Você está na página 1de 16

Unidade 5

Nenhuma língua é usada de modo homogêneo (ou seja, de


modo igual), por todos os seus falantes, independentemente
das dimensões geográficas do país.
As línguas variam no tempo e no espaço, de época para época,
de região para região, de classe social para classe social, de
momento para momento;
Observando falantes de diversas regiões do Brasil, em nenhum
momento diremos que eles falam línguas diferentes. O gaúcho,
o carioca, o baiano e o cearense falam a mesma língua; embora
haja diferenças, ESSAS DIFERENÇAS não nos permitem
afirmar que se trate de quatro línguas diferentes. Essas
diferenciações regionais são chamadas de dialetos.
 
Nível de Linguagem
 
Há 3 tipos de níveis de linguagens: o nível culto, o nível familiar
ou coloquial e o nível popular ou informal. Vamos falar sobre
cada um deles:

NO Nível culto
 A linguagem é elaborada de acordo com as normas
gramaticais; é burocrática, artificial e conservadora, precisa e
impessoal.
1)    Exemplo: Maria está na cozinha preparando o famoso bolo de
fubá cremoso, o qual aprendera com sua avó Ana.
 
O Nível familiar ou coloquial
É um nível que foge às formalidades e aos requintes
gramaticais, usado em conversas informais e
despretensiosas, principalmente por pessoas conhecedoras da
norma gramatical, mas que utilizam um registro menos formal.
Preste atenção neste exemplo:
Exemplo: Maria tá na cozinha preparando o famoso bolo de
fubá cremoso que ela aprendeu com sua avó Ana

Linguagem popular
É uma variante informal de pouco prestígio, quando comparada
aos dois níveis anteriores, caracterizando-se pela
espontaneidade e descontração. Seu objetivo é a comunicação
clara, rápida.
Exemplo: Comprei um sanduba pra mim comer.
O certo seria “para eu comer”.
Quando você diz ‘mim” antes do verbo, presume-se que a
pessoa não sabe a gramática (por isso se diz que é uma
variante sem prestígio), pois de acordo com a regra gramatical,
o uso correto antes do verbo, neste caso, é o pronome reto
“eu”.
 
 
Variações Geográficas, Socioculturais e o Jargão

Estudar uma língua é reconhecer que ela tem capacidade de


evoluir, mudar e enriquecer-se. Evanildo Bechara (2002)
descreve três tipos essenciais de variação linguística. São
eles: Variação diastrática, Variação diatópica e Variação
diafásica.
 
A Variação diastrática
 
 Designa a variação da linguagem que ocorre entre os
diferentes níveis socioculturais de uma comunidade
linguística. Podemos citar, como exemplo, as diferenças entre
a língua culta e a língua popular.
 
A Variação diatópica
 
 É um termo que nomeia as variantes regionais, em que se fala
uma língua histórica. Como exemplo, citamos as variantes
regionais do nordestino, do sulista, do carioca, do mineiro etc.
 

Já a Variação diafásica
 Designa as variações que o usuário da língua pode fazer de
acordo com o contexto em que está inserido, ou seja, é quando
um falante varia o seu registro de língua, adaptando-o às
circunstâncias. Podemos apontar como exemplos as
diferenças entre a língua falada e a escrita, entre o falar solene
e o familiar.
 
Jargão
 Você viu que, na linguagem popular, é comum o uso de gíria
ou jargão.
 A gíria, ou jargão, é uma forma de linguagem baseada em um
vocabulário especialmente criado por um determinado grupo
ou categoria social, com o objetivo de servir de emblema para
os membros desse grupo, estabelecendo distinção entre os
demais falantes da língua.
 
Crase

A crase é a fusão de duas vogais idênticas, representada


graficamente pelo acento grave ( ` ).
De maneira geral, ocorre crase quando um verbo exige a
preposição a e existe uma palavra feminina determinada pelos
artigos a ou as.
Exemplo: “Fui à Universidade pela manhã”. 

Há crase:
a) Nas locuções femininas (adverbiais, prepositivas e
conjuntivas):
à noite, à tarde, à vontade, às claras, às escondidas, à
toa, às vezes, à procura, à esquerda, à direita, à moda de
(mesmo que a expressão “à moda de” fique
subentendida).
• O show começa às oito horas da noite. • Eles estão rindo à
toa.
• Fez um gol à Ronaldinho. (à moda de)
• Estou à procura de um emprego melhor.
• Os jovens namoram às escondidas.

b) Com o pronome demonstrativo a.


• Refere-se à que chegou neste momento.
c) Com o pronome relativo a qual.
• A juíza, à qual me referi, esclareceu-me umas dúvidas.

d) Diante de nomes de lugar que admitam o artigo feminino.


• Vou à Bahia. (Venho da Bahia)
• Vou a Ipanema. (Venho de Ipanema)
• Vou à bela praia de Ipanema. (Venho da bela praia de
Ipanema).
• Iremos à (a) França.
• Irei à (a) Inglaterra.

e) Com os pronomes demonstrativos, aquele(s), aquela(s) e


aquilo, quando houver um verbo que, por regência verbal,
venha acompanhado da preposição a.
• Aspiro àquela vaga na empresa. (Aspiro a aquela vaga na
empresa)
• Prefiro isto àquilo. (Prefiro isto a aquilo

Casos em que não ocorre a crase:

a) Antes de palavras masculinas.


• Compramos roupas a prazo.
• Graças a Deus.
• Ele gosta de andar a cavalo.
• Fogão a gás.
• Eles foram a pé.

b) Nas expressões formadas por palavras repetidas:


cara a cara, frente a frente, uma a uma, gota a gota etc.
• Fiquei cara a cara com o presidente.
• Contei uma a uma as moedas que caíram.

Colocação Pronominal

Na colocação pronominal, entende-se que o pronome oblíquo


átono (me, te, o , a , lhe, nos, vos, os, as, lhes) pode ocupar
três posições em relação ao verbo: antes, no meio e após.
Essas posições são chamadas, respectivamente, de: próclise,
mesóclise e ênclise. Vejamos cada uma delas:

Próclise
É a colocação do pronome átono antes do verbo. Ocorre
quando alguma palavra atrai o pronome.

Vejamos algumas palavras que atraem o pronome:

a) pronomes indefinidos, relativos e interrogativos.


• Isso me deixa feliz.
• A máquina fotográfica que lhe emprestei é profissional.
• Quem a chamou?

Mesóclise
É a colocação do pronome dentro (no meio) do verbo. Ocorre
com o verbo no futuro do presente ou do pretérito, quando
não há nenhuma palavra exigindo a próclise.
• Encontrá-la-ei no escritório. (futuro do presente) .
• Encontrá-la-ia no shopping. (futuro do pretérito)
• Vê-lo-ei amanhã.

Ênclise
É a colocação do pronome depois do verbo. Ocorre quando
nenhuma palavra exige a próclise.
Assim, temos:
no início do período.

• Passe-me o queijo. (Não é permitido, na língua culta,


começar frases por pronome oblíquo.)

Na fala, dificilmente usamos a ênclise. Ela prevalece em


textos formais escritos.

Acordo Ortográfico

Apesar das diversas críticas, o novo acordo ortográfico mexe


com menos de 0,5% (meio por cento) das palavras utilizadas
no português do Brasil. A acentuação gráfica, por exemplo,
alterou apenas as regras especiais e os acentos diferenciais.
Veja:
Trema
Foi abolido, mas a pronúncia das palavras que recebiam o
trema continua a mesma:
Linguiça
Cinquenta
Muller

Hiato
Hiatos não recebem mais acento circunflexo, além dos
verbos crer, dar, ler, ver (e derivados). Também foi abolido o
acento circunflexo na terceira pessoa do plural do presente do
indicativo.
EX: ABENÇOO, VOO, PERDOO

O uso do acento gráfico tem como finalidade marcar a sílaba


tônica de algumas palavras e/ou marcar o timbre aberto ou
fechado de algumas vogais.
Assim, quanto à posição da sílaba tônica, as palavras podem
ser:

 Oxítonas: quando a tonicidade está na última sílaba


(Ex.: Paraná);
• Paroxítonas: quando a tonicidade está na penúltima sílaba
(Ex.: caráter);
• Proparoxítona: quando a tonicidade está na antepenúltima
sílaba (Ex.: sábado).

Monossílabos Átonos: o, a, os, as, um, uns;


Pronomes pessoais oblíquos: me, te, se, o, a, os, as, lhe, nos,
vos;
Preposições: a, com, de, em, por, sem, sob;
Pronome relativo: que; e as;
Conjunções: e, ou, que, se.
Monossílabos Tônicos Os monossílabos tônicos serão
acentuados quando terminarem em a, e, o, seguidos ou não
de s. Exemplos: pá, pás, pé, pés, mês, rês, pó, pós, dó, cós.

Casos Especiais

a) Ditongos de pronúncia aberta éu, éi, ói – O acento


nesses ditongos permaneceu nas palavras oxítonas
ou monossilábicas: céu, anéis, dói, mausoléu, herói,
pastéis.
Nas palavras paroxítonas, o acento foi abolido:
assembleia, ideia, heroico, jiboia.
b) Acentuação das vogais i e u nos hiatos – Não se acentuam
mais as letras i e u tônicas que formam hiato com a vogal
anterior, quando precedidas de ditongo: feiura, baiuca,
boiuna.

Homonímia

A homonímia ocorre quando duas palavras possuem significados


diferentes, mas possuem a mesma grafia ou pronúncia.

As palavras homônimas podem ser:

a) Homônimas perfeitas: iguais na pronúncia e na grafia.


Ex.: Se vocês acham que este verão está muito quente,
aguardem e vocês verão o que ocorrerá daqui para a frente.

b) Homógrafas – iguais na grafia e diferentes na pronúncia.


Ex.: O almoço já está servido? Mas eu só almoço às 13 horas.

c) Homófonas – iguais na pronúncia e diferentes na grafia.


d) Ex.: O preso recolheu-se à cela. / A sela do animal está frouxa.

Paronímia

Ocorre quando duas ou mais palavras de diferentes sentidos


apresentam semelhança na escrita e na pronúncia.

Ex.: O tráfego nas grandes cidades é sempre muito intenso. O


tráfico de escravos é uma página triste em nossa história.

Concordância Nominal

Concordância nominal é, como o próprio nome diz, o ato de


concordar. Sendo assim, o artigo, o adjetivo, o pronome adjetivo e o
numeral concordam com o nome a que se referem. Mas de que
forma isso acontece? EU RESPONDO:

Em gênero: masculino e feminino;

Em número: singular e plural.

Veja abaixo alguns casos de concordância nominal:

a) O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo.


Ex.: O mercado editorial está aquecido.

b) O adjetivo deverá estar no masculino e no plural quando


estiver posposto a dois ou mais substantivos de gênero e
número diferentes.
Ex.: Os jornalistas e o fotógrafo eminentes chegaram cedo
ao local da reportagem. Neste caso, entende-se que os
jornalistas e o fotógrafo são eminentes.

Há a possibilidade, também, de o adjetivo concordar com o


substantivo mais próximo, alterando, porém, o sentido da
oração.

Ex.: Os jornalistas e o fotógrafo eminente chegaram cedo ao


local da reportagem. Neste caso, somente o fotógrafo é
eminente.

c) As expressões é bom, é necessário, é proibido não


variam. No entanto, se o sujeito vier antecedido de artigo
ou palavra equivalente, a concordância será obrigatória.

Ex. 1: É proibido entrada de estranhos.


Ex. 2: É proibida a entrada de estranhos.

Concordância Verbal

Geralmente o verbo concorda com o sujeito em pessoa e número:


Ex. 1: A ecologia está em alta. (3ª pessoa do singular)

Ex. 2: Os últimos acontecimentos geraram uma queda no turismo


naquela região. (3ª pessoa do plural)

Veja algumas regras:


O verbo haver, no sentido de existir ou referindo-se a tempo, é
impessoal, não admitindo sujeito. O mesmo ocorre com o verbo
fazer, referindo-se a tempo. Estes verbos ficam na 3ª pessoa do
singular.

As locuções, com esses verbos, ficarão no singular também.

Ex. 1: Há meses não vejo meus amigos.

Ex. 2: Havia pessoas interessantes no curso.

Ex. 3: Faz vinte minutos que ele saiu daqui.

Ex. 4: Deve haver pessoas que não fizeram a prova. (deve haver =
há = impessoal no sentido de existir)

Ex. 5: Deve fazer oito anos que não o vejo. (deve fazer = faz =
impessoal = tempo decorrido)

Regência Verbal

Regência verbal é a relação entre o verbo e seus complementos.


Dessa forma, observar a regência de um verbo é verificar se ele é
regido ou não por preposição. Veja a regência de alguns verbos:

• Chegar/Ir – deve ser introduzido pela preposição a e não pela


preposição em. Ex.: Vou ao dentista./ Cheguei a Florianópolis.

IMPORTANTE: (DICA)

Muitas pessoas dizem “Cheguei em casa”, mas, segundo a norma


culta, o correto é dizer: “Cheguei a casa”. Os verbos chegar e ir
são intransitivos e, por isso, exigem a preposição a quando indicam
lugar.
Regência verbal: casos especiais

• Aspirar a) No sentido de cheirar, sorver: usa-se SEM preposição.

Ex.: Aspirou o ar puro da fazenda.

No sentido de almejar, pretender: exige a preposição a.

Ex.: Esta era a vida a que aspirava

Exercícios
1- Complete utilizando de modo correspondente:

a) ____________ levo meu irmão menor ao colégio.


(a tarde/ à tarde)

b) Faço dieta, mas _____________ como uma pizza.


(às vezes/as vezes)

c) Fumar faz mal ___ saúde.


(à/a)

d) Ela emprestou a bolsa _______________ menina de cabelo


comprido.
(aquela/àquela)

2- Opção que preenche corretamente as lacunas: O gerente dirigiu-


se ___ sua sala e pôs-se ___ falar ___ todas as pessoas
convocadas.
a) à - à - à
b) a - à - à
c) à - a - a
d) a - a - à
e) à - a - à
3-  Assinale a frase em que à ou às está mal empregado.
a) Amores à vista.
b) Referi-me às sem-razões do amor.
c) Desobedeci às limitações sentimentais.
d) Estava meu coração à mercê das paixões.
e) Submeteram o amor à provações difíceis.

4- Corrija as alternativas incorretas sobre colocação pronominal:

A) Te chamei há horas.
B) Quanto mais o critica, menos ele trabalha.
C) Quantos disseram-te a mesma coisa?
D) Queria lhe dizer que não posso ir à reunião de amanhã.

GABARITO
1-
a) à tarde
b) às vezes
c) à
d) àquela

2- C
3- E
4-

A) Chamei-te há horas.
C) Quantos te disseram a mesma coisa?
e) Queria dizer-lhe que não posso ir à reunião de
amanhã.
MAIS EXERCÍCIOS

1- Transitividade verbal é a necessidade que os verbos têm ou


não de receber preposição para se conectar a outras
palavras. O uso inadequado da regência pode acarretar
prejuízo de sentido à frase.

Analise as frases abaixo e verifique onde a regência ocorreu em


acordo com a norma culta.

A) Assistiu um filme maravilhoso neste final de semana.


B) Lembra de estudar os temas mais importantes.
C) Assistia em Jacarepaguá desde 2008.

2- Na frase abaixo ocorreu um desvio da norma padrão.


Assinale a alternativa que identifica e explica o desvio com
exatidão.

“1 % da população querem outro governo.”

A) Houve erro de concordância verbal, porque tanto o


núcleo de sujeito quanto o determinante estão no
singular; sendo assim, o verbo deveria estar no
singular.

B) Houve erro de concordância nominal uma vez que


população deveria estar no plural.

C) Houve erro de concordância verbal porque, em caso de


porcentagem, o verbo deverá sempre concordar com o
determinante.

3- As palavras Twitter, online e Google Books aparecem em


itálico no texto. Isso se justifica por:

a) Serem palavras de difícil entendimento.


b) Representarem estrangeirismos.
c) Representam as palavras que o autor deseja destacar.
4- Na língua portuguesa há palavras com similaridade na
grafia, no som e no sentido. As palavras homófonas têm a
pronúncia parecida e a grafia distinta.
Assinale a alternativa em que não se contemplou um exemplo de
palavra homófona.
a) A cesta estava cheia de frutas. / A sexta pessoa da esquerda
para direita é minha mãe.

b) O cheque voltou, e agora? / Não coloque em xeque minha fala.

c) Conserto de materiais elétricos. / O concerto estava excelente.

d) Cozer ovos tem segredo sim! / Vou coser a bainha da calça.

e) O almoço ocorrerá às 13h. / Eu almoço cedo todo dia.

5- Regência verbal é a relação entre o verbo e seus


complementos. Dessa forma, observar a regência de um
verbo é verificar se ele é regido ou não por preposição. A
partir das regras estudadas explique a diferença no uso e
no significado do verbo Amar e Aspirar nas sentenças
abaixo:

a)Eu amo meu namorado.


b) Os funcionários aspiravam às melhorias de trabalho.
c) O que mais gosto é aspirar o seu perfume.

Letra a: Amar nesta frase é transitivo direto (não exige preposição),


e tem sentido de sentimento, paixão.
Letra b: Aspirar nesta frase, é transitivo indireto (exige a preposição
a mais complemento) e tem sentido de almejar, desejar.
Letra c: Aspirar nesta frase, é transitivo direto (não necessita de
preposição), e tem sentido de cheirar, absorver.

Você também pode gostar