipuladas sejam consideradas
campos geográficos. As operações realizadas através da álgebra de mapas possibilitam
manipular um, dois ou mais geo-campos, sendo que cada geocampo tem um atributo diferente
ou um mesmo atributo com datas diferentes de aquisição (CÂMARA, 1995).
As operações sobre geo-campos podem ser classificadas como operações pontuais,
zonais e de vizinhança . A figura 12 mostra a representação destas operações, cuja
classificação depende da forma como os valores dos atributos nos geocampos origem são
obtidos para o processamento.
55

Figura 12 – Classes de operações geográficas.


Fonte: Barbosa (1997).
56

2 JUSTIFICATIVA

A expansão da economia brasileira apresenta um caráter predominantemente


extensivo, pressionando os recursos naturais do país. Estudos realizados pelo Ministério de
Meio Ambiente, sobre a ocupação dos ecossistemas brasileiros, detectaram que,
independentemente das taxas relativas de crescimento, a economia brasileira continua a
incorporar novos espaços, não obstante o aumento relativo do processo de exploração
intensiva. Dentre outros resultados apresentados, o documento chama a atenção para os “altos
graus de alteração ambiental das áreas mais submetidas à convergência da ação dos
macrovetores” (BRASIL, 1996).
A economia do Estado de Roraima é extremamente dependente de repasses de
recursos federais, as outras fontes de renda são oriundas das atividades agropecuárias e o
extrativismo madeireiro (FREITAS, 2009). A exploração inadequada dos recursos naturais
pelas atividades produtivas em Roraima, vem causando diversos impactos ambientais e
degradação do meio ambiente. Apesar do Estado de Roraima ser um dos mais preservados do
Brasil, faz-se necessário também desenvolver procedimentos sustentáveis nas atividades
produtivas, tornando-as até mesmo mais eficazes.
Esforços coletivos de diversas instituições têm buscado estabelecer modelos de
ocupação e ordenamento territorial. Dentre estes esforços estão os trabalhos que buscam
desenvolver uma metodologia para estabelecer a vulnerabilidade das paisagens à perda de
solo, a fim de subsidiar o ordenamento territorial e o Zoneamento Ecológico-Econômico
(ZEE). Uma destas metodologias, disponível em Crepani et al. (2001), foi desenvolvida
através de convênio entre a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República
(SAE/PR) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para aplicação nos estados
que compõem a Amazônia Legal, a partir da utilização de imagens orbitais em Sistemas de
Informações Geográficas.
A Constituição Federal, no seu artigo 21, inciso IX, determina que é competência da
União, elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação de território e de
desenvolvimento econômico-social. Também na Carta Magna consta no seu artigo 23
(BRASIL, 1998), que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, entre outras: proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer uma
de suas formas; preservar as florestas, a fauna e a flora; fomentar a produção agropecuária e
57

organizar o abastecimento alimentar; registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de


direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.
O Código Florestal Brasileiro, Lei Federal n. 4.771, de 15 de setembro de 1965
(BRASIL, 1965), e as Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA n.
303 (BRASIL, 2002) e n. 369 (BRASIL, 2006) estabelecem critérios para o uso e o manejo
adequado dos recursos naturais. No âmbito estadual o Estado de Roraima dispõe na sua Lei
Complementar n. 007 de 26 de agosto de 1994 (RORAIMA, 1994), que institui o Código de
Proteção ao Meio Ambiente para a Administração da Qualidade Ambiental, Proteção,
Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e uso adequado dos Recursos Naturais do
Estado de Roraima.
O município de Cantá que tem em seu território atualmente diversas atividades que
causam impactos ambientais, e que geraram um passivo ambiental ainda não mensurado, bem
como, ainda não se possui mecanismos para a sua devida recuperação. O presente projeto visa
fornecer subsídios para o devido planejamento e ordenamento territorial sustentável do
município de Cantá, fortalecendo suas potencialidades e indicando as possíveis medidas
mitigadoras para as áreas degradadas, além de avaliar a aplicação da metodologia de Crepani
et al. (2001) nas áreas de savanas e de florestas.
58

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Fornecer análise integrada dos componentes da paisagem para planejamento territorial


do município de Cantá – RR.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos são:


 Gerar mapas temáticos capazes de caracterizar os componentes do meio físico
(Geologia, Geomorfologia, Solo, Clima e Cobertura Vegetal e Uso da Terra),
importantes para avaliação da vulnerabilidade à perda de solo de cada unidade de
paisagem caracterizada;
 Gerar mapa de áreas institucionais homologadas (Terra Indígena, Unidades de
Conservação, Áreas Militares e áreas destinadas);
 Gerar um mapa de subsídio à gestão, de modo a auxiliar o planejamento e a
administração territorial.
59

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Área de estudo: município de Cantá

A área de estudo corresponde ao município de Cantá, localizado no Estado de


Roraima, aproximadamente a 38 km de Boa Vista, o seu território está distribuído conforme
apresentado na figura 13. O município de Cantá foi criado pela Lei Estadual n. 99 de 17 de
outubro de 1995 com terras desmembradas do município de Bonfim. Sua população é de
11.119 habitantes, e possui território de 7.691 km2, sua densidade demográfica é de 1,45
hab./km2. Suas principais vilas são: Serra Grande I, Serra Grande II, Vila Central, Félix Pinto,
Vila União e Santa Cecília. Sua economia está baseada na produção da agricultura de
subsistência, pecuária de leite e agroindústria caseira para o abastecimento de Boa Vista
(FREITAS, 2009).

Figura 13 – Localização da área de estudo, imagem Landsat-5.


60

4.2 Materiais

Para a elaboração do mapa de vulnerabilidade natural à perda de solo, descrita por


Crepani et al. (2001), é imprescindível o conhecimento dos fatores que interferem na
formação das unidades de paisagem. Nesta etapa estão descritos os materiais e os
equipamentos utilizados no trabalho.

4.2.1 Seleção do material.

Utilizamos imagem ETM+Landsat Geocover e a carta plani-altimétrica NA.20-X-D-


II-4 na escala 1:100.000, bem como os pontos de controle, para o devido registro das imagens,
e imagens SRTM na elaboração do modelo numérico de terreno (MNT), e dos seguintes
mapas: altimétrico e lineamentos de drenagem. Os mapas temáticos (Geologia,
Geomorfologia, Solos, Vegetação e Clima) foram obtidos junto à Instituto de
Desenvolvimento Florestal de Roraima, dados oriundos do diagnóstico da CPRM (2002), na
escala 1:250.000.

4.2.2 Equipamentos e aplicativos

Para a realização deste trabalho foram utilizados os seguintes equipamentos e aplicativos:


 Microcomputador com memória RAM de no mínimo 2 Gb – para edição e
processamento do banco de dados georrefenciado e geração dos relatórios;
 GPS (Global Positioning System), da Garmin modelo GPSmap 60CSx – para
localização de amostras temáticas e pontos de controle para correção de imagens de
sensoriamento remoto;
 Câmara fotográfica DLSR A-100, sensor CCD, da Sony – para registro fotográfico em
formato digital das feições observadas em campo;
 Aplicativo SPRING 5.1.5 e seus módulos IMPIMA e SCARTA – para edição de
dados cadastrais, álgebra de mapas, geração de Modelo Digital de Elevação (MDE) e
elaboração de mapas temáticos;
 Software ArcView 9.3 e seus módulos – para leitura, edição, conversão de dados do
formato shape para spg e vice-versa e elaboração de mapas temáticos;
61

 Software ENVI 4.7 – para pré-processamento e processamento de imagens de


sensoriamento remoto.

4.2 Metodologia

A metodologia desenvolvida por Crepani et al. (2001) para a elaboração do mapa de


vulnerabilidade natural à perda de solo se faz mediante a interpretação de dados cartográficos,
mapas temáticos, imagens de sensoriamento remoto e observações realizadas em campo. E
posteriormente, elaboração de banco de dados georreferenciados no ArcView 9.3. Os métodos
utilizados serão descritos a seguir.

4.2.1 Construção do banco de dados georreferenciados

Para a construção do banco de dados georreferenciados foi utilizado o software


ArcView versão 9.3 que permite a administração e manipulação de dados vetoriais e
matriciais e possui linguagem acessível ao usuário.
Para introdução dos dados, primeiramente foi criado o modelo de dados do banco com
o tipo adequado de categoria (numérico, temático, imagem, cadastral ou rede) para cada dado
inserido. Desta forma o banco passa a ter uma área física constituída de um projeto que
comporta conjuntos de Planos de Informação (PI), de acordo com o fluxograma do modelo
conceitual apresentado na figura 14.

BANCO DE DADOS
GEOGRÁFICO
CANTÁ-RR

CATEGORIA CATEGORIA CATEGORIA CATEGORIA CATEGORIA


TEMÁTICO MNT IMAGEM CADASTRAL REDE

Plano de Inform ação Plano de Inform ação Plano de Inform ação Plano de Inform ação Plano de Inform ação
Geologia Altimetria TM Landsat-5 Limite territorial Malha viária
Geomorfologia Pluviometria ETM+ Landsat-7 Assentamentos Rede de energia
Pedologia Modelo de Elevação CBERS-2B Unid. de conservação Drenagem
Cobertura e uso SRTM ALOS Faixa de fronteira
Clima Isolinha Carta topográfica Área urbana

Figura 14 – Modelo conceitual do banco de dados.


62

4.2.2 Processamento digital de imagens de sensoriamento remoto

Para obter uma melhor qualidade nos resultados da interpretação e na classificação das
imagens utilizadas como “âncora” (Crepani et al., 2001) foi necessário aplicar algumas
técnicas de processamento de imagens, conforme esquema apresentado na figura 15.

Figura 15 – Técnicas de processamento de imagem.

4.2.3 Registro e técnicas de realce

Inicialmente aplicamos a correção geométrica mediante o registro imagem-imagem,


no software ENVI, através do método de vizinho mais próximo. A imagem base foi o
mosaico Geocover 2000, a imagem a ser registrada foram cenas atualizadas dos sistemas TM
Landsat 5 e Alos AVNIR-2. Posteriormente o registro das imagens foi refinado por meio de
pontos de controle obtidos em campo.
Na fase de preparação para a interpretação visual foi aplicada a técnica de realce linear
de contraste, de acordo com critérios subjetivos estabelecidos pelo intérprete, através da
manipulação do histograma da imagem, o que permitirá uma melhor discriminação dos alvos
ou componentes da paisagem. Esta manipulação pode ser feita pela opção linear, negativo,
mínimo e máximo, raiz quadrada e logarítmica, dentre outras operações de manipulação de
contraste implementadas no software ENVI.
63

4.2.4 Classificação

Sobre cada uma das imagens-fração de vegetação, solo e sombra, obtidas a partir do
modelo linear de mistura espectral, foi aplicada uma classificação não-supervisionada
utilizando o classificador ISODATA (Interactive Self Organizing Data Analysis Tecnique
Algorithm), implementado no software ENVI, por meio deste procedimento obteve-se o mapa
de cobertura e uso atual.

4.2.5 Análise e interpretação de dados e imagens de sensoriamento remoto

Nesta etapa, foram descritos os procedimentos utilizados na análise e interpretação de


dados e imagens de sensoriamento remoto para identificação das unidades de paisagem e
posterior geração do mapa de vulnerabilidade à perda de solo das unidades de paisagem,
seguindo a metodologia de Crepani et al. (1996, 2001).

4.2.5.1 Plano de Informação Cobertura Vegetal e Uso da Terra

O Plano de Informação Cobertura Vegetal e Uso da Terra será produzido utilizando-se


a classificação automática não-supervisionada e supervisionada gerada no ENVI que, após
uma interpretação inicial restrita a mudança de classes, será exportada e importada para o
ArcView 9.3.

4.2.5.2 Reinterpretação e ajuste dos mapas

Foram selecionados mapas de Geologia, Geomorfologia e de Solos que deverão ser


previamente reinterpretados e ajustados da escala de 1:250.000 para a escala de trabalho
através da “interpretação em tela”, criando-se um Plano de Informação (PI) para cada tema.

4.2.5.3 Plano de Informação Geologia

O PI Geologia foi gerado tendo como base os mapas produzidos pela CPRM (2002) no
formato digital, na escala 1: 250.000. Estes mapas estão georreferenciados e foram usados
64

como referência na interpretação geológica das imagens usadas como “âncora” utilizando-se a
ferramenta de edição vetorial do software ArcView 9.3 para interpretação em tela.

4.2.5.4 Plano de Informação Geomorfologia

O PI Geomorfologia foi produzido tendo a imagem de satélite como “âncora” e o


Mapa Geomorfológico da área, publicado pelo Projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1975) na
escala 1:1.000.000 e pelos mapas da CPRM (2002), como referência. Estes, por sua vez,
foram digitalizados e georreferenciados para que possam orientar a interpretação da imagem.
A partir do PI Geomorfologia foi possível analisar e calcular as informações referentes
aos índices morfométricos (amplitude altimétrica, declividade e grau de dissecação) obtidos
por amostragem e presentes em cada classe geomorfológica.

4.2.5.5 Plano de Informação Solos

O Mapa de Solos fornecido pela CPRM (2002) no formato digital na escala 1:250.000,
que após seu registro, foi utilizado como referência para a geração do PI Solos. Este Plano de
Informação foi gerado tendo como base as formas de relevo fornecidas pelo PI
Geomorfologia.

4.2.5.6 Plano de Informação Intensidade Pluviométrica

Os dados de intensidade pluviométrica foram obtidos por meio de estações


metereológicas contidas e nas proximidades da área de estudo. Os dados foram importados e
tratados no editor de planilha do Microsoft EXCEL®, no qual devidamente processados para
obtenção das médias anuais e mensais. O cálculo do valor de intensidade pluviométrica de
cada estação é feito a partir da seguinte equação:
Intensidade pluviométrica = Precipitação média anual/Número de dias com chuva/30
Os dados das estações de coleta são acompanhados das coordenadas geográficas que
definem a sua posição (Projeção CYLINDRICAL/SAD69), deste modo possibilitou atribuir a
cada estação o valor de intensidade pluviométrica calculado e estes pontos importados para o
banco de dados utilizando-se um arquivo ASCII, contendo as informações e posteriormente
elabora-se a interpolação dos valores de “z” (Intensidade Pluviométrica) utilizando-se o
65

interpolador “média ponderada”, implementado no banco de dados. Fornecendo a melhor


gradação da superfície numérica, com formas mais suaves e sem quebras marcantes entre os
valores de altos e baixos. Este procedimento permitiu a construção de uma superfície
numérica que mostrou a distribuição linear dos valores contidos entre os intervalos de
intensidade pluviométrica obtidos.

4.2.5.7 Etapa de campo

A etapa de campo serviu de base para o reconhecimento e compreensão dos processos


formadores da paisagem, bem como para identificar feições que se apresentem como dúvidas
na interpretação das imagens de sensoriamento remoto a respeito da geologia, geomorfologia,
solos e principalmente da cobertura vegetal e uso atua da terra.

4.2.6 Análise Ecodinâmica

Para estabelecer os valores de vulnerabilidade à perda de solo das unidades de


paisagem, atribuídos individualmente a cada tema analisado, serão considerados os processos
que influenciam no desenvolvimento da morfogênese e/ou pedogênese. Embora esses valores
sejam relativos e empíricos, procura-se através deles representar o comportamento esperado
para cada um dos temas frente aos processos naturais da denudação, resultante da interação de
processos intempéricos e erosivos, responsável direto pela perda de solo.
A denudação em seu trabalho contínuo reduz as montanhas e elevações, aplainando as
irregularidades até atingir uma superfície de erosão de topografia quase plana denominada
peneplano. A velocidade de denudação é maior nas áreas de topografia mais acidentada e
depende da vegetação, do clima, da resistência à erosão das rochas que encontra para
desgastar e, desde que o homem começou a atuar na superfície do planeta, depende também
da atividade humana. Os critérios utilizados para estabelecer estes valores são baseados na
metodologia desenvolvida por Crepani et al. (1996; 2001).

4.2.6.1 Geologia

Os aspectos da geologia que foram analisados para a atribuição de valores de


vulnerabilidade à perda de solo, compreendem as informações relativas à história da evolução
66

geológica do ambiente onde a unidade de paisagem se encontra e ao grau de coesão das


rochas que a compõem. Por grau de coesão das rochas entende-se a intensidade da ligação
entre os minerais ou partículas que as constituem.
As rochas são estudadas em diferentes níveis de observação (afloramentos, amostras
de mão e diversos tipos de lâminas) e sob vários aspectos. Os trabalhos de campo visam
determinar os tipos litológicos presentes, a forma dos corpos rochosos, as variações
estruturais, texturais e mineralógicas que ocorrem no sentido horizontal e vertical. Algumas
destas feições são aprofundadas pelo estudo das amostras de mão, à partir das quais são feitas
as lâminas estudadas ao microscópio com luz refletida ou transmitida. O exame microscópico
é dedicado principalmente à correta identificação dos minerais constituintes da rocha,
viabilizando a sua classificação e elucidando suas relações mútuas, permitindo determinar
muitos aspectos evolutivos da rocha. Somam-se a isto os estudos químicos e mineralógicos,
pela análise de seus elementos principais e traços, visando caracterizar grupos litológicos, as
relações entre diversos grupos litológicos e aspectos genéticos.
Como toda rocha é um agregado de minerais, sua resistência ao intemperismo vai
depender da resistência ao intemperismo dos minerais que a compõem (o que depende da
natureza das ligações entre os átomos dos diferentes elementos químicos que os constituem),
bem como da resistência à desagregação entre os minerais (o que vai depender da natureza
das forças que juntaram as partículas, cristais ou grãos). O grau de coesão das rochas é a
informação básica da Geologia a ser integrada a partir dos conceitos da Ecodinâmica, uma vez
que em rochas pouco coesas devem prevalecer os processos modificadores das formas de
relevo (morfogênese), enquanto que nas rochas bastante coesas devem prevalecer os
processos de formação de solos (pedogênese).
Os processos intempéricos podem ser classificados como físicos ou químicos. No
intemperismo físico predominam os processos de desintegração, onde as rochas são separadas
em partes sem haver alteração na estrutura cristalina. No intemperismo químico prevalecem
os processos de decomposição, os quais causam a destruição da estrutura cristalina dos
minerais que formam as rochas.
Com o objetivo de se atribuir uma posição dentro de uma escala de vulnerabilidade à
denudação (intemperismo + erosão), absolutamente relativa e empírica, as rochas mais
comumente encontradas na superfície do planeta foram reunidas na figura 16, onde se
procurou considerar todos os aspectos relativos ao grau de coesão das rochas ígneas,
metamórficas e sedimentares.
67

Figura 16 – Escala de vulnerabilidade à denudação das rochas mais comuns.


Fonte: Crepani et al. (2001).

4.2.6.2 Geomorfologia

Os valores de vulnerabilidade à perda de solo atribuídos á geomorfologia foram


baseados na análise das formas de relevo e associados aos índices morfométricos (amplitude
altimétrica, declividade e grau de dissecação).
Assim é considerado porque os valores de amplitude altimétrica estão relacionados à
energia potencial contida nas águas das precipitações pluviais que descem do ponto mais alto
para o ponto mais baixo das unidades de paisagem. Quanto maior a energia potencial,
transformada em energia cinética na descida das encostas, maior será a capacidade de erosão
das águas pluviais.
O Modelo Digital de Terreno (MDT) proporciona uma melhor precisão na extração
das cotas encontradas em cada unidade de paisagem delimitada no PI Geomorfologia. Deste
modo, o cálculo da amplitude altimétrica será feito através da diferença entre as cotas
máximas e mínimas extraídas da grade SRTM refinada.
No caso dos valores de vulnerabilidade para a declividade, considera-se o ângulo de
inclinação das encostas em relação ao horizonte para cada unidade de paisagem. Quanto
68

maior a inclinação maior a declividade e, portanto, mais rapidamente a energia potencial das
águas pluviais se transforma em energia cinética, o que se traduz em maior velocidade para as
massas de água em movimento e, conseqüente, maior poder erosivo. Desta forma, quanto
maior a declividade, maior o valor de vulnerabilidade à perda de solo atribuído.
Quanto maiores forem os interflúvios (ou menor for a intensidade de dissecação)
menores são os valores de vulnerabilidade atribuídos às unidades de paisagem. Da mesma
forma as unidades de paisagem que apresentarem os menores interflúvios (ou maiores
intensidades de dissecação) têm os maiores valores de vulnerabilidade.
Os lineamentos serão traçados a partir das feições lineares de relevo (cristas e vales) e
drenagem (trechos retilíneos, padrões e anomalias) conforme Veneziani e Anjos (1982), sendo
a base cartográfica, o elemento principal de análise, e a interpretação de imagens de sensores
orbitais, para complementação. Os indicadores cinemáticos foram obtidos a partir dos
modelos regionais vigentes elaborados por Costa (1999), CPRM (2002) e Tavares Júnior
(2004), além de interpretações das imagens atuais de sensoriamento remoto.
Os valores calculados dos índices morfométricos foram associados aos valores de
vulnerabilidade à perda de solo, conforme mostrado nas figuras 17, 18 e 19.

Figura 17 – Valores de vulnerabilidade à perda de solo para a amplitude altimétrica.


Fonte: Crepani et al. (2001).
69

Figura 18 – Valores de vulnerabilidade para a declividade das encostas.


Fonte: Crepani et al. (2001).

Figura 19 – Valores de vulnerabilidade para o grau de dissecação do relevo.


Fonte: Crepani et al. (2001).
70

4.2.6.3 Solos

A causa fundamental da erosão hídrica seja laminar, em sulcos ou ravinas, é a ação da


chuva sobre o solo. A chuva é o agente ativo da erosão e o solo é o agente passivo. O termo
erodibilidade se refere à capacidade de um determinado solo resistir à erosão. A erodibilidade
de um solo é função das condições internas ou intrínsecas do solo, como sua composição
(mineralógica e granulométrica) e características físicas e químicas, e das suas condições
externas ou atributos da superfície do solo, relacionadas ao manejo do solo.
O manejo do solo pode ser subdividido em manejo da terra, que se refere aos
diferentes tipos de uso da terra, como silvicultura, pastagens e agricultura, e manejo da
cultura que se refere especificamente às técnicas de agricultura, como tipo de cultura,
métodos de preparo de solo e plantio, tipo de cultivo, etc.
Para a caracterização morfodinâmica das unidades de paisagem nos aspectos relativos
ao solo são enfocadas suas condições intrínsecas, enquanto que para a análise do uso do solo
são abordados os seus atributos de superfície.
A Pedologia participa da caracterização morfodinâmica das unidades de paisagem
fornecendo o indicador básico da posição ocupada pela unidade dentro da escala gradativa da
Ecodinâmica: a maturidade dos solos. A maturidade dos solos, produto direto do balanço
morfogênese/pedogênese, indica claramente se prevalecem os processos erosivos da
morfogênese que geram solos jovens, pouco desenvolvidos, ou se, no outro extremo, as
condições de estabilidade permitem o predomínio dos processos de pedogênese gerando solos
maduros, profundos, lixiviados e bem desenvolvidos.
A maior ou menor suscetibilidade de um solo a sofrer os processos erosivos da
morfogênese depende de diversos fatores e os mais importantes são: estrutura do solo, tipo e
quantidade das argilas, permeabilidade e profundidade do solo e a presença de camadas
impermeáveis. É bom lembrar que o tempo de formação de um solo desenvolvido, apesar de
ser variável, nunca é uma reação instantânea, requerendo centenas a milhares de anos para
formar 1 cm de solo que, com manejo inadequado, pode se perder em apenas uma safra. A
figura 20 mostra os valores de vulnerabilidade atribuídos aos principais tipos de solos.
71

Figura 20 – Valores de vulnerabilidade dos solos.


Fonte: Modificada de Crepani et al. (2001), incluindo a nova nomenclatura de solos de
Embrapa (2006).

Nas unidades de paisagem em que ocorrem associações de solos é feita uma


ponderação em função da predominância das classes de solos usando as seguintes proporções:
60% e 40% para uma associação de duas classes ou 60%, 30% e 10% para uma associação
com três classes de solos.

4.2.6.4 Cobertura vegetal e uso atual da terra

As informações vindas da Fitogeografia se revestem de grande importância para a


caracterização da vulnerabilidade à perda de solo das unidades de paisagem, porque a
cobertura vegetal representa a defesa da unidade contra os efeitos dos processos
modificadores das formas de relevo (erosão). A ação da cobertura vegetal na proteção da
paisagem se dá de diversas maneiras:
 Evita o impacto direto das gotas de chuva contra o terreno que promove a
desagregação das partículas;
72

 Impede a compactação do solo que diminui a capacidade de absorção de água;


 Aumenta a capacidade de infiltração do solo pela difusão do fluxo de água da chuva;
 Suporta a vida silvestre que, pela presença de estruturas biológicas como raízes de
plantas, perfurações de vermes e buracos de animais, aumenta a porosidade e a
permeabilidade do solo.
Em última análise, compete à cobertura vegetal um papel importante no trabalho de
retardar o ingresso das águas provenientes das precipitações pluviais nas correntes de
drenagem pelo aumento da capacidade de infiltração. A infiltração impede o incremento do
escoamento superficial, com a consequente diminuição na capacidade de erosão pela
transformação de energia potencial em energia cinética. A figura 21 mostra os valores de
vulnerabilidade à perda de solo para as classes de cobertura vegetal e uso da terra presentes na
área de estudo.

Figura 21 – Valores de vulnerabilidade à perda de solo para as classes de cobertura


vegetal e uso da terra.
Fonte: Crepani et al. (2001).

4.2.6.5 Clima

A erosão hídrica - causada pelo impacto das gotas de chuva e arraste de partículas na
superfície e sub-superfície do solo, ou pelo movimento do rio em seu leito - é a forma mais
comum e mais importante de erosão.
A causa fundamental da denudação é a ação da chuva agindo inicialmente sobre as
rochas provocando o intemperismo, e mais tarde sobre o solo removendo-o pela erosão
hídrica. O impacto direto das gotas e o escoamento superficial do excesso de água da chuva
são os agentes ativos da erosão hídrica, o solo é o agente passivo.
73

As principais características físicas da chuva envolvidas nos processos erosivos são a


quantidade ou pluviosidade total, a intensidade ou intensidade pluviométrica e a distribuição
sazonal. Dentre as três características é especialmente importante se conhecer a intensidade
pluviométrica, pois representa uma relação entre as outras duas características (quanto chove /
quando chove), resultado que determina, em última análise, a quantidade de energia potencial
disponível para transformar-se em energia cinética. A figura 22 mostra os valores de
vulnerabilidade à perda de solo relacionados aos valores de intensidade pluviométrica.

Figura 22 – Escala de erosividade da chuva e valores de vulnerabilidade à perda de


solo.
Fonte: Crepani et al., (2001).

4.2.7 Integração dos dados

Nesta fase, foram descritos os tratamentos a serem realizados para que os mapas
temáticos envolvidos, na análise ecodinâmica, possam conter os valores atribuídos de
vulnerabilidade, de acordo com a metodologia proposta por Crepani et al. (2001), para
geração do mapa de vulnerabilidade à perda de solo. Também será elaborado mapa de Áreas
de Preservação Permanente, seja de corpos hídricos e/ou relevo, definidas na legislação
vigente.
74

4.2.7.1 Mapa de Vulnerabilidade à Perda de Solo

Para que os Planos de Informação referentes a cada tema possam conter os valores de
vulnerabilidade à perda de solo foi realizada uma operação pontual de ponderação que gerará
uma grade com os valores de vulnerabilidade, conforme apresenta a figura 23.

Figura 23 – Operação pontual de ponderação em um geo-campo temático. No


exemplo: Plano de Informação de Geologia, com aluviões (valor de vulnerabilidade = 3,0) em
área sedimentar (valor de vulnerabilidade = 2,6).
Fonte: Palmeira, (2004).

A ponderação da categoria temática para a categoria numérica será executada a partir


do programa PONDERE, elaborado na linguagem de programação LEGAL do SPRING. A
partir da operação de ponderação no banco de dados, são geradas das grades numéricas para
cada mapa temático por meio de operação pontual, na qual são atribuídos os valores de
vulnerabilidade natural à perda do solo, definidos em Crepani et al. (2001), a fim de gerar
outra grade numérica. Com o valor de vulnerabilidade à perda de solo, segundo a metodologia
de Crepani et al. (2001) em cada mapa temático, calcula-se a média aritmética dos valores dos
cinco PI (Geomorfologia, Geologia, Solos, Cobertura Vegetal e Uso da Terra, e Intensidade
Pluviométrica), que representa o valor final de vulnerabilidade à perda de solo das unidades
de paisagem, conforme mostrado na figura 24.
75

Figura 24 – Modelo esquemático da operação de média aritmética.


Fonte: Palmeira, (2004).

4.2.7.2 Mapa de Subsídio à Gestão Territorial

O Mapa de Subsídio à Gestão Territorial é resultado da combinação do Mapa de Áreas


Prioritárias para Preservação, Recuperação ou Uso Sustentado com o Mapa de Áreas de
Preservação Permanente e com a área correspondente à Terra Indígena, será realizada através
da operação “Mosaico” disponível no banco de dados. Esta operação permite que todas as
representações de categorias iguais possam ser transferidas dos Planos de Informação fonte
para um único Plano de Informação destino. Com esse procedimento reuniu-se num único
mapa toda informação relativa a estes três Planos de Informação.

4.3 Avaliação do Mapa de Cobertura Vegetal e Uso da Terra

A confiabilidade de um mapa está vinculada à sua exatidão, que indica a proximidade


de uma medida ao seu valor real. Para a análise da exatidão dos dados gerados em um
mapeamento temático, algumas medidas e coeficientes podem ser extraídos a partir de
matrizes de confusão com os quais é possível verificar os erros provenientes do processo de
classificação, como a exatidão global, os erros de omissão, os erros de inclusão e o índice
Kappa (FIGUEIREDO e VIEIRA, 2007).
76

A matriz de confusão é formada por um arranjo de linhas e colunas que expressam a


classe correta (obtida através de verdade terrestre) e as classes estimadas por um classificador,
respectivamente (FIGUEIREDO e VIEIRA, 2007). Assim, cada célula da matriz armazena o
valor de pixels que deveriam ter sido classificados conforme a classe especificada na linha,
mas foram classificadas de acordo com a classe especificada na coluna (CENTENO, 2003).
Os elementos da diagonal principal indicam o nível de acerto, ou a concordância, entre os dois
conjuntos de dados, vejamos o exemplo na tabela 1.
Tabela 1 – Exemplo de Matriz de Confusão
Classe A B C D Soma Parcial
A 60 0 0 0 60
B 0 40 55 15 110
C 0 0 5 5 10
D 8 16 4 32 60
Soma Parcial 68 56 64 52 240
Fonte: Adaptado de Centeno (2003).

A exatidão global (G) dá a porcentagem de pixels corretamente classificados na


imagem e é calculada dividindo a soma total da diagonal principal pelo número de amostras
(CENTENO, 2003). Para a matriz do exemplo seria dada por:

G = (60+40+55+32)/240 = 187/240 = 0,78 ou 78%

Os erros de inclusão são pixels pertencentes a uma determinada classe que foram
erroneamente classificados como de outra classe, ou seja, foram omitidos de sua verdadeira
classe. Descreve com que precisão uma determinada classe foi definida. São dados para cada
classe dividindo o número de pixels incorretamente classificados da classe pela soma parcial
da linha da mesma classe (CENTENO, 2003).

Ein(i) = [SL(i) - M (i,i)]/ SL(i)

Onde:
SL(i) = soma parcial da linha i
M (i,i) = elemento da diagonal na linha i

Para a Classe C da matriz do exemplo: Ein(C) = (60-55)/60 = 5/ 60 = 0,083 = 8,3%


77

Neste caso, a exatidão obtida se refere ao ponto de vista do produtor do mapa


temático, ou seja, quanto maior esta exatidão, maior a quantidade de pixels corretamente
classificados em cada classe (CENTENO, 2003). É dada por:

EP (i) = 100 - Eom(i)


EP (C) = 100 – 8,3 = 91,7%

Os erros de omissão correspondem aos pixels que foram incluídos na classe


considerada, sendo na realidade pertencentes à outra classe. Indicam o quanto uma classe foi
superestimada (CENTENO, 2003).

Eom(i) = [SC(i) - M (i,i)]/ SC(i)

Onde:
SC(i) = soma parcial da coluna i
M (i,i) = elemento da diagonal na coluna i

Para a Classe C da matriz do exemplo: Eom(C)= (64-55)/60 = 9/ 60 = 0,15 = 15%


Neste caso, a exatidão obtida se refere ao ponto de vista do usuário do mapa temático,
ou seja, se o total de pixels representados como uma determinada classe na imagem temática
realmente corresponde a esta classe. Quanto maior a exatidão, maior a correspondência
(CENTENO, 2003). É dada por:

EU (i)= 100 - Ein(i)


EU (C) = 100 – 15 = 85%

O coeficiente Kappa é uma medida de quanto à classificação está de acordo com os


dados de referência, pois compara o mapa temático produzido com um mapa temático
resultante de uma classificação completamente aleatória (CONGALTON, 1991). Considera-
se que quanto melhor for a qualidade do mapa temático, maior será a diferença entre ele e um
mapa produzido de forma totalmente aleatória (CENTENO, 2003). É dado por:
Onde:
78

Para a matriz do exemplo, o Kappa é dado por:


Exatidão Global: θ 1 = 0,80
Exatidão Global se classificação e verdade fossem independentes: θ2 = 0,25

Landis e Koch (1977) estabeleceram intervalos para os quais o coeficiente Kappa pode
ser conceituado, conforme tabela 2.
Tabela 2 – Conceitos de eficiência do coeficiente de concordância kappa
Kappa Conceito
<0 Péssima
0 < k < 0,20 Má
0,20 < k < 0,40 Razoável
0,40 < k < 0,60 Boa
0,60 < k < 0,80 Muito Boa
0,80 < k < 1,00 Excelente
Fonte: Landis e Koch (1977)

Figueiredo e Vieira (2007) afirmam que embora a exatidão global geralmente


apresente um valor mais alto, o coeficiente Kappa é mais consistente por envolver todas as
79

células da matriz de confusão, ao contrário do primeiro avaliador, que considera apenas os


valores da diagonal da matriz. Além disto, lembram que o Kappa é bastante indicado para a
avaliação de acurácia de mapas temáticos, embora tenha a tendência de superestimar a
proporção de concordância por chance e subestimar a precisão da classificação.
80

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo apresenta e discute os resultados alcançados no decorrer do trabalho.


Para melhor discorrer sobre os resultados o capítulo foi dividido em quatro etapas:
processamento digital das imagens orbitais, análise e interpretação dos dados gerados,
integração dos dados e banco de dados.

5.1 Processamento digital das imagens orbitais

5.1.1 Correção geométrica

A correção geométrica das imagens foi feita através de registro imagem-carta, no qual
foram coletados 9 (nove) pontos de controle para cada imagem. Este procedimento
proporcionou um registro que foi gerado através de polinômio do primeiro grau. Registro esse
com erro médio de 0,942 pixel, ou seja, abaixo de 30 metros e aceitável para a escala de
trabalho (1: 100.000). O critério utilizado no registro possibilitou a confecção do mosaico das
imagens de forma eficiente sem erros perceptíveis de deslocamento.

5.1.2 Técnicas de realce

A técnica de realce por aumento linear de contraste e a manipulação do histograma


permitiu realçar determinadas feições importantes para a interpretação. As técnicas de realce
foram utilizadas nas interpretações dos mapas temáticos, visando uma melhor observação dos
alvos. Foi bastante útil na análise dos temas de geologia, geomorfologia, pedologia e
cobertura e uso atual da terra, o realce gaussiano na composição R(5)G(4)B(3). Na banda 4,
utilizada isoladamente, foi aplicada uma operação de mapeamento linear inverso, o que
proporcionou a inversão do relevo na imagem. A banda invertida alternada com mesma banda
4 (apenas com o realce e sem a inversão) facilitou a interpretação das formas de relevo,
conforme apresentado nas figuras 24 a 35.
81

Figura 25- Imagem pré-processada da área de estudo na banda 4.

Figura 26- Imagem processada com realce linear da área de estudo na banda 4.
82

Figura 27- Imagem processada com realce gaussiano da área de estudo na banda 4.

Figura 28- Imagem processada com realce quadrático da área de estudo na banda 4.
83

Figura 29- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3.

Figura 30- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
linear.
84

Figura 31- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
de 0-255 níveis de cinza.

Figura 32- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
de 2%.
85

Figura 33- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
gaussiano.

Figura 34- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
equalizado.
86

Figura 35- Imagem da área de estudo na composição R5G4B3 processada com realce
quadrático.

5.1.3 Modelo linear de mistura espectral e classificação

Para que pudesse ser avaliada a precisão do modelo de mistura foi feita a análise das
imagens-erro geradas e dos erros de estimação descritos nas tabela 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,
12, 13 e 14.

Tabela 3 – Erros estimados para a imagem TM/Landsat-5 Órbita/Ponto 232/58 de 04


de janeiro de 2008.
BANDA ERRO
Banda 3 1,034
Erro por banda
Banda 4 0,843
Banda 5 2,467
Erro Total 1,448
87

Tabela 4 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Orbita/Ponto 232/58 de


03 de janeiro de 2009.
BANDA ERRO
Banda 3 4,067
Erro por banda
Banda 4 0,643
Banda 5 1,235
Erro Total 1,982

Tabela 5 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Orbita/Ponto 232/58 de


12 de janeiro de 2010.
BANDA ERRO
Banda 3 2,893
Erro por banda
Banda 4 1,892
Banda 5 0,831
Erro Total 1,872

Tabela 6 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Orbita/Ponto 232/58 de


02 de janeiro de 2011.
BANDA ERRO
Banda 3 1,874
Erro por banda
Banda 4 0,845
Banda 5 1,459
Erro Total 1,393

Tabela 7 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 232/59 de


10 de março de 2008.
BANDA ERRO
Banda 3 2,024
Erro por banda
Banda 4 0,954
Banda 5 2,762
Erro Total 1,913
88

Tabela 8 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 232/59 de


20 de março de 2009.
BANDA ERRO
Banda 3 3,022
Erro por banda
Banda 4 0,568
Banda 5 1,346
Erro Total 1,645

Tabela 9 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 232/59 de


23 de março de 2010.
BANDA ERRO
Banda 3 2,679
Erro por banda
Banda 4 1,945
Banda 5 0,932
Erro Total 1,852

Tabela 10 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 232/59 de


12 de março de 2011.
BANDA ERRO
Banda 3 1,689
Erro por banda
Banda 4 0,937
Banda 5 1,689
Erro Total 1,438

Tabela 11 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 231/59 de


02 de abril de 2008.
BANDA ERRO
Banda 3 1,846
Erro por banda
Banda 4 1,204
Banda 5 1,908
Erro Total 1,653
89

Tabela 12 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 231/59 de


13 de abril de 2009.
BANDA ERRO
Banda 3 2,084
Erro por banda
Banda 4 0,846
Banda 5 1,568
Erro Total 1,499

Tabela 13 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 231/59 de


25 de abril de 2010.
BANDA ERRO
Banda 3 2,346
Erro por banda
Banda 4 1,824
Banda 5 0,864
Erro Total 1,678

Tabela 14 – Erros estimados para a imagem ETM+/Landsat-7 Órbita/Ponto 231/59 de


28 de abril de 2011.
BANDA ERRO
Banda 3 1,468
Erro por banda
Banda 4 0,842
Banda 5 1,469
Erro Total 1,260

Todos os erros ficaram praticamente abaixo de 3,000, em virtude do rigor na escolha


das cenas mais adequadas para o trabalho. Nesta fase utilizamos as imagens oriundas do
sensor Landsat TM-5, em função de sua maior riqueza espectral, bem como, de sua
disponibilidade gratuita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O maior erro
estimado (4,067) está associado à banda 3 da imagem TM/Landsat-5, órbita/ponto 232/58, na
data de 04 de agosto de 2008. Este erro deve-se à elevada reflectância emitida pelas nuvens,
que não foram incluídas como componente de mistura, conforme figura 36.
90

Figura 36- Imagem-erro da banda 3 realçada do sensor TM/Landsat.

Dos métodos utilizados e implementados no SPRING para estimar as proporções,


aquele que apresentou os menores erros foi o dos Mínimos Quadrados Ponderados. A
classificação das imagens-fração do modelo linear de mistura espectral apresentou melhores
resultados que das bandas originais. Para verificação deste resultado foi feita a análise dos
valores de reflectância nas bandas 3, 4 e 5 e nas imagens-fração vegetação, solo e sombra.
Esta análise mostrou que nas imagens do modelo linear de mistura, o padrão espectral das
feições dos principais tipos de uso e cobertura vegetal presentes na área estudada aparecem
mais realçadas que nas bandas 3, 4 e 5 originais. Por este motivo, aplicou-se o classificador
não-supervisionado ISODATA, implementado no Envi 5.3, sobre as imagens-fração o que
proporcionou os seguintes resultados:
 A classificação das imagens-fração sombra separa melhor as classes de água e
floresta;
 A classificação das imagens-fração vegetação separa melhor as classes de
floresta de várzea, sucessão secundária, agricultura e pasto sujo; e
 A classificação das imagens-fração solo possibilitou separar as classes de pasto
limpo, campo de várzea, área urbana e reflorestamento.
Foram testados outros classificadores sobre as imagens da área, entretanto eles não
apresentaram resultados tão eficientes quanto o ISODATA:
91

 O classificador pixel a pixel MAXVER não atendeu as necessidades do


trabalho por tratar-se de um classificador supervisionado e, como a área
estudada apresenta uma grande heterogeneidade de feições, necessitaria de um
tempo muito grande para coletar todas as amostras representativas à cada alvo
de interesse para o treinamento do classificador.
 O classificador por região ISOSEG, que agrupa os “pixels” a partir da medida
de similaridade entre eles, não conseguiu delimitar determinadas feições
importantes para a análise ecodinâmica, como é o caso das áreas de corte
seletivo e estradas, que foram separadas com eficiência pelo ISODATA.
A classificação utilizando o ISODATA gerou um mapa de cobertura vegetal e uso da
terra contendo 11 classes temáticas. Em função do ISODATA ser um classificador pixel a
pixel e não-supervisionado, conseguiu abranger e separar as variações e diversidades das
feições encontradas nas imagens.
A aplicação de 32 classes de separação atribuídas ao classificador foi suficiente para
que o mesmo pudesse separar as variações das feições encontradas na imagem. As 32 classes
separadas pelo classificador foram posteriormente agrupadas nas 11 classes de interesse,
conforme figura 37.

Figura 37- Plano de Informação de Cobertura Vegetal e Uso da Terra do Município de


Cantá obtido por classificação usando o ISODATA.
92

5.2 Análise e interpretação dos dados gerados

5.2.1 Etapa de campo

A etapa de campo foi essencial para o processo de interpretação. Os dados coletados


em campo auxiliaram na interpretação visual, via edição matricial do Envi da classificação
ISODATA, corrigindo erros do classificador pela mudança de forma e classes de polígonos.
Foram registrados 86 pontos, conforme figura 38, onde foram coletadas informações
referentes aos Planos de Informação temáticos. Nestes pontos foi possível observar as
características das feições no terreno e o seu comportamento na imagem, observado
imediatamente na composição colorida disponível.
A distribuição dos pontos de conferência de campo foi aleatória, e sua checagem se
deu por meio de veículos, embarcações e aeronaves. Todos os pontos foram registrados em
GPS de navegação e posteriormente processado para correção geométrica das imagens
orbitais utilizadas.
Os pontos de conferência de campo também foram utilizados para calibração da
classificação ISODATA, bem como da classificação orientada a objeto, no caso com a
utilização de imagens ópticas e de RADAR. Além da verificação da cobertura vegetal e uso
atual, em 40 pontos foram examinados os solos ali existentes, gerando-se assim uma riqueza
de informações para interpretação do mapa pedológico da área de estudo.
93

Figura 38 – Distribuição dos pontos de coleta de dados em campo.


94

As 11 classes do Plano de Informação de Cobertura Vegetal e Uso da Terra,


escolhidas a partir da classificação ISODATA, são as seguintes:

 Contato Savana / Floresta Ombrófila Densa: Constitui manchas de floresta


densa, aberta e/ou estacional dispersas pelo domínio das áreas de savanas.
Distribuem-se pelas bacias dos rios Mucajaí, Urubu, Quitauaú, Cachorro,
Barauana, Itã e Jauaperi, sobre Argissolos Amarelos e Vermelho-Amarelos e
Latossolos Amarelos. Pecuária extensiva e extrativismo constituem as
principais atividades de uso do solo observadas nesta unidade;
 Floresta Estacional: A unidade fitoecológica da Floresta Tropical Estacional
semidecidual, no Estado de Roraima, é caracterizada por uma feição com
manchas perenifólias e deciduais, apresentando sinais de xeromorfismo e uma
variada ocorrência de porte. Ocorre na área de estudo em dois ecossistemas,
sendo a questão do relevo preponderante na sua distinção. A primeira feição,
distribuída em áreas planas, mostra elementos arbóreos de pequeno porte,
tortuosos, com presença de espécies como breu, tarumã, sucupiras e marupá. A
segunda feição, presente nos relevos mais movimentados, compreende
indivíduos arbóreos deciduais e perenifólios de portes variados, com
grupamentos emergentes, onde aparecem espécies como taperebá, freijó, pau-
roxo e ipê. Este tipo de vegetação distribui-se, sob a forma de “ilhas”, pelas
bacias dos rios Tacutu, Urubu, Quitauaú, Cachorro e Barauana, sobre
Argissolos Vermelho-Amarelos e Neossolos Litólicos;

 Floresta Ombrófila Aberta: É um subgrupo que, no conceito fisionômico-


ecológico, mostra uma feição composta de árvores com relativo espaçamento,
podendo apresentar-se com ou sem palmeiras e sinúsias arbustivas densas com
ou sem lianas lenhosas, refletindo condições climáticas e pedológicas
especiais. As florestas com palmeiras são mais abertas do que as outras
tipologias presentes. A entrada abundante de luz solar até o solo facilita a
regeneração das palmeiras, algumas com certo grau de exigência de luz. A
densidade aqui também é um pouco maior do que nas florestas sem palmeiras,
devido à intensa presença das touceiras de palmeiras que adensam
consideravelmente a floresta. Podem ser citadas as Florestas Ombrófilas
Abertas associadas com as palmeiras açaí (Euterpe oleracea), murumuru
95

(Astrocaryum murumuru), bacaba (Oenocarpus bacaba), marajá (Bactris


setosa) e anajá (Attalea maripa). As palmeiras buriti (Mauritia flexuosa) e
caranã (Mauritiella aculeata) também podem aparecer, porém não caracterizam
a associação por estarem, geralmente, em baixas densidades. Além das
palmeiras, as florestas abertas contêm na associação espécies como a Virola
surinamensis (ucuúba), Carapa guianensis (andiroba), Symphonia globulifera
(anani), Qualea sp. (mandioqueiras) e Vismia grandifolia (lacre). Aparecem
ainda no dossel indivíduos de Theobroma subincanum, T. cacao, Herrania
mariae, Maquira coriacea e Protium heptaphyllum. No sub-bosque são
freqüentes as espécies Heliconia bihai e Astrocaryum murumuru. A Floresta
Ombrófila Aberta distribui-se pelas bacias dos rios Tacutu, Urubu e Barauana,
sobre Argissolos e Latossolos Vermelho-Amarelos e Amarelos, Plintossolos
Pétricos e sobre Neossolos Litólicos. As atividades de uso do solo observadas
são extrativismo frutícola e madeireiro, lavouras perenes e de subsistência e
pecuária extensiva;
 Floresta Ombrófila Aluvial: A Floresta Ombrófila Aluvial é composta por
uma vegetação que sofre a influência de processos de inundação periódica ou
permanente, provocada pelos movimentos de enchente e vazante dos rios. As
principais espécies arbóreas encontradas nesta fisionomia são: andiroba
(Carapa guianensis), acapu (Vouacapoua americana), anani (Symphonia
globulifera), cupiúba (Goupia glabra), itaúba (Mezilaurus itauba),
maçaranduba (Manilkara huberi), macacaúba (Platimiscium trinitatis), sucupira
(Diplotropis martiusii) e ucuúba (Virola surinamensis). Este tipo de floresta
ocupa as planícies fluviais recentes e os baixos terraços dos principais rios da
área de estudo, apresentando maior distribuição nas bacias dos rios Branco e
Tacutu sobre Neossolos Flúvicos, Gleissolos, Planossolos Hidromórficos e
Neossolos Quartzarênicos Hidromórficos. As atividades de uso do solo
observadas são lavouras temporárias irrigadas e pecuária extensiva;
 Floresta Ombrófila Densa: A Floresta Ombrófila Densa é caracterizada pela
exuberância de sua cobertura vegetal, com predomínio de árvores emergentes
de grande porte, como o angelim (Dinizia excelsa), a maçaranduba (Manilkara
huberi) e o visgueiro (Parkia pendula). Sua composição florística, porém, é
muito variada, ainda não inteiramente conhecida. São freqüentes e amplamente
distribuídas a castanheira (Bertholletia excelsa), o angelim rajado
96

(Pithecellobium racemosum), o tanimbuca (Terminalia amazonica), o tauari


(Coutari pulchra), a guariúba (Clarisia racemosa), a quaruba (Vochysia
maxima), as sucupiras (Diplotropis spp.), o cedrorona (Cedrelinga
catenaeformis), o cardeiro (Scleronema micranthum), a muirapiranga
(Brosimium rubencens), os ipês (Tabebuias spp), as mandioqueiras (Qualea
spp.), os louros (Ocoteas spp.), os breus (Protium spp.) e a seringueira
verdadeira (Hevea brasiliensis). É a unidade fitoecológica de maior
distribuição na área de estudo, no estado ocupa as bacias dos rios Quitauaú,
Cachorro, Tacutu e Branco, dominantemente sobre Argissolos e Latossolos
Vermelho-Amarelos e Amarelos, além de Cambissolos Háplicos Argissólicos.
As atividades de uso do solo observadas nos ambientes onde ocorre a Floresta
Ombrófila Densa são extrativismo madeireiro e frutícola, lavouras perenes e de
subsistência e pecuária extensiva;
 Savana Arbórea: A Savana Arbórea, ou Campo Cerrado, apresenta uma
fisionomia nanofanerofítica rala e outra hemicriptofítica graminóide, contínua,
sujeita anualmente, ao longo das décadas, à ação do fogo. A composição
florística possui ecótipos dominantes que, de acordo com o espaço geográfico
ocupado, caracterizam os ambientes. Esta feição distribui-se pela bacia do rio
Urubu, sobre Argissolos Acinzentados e Amarelos. Como atividades de uso do
solo mais freqüentes observam-se pastagens extensivas e lavouras
semicomerciais;
 Savana Parque: Esta unidade fitoecológica é constituída essencialmente por
um estrato graminóide, integrado por hemicriptófitos e geófitos de florística
natural e/ou antropizada, entremeado por nanofanerófitos isolados, com
aparência de um parque inglês. A Savana Parque distribui-se pelas bacias dos
rios Branco, Tacutu, Arraia, Urubu e Quitauaú, sobre Latossolos Amarelos e
Argissolos Amarelos e Acinzentados. Como atividades de uso do solo observa-
se pecuária extensiva e lavoura de grãos;
 Áreas Alteradas Urbanas: Estas áreas representam os pequenos aglomerados
populacionais do município de Cantá, os quais estão concentrados no entorno
das principais vilas e sede municipal. Distribuem-se pelas bacias dos rios
Branco e Tacutu, sobre Latossolos Amarelos, Argissolos Amarelos e
Acinzentados e Neossolos Flúvicos. As principais vilas da área de estudo são:
Serra Grande I, Serra Grande II, Central, Santa Rita, Félix Pinto e União;
97

 Áreas Alteradas com Pastagem: As pastagens plantadas, na área de estudo,


apresentam normalmente extensões superiores a 40 hectares, nem sempre
contínuos, ocupadas por capim, geralmente do tipo braquiária. É comum a
existência de áreas de pasto abandonadas, com diversas espécies de plantas
invasoras, além de gramíneas e ciperáceas típicas da região. Na área de estudo,
as pastagens distribuem-se pelas bacias dos rios Quitauaú e Cachorro, sobre
Cambissolos Háplicos, Argissolos Amarelos e Vermelho-Amarelos,
Plintossolos Háplicos e Latossolos Amarelos;
 Áreas Alteradas com Pastagem, Lavoura e Vegetação Secundária: A
vegetação secundária, ou capoeiras, está restrita a algumas áreas originalmente
florestadas, de terra firme, que são desmatadas e queimadas durante a época
seca. Estas áreas, quando abandonadas, iniciam um processo de regeneração
natural, que dá origem a diversos ciclos de capoeiras. É composta,
normalmente, por macegas e capoeiras de diversas fases de regeneração,
destacando-se como espécies invasoras: embaúba (Cecropia sp.), embaubão
(Cecropia sciadophylla), lacre (Vismia cayennensis) e inajá (Maximiliana
regia). A remoção da cobertura vegetal na região está associada inicialmente à
formação de grandes áreas de pastagens. Atualmente, o desmatamento está
ligado mais às práticas de agricultura em propriedades rurais e assentamentos
do INCRA (lavouras semicomercias e comerciais), e aos plantios de culturas
de subsistência, como mandioca, banana e milho, além de algumas hortaliças e
legumes. Algumas espécies freqüentes nas capoeiras de terra firme são: Vismia
guianensis, V. grandifolia, Maprounea guianensis, Tapirira guianensis,
Guatteria poeppigiana, Inga edulis e Clidemia hirta, dentre outras. A Floresta
Secundária, na área de estudo, distribui-se pelas bacias dos rios Branco,
Quitauaú e Cachorro, sobre Latossolos e Argissolos Amarelos e Vermelho-
Amarelos, além de Cambissolos Háplicos Argissólicos. São feições
individualizadas e/ou intercaladas com lavouras e pecuária extensiva;

5.2.2 Mapa de Cobertura Vegetal e Uso da Terra

A partir da classificação da cobertura vegetal e do uso da terra, procedeu-se à


interpretação visual das composições coloridas em ambiente de Sistema de Informações
98

Geográfica (SIG), a fim de editar as eventuais classes confundidas pelo classificador com o
auxílio dos dados coletados no campo.
As feições de savanas, que dominam a parte central e norte-nordeste do estado,
apresentam-se nas formas arbórea, parque e graminosa. No extremo norte de Roraima
observa-se a feição caracterizada como estépica, nas formas arbórea e parque. Atualmente,
verifica-se um alto grau de antropismo nos ambientes dominados pelas savanas, representado
principalmente pela ocupação com pastagens e lavouras, além de áreas alteradas abandonadas.
Além das unidades fitoecológicas representadas pelas diversas formas de Campinarana
e de Formações Pioneiras, podem ser evidenciadas, no Estado de Roraima, áreas de tensão
ecológica ou transição (contatos) entre as duas feições de floresta, entre as savanas e as
florestas, entre a campinarana e as florestas e entre as formações pioneiras e as florestas.
A maior dificuldade encontrada para a correta classificação das unidades
fitoecológicas de savanas e áreas alteradas, em virtude de suas características espectrais serem
semelhantes. Apesar de não existir a unidade fitoecológica de campinarana na área de estudo,
a mesma aparece no momento que utilizamos o mosaico estadual para treinamento dos
classificadores. Para minimizar os erros de classificação, a solução foi utilizar imagens de
RADAR gentilmente cedidas pelo Censipam, e imagens Alos adquiridas junto ao IBGE, e a
utilização do classificador orientado a objeto e-Cognition, o qual utilizar além das
características espectrais, as características geométrica, de forma e de contexto. Por meio
deste classificador se obteve um produto coerente com as conferências de campo.
Entendemos, como um grande potencial na classificação de cobertura vegetal e uso da terra,
os classificadores via objeto, que deverá em pouco tempo está difundido na comunidade de
Sensoriamento Remoto local.

5.2.3 Análise dos resultados das classificações


Uma maneira de avaliar a acurácia do mapeamento temático é calcular o índice Kappa
do mapeamento. Para isto, é necessário que existam pontos conhecidos como “verdade
terrestre”, nos quais o intérprete possa se basear para fazer a classificação. Neste trabalho
existem 86 pontos, provenientes do trabalho de campo, que foram utilizados para o cálculo do
Kappa do mapa de vegetação gerado antes do trabalho de campo e do mapa de vegetação
obtido após o trabalho de campo.
99

Através da comparação entre os pontos de campo, suas respectivas formações vegetais


e as classificações de cada um dos dois mapeamentos, foram geradas as matrizes de confusão
a seguir na tabela 15 e 16.
100

Tabela 15 – Matriz de confusão obtida para o mapeamento feito antes do trabalho de campo (Mapa Pré-Campo).
Classes apresentadas somente ISODATA (Pré-Campo)
Áreas
Contato Alteradas Áreas
Áreas
Classes reais Savana / Floresta Floresta Floresta Áreas com Alteradas
Floresta Savana Savana Alteradas Erro de
(Pontos de Campo) Floresta Ombrófila Ombrófila Ombrófila Alteradas Pastagem, com Total
Estacional Arbórea Parque com Inclusão
Ombrófila Aberta Aluvial Densa Urbanas Lavoura e Vegetação
Pastagem
Densa Vegetação Secundária
Secundária
Contato Savana /
Floresta Ombrófila 3 0 0 0 1 2 1 0 1 1 0 9 0,6667
Densa
Floresta Estacional 1 2 1 1 1 1 0 0 0 0 0 7 0,7143
Floresta Ombrófila
1 1 4 1 2 1 1 0 0 0 0 11 0,6364
Aberta
Floresta Ombrófila
1 1 1 3 2 0 0 0 0 0 0 8 0,6250
Aluvial
Floresta Ombrófila
0 1 1 1 3 1 0 0 0 0 0 7 0,5714
Densa
Savana Arbórea 2 1 1 1 0 6 1 0 2 1 0 15 0,6000
Savana Parque 0 0 0 0 0 1 2 0 0 1 0 4 0,5000
Áreas Alteradas
0 0 0 0 0 0 0 4 1 0 1 6 0,3333
Urbanas
Áreas Alteradas com
0 0 0 0 0 0 0 1 4 2 1 8 0,5000
Pastagem
Áreas Alteradas com
Pastagem, Lavoura e 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 2 8 0,6250
Vegetação Secundária
Áreas Alteradas com
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 3 0,3333
Vegetação Secundária
Total 8 6 8 7 9 12 5 5 11 9 6 86 36
Erro de Omissão 0,6250 0,6667 0,5000 0,5714 0,6667 0,5000 0,6000 0,2000 0,6364 0,6667 0,6667 729
101

Tabela 16 – Matriz de confusão obtida para o mapeamento feito antes do trabalho de campo (Mapa Pós-Campo).
Classes apresentadas e-Cognition (Pós-Campo)
Áreas
Contato Alteradas Áreas
Áreas
Classes reais Savana / Floresta Floresta Floresta Áreas com Alteradas
Floresta Savana Savana Alteradas Erro de
(Pontos de Campo) Floresta Ombrófila Ombrófila Ombrófila Alteradas Pastagem, com Total
Estacional Arbórea Parque com Inclusão
Ombrófila Aberta Aluvial Densa Urbanas Lavoura e Vegetação
Pastagem
Densa Vegetação Secundária
Secundária
Contato Savana /
Floresta Ombrófila 6 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 8 0,2500
Densa
Floresta Estacional 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0,0000
Floresta Ombrófila
1 0 7 0 1 1 0 0 0 0 0 10 0,3000
Aberta
Floresta Ombrófila
1 0 0 6 1 0 0 0 0 0 0 8 0,2500
Aluvial
Floresta Ombrófila
0 0 1 0 7 0 0 0 0 0 0 8 0,1250
Densa
Savana Arbórea 0 1 0 1 0 9 0 0 1 0 0 12 0,2500
Savana Parque 0 0 0 0 0 1 4 0 0 0 0 5 0,2000
Áreas Alteradas
0 0 0 0 0 0 0 5 1 0 0 6 0,1667
Urbanas
Áreas Alteradas com
0 0 0 0 0 0 0 0 7 1 1 9 0,2222
Pastagem
Áreas Alteradas com
Pastagem, Lavoura e 0 0 0 0 0 0 0 0 2 6 2 10 0,4000
Vegetação Secundária
Áreas Alteradas com
0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 3 5 0,4000
Vegetação Secundária
Total 8 6 8 7 9 12 5 5 11 9 6 86 65
Erro de Omissão 0,2500 0,1667 0,1250 0,1429 0,2222 0,2500 0,2000 0,0000 0,3636 0,3333 0,5000 720
102

Tabela 17 – Comparação entre os valores de Exatidão Global e índice kappa.

Mapas Exatidão Global Coeficiente kappa

Antes do Campo 41,86% 0,3550

Após o Campo 75,58% 0,7295

De acordo com os resultados obtidos para a exatidão global e para o coeficiente kappa,
o mapeamento desenvolvido após o trabalho de campo, com a utilização de classificação
orientada a objeto, foi o que obteve a maior quantidade de acertos nas classificações. O
número do coeficiente kappa obtido por este mapeamento (0,7295) não só prova uma
melhoria de classificação, se comparado aos outros mapas pré-existentes, como é considerado
mapeamento muito bom segundo os desempenhos de classificação adotados pela comunidade
científica em geral.
Com a utilização da classificação orientada a objeto, e as imagens de RADAR, foi
possível uma melhora considerável nas classificações das savanas, em virtude de suas
características geométricas predominantes sob as espectrais. Outro aspecto importante que
facilitou bastante a classificação foi a utilização de imagens fusionadas agregando os
potenciais de imagens oriundas dos sensores passivos e ativos.
A metodologia inicial de classificação adotada neste trabalho, segundo Almeida-Filho
e Shimabukuro (2002), a propriedade de minimizar os chamados erros de comissão e omissão,
que ocorrem nas classificações automáticas, com a edição dos eventuais erros em ambiente de
Sistemas de Informações Geográfica (SIG) através da interpretação visual, com uso das
informações coletadas em campo. O resultado final da classificação e posterior edição em
ambiente de Sistemas de Informações Geográfica (SIG) geraram um Mapa de Cobertura
Vegetal e Uso da Terra, conforme figura 39, com 11 classes temáticas: Contato Savana /
Floresta Ombrófila Densa; Floresta Estacional; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta
Ombrófila Aluvial; Floresta Ombrófila Densa; Savana Arbórea; Savana Parque; Áreas
Alteradas Urbanas; Áreas Alteradas com Pastagem; Áreas Alteradas com Pastagem, Lavoura
e Vegetação Secundária e Áreas Alteradas com Vegetação Secundária.
103

Figura 39 – Mapa de Cobertura Vegetal e Uso da Terra


104

5.2.4 Representação dos dados de Intensidade Pluviométrica

As informações hidrológicas e climatológicas disponíveis na área de estudo apoiam-se


em dados da rede hidrometeorológica da Agência Nacional de Energia Elétrica-ANEEL, da
Estação Climatológica de Boa Vista, de propriedade do Instituto Nacional de Meteorologia-
INMET, das estações operadas pelo 6º Batalhão de Engenharia de Construção em seus
canteiros, e daqueles contidos no Atlas Climatológico da Amazônia Brasileira, elaborado pela
Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia-SUDAM, em 1984.
Foi realizado o levantamento bibliográfico e da base de dados hidrológicos existentes.
Esses dados, depois de analisados, foram utilizados para a caracterização dos recursos
hídricos potenciais na região. Os estudos foram realizados em nível mensal e anual,
considerando que essas dimensões são suficientes para caracterizar o regime hidrológico da
área de estudo.
No desenvolvimento dos trabalhos foram aplicadas técnicas convencionais usadas em
hidrologia, como: crítica dos dados, determinação de curvas chaves, determinação de curvas
de permanência de descargas e de níveis d‟água e regionalizações de vazões. Para as análises,
foram considerados os dados de 4 (quatro) estações hidrometeorológicas contidas na área de
estudo ou em suas proximidades, várias delas em operação desde a década de 80.
Os dados de precipitação pluviométrica, adquiridos em 4 (quatro) postos de coleta,
foram transformados em intensidade pluviométrica. A tabela 18, 19, 20 e 21 mostra os valores
de precipitação média (mensal e anual), o número de dias com chuva convertidos em meses
(divididos por 30) e os valores da intensidade pluviométrica calculados a partir destes dados
para um período de 30 anos (1980 – 2010). Além destas 4 (quatro) estações específicas da
área de estudo foi utilizado o mosaico estadual de clima para tornar mais precisas as
interpolações.
O interpolador de média ponderada, aplicado para os valores de intensidade
pluviométrica, foi o que melhor caracterizou a distribuição destes valores na área estudada.
Esta operação gerou uma superfície numérica que foi “fatiada” em intervalos regulares,
originando o Mapa de Intensidade Pluviométrica conforme figura 40.
105

Figura 40 – Mapa Climático


106

5.2.5 Análise e reinterpretação dos mapas pré-existentes

A reinterpretação dos mapas pré-existentes, por fotointerpretação das imagens de


satélite utilizadas como “âncora” e auxílio das observações de campo, permitiu ampliar a
informação dos mapas temáticos até a escala de trabalho (1: 100.000).
As Figuras 41, 42, 43 e 44 mostram os mapas pré-existentes, no quadrante 2ºN-61º W
e 3ºN-60ºW, obtidos em diferentes escalas junto aos diversos órgãos competentes
(RADAMBRASIL, EMBRAPA e SEPLAN).

Figura 41- Mapa Geológico.


Fonte: Brasil (2011).
107

Figura 42- Mapa Geomorfológico.


Fonte: Brasil (1975).
108

Figura 43- Mapa Pedológico.


Fonte: Brasil (1975).
109

Figura 44- Mapa Fitoecológico.


Fonte: Brasil (1975).
110

O novo mapa geológico gerado apresenta algumas alterações em relação aos pré-
existentes. Entre essas alterações destacam-se:
 Grupo Cauarane (PP2cm, PP2cp): As litologias pertencentes ao Grupo
Cauarane tem sua maior expressão areal nos domínios da sub-região hídrica
Uraricoera, em sua porção leste região compreendida pelo trecho vila Brasil –
Taiano. Outras ocorrências mais significativas situam-se na sub-região hídrica
Tacutu e somente uma pequena extensão se encontra na área de estudo, a qual
em mapeamentos anteriores não estava contida nesta, conforme figura 45;
 Suíte Metamórfica Rio Urubu: Essa unidade litoestrutural tem sua maior
distribuição espacial no extremo nordeste da sub-região hídrica Anauá e sul da
sub-região hídrica Tacutu, a exemplo das ocorrências no leito do rio Quitauaú.
Também comparece na forma alongada sigmoidal ou como pequenas lentes
dispostas no sul da sub-região hídrica Uraricoera e Branco Norte,
respectivamente. Essa unidade litoestrutural ocupava cerca de 90% da área de
estudo, na re-interpretação esse percentual passou para aproximadamente 75%,
conforme figura 45;
 Suíte Intrusiva Serra da Prata (Mp1γsp): A Suíte Intrusiva Serra da Prata
ocorre principalmente na sub-região hidrográfica Anauá na forma de extensos
e espessos sigmóides alongados preferencialmente orientados na direção NE–
SW. De forma mais restrita comparece no setor sul da sub-região hídrica
Tacutu. As ocorrências mais expressivas afloram nas serras Cigana, Balata e da
Prata e no rio Urubu. Ao longo do Cinturão Guina Central, os autores do
Projeto Roraima Central, identificaram hiperstênio granitóides (charnockitos a
mangeritos) não deformados, além de hiperstênio granitóides foliados e
hiperstênio gnaisses, tendo sido todo o conjunto, tentativamente, agrupado na
Suíte Intrusiva Serra da Prata, cujo posicionamento no Mesoproterozóico é
sugerido pela idade obtida para um litótipo não deformado. Essa unidade foi
re-interpretada e teve uma ampliação em sua extensão de aproximadamente
20%, conforme figura 45;
 Formação Boa Vista (n12bv): A sedimentação cenozóica mais antiga que
recobre os litotipos do hemigráben do Tacutu correspondem aos sedimentos da
Formação Boa Vista, a qual ocorre amplamente distribuída no setor central da
sub-região hídrica Tacutu e setor leste das sub-regiões hídricas Uraricoera e
Branco Norte. Essa unidade é uma das mais expressivas no setor nordeste de
111

Roraima, sendo limitada à norte pelas Suítes intrusivas Pedra Pintada e


Saracura, a sudeste pelas unidades pré-cambrianas (Grupo Cauarane e Suíte
Intrusiva Rio Urubu), a sul pelos granitóides e gnaisses da Suíte Intrusiva
Mucajaí e a oeste pelo Grupo Cauarane. A bacia sedimentar Boa Vista revela
morfologicamente características de uma planície, com relevo suave e
dissecação localizada e representada por limitados campos arenosos com
feições de dunas eólicas. Testemunhos gnáissicos, granitóides e vulcânicos em
meio à sua sedimentação, atestam um embasamento irregular e tectonicamente
controlado, citando-se as serras Grande, Malacacheta, Cantá e Nova Olinda
dentre outras. Na re-interpretação essa unidade teve sua extensão ampliada em
aproximadamente 10%, conforme figura 45;
112

Figura 45 – Mapa Geológico.


113

O novo mapa geomorfológico gerado apresenta algumas alterações em relação aos


pré-existentes. Entre essas alterações destacam-se:
 Terrenos Proterozóicos do Escudo das Guianas: o termo Terrenos
Proterozóicos do Escudo das Guianas foi estabelecido de maneira informal por
CPRM (2002), com o objetivo de reunir as associações litológicas de idade
Proterozóica, representadas por rochas metavulcanossedimentares, granitóides,
vulcânicas ácidas a intermediárias, granitos, gnaisses, migmatitos, e ainda as
rochas sedimentares levemente dobradas e metamorfisadas do Supergrupo
Roraima e Formação Tepequém. Eventualmente, ocorrem diques de rochas
básicas e intrusão de rochas alcalinas do Mesozóico, conforme figura 46;
 Bacia de Boa Vista: a bacia de Boa Vista encontra-se instalada na porção
nordeste de Roraima, aproveitando, em parte, a estruturação do gráben Tacutu.
Trata-se de uma área de sedimentação relativamente rasa, com espessura
bastante variável em função da conformação de seu embasamento, podendo
atingir, em alguns trechos, cerca de 14 metros de espessura. Engloba os
sedimentos terciários da Formação Boa Vista (arenitos ferruginosos, arenitos
arcoseanos a conglomeráticos, siltitos e argilitos) e, ocasionalmente, os da
bacia do Tacutu (de idade mesozóica, porém atribuída à área da bacia de Boa
Vista para facilitar o mapeamento). O substrato rochoso é representado por
rochas ígneas e metamórficas dos Domínios Estruturais Guiana Central e
Urariqüera, expostas na superfície sob a forma de relevo residual e lajeiros.
Nesse trabalho também foi elaborada uma escala com níveis de favorabilidade à
erosão e fragilidade potencial das formas de relevo:
 Muito Baixa: este nível reúne as formas de relevo que propiciam, através do
escoamento superficial difuso das águas pluviais, o desenvolvimento de erosão
laminar incipiente. Em função dos aspectos morfométricos pouco expressivos,
a erosão apresenta baixa competência para a desagregação e transporte das
partículas, sendo observada localmente a instalação do mecanismo natural de
erosão típico de relevos planos, denominado de dessolagem. O processo de
dessolagem age principalmente sobre solos arenosos, pouco coesos,
removendo-os e, em alguns casos, expondo o substrato rochoso. Compreende
as superfícies planas a levemente colinosas, com eventuais formas residuais
subordinadas. Apresentam dissecação pela rede de drenagem extremamente
baixa, amplitude altimétrica inferior a 5,0 metros e declividade muito suave a
114

nula do terreno (< 2%). Como área típica, pode ser citado o extenso pediplano
desenvolvido sobre a Depressão Marginal do Norte da Amazônia e de Boa
Vista;
 Baixa: as formas de relevo reunidas neste nível propiciam a instalação do
processo de erosão laminar difusa ou semiconcentrada, decorrente de um maior
adensamento da rede de drenagem e da presença de gradientes mais elevados
no terreno. Neste estágio já é possível observar sinais significativos de
remoção da camada superficial do solo, sobretudo nas áreas desmatadas pela
atividade agropecuária. Compreende as superfícies planas, levemente
onduladas a colinosas, podendo haver a presença subordinada de formas
residuais e de acumulação. Apresenta baixa dissecação do terreno, amplitude
altimétrica inferior a 40 metros e declividade das vertentes muito suave a suave
(< 6%). Incluem-se ainda neste nível as formas residuais sem dissecação
aparente, como os “inselbergs” e os platôs lateríticos. As áreas levemente
onduladas a colinosas nas imediações das vicinais do município de
Rorainópolis, no sul do estado, tipificam bem este nível de fragilidade;
 Moderada: encontram-se inseridas neste nível as formas de relevo que, em
função do gradiente de suas vertentes e/ou da alta densidade da rede de
drenagem, propiciam o escoamento semiconcentrado da água pluvial,
sobretudo nas áreas desprovidas de cobertura vegetal original. Ocorre a erosão
laminar fraca a moderada, responsável pela remoção do horizonte superficial
do solo e pela instalação nas vertentes de sulcos erosivos e voçorocas
ocasionais, de profundidade rasa a moderada. Caracterizam-se por superfícies
levementes onduladas a colinosas com dissecação média, eventualmente com a
presença de formas decorrentes dos processos de laterização e acumulação.
Incluem-se ainda, as formas aguçadas/arredondadas, com amplitudes inferiores
a 100 metros, vertentes com declividade moderada a forte (6 –20%) e grau de
dissecação moderada. A amplitude média destes terrenos é inferior a 80 metros
e a declividade é suave a moderada (<20%). As áreas colinosas do Planalto
Dissecado do Norte da Amazônia tipificam o relevo presente neste nível;
 Alta: Encontram-se agrupadas neste nível as formas de relevo que, devido ao
gradiente elevado de suas vertentes, a uma maior densidade da rede de
drenagem e à própria constituição do substrato rochoso, tornam-se propícias ao
desenvolvimento de escoamento difuso, semiconcentrado a concentrado,
115

associado, em alguns casos, à erosão remontante das águas pluviais. Englobam


as formas colinosas, eventualmente com topo tabular originado por eventos de
laterização, ou ainda as formas aguçadas e escarpadas com controle estrutural.
Representam terrenos com forte dissecação, com amplitudes inferiores a 200
metros e declividade forte das vertentes (20 – 50%). Os processos erosivos
ocorrem com maior intensidade nas formas associadas a solos provenientes da
alteração de rochas arenosas e micáceas, principalmente quando desprovidos
da vegetação original, ou ao longo de cortes de estrada em terrenos íngremes.
Como exemplos, são citados os trechos de voçorocas instaladas ao longo dos
cortes de estrada da BR-174, na subida para Pacaraima. Nas áreas mais
íngremes e escarpadas os processos erosivos têm uma maior relação com os
eventos envolvendo escorregamento de solo e queda de blocos, a exemplo do
que ocorre nas áreas serranas da região. Em função dos aspectos restritivos à
ocupação humana, foram também incluídas neste nível as áreas predispostas a
desequilíbrios morfodinâmicos, tais como as formas geradas por processos de
aplainamento/acumulação sujeitas à inundação, ou ainda as áreas de
intervenção antrópica desorganizada. Estas áreas apresentam, de uma maneira
geral, alto potencial à contaminação do lençol freático por resíduos, risco de
assoreamento dos rios em locais de extração de bens minerais (areia, cascalho,
argila, concreções ferruginosas, diamante, etc.) e instalação de processos
erosivos induzidos pela abertura de vias de acesso;
 Muito Alta: Esta categoria engloba as formas de relevo topograficamente mais
elevadas e íngremes da região, correspondendo aos alinhamentos serranos,
maciços montanhosos e escarpas erosivas. Apresenta, como característica
geral, formas aguçadas e íngremes, com dissecaçãomuito forte e expressivo
controle estrutural. As amplitudes altimétricas apresentam-se superiores a 200
metros e a declividade das vertentes acima de 50 %. Estas formas propiciam o
desenvolvimento de movimentos de massa, voçorocamentos, desplacamentos e
queda de blocos relacionados com a estrutura da rocha (falhas, diáclases ou
qualquer outro tipo de descontinuidade). Nesta categoria são incluídas ainda,
em função dos seus aspectos restritivos, as extensas áreas inundáveis por
prolongado ou permanente período de tempo.
116

Figura 46 – Mapa Geomorfológico.


117

Figura 47 – Mapa Geomorfológico – Fragilidade à erosão.


118

Figura 48 – Mapa Geomorfológico – Domínios Morfoesculturais.


119

Figura 49 – Mapa Geomorfológico – Processos de formação.


120

Figura 50 – Mapa Geomorfológico – Entalhamento dos vales.


121

Figura 51 – Mapa Geomorfológico – Dimensão Interfluvial.


122

Figura 52 – Mapa Geomorfológico – Domínios Morfoestruturais.


123

Figura 53 – Mapa Geomorfológico – Relevo.


124

Figura 54 – Imagem SRTM sombreada.


125

Figura 55 – Modelo Digital de Elevação.


126

Figura 56 – Extração de Curvas de Nível.


127

Foram também avaliadas as características pedogenéticas levando-se em consideração


trabalhos anteriores de âmbito regional, realizados por diversas instituições, bem como novos
trabalhos de campo ao longo das rodovias federais, estaduais e vicinais. Nesta avaliação foi
possível associar as características de gênese de alguns solos com as condições em que se
desenvolveram, observando os parâmetros morfológicos, físicos e químicos dos perfis
disponíveis. Como suporte para espacialização das unidades de mapeamento, foram utilizadas
imagens de ópticas e de radar.
O novo mapa pedológico gerado apresenta algumas alterações em relação aos pré-
existentes. Entre essas alterações destacam-se:
 Plintossolo Pétrico: representam solos bem drenados, com horizonte
litoplíntico. Contêm concreções ferruginosas, que são formações originadas
por segregação de compostos ferrosos e, secundariamente, alumínio, além de
argila, quartzo e outros elementos, pobres em matéria orgânica, geradas pelo
processo cíclico de umedecimento e secagem. Estas concreções, ou
petroplintitas, constituem 50% ou mais da massa do solo, ocorrendo próximo
ou desde a superfície, ao longo do perfil, originando a denominação de
Plintossolo Pétrico Concrecionário. Possui seqüência de horizontes A ou E, Bf
e C. O horizonte A possui espessura média variável, cores bruno (7,5YR5/4) e
bruno-forte (7,5YR) 5/6 e 5/8, as texturas pertencem às classes franco-arenosa,
franco-argilo-arenosa e argila-arenosa, a estrutura é de difícil definição, em
virtude da presença de petroplintitas, a consistência, quando molhado, varia de
ligeiramente plástico a plástico e de ligeiramente pegajoso a pegajoso. O
horizonte B tem características morfológicas e físicas semelhantes às do A,
distinguindo-se pela cor, que é geralmente vermelho-amarelada (5YR5/8). São
solos alumínicos, ácidos, de baixa fertilidade natural, com texturas argilosa e
média, sendo encontrados em relevo que varia de suave ondulado a ondulado,
associados principalmente a Argissolo Amarelo, Argissolo Vermelho-Amarelo,
Latossolo Amarelo, Latossolo Vermelho-Amarelo e Neossolo Litólico. Sobre
estes solos deve-se manter a vegetação primitiva (áreas de preservação
permanente, permitindo-se seu uso pontualmente, para exploração de material
de construção), a extensão deste tipo de solo neste trabalho aumentou em
aproximadamente 40% em relação aos trabalhos anteriores;
 Neossolo Quartzarênico: correspondem a solos minerais arenoquartzosos,
pouco evoluídos, pouco profundos a profundos, contendo percentagem de
128

argila menor que 15% até 150 cm de profundidade ou até um contato lítico,
sendo que mais de 95% da fração areia está representada por quartzo,
calcedônia e opala, observando-se ausência de minerais primários alteráveis.
Possui seqüência de horizontes A e C, sem contato lítico dentro de 50 cm de
profundidade. O horizonte A possui espessura variável, cores dominantes
bruno (10 YR 5/3) e bruno-amarelado-claro (10 YR 6/4), textura da classe
areia e areia franca, estrutura em grãos simples; a consistência úmida é solta e,
quando molhado, é não plástico e não pegajoso. O horizonte C tem espessura
média de 120 cm, sua cor mais comum é bruno (10YR) 7/2 e 8/2, cinzento
claro e branco respectivamente; a textura é da classe areia e areia franca, a
estrutura é em grãos simples, a consistência úmida é solto e, se molhado, é não
plástico e não pegajoso. Apresentam-se órticos ou hidromórficos, com
presença de lençol freático elevado durante grande parte do ano,
imperfeitamente ou mal drenados, com mosqueados comuns, pequenos e
distintos. São solos alumínicos, sendo encontrados em relevo plano e suave
ondulado. Quando órticos, estão associados principalmente a Argissolo
Amarelo, Latossolo Amarelo, Gleissolo e Afloramento de Rochas, e, quando
hidromórficos, a Gleissolo Háplico, Espodossolo Cárbico e Plintossolo
Háplico, nas planícies do rio Branco e áreas alagadas da parte sul do estado. A
extensão deste tipo de solo neste trabalho foi ampliado em 5% em relação aos
trabalhos anteriores;
 Neossolo Flúvico: são solos pouco desenvolvidos, pouco profundos até
profundos, moderadamente drenados, formados pela deposição de sedimentos
transportados pelos cursos d‟água, tendo como horizonte diagnóstico apenas o
A, seguido de uma sucessão de camadas estratificadas, de diferentes tipos de
materiais, sem nenhuma relação pedogenética. Os Neossolos Flúvicos, por
terem camadas estratificadas, possuem distribuição muito irregular de carbono,
portanto, mostram teor de matéria orgânica bastante variável de um estrato
para outro. Aparecem dominantemente ao longo das planícies do rio Branco,
associados a Gleissolo Háplico e Neossolo Quartzarênico Hidromórfico, sob
vegetação de formação pioneira e floresta aluvial, em relevo plano. A extensão
deste tipo de solo neste trabalho foi ampliado em 15% em relação aos trabalhos
anteriores
129

Figura 57 – Mapa Pedológico.


130

5.3 Integração dos dados gerados

5.3.1 Mapa de Vulnerabilidade Natural à Perda de Solo

A partir dos valores atribuídos a cada tema (geologia, geomorfologia, pedologia,


cobertura vegetal e uso da terra e climatologia) foi possível determinar um valor de
vulnerabilidade para cada unidade de paisagem, através das operações de álgebra de mapas,
conforme discutido em 4.2.7.1. Estes valores possibilitaram caracterizar as diferentes
unidades de paisagem da área em um mapa de vulnerabilidade à perda de solo do município
de cantá, conforme figura 58. As regiões mais vulneráveis à perda de solo no município estão
localizadas em áreas com maior grau de dissecação, com solos mais jovens e de intenso uso.
Por outro lado, as áreas menos vulneráveis, que ocupam a grande maioria do município,
encontram-se sobre os platôs e áreas aplainadas, com solos maduros e profundos (latossolos e
latossolos+associações). As maiores dificuldades para o estabelecimento correto do valor da
vulnerabilidade natural à perda de solo foram com certeza os dados climáticos extremamente
dispersos e sem continuidade nas medições, o que acaba gerando interpolações, o que nem
sempre é coerente com a realidade.
No mapa de vulnerabilidade natural à perda do solo da área de estudo, a unidade
predominante foi a de valor 1,9, ou seja, medianamente estável/vulnerável. Neste aspecto fica
bastante claro que o uso desta unidade deve ser devidamente planejado e de forma racional,
como se trata de um valor limítrofe, qualquer alteração num dos meios naturais (geologia,
geomorfologia, pedologia, cobertura e uso e clima) pode levar essa unidade para a categoria
instável, e assim inviabilizando o seu uso.
A principal ameaça para esta unidade é a conversão da cobertura vegetal nativa por
pastagens e agricultura sem os devidos manejos. Como citado anteriormente, qualquer
alteração nos meios naturais pode inviabilizar o seu uso, e atualmente nos parece que o meio
mais vulnerável é cobertura vegetal nativa.
131

Figura 58 – Mapa de Vulnerabilidade à Perda de Solo – Segundo Crepani et al. (2001).


132

5.3.2 Mapa de Subsídio à Gestão Territorial

O Mapa de Subsídio à Gestão Territorial, conforme figura 59 e 60, é resultado da


combinação do mapa de vulnerabilidade natural à perda de solo e os atuais usos. O resultado
desta combinação mostra que o município da Cantá pode ainda ampliar suas atividades
produtivas, desde que de maneira sustentável.
Outro aspecto relevante é que se faz necessário também nas comunidades indígenas, o
uso sustentável dos recursos naturais. Nas Terras Indígenas já existe agricultura e pecuária
extensiva, sem regime de manejo adequado, e que se esse problema não for resolvido será
necessário mais recursos naturais para essas comunidades.
O Mapa de Subsídio à Gestão Territorial mostra que alguns Projetos de Assentamentos
do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) estão instalados sob
unidade consideradas frágeis, e com o uso alternativo do solo pode causar grandes processos
erosivos, e por fim inviabilizar o seu uso.
133

Figura 59 – Mapa de Subsídio à Gestão Territorial – Projetos de Assentamento e Terras Indígenas.


134

Figura 60 – Mapa de Subsídio à Gestão Territorial – Projetos de Assentamento, Terras Indígenas e Vulnerabilidade.
135

5.4 – Banco de dados georreferenciados

O produto final deste trabalho está reunido num banco de dados georreferenciados,
anexado a este documento através de um CD-ROM, contendo mosaicos de imagens de
satélites de diferentes épocas, dados básicos de altimetria, rede de estradas, mapas temáticos
reinterpretados (Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Clinatologia, Hidrografia), mapas e
dados gerados (mapa de Intensidade Pluviométrica, mapa de Cobertura Vegetal e Uso da
Terra e mapa de localização de pontos visitados) e os resultados alcançados (Mapa de
Subsídio à Gestão Territorial).
Este banco de dados tem por objetivo:
 Permitir a análise dos mapas e dos demais dados gerados de modo que
determinadas áreas de interesse possam ser observadas com maior detalhe
(escalas maiores);
 Colocar os dados a disposição da sociedade para que sejam utilizados em
benefício do desenvolvimento do Município de Cantá e da região amazônica;
 Tornar possível a atualização dos dados à medida que novos conhecimentos e
tecnologias sejam adquiridos;
 Colocar os dados a disposição da comunidade científica para que a
metodologia de trabalho, se considerada útil, seja estendida a outras regiões do
país.
136

6. CONCLUSÕES

Com base nos resultados alcançados pode-se concluir que as tecnologias de


Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento mostraram-se muito eficientes no planejamento
do uso da terra e no ordenamento territorial. Neste sentido a metodologia adotada possibilitou
a compreensão dos processos formadores da paisagem, bem como das formas de ocupação do
território que ocorrem no município de Cantá.
Os métodos de processamento de imagens foram indispensáveis na distinção das
feições importantes para a interpretação das imagens de satélite utilizadas como “âncora”. As
técnicas de contraste aplicadas foram eficientes na reinterpretação dos mapas temáticos. A
utilização das imagens-fração, criadas pelo modelo linear de mistura espectral, mostrou-se
eficiente na separação de classes de cobertura vegetal e uso da terra. Pois proporcionou ao
classificador maior eficiência na distinção das classes e feições, poupando tempo na etapa de
edição matricial.
O software ArcView 9.3 permitiu o pleno desenvolvimento de todas as etapas deste
trabalho, a exceção da etapa de classificação que foi utilizado o Envi. Paralelamente a isto,
utilizamos o software Spring a fim de se obter uma ferramenta totalmente gratuita, mas
infelizmente isso não possível, pela falta de robustez do referido sistema.
O classificador ISODATA, implementado no Envi, foi o que apresentou maior
eficiência na discriminação de classes, conseguindo distinguir áreas como sucessão
secundária, estradas e áreas de corte seletivo, e um classificador similar deve ser
implementado na próxima versão do SPRING. Apesar disto a interpretação visual ainda é
imprescindível para resolver as dúvidas decorrentes das confusões entre classes em função da
semelhança existente na resposta espectral dos alvos. E como foi verificado neste trabalho às
inspeções de campos são fundamentais para a qualidade do produto, senão fosse isso o mapa
de cobertura vegetal e uso atual estaria com uma qualidade bem inferior à necessária para
validação dos dados do referido mapa.
As unidades de paisagem delimitadas apresentam peculiaridades características da
área. Praticamente todo município localiza-se sobre a Suíte Metamórfica Rio Urubu
(Leucognaisses), fator este que pode acelerar processos erosivos. Esta disposição agrava-se
pela ação do clima, que mostra alta pluviosidade concentrada em determinados períodos do
ano, mas é amenizada pelo relevo relativamente plano, com exceção das áreas junto às
quebras de relevo, onde a dissecação é mais evidente e severa e, portanto, deveria ser evitado
qualquer tipo de uso da terra, o que infelizmente não se verifica.
137

Para próximos trabalhos sugerimos a utilização do método AHP na obtenção da


vulnerabildade natural à perda de solo, pois mostra-se adequado, apresentando vantagens,
como a hierarquização dos principais fatores que ocasionam a erosão hídrica. Além disso,
propicia menor subjetividade na determinação de pesos relativos e a possibilidade de analisar
o grau de coerência adotado pelo usuário, a partir da razão de consistência obtida.
138

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