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Trabalho apresentado à disciplina de
Teoria Sintática, da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais.
BELO HORIZONTE
2009
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I. INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende apresentar e discutir aatravés das abordagens da
gramática gerativa e da normativa sobre a voz passiva em frases do jornal
Super Notíciai . Este jornalque possui manchetes chamativas e abordagens de
vários assuntos, possui uma linguagem popular, superficial e menos politizada,
pois seu alvo é o público popular, direcionado as classes menos favorecidas. A
voz passiva nesse contexto é relevante para um estudo sistemático, porque
refletiria XXX
Analisaremos essas concepções tendo como foco a competência lingüística do
ser humano porque é o conhecimento que temos de nossa língua materna,
bem como o uso concreto da língua nas mais variadas situações que
corresponde à performance.
Abaixo, explico o que é Língua-I e Língua-E, Competência e Desempenho. Este texto, eu já
tinha enviado para o Milton. Espero que possa ajudá-las, pois acho as minhas formulações
sobre Chomsky estão enxutas:
Chomsky, ao elaborar uma Teoria da Linguagem, tinha como objetivo organizar mais
claramente e metodologicamente os grandes conflitos que ostentavam as concepções de
Aquisição de Linguagem, na década de 50, e, consequentemente, desenvolver uma teoria da
linguagem adequada às condições lingüísticas, que explicava esta aquisição, na medida em
que tentaria, também, explicar o “Problema de Platão1”. Em 1967, ele escreveu seu primeiro
trabalho,2 que tinha como objetivo levantar um contraponto sobre a forma da aquisição de
linguagem que perdurava naquele momento 3. Segundo ele: “as crianças nascem com uma
predisposição natural biologicamente condicionada para a aquisição da linguagem e que a
simples exposição a uma língua é suficiente para desencadear o processo de aquisição”. Isso
para a época era considerado algo revolucionário, pois nenhum lingüista tinha, até o momento,
defendido Aquisição da Linguagem como um processo cérebro/mente. Depreendia, também,
que as crianças aprendem um vocabulário de uma língua e constroem uma gramática
descritiva adequada com bases em dados limitados e ambíguos, mas elas próprias (as
crianças) não sabem e não conseguem descrever como essas coisas funcionam realmente em
suas mentes.
Juntamente com esse trabalho, foram desenvolvidos outros, porém, os que têm maior
importância histórica para a Teoria Gerativa nas décadas de 50 a 70 são: Syntactic Structures
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A questão do “Problema de Platão”seria: como as crianças aprendem um língua e fazem novas
construções lingüísticas tão rapidamente com tão poucos dados.
2
“Review of B. F. Skinner’s Verbal Behavior”. IN: Leon A. Jakobovits and Murray S. Miron (eds). Readings
in the Psychology of Language, Prentice-Hall, 1967, p. 142-143.
3
Behaviorismo: restrição da psicologia ao estudo objetivo dos estímulos e reações verificadas no físico,
com desprezo total dos fatos anímicos; condutismo. (BARSA, 2005)
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(1957), Aspects of the Theory of Syntax (1965) e Logical Structure of Linguistic Theory (1975),
que tinham o propósito de responder às seguintes questões:
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competência que lhe é universal, existem parâmetros da aquisição dentro de uma mesma
língua em relação às outras. Desta forma, várias gramáticas são elaboradas a partir de vários
parâmetros construindo-se o que pode se dizer de Gramáticas Particulares (GP). E é dentro de
determinados meios sociais que o falante tem a capacidade de adequar sua propriedade
lingüística dentro de vários contextos linguageiros em seu uso real, isso na teoria é designado
como “desempenho”. Competência se torna o fruto de toda investigação científica da Teoria
Gerativa, pois dela depreende a capacidade de entender e produzir um número finito de frases,
inconscientemente determinadas por uma GU. Essa produção e interpretação de frases é o
que permite a comunicação lingüística de um povo, sendo que o seu uso real em situações
concretas depende de elementos externos, sociais, ou seja, do desempenho lingüístico desse
mesmo falante em situações reais do uso da fala na e para a sociedade.
Para tanto, um quadro teórico metodológico explicativo proposto por Chomsky (1986)
demonstraria que as línguas são construídas dentro de uma língua externa (Língua-E),
construto social e conjunto de ações e comportamentos, e de uma língua interna, equivalendo
a uma GP, e (Língua-I), elemento que existe na mente humana, daquele que conhece a língua,
algo interno do cérebro-mente, respectivamente, uma GU.
Numa tentativa de elaborar uma teoria mais concreta sobre estes fenômenos, foi
desenvolvido um quadro teórico chamado Teoria dos Princípios e Parâmetros (Lectures on
Government and Binding, 1981), pressupondo que “os princípios” são dados uniformes em
todas as línguas naturais da mente humana e que se expressam numa GU, e “os parâmetros”
são as escolhas permitidas dentro de cada sistema lingüístico de determinada língua. O que
Chomsky (1997) considera crucial neste tipo de abordagem é um conjunto de postulados que
propõe a organização modular da língua, sendo este um conjunto de módulos independentes e
organizados de forma interativa. Cada módulo é constituído por um conjunto de princípios, e de
parâmetros, de uma determinada língua e devem ser satisfeitos por determinados níveis de
representação (estrutura-S, estrutura-P, Forma Lógica, Forma Fonológica).
Na perspectiva dos Princípios e Parâmetros, quando a pessoa nasce sua mente já
possui todos os aspectos para uma Faculdade de Linguagem, o que Chomsky (1986) chama
de “estado-inicial – E0”. Durante sua vida, o falante desenvolve sua língua para um “estado-final
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– EF”, que é marcado pelas experiências lingüísticas da vivência, porém esse estado continua a
se desenvolver no falante por toda sua vida, em todo o seu aprendizado na interação social.
2. A GRAMÁTICA GERATIVA
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Sob este ponto de vista assume-se o princípio de que nenhuma Língua é
ensinada ao ser humano, pois sua aquisição não se limita a adquirir estruturas
linguísticas externas .A mente não é um reservatório a ser preenchido com
elementos exteriores, mas um organismo a ser estimulado e incitado à
aquisição do conhecimento.
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deslocamento. Para ilustrar essas ocorrências passivas, explicaremo-las nas
frases retiradas do jornal Super Notícia.
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posição do sujeito e opcionalmente o desvia para a frase por, destematizando o
sujeito, esse processo também impede a atribuição de Caso ao objeto; assim,
o objeto deixado sem Caso desloca-se para a posição de sujeito.
(4) Adolescente de 13 anos é atingida por tiro nas costas quando chegava
ao colégio em Xangrila. (08/07/09)
3. A GRAMÁTICA NORMATIVA
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A gramática normativa é o tipo de gramática a que mais se refere
tradicionalmente na escola e, quase sempre, quando os professores falam em
ensino de gramática, estão pensando apenas nesse tipo de gramática, por
força da tradição ou por desconhecimento da existência dos outros tipos.
Bechara (1970, p.126) denomina passiva a “forma verbal que indica que a
pessoa recebe a ação verbal. A pessoa, neste caso, diz-se paciente da ação
verbal:
Em Cunha e Cintra (1985, p.372), lemos que o verbo está na voz passiva
quando o fato por ele expresso é representado “como sofrido pelo sujeito:
(7) Aposentada avançou sinal vermelho, atropelou casal e fugiu; ela foi
detida em seguida pela polícia, mas pagou R$1.000 de fiança e esta
livre.(26/05/09)
Pasquale Cipro Neto & Ulisses Infante (1998. Pág. 348) denominam passiva
como “na obtenção da forma passiva do verbo, o auxiliar assume o tempo e o
modo do verbo ativo (no caso, pretérito perfeito do indicativo), enquanto este
assume a forma do particípio (obtiveram – obtida).Não pode haver voz passiva
sem sujeito determinado e expresso. Por isso, é fácil perceber que somente os
verbos que possuem objeto direto na voz ativa formam a voz passiva: afinal, é
o objeto direto da voz ativa que dá origem ao Sujeito da voz passiva.Em outras
palavras: somente os verbos transitivos diretos e os transitivos diretos e
indiretos podem formar a voz passiva.Você já sabe que, na voz ativa, pode
haver orações de sujeito indeterminado pelo verbo na terceira pessoa do plural.
Um exemplo é: Desviaram seu destino. Nessa oração, o sujeito está
indeterminado, mas é fácil perceber que esse sujeito é o agente do processo
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verbal - quem quer que tenha desviado seu destino praticou - e não sofreu -
uma ação. Na voz passiva, teremos uma oração cujo agente da passiva estará
indeterminado: Seu destino foi desviado. (por quem?)”
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo postula Chomsky (1994, pág 26) a gramática tradicional e a
estruturalista não trataram de resolver a questão sob o aspecto da formação da
mente e sim pela capacidade de inteligência não-analisável do leitor, falante ou
usuário da linguagem. Para o autor, os interesses da gramática tradicional e da
generativa se complementam. A gramática tradicional apresenta as
construções de linguagem a partir de uma regularidade considerando as
formas e os significados. Nesta perspectiva não há uma preocupação com o
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modo como o conhecimento foi adquirido, o que permite organizar, formar e
interpretar as expressões. Enquanto que a gramática generativa “ocupa-se
primordialmente da inteligência do leitor, dos princípios e dos processos
acionados para atingir o conhecimento total de uma língua.”
Eu acho que o fruto do trabalho de vocês não seria apenas defender a competência lingüística
por si mesma, mas elaborar um estudo de como a passiva contribuiria para corroborar a
hipótese de que o falante necessita de algo básico e elementar em sua mente para
compreender textos. Pois, se o falante não tivesse um arcabouço mental-cognitivo básico e
similar a outros falantes, na interpretação de passivas, cada indivíduo iria ter sua própria
compreensão do fenômeno, e, consequentemente, nos não nós entenderíamos mutuamente.
Mas não é isso o que acontece, certo. Sabemos que existe algo comum a todos os falantes da
língua portuguesa para interpretarmos as passivas de forma verossimilhante, isso ocorre
através de:
Geralmente, os verbos selecionam seus argumentos internos e externos – Agente – para
interno, na posição de DP, e – Tema/Paciente – para externo, na posição interno do VP como
abaixo: O menino chutou a bola
IP
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DP I’
A menino
I VP
Chutou x
V DP
Tx a bola
Esta estrutura é a voz ativa padrão de qualquer construção do português. Mas quando
usamos a voz passiva analítica “A bola foi chutada (pelo menino), o agente ‘menino’
não precisa ser materializado fonologicamente como ‘agente’ ou como ‘argumento
externo’ do verbo, se for materializado deverá aparecer com a preposição, dentro do
adjunto, de quem receberá seu papel temático.
A estrutura regular da voz passiva analítica é essa.
(inflectional phrase) IP
NOTAS
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i
Jornal Super Notícia é um jornal publicado na cidade de Belo Horizonte, Brasil.É editado pela Sempre
Editora. Foi lançado no início do ano de 2002. Tem o formato tablóide é e de linha popular.A linha editorial
do Super Notícia é voltada, principalmente, para as consideradas classes C e D, sendo vendido a preço
popular.Esportes, serviços à comunidade, noticiário de polícia e cidades e o mundo das celebridades são os
assuntos mais explorados pelo tablóide.(IN: www.webartigos.com).
ii
uma língua africana falada na Tanzânia.
iii
A ser explicado no capítulo sobre aplicação das teorias.
iv
O argumento interno estabelece uma relação sintática direta com o verbo no interior de um sintagma
verbal. O argumento externo é o elemento que está imediatamente dominado por um sintagma verbal e
estabelece uma conexão sintática com o verbo desse sintagma.
v
A noção de papéis temáticos foi, primeiramente, introduzida por Gruber (1965), Filmore (1968) e
Jackendoff (1972), sob a alegação de que as funções gramaticais do sujeito, objeto e outras são
insuficientes para traduzir certas relações existentes entre algumas construções como: (a) João abriu a
porta com a chave.(2) A porta abriu. (3) A chave abriu a porta. As diferentes relações sintáticas
apresentadas anteriormente nada podem dizer a respeito dessa relação de dependência. Portanto, a
dependência está nas relações de sentido que se estabelecem entre o verbo e seus argumentos (sujeito e
complementos): o verbo, estabelecendo uma relação de sentido com seu sujeito e seus complementos,
atribui-lhes funções, um papel para cada argumento. São a essas funções que chamamos de papéis
temáticos. (IN: CANÇADO, Márcia. Manual de Semântica: noções básicas e exercícios. Belo Horizonte/MG.
Editora UFMG.2008, págs. 109-110.)
vi
O caso acusativo é usado para marcar o objeto direto de um verbo transitivo.
BIBLIOGRAFIAS
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. São Paulo. Editora Nacional. 1970.
CANÇADO, Márcia. Manual de Semântica: noções básicas e exercícios. Belo
Horizonte/MG. Editora UFMG. 2008.
CHOMSKY, Noam. Sobre a natureza e linguagem. São Paulo. Martins Fontes. 2006.
TraduçãoMarylene Pinto Michael.
KATO, Mary & NASCIMENTO, Milton. Gramática do Português Culto Falado no Brasil. Vol
III. A construção da Sentença. São Paulo.Editora Unicamp. 2009.
NETO, Pasquale Cipro & INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa.São Paulo.
Editora Scipione.1998