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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

HISTÓRIA DA PSICOLOGIA E SISTEMAS PSICOLÓGICOS: BEHAVIORISMO

REGISTRO DE LEITURA

Aluna: Nathália dos Santos, 728528

Profº. Eduardo Socha

SÃO CARLOS

SETEMBRO – 2018
Texto 1: HUME. Investigação sobre entendimento humano (seções 2 a 5).

Seção 2 – Da origem das ideias

O autor nessa seção constrói uma argumentação sobre a distinção de percepções.


As percepções segundo Hume, podem ser distinguidas em: as dos sentidos e as
rememoradas ou imaginadas. Os afetos, no campo das emoções, podem ser distinguidos
da mesma maneira.

Essas duas classes de percepções da mente variam em graus de força e


vivacidade. Eles intitula como pensamentos ou ideias, aquelas menos fortes e vivazes, e
como impressões as mais fortes e mais vívidas. As ideias são expostas como reflexões
sobre as impressões, “todos os materiais do pensamento são derivados da sensação
interna ou externa” (HUME, 1748, p. 35).

A mente pode criar até o limite em que a experiência e os sentidos impõe a ela,
não possuindo o poder de criar algo espontaneamente sem que essas duas instâncias
forneçam materiais para ela. A mente e a vontade alteram esse material.

Os pensamentos mais complexos são também originados de sensações. Hume


prova isso argumentando que toda ideia complexa pode ser decomposta em ideias mais
simples, estas copiadas de alguma sensação. Ele defende que cabe àqueles que
acreditam nesta teoria mostrar ao outro como seu pensamento tem em sua raiz uma
impressão original.

Em seguida, o autor apresenta um argumento que pode refutar a tese que acabou
de defender. Trata-se de um exemplo em que um sujeito que nunca viu um determinado
tom de azul consegue formá-lo espontaneamente sem antes ter tido contato com sua
sensação, uma lacuna dentro de um espectro de gradação de cor em que esse tom está
ausente e ele seria capaz de formá-la espontaneamente. Mas, para ele, o exemplo é tão
particular que não merece que se altere a tese.

Seção 5 – Solução cética dessas dúvidas

Para Hume há uma tendência para a filosofia cética, aquela que resiste as
paixões humanas e que volta a sua atenção para as experiências que se passam na vida
ordinária e se fecham para a indolência natura do homem.

Nesta seção o autor introduz a noção de efeito de hábito, princípio de que:


“a repetição de algum ato ou operação particulares produz
uma propensão a realizar novamente esse mesmo ato ou
operação sem que se esteja sendo impelido por nenhum
raciocínio ou processo de entendimento.”

(HUME, 1748, p. 74).

A mente humana é capaz de inferir coisas sobre o funcionamento dos


objetos exteriores. Essa inferência são efeitos do hábito e não do raciocínio. O
hábito, para Hume, é o que transforma a experiência em algo útil para o ser
humano, tornando-se assim seu grande guia.

Essas inferências que levam a conclusões, nunca partem sem um ponto


de início. Esse ponto inicial é sempre um fato que está presente nos sentidos ou
na memória. Como fica evidenciado no trecho:

“Toda crença relativa a fatos ou existência efetiva de


coisas deriva exclusivamente de algum objeto presente à
memória ou aos sentidos e de uma conjunção habitual
entre esse objeto e algum outro.”

(HUME, 1748, p. 79).

Essa associação de objetos que são várias vezes apresentados juntos leva,
através do hábito, à crença de que há uma relação causal entre eles. Essa
apresentação conjunta repetida leva a mente humana a formar operações, e
formar operações é um instinto natural que nos garante a sobrevivência. A
natureza nos implementou um instinto de curso e sucessão de pensamentos.

Essa crença é definida por Hume como algo diferente da ficção, visto que
ela evoca um sentimento ou sensação independente da vontade. A crença foi
assim definida por ele: “Concepção de um objeto mais vívida, vigorosa,
enérgica, firme e constante do que jamais seria possível obter apenas pela
imaginação” (HUME, 1748, p. 82).

Portanto, ela difere na maneira de sua concepção e nos sentimentos que causam.
Essa maneira provém da conjunção habitual do objeto com algo presente na memória ou
nos sentidos. Essa conjunção pode ser explicada pelos princípios de associação de ideias
apresentados na seção 1: semelhança, contiguidade e causação.
Texto 2: SKINNER. Ciência e Comportamento Humano. Capítulo 3 – Por que
os organismos se comportam?

Neste capítulo, Skinner define o que os conceitos de causa e efeito dentro da


filosofia behaviorista. Para ele, “‘causa’ é uma mudança em uma variável
independente” e ‘efeito’ é uma “mudança em uma variável dependente” (Skinner, 1979,
p. 24). Entre essas duas variáveis existe uma relação funcional, o efeito é função da
causa.

Partindo dessa premissa, o autor acredita que alguns eventos tendem a ocorrer ao
mesmo tempo em uma certa ordem. Se descobrimos as causas de um comportamento
humano, pode-se controlar seus efeitos, ou seja, pode-se conseguir a resposta que se
pretende inicialmente.

Essas variáveis apresentadas por Skinner estão fora do indivíduo, seja em seu
ambiente imediato ou em sua história ambiental e elas devem ser definidas através de
eventos observáveis, sem inferências de causas internas ao indivíduo. Para isso, não se
faz necessário uma interpretação dual de mundo físico e psicológico da experiência.
Essa distinção apenas confunde as variáveis.

O autor em seguida define fontes materiais observáveis pela ciência do


comportamento. São elas: 1) as observações causais, 2) a observação de campo
controlada, 3) observação clínica, 4) pesquisas industriais, militares e outras
instituições, 5) estudos em laboratório de comportamento, 6) os resultados dos estudos
de laboratório de comportamento de animais abaixo do nível humano.

Para analisar os dados que todas essas fontes podem recolher de forma útil à
Análise do Comportamento, Skinner aponta a análise funcional básica, que proporciona
uma formulação comum do comportamento do indivíduo e que possibilita uma
discussão em diversas áreas do conhecimento.

Discussão entre a noção de hábito e crença em Hume e a noção de causalidade


em Skinner.

Hume defendeu que a filosofia cética deveria se ocupar das experiências que
acontecem no ambiente, assim como Skinner, mais tarde, se ocupa das variáveis que
determinam o comportamento humano e que se encontram fora deles, seja em seu
ambiente imediato, seja em sua história ambiental.
Ao definir o conceito de hábito, Hume argumenta que para a mente humana um
ato tende a ocorrer ao mesmo tempo que um outro ato. De maneira muito semelhante,
Skinner, defende uma relação causal entre duas variáveis do ambiente, a independente e
a dependente, em que a primeira é função da segunda.

Essa associação entre os atos feitas pela mente humana para Hume, sempre
acontece perante um ato inicial, muito parecido com a noção de antecedente em
Skinner, quando a sucessão de eventos ambientais semelhantes levam a emissão de
respostas já apresentada em eventos parecidos anteriores.

A sucessão de atos causa uma conjunção habitual. Essa conjunção habitual, que
fica gravada na memória, é o que Hume chama de crença. A crença é um
comportamento apresentado como natural nos humanos. Esse conceito muito se
assemelha a noção de causalidade em Skinner, em que os eventos tendem a acontecer
em certa ordem e ao mesmo tempo.

Hume percebeu no século XVIII que a mente humana tendia a ordenar os


eventos que aconteciam ao mesmo tempo em diversas ocasiões. Skinner recupera esse
argumento em seus textos, ao defender que uma variável causa funcionalmente outra, e
que se um evento está presente no ambiente é provável que outro evento aconteça.

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