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Boa Vista-RR
2021.2
POLÍCIA MILITAR DE RORAIMA
DEPARTAMENTO DE ENSINO E PESQUISA – DEP
COORDENAÇÃO DE ENSINO POLICIAL – CEP
CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTO 2021.2
“Amazônia patrimônio dos Brasileiros”
Boa Vista-RR
2021.2
RESUMO
ABSTRACT
This article is the result of a study on the historical part of the immigration of Venezuelans to
Brazil and the impacts on public safety caused by Venezuelan immigration to Brazil, especially
with the entry of people of Venezuelan nationality into the state of Roraima, this state borders
Venezuela through the municipality of Pacaraima, which is the northernmost municipality in the
state. To achieve the objective, an analysis was carried out through a bibliographic, documentary,
news and journalistic research, such research was necessary to confirm possible impacts on
public security in the State of Roraima. The study of social impacts is not enough, with emphasis
on the problems caused to public safety in the state of Roraima caused by Venezuelan
immigration, contextualized with the increase in crime in the state, especially crimes caused by
people of Venezuelan nationality. It is noteworthy that the aforementioned work also seeks to
identify the participation of Venezuelans in criminal factions present in our state, and the
establishment of criminal factions coming from Venezuela. This work also sought to study the
actions taken to mitigate the problems caused by the mass immigration of Venezuelans in the
State of Roraima.
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................
4
2. A CRISE
VENEZUELANA...............................................................................................5
2.1. O chavismo na Venezuelana................................................................................................5
2.1.1 A crise do economia venezuelana.....................................................................................6
2.1.1.1 A crise do Petróleo.........................................................................................................6
2.1.1.2 Dependência da importações e controle cambial...........................................................7
2.1.1.3 Hiperinflação..................................................................................................................8
2.1.1.4 Crise política..................................................................................................................9
2.1.1.5 Poder militar e controle da imprensa............................................................................10
2.2 IMIGRAÇÃO VENEZUELANA PARA O BRASIL........................................................10
2.3. IMPACTOS SOCIAIS NO ESTADO DE RORAIMA COM A IMIGRAÇÃO
VENEZUELANA....................................................................................................................12
2.3.1 Saúde...............................................................................................................................12
2.3.2 Segurança........................................................................................................................13
2.3.3 Trabalho...........................................................................................................................15
2.3.4 Educação..........................................................................................................................17
2.3.5 Migrantes Indígenas........................................................................................................17
2.4.2 Envolvimento de Venezuelanos no cometimento de crime.............................................12
2.5.3 Incidência na participação de Venezuelanos em Facções Criminosas............................13
2.4 IMPACTOS NA SEGURANÇA PÚBLICA......................................................................19
2.4.1 Aumento da criminalidade e envolvimento de venezuelano no Cometimento de
crimes........................................................................................................................................19
2.4.2 Incidência da participação de venezuelanos em facções criminosas...............................22
2.5 MECANISMOS PARA MITIGAR A PROBLEMÁTICA DA IMIGRAÇÃO
VENEZUELANA EM RORAIMA..........................................................................................23
2.5.1 Operação Acolhida..........................................................................................................24
2.5.2 Lei de Imigração..............................................................................................................25
2.5.3 Ações do 3º Setor “Organizações não Governamentais”................................................25
CONCLUSÃO...................................................................................................................30
REFERÊNCIAS................................................................................................................31
ANEXOS............................................................................................................................33
1. INTRODUÇÃO
Existem vários meios de obtenção de provas no processo penal, e tais meios estão
previstos no Código de Processo Penal e leis especiais penais, ou seja, são todos legais, no
entanto, nenhuma prova obtida poderá infringir uma norma ou requisito legalmente previsto. É
sabido que qualquer prova ilícita não é aceita no ordenamento jurídico brasileiro, portanto,
devendo esta ser desentranhada do processo, conforme prevê a Constituição Federal de 1988 em
seu art. 5º, LVI e o art. 157 do Código de Processo Penal.
A colaboração premiada está prevista no ordenamento jurídico desde 1990 com a Lei
8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos), e desde então tem sido aplicado os benefícios deste
instituto.
No entanto, somente em 2013 foi publicada a Lei das Organizações Criminosas (Lei
12.859/13), que trata com exclusividade do referido instituto, tendo sofrido alterações
significantes com o advento da Lei Anticrime nº13.964/19, conhecida como “Pacote Anticrime”.
Nesta pesquisa foi discutido se o instituto da colaboração premiada poderá ensejar em
um meio de obtenção de prova ilícita no processo penal.
Quanto aos procedimentos aplicados a esta pesquisa, inicialmente, foi realizado um
levantamento bibliográfico acerca do tema, seguido da análise e interpretação do material
pesquisado e por fim, a elaboração do texto do artigo contendo os resultados da pesquisa.
O artigo, além da introdução e conclusão, está organizado em três tópicos, dando ênfase
as provas, a colaboração premiada e a colaboração premiada como meio de obtenção de prova no
processo penal.
2. A CRISE VENEZUELANA
Durante os catorze anos no poder, Hugo Chávez promoveu uma ampla distribuição de
renda no país. Conseguiu aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela, diminuiu
sensivelmente o número de pobres do país e reduziu a mortalidade infantil. Entretanto, o
chavismo, contribuiu abertamente para a corrosão da democracia venezuelana.
Depois do falecimento de Hugo Chávez, vítima câncer, o poder do país passou de maneira
provisória para o vice, Nícolas Maduro. Em 2013, Maduro tornou-se presidente de fato do país,
após ser eleito sobre Henrique Caprilles. Desde então, o quadro na Venezuela agravou-se
consideravelmente, e a crise econômica embrionária tomou grandes proporções.
Desde meados de 2013, a Venezuela arrasta-se em uma crise que piora a cada dia.
Atualmente, o país encontra-se em uma encruzilhada, enfrentando uma crise política em razão da
disputa entre Nicolás Maduro (e seu partido — Partido Socialista Unido da Venezuela) e a
oposição venezuelana, que denuncia os abusos de poder cometidos pelo presidente. Além disso,
existe a crise econômica, a crise humanitária e ainda o risco de uma intervenção liderada pelos
Estados Unidos.
2.1.1 A crise da economia venezuelana
Com o foco voltado para o petróleo e usando parte do dinheiro arrecadado com as
exportações do combustível para sustentar programas sociais, o chavismo não se preocupou com
o desenvolvimento agrícola e industrial do país. O governo não investiu nem na própria indústria
do petróleo - levando à queda na produção de barris.
O setor privado foi levado a substituir a produção própria pelas importações mais baratas,
subsidiadas pelo governo. Além disso, o governo adotou uma política de controle de preços,
segurando artificalmente a inflação, o que ajudou ainda mais a acabar com a indústria local.
O governo também implantou uma política cambial para segurar o valor do bolívar, a
moeda local, controlando a compra de dólares pela população, o que gerou um mercado paralelo
da venda da divisa americana.
Com o controle cambial veio um aumento significativo da corrupção, com desvio de
dólares para o mercado paralelo, onde a moeda valia até 12 vezes o preço do câmbio oficial. O
governo tentou manobras diversas para tentar conter a escalada do paralelo - como a criação de
bandas cambiais distintas que seriam aplicadas em diferentes situações. Mas não houve resultado
concreto e o câmbio ilegal continuou a corroer o já combalido sistema econômico.
O Estado também viu seus gastos públicos aumentarem para conseguir manter os
programas sociais. A dívida externa também aumentou em cinco vezes, com estimativa do FMI
de bater os US$ 159 bilhões ate o final do ano de 2018.
2.1.1.3 Hiperinflação
A hiperinflação fez com que faltassem até cédulas de dinheiro circulando, já que as pessoas
passaram a precisar de muito mais dinheiro para comprar qualquer coisa. Para tomar um café ou
comprar um papel higiênico, por exemplo, aqueles que não usam cartão de débito do banco,
passaram a ter de carregar pilhas de cédulas de bolívar - quando conseguiam sacar dinheiro.
A Venezuela vive também uma intensa crise política. O país está dividido entre os
chavistas e os opositores, que esperam o fim do poder do grupo que atualmente se reúne em torno
do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). Nos últimos anos, a independência entre os
Poderes se reduziu na prática, o que contribuiu ainda mais para a situação crítica atual.
Em 2007, em seu segundo mandato, Chávez conseguiu, por meio de um referendo com
voto popular, aprovação para alterar a Constituição e mudar a regra de reeleição para presidente.
Desde então, os presidentes venezuelanos passaram a poder concorrer a reeleições sem limites.
Depois da morte de Chávez, em 2013, Nicolás Maduro, que era seu vice-presidente e
também do PSUV, já foi eleito e reeleito presidente com a promessa de dar continuidade às
políticas do antecessor.
Em maio de 2017, após Maduro convocar a Assembleia Constituinte, dizendo que ela irá
renovar o Estado e redigir uma nova Constiuição, a Venezuela viu mais uma vez uma onda de
protestos violentos tomar o país. Mais de 120 pessoas morreram e 2 mil ficaram feridas. Os
protestos e as pessoas consideradas opositoras ao regime chavista, passaram a ser
seguidas/reprimidas com mais violência.
O mais recente capítulo da crise política da Venezuela deu-se pelo pronunciamento do
presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, realizado no começo de 2019. O político
venezuelano de 35 anos autoproclamou-se presidente interino da Venezuela enquanto o país
estiver em processo de transição de poder. Guaidó foi imediatamente rejeitado por Maduro. A
situação deste, por sua vez, está cada vez mais delicada, porque parte da comunidade
internacional reconheceu Juan Guaidó como presidente venezuelano. Isso inclui os países:
Estados Unidos, Canadá, Espanha, França e, até mesmo, o Brasil.
Outro ponto que contribuiu para a crise venezuelana foi a forte presença do Exército na
gestão do Estado. Em 25 anos, a Venezuela sofreu três tentativas de golpe de Estado pelos
militares. Chávez trouxe as Forças Armadas para seu governo, nomeando vários generais para
cargos em estatais, substituindo funcionários técnicos especializados.
Uma das empresas que teve parte de seu corpo técnico substituído por militares foi a
petroleira PDVSA, o que, segundo especialistas, explica em parte o fato dela não ter investido em
melhorias, não ter se desenvolvido. O chavismo também colocou militares para atuarem como
ministros. Um terço do gabinete de Maduro é composto por militares e ex-militares.
Outro fator que contribuiu para a crise venezuelana é o estrito controle da imprensa.
Veículos considerados de oposição foram comprados por chavistas, enquanto outros foram
fechados (caso da emissora RCTV, que teve sua concessão cassada).
Para entrar no território brasileiro, que faz fronteira com a Venezuela por meio do estado
de Roraima, os venezuelanos não precisam de visto, podendo permanecer por até sessenta dias
apenas como turistas. Em razão da crise que se instalou na Venezuela, o Brasil permitiu que os
venezuelanos buscassem refúgio, oferecendo residência temporária e possibilitando que os
imigrantes pudessem inserir-se na sociedade. Assim sendo, os venezuelanos acreditam que
conseguirão melhores condições de vida no território brasileiro.
A Constituição Federal de 1988, por exemplo, responsável pela promoção dos direitos
humanos no país, garante o princípio da dignidade humana aos refugiados e migrantes. Em seu
artigo 5º, caput, é disposto que todos são iguais perante a lei, garantindo aos brasileiros e
estrangeiros residentes no país os direitos fundamentais previstos na Constituição.
Além disso, a Lei nº 9.474, elaborada em 1997, prevê a implementação dos direitos
previstos na Convenção de 1951 no país e ampliou a definição de refugiado, passando a abranger
a grave e generalizada violação de direitos humanos, com isso, o Brasil reconhece os
venezuelanos como refugiados.
III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu
país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.
Essa lei também gera a formação do Comitê Nacional para Refugiados (CONARE),
órgão nacional responsável pelo auxílio e proteção aos refugiados no país.
Outra importante lei brasileira é a chamada Nova Lei de Migração (Lei nº 13.445/2017), que
ampliou os direitos dos migrantes no país, podemos destacar acolhida humanitária, não
criminalização da imigração, e promoção de entrada regular e de regularização documental para
imigrantes.
2.3.1 Saúde
Importante salientar que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido buscado de forma
constante por venezuelanos desde o início dos anos 2000. Porém, segundo Scherma et al. (2015),
para os estrangeiros que vivem em regiões de fronteira e que não possuem residência permanente
no país, não há garantia de acesso a serviços de saúde, em função das dificuldades estruturais dos
próprios municípios. Entre os estados do Arco Norte, Roraima concentra o menor número de
profissionais da área de saúde, sendo a maioria servidores titulares de cargos públicos, portanto,
servidores da administração direta do Executivo. Isso se traduz na menor capacidade do estado de
atender às demandas de saúde da população.
A situação é ainda mais alarmante quando considerada a cidade de Pacaraima, que conta
apenas com o Hospital Délio de Oliveira Tupinambá para atendimento da população e de
migrantes. Casos mais graves e de maior complexidade não podem ser atendidos no município,
uma vez que faltam equipamentos na unidade, como mamógrafo, tomógrafo e eletrocardiógrafo.
Também faltam médicos capacitados e não há hospitais especializados. Do lado venezuelano, na
cidade de Santa Elena de Uairén, o Hospital Rosario Vera Zurita, único da Muitos migrantes
conseguem receber atendimento médico inicial por profissionais de saúde militares ao
ingressarem por fronteira terrestre, em Pacaraima e nos abrigos. Porém, as equipes – compostas
por médicos, farmacêuticos, dentistas, enfermeiros, entre outros profissionais – trabalham em
mutirões de atendimento por aproximadamente um mês. Dessa forma, não há ainda um plano
efetivo para mudança na estrutura do atendimento prestado pelo estado, ou o aumento do número
de recursos humanos na área da saúde por tempo limitado, como resposta à crise.
2.3.2 Segurança
O fluxo migratório venezuelano em direção ao Brasil pode ser caracterizado a partir de
três fases: a primeira é composta por integrantes de classes mais altas, que saíram da Venezuela
em meados dos anos 2015 e 2016; a segunda, por indivíduos de classe média, a exemplo de
profissionais liberais e comerciantes, que representaram o fluxo mais intenso pelas fronteiras
nacionais no ano de 2017; e, recentemente, por grupos mais frágeis economicamente, portanto, de
maior vulnerabilidade social, tanto indígenas quanto não indígenas, que buscam ajuda
humanitária no país. Embora as ações adotadas pelo governo federal, pelo governo de Roraima,
pela Prefeitura de Boa Vista e por organizações nacionais e internacionais de apoio tenham sido
relevantes para o controle da situação, ainda persistem conflitos no âmbito social. Isso porque os
migrantes são tidos como indesejados, e, portanto, acabam por serem rejeitados pela sociedade de
uma forma geral, por razões como língua, religião, aparência e hábitos. Eles também são vistos
como concorrentes no mercado de trabalho e como aqueles que aumentam as demandas sociais e
de políticas públicas. Do ponto de vista daqueles que veem a migração como tendo impacto
negativo, os migrantes são considerados uma ameaça à estabilidade política, social e de
segurança brasileira. A criminalização dos migrantes acaba por legitimar atos de violência contra
eles, o que gera violência reativa por parte das vítimas, desencadeando progressivo aumento de
eventos violentos e de xenofobia de ambos os lados, em processo de escalada da violência
(Sarmento e Rodrigues, 2019). Em 17 de agosto de 2018, moradores de Pacaraima se
organizaram por redes sociais e atacaram um acampamento de venezuelanos como forma de
retaliação a agressões que teriam sido cometidas por eles contra um comerciante brasileiro da
cidade (Botafogo, 2018). Não somente por isso, mas também devido à intensificação do fluxo
migratório, cresceu o número de venezuelanos em situação de rua, o que acabou por gerar o
aumento da sensação de insegurança em moradores do município fronteiriço. Estes optaram por
pagar rondas policiais particulares, com o intuito de manter a sensação de segurança em suas
casas e estabelecimentos comerciais.
2.3.3 Trabalho
O Ministério Público do Trabalho (MPT) elaborou nota técnica na qual chama a atenção
para o fato de que não há medidas de prevenção e repressão voltadas ao trabalho infantil migrante
realizado por venezuelanos, especialmente aquele realizado em ruas e logradouros públicos pela
prática da mendicância e do comércio ambulante, como se vê em Boa Vista e Pacaraima (Nota
Técnica, 2018). Nesse sentido, a OIM (2019b, s.p.) realizou levantamento no qual “entrevistados
responderam que, em algum momento, uma criança ou adolescente sob sua responsabilidade
trabalhou ou fez algum tipo de atividade esperando obter algum tipo de pagamento”. Eles
afirmaram, ainda, que entre os entrevistados há aqueles que possuem “um menor de dezoito anos
sob sua responsabilidade sem carteira de identidade ou certidão de nascimento” (OIM, 2019b).
Em outras palavras, a organização identificou que há crianças e adolescentes acompanhados de
familiares, como avós e tias, além daqueles desacompanhados que chegaram ao país sem um
responsável de seu núcleo familiar e que estão subempregados, como forma de subsistir. A partir
do trabalho de campo, foi possível observar uma média de cinco crianças para cada casal,
composto por um homem e uma mulher, que se movimentam pela cidade, e de três crianças para
cada mulher, que se locomovem pelas ruas da capital. Essa média é variável quando observados
os abrigados. Do ponto de vista dos ganhos com o trabalho, é possível afirmar que, quando
observada a renda média familiar dos migrantes, há variação entre aqueles que estão dentro e fora
dos abrigos.
2.3.4 Educação
A rede estadual de ensino em Boa Vista e Pacaraima oferta vagas tanto para o ensino
fundamental quanto para o ensino médio a migrantes, porém a exigência do histórico escolar para
filhos de refugiados tem sido uma dificuldade frequente em escolas dos municípios. Além disso,
a língua é um empecilho para que eles consigam emprego ou possam se comunicar de forma
efetiva. Dessa forma, é possível apontar a ausência de programas oficiais de ensino de português
para jovens e adultos nas escolas municipais e estaduais. Conforme observado em campo, para
que os venezuelanos possam estudar nas escolas e universidades do estado, é necessário realizar o
processo de reconhecimento de certificados de ensino médio na Secretaria Estadual de Educação
(SEE) e realizar a equivalência de diplomas de ensino superior no Ministério da Educação, por
meio da UFRR. Entretanto, a sobrecarga de trabalho dos docentes e a falta de servidores técnico-
administrativos impedem que seja criado um programa de equivalência acessível e rápido para a
revalidação de diplomas estrangeiros. Quanto ao ensino básico, que é de competência
compartilhada pelas redes municipais e estadual, não foi observada a existência de programas que
forneçam apoio ou reforço escolar para estudantes que são filhos de pessoas solicitantes de
refúgio e residência temporária. A constante rotatividade decorrente de mudança de endereço por
parte de famílias imigrantes, uma vez que estas não se estabelecem em somente um local,
também tem sido um fator que influencia na aprendizagem dos alunos na rede de
ensino, dificultando ainda a própria prática da língua portuguesa. Sobre o ensino do português, o
que se tem é a oferta pontual de cursos para migrantes na UFRR, no Instituto Federal de Roraima
(IFRR) e na Universidade Estadual de Roraima (UERR). Há, ainda, a oferta de aulas de
português por entidades religiosas, como a Fundação Fé e Alegria, da comunidade jesuíta no
estado; a Pastoral do Migrante, que oferta aulas na capital e nos municípios do interior; e o
Recanto Apuí, espaço cultural independente que é gerido por migrantes e voluntários, só para
citar alguns. O MPT estabeleceu parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(Senac) e passou a oferecer cursos de qualificação em áreas como beleza e hotelaria para
brasileiros e migrantes, no intuito de contribuir para sua melhor formação e, consequentemente,
inserção laboral. As secretarias municipais de educação ainda não desenvolveram um programa
de educação que possa de fato aprofundar a integração cultural. O termo acolhimento ainda não
consta nos projetos pedagógicos de escolas brasileiras, sendo que é por meio das secretarias
municipais que os imigrantes têm um primeiro contato com o ambiente escolar. Ao contrário de
outras áreas, como a da saúde, que já incorporaram o termo à sua atuação. Em retrospectiva, as
iniciativas de acolhimento e proteção surgiram de forma espontânea nos estabelecimentos
educacionais, como uma resposta às demandas sociais impostas pelo processo
migratório. Exemplo disso é o Projeto Acolher/UFRR, de 2017, cujo nome oficial era Projeto de
Apoio aos Refugiados em Roraima, que iniciou suas ações de acolhimento mesmo antes da
chegada das agências da ONU. As ações do projeto se direcionaram, sobretudo, à oferta de aulas
de português, campanhas de sensibilização da opinião pública sobre migração e campanhas de
doação de alimentos e roupas. A iniciativa contou com o apoio da pró-reitora de assuntos
estudantis e extensão. Entre os anos de 2016 e 2018, outras iniciativas foram desenvolvidas, em
âmbito universitário, como a oferta de orientações jurídicas aos migrantes. Em Pacaraima, a
situação é ainda mais urgente, em virtude da ausência de políticas públicas voltadas à ampliação
da rede de ensino. As últimas obras de construção de novas instituições educacionais no
município, via Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), datam dos anos de
2008 e 2011, sendo que apenas duas foram a termo. Com a chegada da imigração venezuelana ao
município, houve sobrecarga no sistema de ensino, tanto que escolas e creches operam
atualmente com mais alunos que sua capacidade permite.
A violência vem aumentando a cada dia com o advindos de venezuelanos migrando para
o brasil em direção a cidade de Pacaraima, moradores de Pacaraima relatam sobre a violência na
cidade a 214 km de Boa Vista (RR), que faz divisa com a Venezuela. Furtos e roubos se tornaram
frequentes e a situação revela que, com o aumento da pobreza está diretamente ligado com o
aumento da violência. Segundo o censo de 2010, Pacaraima tinha 4514 habitantes, tem hoje
quase quatro vezes mais. O aumento se deve a migração venezuelana registrada nos últimos 5
anos. Com o aumento de moradores e o não investimento dos governos municipal, estadual e
federal na região, a pobreza se tornou realidade visível nas ruas de Pacaraima. Esse aumento da
população desordenado traz consigo a miséria e pobreza onde acarreta no aumento descontrolado
da criminalidade local. Essa migração se deu devido a crise econômica aprofundada pelo
bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos desde 2015 à Venezuela, assim como a crise
do mercado petroleiro, foram os fatores determinantes para essa crise migratória.
Em 2014, 47 pessoas foram mortas por arma de fogo em Roraima. Já em 2017 quase o
dobro, 93. Os últimos dados divulgados pelo Atlas da Violência em relação a estupros são de
2016. Em 2014 foram registrados 128 casos, em 2015 uma pequena queda, e um aumento em
2016, com 156 casos registrados no estado. Os números não param de crescer. Se em 2018,
houve 57.956 homicídios no Brasil, o menor nível desde 2015 e em quase todos os estados houve
queda nas taxas de homicídios por 100 mil habitantes em comparação com 2017, Roraima foi
uma exceção (alta de 51,3%), ao lado de Amapá (7%) e Tocantins (2%). Visto que o estado de
Roraima é um estado pequeno em ascensão, com o aumento da população também estão vindo as
problemáticas.
Devido a problemas políticos, econômicos e sociais enfrentados pelo país vizinho sua
população foi obrigada a procurar novas fronteiras em busca de melhorias, um dos destinos mais
procurados pelos imigrantes é o Brasil, devido a política adotada em relação a estrangeiros e as
proximidades dos países. Vale salientar, que o Brasil mais especificamente o estado de Roraima
não estava preparado para receber essas pessoas de forma tão repentina, com isso instalou- se o
caos, pessoas vivendo nas ruas, passando fome jogadas a própria sorte.
A operação acolhida sob responsabilidade das Forças Armadas Brasileiras, foi criada em
2018, em decorrência do grande fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil, a criação da
operação acolhida tem como principal objetivo recepcionar os imigrantes venezuelanos de forma
a prestar-lhes assistência humanitária, cabe ressaltar que a operação acolhida é uma integração de
vários órgãos sejam eles no âmbito da União, Estados e Municípios, prestando-lhes apoio por
meio de políticas sociais, assistência à saúde, educação e segurança.
De acordo com que prescreve Oliveira (2019), a Operação Acolhida possui três
objetivos específicos, os quais cita:
Com a edição da Lei nº 13.684 de 21 de junho de 2018, fica claro a preocupação com os
efeitos negativos do fluxo migratório, principalmente com a leitura do artigo 5º em que define a
ampliação das políticas públicas para o atendimento dos imigrantes, porém tais ampliações não
acompanharam o crescimento populacional, pelo fato do aumento da demanda por vagas na
saúde pública e na educação, sendo percebido pelas filas e demoras nos atendimentos sejam nos
hospitais, postos de saúde e matrículas em escolas sejam elas municipais ou estadual.
Em 24 de maio de 2017 foi instituída a Lei de Migração, Lei 13.445 responsável por
definir alguns direitos e deveres do migrante e do visitante, bem o define a diferenciação das
modalidades de migrantes em seu artigo 1º, § 1º conforme abaixo:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, regula a
sua entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas
para o emigrante.
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se:
I - (VETADO);
II - imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se
estabelece temporária ou definitivamente no Brasil;
III - emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no exterior;
IV - residente fronteiriço: pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a
sua residência habitual em município fronteiriço de país vizinho;
V - visitante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para estadas
de curta duração, sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no
território nacional;
VI - apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado,
segundo a sua legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de
1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002 , ou assim reconhecida
pelo Estado brasileiro.
Como bem esclarece acerca de alguns direitos dos migrantes a Lei nº 13.445/2017 em
seu artigo 4º:
Paulo Henrique Gonçalves Portela (2017) bem elucida a noção da universalidade dos
direitos humanos conforme abaixo:
A igreja também tem trabalhado para tentar diminuir a situação crítica dos venezuelanos
aqui em Roraima. São diversos projetos voltados para prover as necessidades mais básicas do ser
humano. Através o Projeto (Caminhos da Solidariedade a igreja busca uma articulação conjunta
com a Igreja na Venezuela e tem como objetivo contribuir para que a acolhida e as ações de
integração sejam fortalecidas para atendimento digno aos migrantes em Roraima e nos demais
estados do Brasil, a exemplo temos Dioceses do Paraná, da Paraíba e de Sergipe que já acolheram
migrantes venezuelanos por meio do projeto Caminhos de Solidariedade. Também foram
acolhidas famílias no Paraná, no Distrito Federal e em São Paulo, por meio do programa de
integração da Cáritas Brasileira.
Existem vários fatores que levaram o estado de Roraima ser um dos estados do Brasil o
mais afetado com a imigração venezuelana, dentre estes: políticos, sociais e econômicos, em
consequência da crise em que a Venezuela enfrenta causando a superlotação em nosso estado e os
impactos na segurança pública.
Foram inúmeras tentativas, reuniões e estratégias para solucionar as eventuais
problemáticas, trazidas pelos imigrantes, que causaram um impacto negativo referente aos altos
índices de criminalidade, fato este que vem sendo estudado e planejado. Houve a necessidade da
integração de vários órgãos, afim de diminuir este índice, trazendo mais segurança ao nosso
estado de Roraima.
Esta integração pode ser conceituada como umas das mais eficazes, vemos isto através
dos dados estatísticos que declina e estabiliza.
No caso, as operações que são realizadas na cidade de Pacaraima, que é porta de entrada
dos imigrantes venezuelanos, estão sendo monitoradas e controladas afim de dirimir os impactos
advindos dessa migração, através da operação acolhida.
Concluímos assim que este impacto de imigração venezuelana relacionado a segurança
pública do nosso estado vem sendo estudado, corroborando com a obtenção de bons resultados,
haja vista, os benefícios alcançados no combate à criminalidade e o tráfico de ilícitos.
REFERÊNCIAS
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado: incluindo noções
de direitos humanos e direito comunitário. 9. ed. Salvador: JusPODIVM, 2017.
SILVA, Daniel Neves. "Nicolás Maduro"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/nicolas-maduro.htm. Acesso em 27 de novembro de
2021.
SOUSA, Rafaela. "Imigração venezuelana para o Brasil"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/imigracao-venezuelana-para-brasil.htm. Acesso em 27 de
novembro de 2021.
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/10418/1/Imigracao_Venezuela_Roraima.pdf
acessado em 27 de novembro de 2021 as 14:45.
BALANÇA COMERCIAL tem queda com fechamento da fronteira. Folha de Boa Vista, Boa
Vista, Cidades. abr. 2019. Disponível em: Acesso em: 27 out. 2019.
Sem autor: O que levou a Venezuela ao colapso econômico e à maior crise de sua história.
g1.globo.com, 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/10/22/o-que-
levou-a-venezuela-ao-colapso-economico-e-a-maior-crise-de-sua-historia.ghtml. Acesso em 27
de novembro de 2021.
ANEXO