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DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
REGISTRO DE LEITURA
SÃO CARLOS
SETEMBRO – 2018
Texto 1: HUME. Investigação sobre entendimento humano (seções 2 a 5).
A mente pode criar até o limite em que a experiência e os sentidos impõe a ela,
não possuindo o poder de criar algo espontaneamente sem que essas duas instâncias
forneçam materiais para ela. A mente e a vontade alteram esse material.
Em seguida, o autor apresenta um argumento que pode refutar a tese que acabou
de defender. Trata-se de um exemplo em que um sujeito que nunca viu um determinado
tom de azul consegue formá-lo espontaneamente sem antes ter tido contato com sua
sensação, uma lacuna dentro de um espectro de gradação de cor em que esse tom está
ausente e ele seria capaz de formá-la espontaneamente. Mas, para ele, o exemplo é tão
particular que não merece que se altere a tese.
Para Hume há uma tendência para a filosofia cética, aquela que resiste as
paixões humanas e que volta a sua atenção para as experiências que se passam na vida
ordinária e se fecham para a indolência natura do homem.
Essa associação de objetos que são várias vezes apresentados juntos leva,
através do hábito, à crença de que há uma relação causal entre eles. Essa
apresentação conjunta repetida leva a mente humana a formar operações, e
formar operações é um instinto natural que nos garante a sobrevivência. A
natureza nos implementou um instinto de curso e sucessão de pensamentos.
Essa crença é definida por Hume como algo diferente da ficção, visto que
ela evoca um sentimento ou sensação independente da vontade. A crença foi
assim definida por ele: “Concepção de um objeto mais vívida, vigorosa,
enérgica, firme e constante do que jamais seria possível obter apenas pela
imaginação” (HUME, 1748, p. 82).
Portanto, ela difere na maneira de sua concepção e nos sentimentos que causam.
Essa maneira provém da conjunção habitual do objeto com algo presente na memória ou
nos sentidos. Essa conjunção pode ser explicada pelos princípios de associação de ideias
apresentados na seção 1: semelhança, contiguidade e causação.
Texto 2: SKINNER. Ciência e Comportamento Humano. Capítulo 3 – Por que
os organismos se comportam?
Partindo dessa premissa, o autor acredita que alguns eventos tendem a ocorrer ao
mesmo tempo em uma certa ordem. Se descobrimos as causas de um comportamento
humano, pode-se controlar seus efeitos, ou seja, pode-se conseguir a resposta que se
pretende inicialmente.
Essas variáveis apresentadas por Skinner estão fora do indivíduo, seja em seu
ambiente imediato ou em sua história ambiental e elas devem ser definidas através de
eventos observáveis, sem inferências de causas internas ao indivíduo. Para isso, não se
faz necessário uma interpretação dual de mundo físico e psicológico da experiência.
Essa distinção apenas confunde as variáveis.
Para analisar os dados que todas essas fontes podem recolher de forma útil à
Análise do Comportamento, Skinner aponta a análise funcional básica, que proporciona
uma formulação comum do comportamento do indivíduo e que possibilita uma
discussão em diversas áreas do conhecimento.
Hume defendeu que a filosofia cética deveria se ocupar das experiências que
acontecem no ambiente, assim como Skinner, mais tarde, se ocupa das variáveis que
determinam o comportamento humano e que se encontram fora deles, seja em seu
ambiente imediato, seja em sua história ambiental.
Ao definir o conceito de hábito, Hume argumenta que para a mente humana um
ato tende a ocorrer ao mesmo tempo que um outro ato. De maneira muito semelhante,
Skinner, defende uma relação causal entre duas variáveis do ambiente, a independente e
a dependente, em que a primeira é função da segunda.
Essa associação entre os atos feitas pela mente humana para Hume, sempre
acontece perante um ato inicial, muito parecido com a noção de antecedente em
Skinner, quando a sucessão de eventos ambientais semelhantes levam a emissão de
respostas já apresentada em eventos parecidos anteriores.
A sucessão de atos causa uma conjunção habitual. Essa conjunção habitual, que
fica gravada na memória, é o que Hume chama de crença. A crença é um
comportamento apresentado como natural nos humanos. Esse conceito muito se
assemelha a noção de causalidade em Skinner, em que os eventos tendem a acontecer
em certa ordem e ao mesmo tempo.