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CINEMA

1. Pioneiros do Cinema:

 Os irmãos Lumiere: Louis e Auguste Lumière apresentaram a 28 de Dezembro de


1895 na Salle Indienne do Grand Café em Paris um aparelho denominado
cinematógrafo. Foram apresentados dez filmes curtos, a preto e branco, sem
som, com cerca de um minuto cada e em plano sequência, marcando assim a
primeira sessão de cinema da história.
“Os filmes dos Irmãos Lumière são ao mesmo tempo um álbum de família e
um documentário social, não intencional, sobre uma família francesa rica do fim
do século passado. Lumière dá-nos o quadro de uma vida bem sucedida, e os
espectadores vêem-se na tela tais como são ou como desejariam ser” (Georges
Sadoul).
Os irmãos Lumiere não acreditavam no cinema, nem acreditavam no
potencial daquilo que tinham criado. Negaram a venda do conematógrafo no fim
da sessão em Grand Café argumentando que seria um mau investimento e não
valeria a pena. A verdade é que o cinema rapidamente se espalhou em volta do
globo surgindo cerca de 60.000 salas de cinema.
Tudo isto não só atraia o público fascinado mas também empresários que
procuravam investir nesta nova e prometedora indústria.

 Thomas Alva Edison: Empresário norte americano que pensava de uma forma
contrastante à dos irmãos Lumiere, pois procurava principalmente formas de
lucrar com as suas invenções (patenteou 2 323 invenções ao longo da sua vida).
Em 1888 desenvolveu o cinetógrafo, cinematógrafo, a primeira câmera
cinematográfica bem-sucedida, com o equipamento para mostrar os filmes que
fazia.
Thomas Edison defendia que o ato de assistir cinema deveria ser feito
solitareamente, de uma forma individual. Não era apologista da ideia das salas de
cinema, por isso, a máquina de reprodução que inventou era feita para apenas
uma pessoa conseguir visualizar os vídeos que estariam a ser reporduzidos. Tudo
isto era uma forma de conseguir vender mais maquinas, consequentemente
fazendo mais lucros.
“Se nos voltamos para uma máquina com ecrã isso estragaria tudo. Assim,
fabricaremos a máquina em quantidade e vendê-la-emos com lucros
consideráveis. Se optarmos por uma máquina de ecrã, venderemos talvez uma
dezena de exemplares para a totalidade dos Estados Unidos. E esses dez
exemplares serão o suficiente para que toda a gente veja as imagens e depois
será o fim. Não podemos matar a galinha dos ovos de ouro.”
 Alice Guy-Blanché: Trabalhava como secretária numa produtora
cinematográfica, Gaumont, e muito cedo se apercebeu do potencial do vídeo
para além dos propósitos científicos e documentais. Acreditava que era possível
incorporar elementos ficcionais em filmes.
Um dia, perguntou então a Gaumont que lhe emprestasse uma câmera para
poder gravar um filme nos seus tempos livres, e ele permitiu.
O primeiro filme de Alice, a primeira produção no mundo com uma narrativa
cinematográfica, chama-se La Fée aux choux (A Fada do Repolho) e foi feito
provavelmente em 1896, baseado em um antigo conto francês. A produção
provou a Gaumont a visão pioneira e criatividade de Alice. De 1896 a 1906, ela
foi chefe de produção do estúdio de Gaumont e provavelmente a única mulher
diretora de cinema neste período.

 George Méliès: Méliès, um inovador prolífico no uso de efeitos especiais,


popularizou técnicas como o stop-motion e foi um dos primeiros cineastas a usar
exposições múltiplas, a câmera rápida, as dissoluções de imagem e o filme
colorido. Ele também foi um pioneiro no uso de storyboards. Graças à sua
capacidade de manipular e transformar a realidade através da cinematografia,
Méliès é lembrado como um "mágico de cinema".
Ficou fascinado com a projecção dos Irmãos Lumière e, logo após a sessão
tentou, sem êxito, adquirir o aparelho.
Nos seus filmes Méliès combina artes teatrais, tecnologia e efeitos especiais
que vai desenvolvendo com grande mestria.
Considerava, ao contrário da perspectiva quer dos irmãos Lumière, quer de
Thomas Alva Edison, que o cinema deveria levar o espectador a imergir num
mundo ficcional e mágico onde este deveria ser capaz de se ausentar
temporariamente do mundo inteligível que o rodeia.
Em 1902 funda a companhia cinematográfica Star-Film e monta estúdios
altamente equipados.
Também em 1902, realiza Le voyage dans la lune, o primeiro filme de ficção
científica jamais feito, baseado em dois romances na altura muito populares: Da
terra à lua de Julio Verne e Os primeiros homens na lua de H. G. Wells.

 Charles Pathé: “Os Lumière inventaram o cinematógrafo, George Méliès


inventou o espectáculo cinematográfico, eu inventei a indústria do filme.”
Procurando investir no desenvolvimento de novos processos de produção
com cariz assumidamente industrial e procurando também aperfeiçoar processos
de colorização de filmes, surge em Paris, França no ano de 1896 a Société Pathé
Frères formada por quatro irmãos de seu nome Charles, Émile, Théophile e
Jacques Pathé.
Em 1902 a Pathé adquiriu a patente dos irmãos Lumière, aperfeiçoou a
camara, montou estúdios na periferia de Paris, implementou merchandising
agressivo e procurou muito rapidamente a expansão através da concentração
das três grandes áreas da indústria cinematográfica: a produção, a distribuição e
a exibição.
Em 1909 a Pathé construiu 200 salas de cinema na França e na Bélgica e no
ano seguinte em Moscovo, Madrid, Nova York, Roma, Austrália e Japão.
A 6 de Outubro de 1927 estreia o filme The Jazz Singer realizado por Alan
Crosland. The Jazz Singer era um filme musical com cantigas e diálogos que iam
alternando com partes totalmente sem som. O sucesso de The Jazz Singer foi
indiscutível, deslumbrou um público que, já habituado a um acompanhamento
musical proporcionado por músicos ao vivo que acompanhavam as imagens em
tempo real, ficou maravilhado, mais do que pela música, pela sincronização labial
dos diálogos e cantigas dos actores.

2. Chegada do som ao Cinema:

 A industria não estava preparada para tal revolução: Com esta evolução
tecnologica, o cinema deparou-se com dificuldades e obstáculos com que antes
nunca se tinha cruzado.

“Não faz ideia de como os equipamentos de som e câmara eram enormes e


pouco funcionais no início. Era como estar a passear com um bungalow às costas.
A câmara tinha que estar dentro de uma cabine para que o zumbido do motor
não entrasse na banda sonora (…)” (Sarris, 2006)

A exploração do cinema sonoro era substancialmente mais cara o que


complicou muito a vida das produtoras mais pequenas, que adiavam o seu fim
aumentando os preços dos bilhetes.
Surgiram novos géneros ao abrigo do novo cinema sonoro, como o music-
hall, a opereta ou mesmo os denominados filmes de gangsters onde a palavra era
de primordial importância.
O fascínio pelo som haveria de tornar o cinema cada vez mais um
espectáculo de massas que cativava um público cada vez mais ávido de novidade.

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