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38732020 693
Abstract This study sets out to identify the preva- Resumo O objetivo deste estudo é identificar a
lence of anxiety among health professionals during prevalência de ansiedade em profissionais de saú-
the COVID-19 pandemic. It involves a systematic de durante a pandemia da COVID-19. Trata-se
review and meta-analysis of studies published in de revisão sistemática de estudos publicados em
any language in 2020. A search was conducted qualquer idioma em 2020. Foi realizada busca nas
in the Embase, LILACS and PubMed databases bases de dados Embase, LILACS e PubMed utili-
using the keywords anxiety, COVID-19, health zando os descritores anxiety, COVID-19, health
workers, and synonyms. The estimated overall workers, e sinônimos. A estimativa da prevalência
prevalence of anxiety with a 95% confidence in- geral de ansiedade com intervalo de confiança de
terval was calculated using the random effects 95% foi calculada utilizando o modelo de efeitos
model. Of the 861 records identified, 36 articles aleatórios. Dos 861 registros identificados, 36 arti-
were included in the systematic review and 35 in gos foram incluídos na revisão sistemática e 35 na
the meta-analysis. The overall prevalence of anx- metanálise. A prevalência geral de ansiedade foi
iety was 35% (95%CI: 29-40). A higher risk of de 35% (IC95%: 29-40). Foi identificado maior
anxiety was identified among women compared risco de ansiedade nas mulheres em relação aos
1
Programa de Pós-Gradu- to men (Odds Ratio: 1.64 [95%CI: 1.47-1.84]), homens (Odds Ratio: 1.64 [IC95%: 1,47-1,84]),
ação em Saúde Coletiva, and in nurses, in comparison with physicians e nos enfermeiros, na comparação com médicos
Universidade Federal do Rio (Odds Ratio: 1.19 [95%CI: 1.07-1.33]). Being on (Odds Ratio: 1.19 [IC95%: 1,07-1,33]). Atuar
Grande do Norte (UFRN).
Av. Sen. Salgado Filho 1787, the front line of COVID-19, being infected with na linha de frente no combate a COVID-19, estar
Lagoa Nova. 59056-000 Na- coronavirus and having chronic diseases were also infectado com coronavírus e apresentar doenças
tal RN Brasil. davfranci@ factors associated with a higher risk of anxiety. crônicas também foram fatores associados com
hotmail.com
2
Programa de Pós- A high prevalence of anxiety among health pro- maior risco de ansiedade. Observa-se alta preva-
Graduação em fessionals was observed, with higher risk among lência de ansiedade entre profissionais de saúde,
Biotecnologia, Curso de women and nurses. There is a pressing need for com maior risco entre mulheres e enfermeiros. Há
Medicina, Universidade
Potiguar (UnP). Natal RN measures aimed at prevention of anxiety and pro- necessidade de medidas que visem sua prevenção,
Brasil. viding early and appropriate treatment for those bem como o fornecimento de tratamento precoce
3
Departamento de Biofísica suffering from moderate and severe anxiety. e adequado aos com ansiedade moderada e grave.
e Farmacologia, Centro de
Biociências, UFRN. Natal Key words Anxiety, Pandemic, COVID-19, Palavras-chave Ansiedade, Pandemia, CO-
RN Brasil. Health professionals, Systematic review VID-19, Profissionais de saúde, Revisão sistemá-
4
Programa de Pós- tica
Graduação em Nutrição,
UFRN. Natal RN Brasil.
694
Silva DFO et al.
de elegibilidade e, para os artigos em que houve tra; 2) tamanho da amostra; 3) taxa de resposta
conflito, a seleção foi revisada por FA. (não respondentes); 4) Avaliação do desfecho; e,
5) Análises estatísticas. Para cada item pode ser
Extração dos dados atribuída uma estrela, sendo que para desfecho
pode se pontuar com até duas estrelas. Deste
Os dados coletados dos estudos foram: auto- modo, a pontuação total pode ser de 0 a 6 pon-
ria, delineamento do estudo, número, sexo e fai- tos. Os estudos que receberam quatro estrelas ou
xa etária dos participantes, formação acadêmica, mais foram classificados com boa qualidade me-
área de atuação profissional, instrumentos e cri- todológica.
térios utilizados para a avaliação e diagnóstico da
ansiedade e principais resultados obtidos. Análise dos dados
Registros duplicados
removidos (n=192)
continua
Tabela 1. Características dos estudos incluídos na revisão (n = 36).
Escore
Estudo País N (SF%) Idade (anos) Critério diagnóstico Prevalência de ansiedade
NOS
Liu et al.46 (2020). 5 China 512 (84,57) 18 a 39. SAS (≥50). T: 64 (12,5%)/ L: 53 (10,35%)/ M: 7
(1,36%)/ G: 4 (0,78%).
Lu et al.47 (2020). 5 China 2,299 (77,6) <30 a >50. HAMA (L e M: 7-13; G: ≥14). T: 569 (24,8%)/ G: 63 (2,7%)
Moghadasi et al.48 3 Irã 14 (50) 40.58±4.44. BAI (NI). T: 2 (14,3%)
(2020).
Naser et al.49 (2020). 4 Jordânia 1163 (56,1) 18 a >50. GAD-7 (≥5). T: 823 (70,8%)/ L: 442 (38,0%)/ M:
250 (21,5%)/ G: 131 (11,3%).
Que et al.50 (2020). 5 China 2285 (69,1) 31.06±6.9. GAD-7 (L:5-9; M:10-14; G≥15). T: 46,0%/ L: 787 (34,44%)/ M-G: 265
(11,60%).
Rossi et al.51 (2020). 4 Itália 1379 (77,2) 39.0±16.0. GAD-7 (G≥15). T: 273 (19,8%).
Shechter et al.52 (2020). 3 Estados 657 (70,9) 18-24: 1,5%; 25-34:46,8%; 35-44:20,9%; GAD-2 (≥3). T: 33,0%.
Unidos 45-54:12,0%; 55-64: 8,9%; 65-74: 0,4%;
≥75: 0,3%); NI: 5 (0,7%).
Tan et al.53 (2020). 4 Singapura 470 (68,3) 31 (28-36). DASS-21 (>7). T: 68 (14,5%).
Temsah et al.54 (2020). 5 Arábia 582 (75,1) ≤30: 30,6%; 31-39: 38,3%; 40-49: 22,9%; GAD-7 (L<5; M (ponto de T: 185 (31,8%)/ M: (>5 com
Saudita ≥50: 8,2%. corte):5-9; M alta: 10-14; muito alta: ansiedade): 121 (20,8%)/ M alta: 47
10-14. (8,1%)/ muito alta: 17 (2,9%).
Vanni et al.55 (2020). 4 Itália 46 (65,2) 47 (40-54). DASS-21 (N:0-7; L:8-9; M:10-14; T: 18 (39,1%)/ L-M: 12 (26,1%)/
G:15-19). G-EG: 6 (13,0%).
Wang et al.56 (2020). 5 China 123 (90) 33.75±8.41. SAS (≥50). T: 9 (7%).
Xiao et al.57 (2020). 5 China 958 (68,2) NI. HAD (≥8). T: 518 (54,1%).
Yang et al.58 (2020). 5 Coreia do Sul 65 (47,7) 20-29: 21; 30-39: 20: 40-49: 16; >50: 8. GAD-7 (≥5). T: 21 (32,3%).
Zandifar et al.59 (2020). 2 Irã N: 894 (SF: >30: 293; 30-40: 364; >40: 205. DASS-21 (NI). T: 51,2%.
619; SM: 254)
Zhang et al.60 (2020). 4 China 1.563 (82,7) 18 a 60. GAD-7 (≥5). T: 699 (44,7%)/ L: 497 (31,8%)/ M:
119 (7,6%)/ G: 83 (5,3%).
Zhang et al.61 (2020). 2 Irã 304 (58,6) 35.1±9.1. PHQ-4/GAD-2 (NI). T: 28,0%.
Zhang et al.62 (2020). 4 China 2.182 (64,2) <18 a >60. GAD-2 (≥3) T: 228 (10,4%)
Zhao e Huang63 (2020). 4 China 2.250 (NI) NI GAD-7 (≥9). T: 802 (35,6%).
Zhu et al.64 (2020). 4 China 5.062 (85,0) 19 a 49 GAD-7 (≥8). T: 1218 (24,1%).
Zhu et al.65 (2020). 5 China 165 (83,0) 34.16±8.06. SAS (≥50). T: 33 (20,0%).
Legenda: BAI - Beck Anxiety Inventory; DASS-21 - Depression, anxiety and stress scale; EG - Extremamente grave; G - Grave; GAD-2 - Generalized Anxiety Disorder 2-item; GAD-7 - 7-item Generalized Anxiety Disorder;
HAMA - Hamilton Anxiety Scale; HAD - Hospital anxiety/depression scale; L - Leve; M - Moderada; Min - Mínima; N - Normal; PHQ-4 - The Patient Health Questionnaire-4; SF - Sexo feminino; SM - Sexo masculino; NI -
Não informado; T - Total; SAS - Zung Self-rating Anxiety Scale.
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Legenda: Studies - Estudos; Estimate - Estimativa; 95% C.I. - 95%IC (intervalo de confiança); Overall - Total.
to, pela inspeção visual, se observa considerável na prevalência de ansiedade na comparação entre
alteração nos intervalos de confiança com a re- os estudos com boa e baixa qualidade metodoló-
moção dos estudos de Badahdah et al.31, Naser et gica (P=0,69). A Tabela 2 apresenta a prevalência
al.49, Wang et al.56 e Zhang et al.62, sugerindo que de ansiedade por análise de subgrupo.
estes estudos podem ser os que mais contribuí- Na análise por sexo, realizada em 12 estudos,
ram para a elevada heterogeneidade observada foi registrado maior risco de ansiedade nas mu-
(Figura 4). Foi identificada diferença significativa lheres que nos homens (Odds ratio [OR]: 1,64
na prevalência com base nos instrumentos utili- [IC95%: 1,47-1,84], P<0.01) (Figura 3A). Com
zados para o diagnóstico da ansiedade (P<0,01). relação a profissão, foi verificado maior risco
Na comparação da prevalência entre os continen- de ansiedade entre enfermeiros em relação aos
tes Ásia, Europa e América, não foi identificada médicos (OR: 1,19 [IC95%: 1,07-1,33] P<0.01)
diferença (P=0,42). Não foi registrada diferença (Figura 3B). Na análise de subgrupo para preva-
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Silva DFO et al.
Figura 3. Prevalência da ansiedade por sexo e formação dos profissionais da saúde durante a pandemia da Covid-19.
Legenda: Study or Subgroup - Estudo ou Subgrupo; Events - Eventos; Weight - Peso; M-H, Fixed - Modelo de efeito fixo; 95% CI - 95% IC
(intervalo de confiança); Total events - Total de eventos; Heterogeinity - Heterogeneidade; Test for overall effect - Teste para efeito total.
lência de ansiedade nos diferentes níveis profis- não eram casos suspeitos (escore SAS, casos sus-
sionais (iniciante, intermediário e sênior) não foi peitos: média de 42,52, com desvio padrão [DP]
identificada diferença (P=0,60) (Tabela 2). de 9,69 versus não casos suspeitos: média 39,05,
Sete estudos40,44,46,47,50,57,62 verificaram que os com DP de 8,62). Zhu et al.64 identificaram maior
profissionais que atuavam na linha de frente no prevalência de casos de COVID-19 entre os pro-
combate a COVID-19 ou com maior risco de ter fissionais com ansiedade (4,6%) que entre profis-
contato com pacientes diagnosticados com CO- sionais que não apresentavam ansiedade (2,7%).
VID-19 apresentaram maior prevalência de an- Zhang et al.61 não identificaram associação entre
siedade na comparação com os que não atuavam o diagnóstico de COVID-19 com ansiedade (Co-
na linha de frente ou com menor risco de contato. eficiente de regressão β [IC95%]: 0,157; -0,956-
No entanto, outros seis estudos não verificaram 1,271), mas, verificaram associação entre incerte-
diferença entre os grupos31,33,51,55,59,64. za sobre estar infectado e ansiedade (β [IC95%]:
Liu et al.46 verificaram que os profissionais de 0,688; 0,303-1,073).
saúde com suspeita de COVID-19 apresentavam A associação entre ansiedade e doenças crôni-
maior risco de ansiedade que os profissionais que cas preexistentes foi avaliada em três estudos32,62,64.
703
Legenda: Studies - Estudos; Estimate - Estimativa; 95% C.I. - 95%IC (intervalo de confiança); Overall - Total.
Zhu et al.64 verificaram que 23,1% dos profissio- a prevalência foi de 36,1%. Como neste estudo de
nais com diagnóstico de ansiedade apresentavam Chatterjee et al.32 somente nove (5,9%) profissio-
doenças crônicas, enquanto entre os profissionais nais não apresentaram comorbidades, se observa
sem ansiedade 14,8% referiram ter alguma doen- necessidade de maior cautela em sua análise.
ça crônica. No estudo de Zhang et al.62 também
relataram maior risco de ansiedade nos profis-
sionais com doenças preexistentes (OR: 2,85; Discussão
IC95%: 1,73–4,68). No entanto, Chatterjee et al.32
identificaram prevalência de 55,6% nos profissio- Nesta revisão sistemática, os resultados indicam
nais que não tinham nenhuma comorbidade, en- elevada prevalência de ansiedade nos profissio-
quanto que nos que tinham diabetes mellitus, hi- nais da saúde durante a pandemia da COVID-19,
pertensão e doença pulmonar obstrutiva crônica evidenciando a necessidade de medidas que vi-
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Silva DFO et al.
Tabela 2. Prevalência de ansiedade em profissionais de saúde durante a pandemia da COVID-19 de acordo com
instrumento utilizado, continentes de atuação e categoria profissional.
Prevalência geral
Análises de subgrupos Número de estudos Teste estatístico (Valor de p)
(IC95%)
Critério diagnóstico Chi² = 283,47, df = 6 (P <0,0001)
GAD-7 16 41 (44-49)
GAD-2 3 24 (7-40)
SAS 6 21 (11-31)
DASS-21 6 35 (19-51)
HAMA 1 25 (23-27)
BAI 1 21 (14-28)
HAD 2 54 (51-57)
Continente Chi² = 1,75, df = 2 (P = 0,42)
Ásia 26 34 (28-40)
Europa 4 34 (15-53)
América 3 43 (31-55)
Categoria profissional Chi² = 1,01, df = 2 (P = 0,60)
Iniciante 4 30 (17-43)
Intermediário 4 39 (24-54)
Sênior 4 30 (21-39)
Qualidade metodológica Chi² = 0,16, df = 1 (P = 0,69)
Boa qualidade 26 34 (28-40)
Baixa qualidade 9 37 (26-47)
Legenda: BAI - Beck Anxiety Inventory; DASS-21 - Depression, anxiety and stress scale; GAD-2 - Generalized Anxiety Disorder 2-item;
GAD-7 - 7-item Generalized Anxiety Disorder; HAMA - Hamilton Anxiety Scale; HAD - Hospital anxiety/depression scale; PHQ-4 -
The Patient Health Questionnaire-4; SAS - Zung Self-rating Anxiety Scale.
sem prevenir este transtorno e que resultem em Vários fatores foram relacionados com o
melhorias na qualidade de vida e na saúde psi- maior risco para ansiedade, os quais devem ser
cológica destes trabalhadores. Além disso, não foi considerados no processo de tomada de decisão
verificada diferença na prevalência entre os con- quanto às estratégias e grupos prioritários para
tinentes, evidenciando que a doença causada pelo as ações de prevenção e tratamento da ansiedade
novo coronavírus tornou a ansiedade prevalente nos profissionais de saúde. As mulheres apresen-
entre profissionais de saúde nas mais diversas re- taram maior risco de ansiedade que os homens.
giões do mundo. Esta diferença na prevalência de ansiedade entre
Os estudos incluídos na revisão utilizaram os sexos tem sido referida por vários autores e
diferentes instrumentos para o diagnóstico da registrada em estudos com a população em ge-
ansiedade. Houve diferença significativa na pre- ral76,77. Dados do Global Burden of Disease Study78
valência de ansiedade conforme o instrumento de 2015 registraram prevalência global de an-
utilizado. Estas diferenças podem ser explicadas siedade nas mulheres de 4,6% e nos homens de
considerando que os diversos instrumentos uti- 2,6%. Neste estudo78, maior prevalência de ansie-
lizados nos estudos foram desenvolvidos para dade no sexo feminino em relação ao sexo mas-
público e contexto específicos, bem como apre- culino foi identificada em todas as faixas etárias
sentam diferentes sensibilidade e especificidade74. analisadas, bem como em todos os continentes.
A prevalência de ansiedade identificada nes- Além do possível papel dos hormônios sexu-
ta metanálise para os profissionais de saúde du- ais estradiol e progesterona no desenvolvimento
rante a pandemia da COVID-19 é semelhante a da ansiedade79, uma das teorias da área psicosso-
identificada na população em geral neste mesmo cial sobre o maior risco de ansiedade relacionada
período. Em metanálise que incluiu 17 estudos, ao gênero, a self-construal theory, refere que mu-
Salari et al.75 identificaram prevalência de ansie- lheres e homens se interpretam de maneira dife-
dade na população geral durante a pandemia da rente80. Neste sentido, enquanto os homens ana-
COVID-19 de 31,9% (IC95%: 27,5-36,7). lisam a si próprios de maneira independente aos
705
registrada elevada heterogeneidade entre os es- dados comparando prevalência de ansiedade en-
tudos incluídos na revisão, pois nos estudos os tre médicos e enfermeiros, este estudo aponta um
autores utilizaram diferentes escalas e pontos fator potencial de afastamento do trabalho por
de corte para a avaliação e o diagnóstico da an- motivo de saúde destes profissionais, com impli-
siedade. Ademais, muitos tinham informações cações importantes para a prática clínica, como
incompletas sobre o diagnóstico da COVID-19 por exemplo redução de médicos e profissionais
por subgrupos, comprometendo as análises e de enfermagem durante a pandemia, com risco
rebaixando o nível da evidência encontrada. de assistência inadequada nos serviços de saúde
Ademais, os estudos foram conduzidos com di- públicos e privados.
ferentes amostras populacionais e em diferentes
regiões do planeta em que condições de trabalho,
acesso a equipamentos de proteção individual e Conclusão
capacidade técnica dos profissionais podem va-
riar, resultando em maior ou menor prevalência A prevalência de ansiedade nos profissionais de
de ansiedade. saúde durante à pandemia da COVID-19 é ele-
vada, independentemente do continente de atu-
Contribuições do estudo e implicações ação profissional e da qualidade metodológica
para a prática clínica dos estudos. A ansiedade foi mais prevalente nos
profissionais do sexo feminino, enfermeiros, que
Esta revisão sistemática evidencia que a pre- atuam na linha de frente, infectados pelo SAR-
valência de ansiedade em profissionais de saúde S-CoV-2 e que apresentavam doenças crônicas.
durante a pandemia da COVID-19 é alta e maior Há escassez de estudos nos países com maior
entre as mulheres, profissionais de enfermagem número de casos como Brasil e Estados Unidos
e nos que atuam na linha de frente. Deste modo, e entre profissionais com importante atuação na
estes resultados podem contribuir para o pro- pandemia como fisioterapeutas. Medidas que vi-
cesso de tomada de decisão quanto aos grupos sem a prevenção e o tratamento da ansiedade nos
prioritários para as ações de prevenção e trata- profissionais de saúde que atuam no combate a
mento da ansiedade. Entretanto, limitações desta COVID-19, bem como o fornecimento de segui-
revisão como predomínio de estudos envolvendo mento e suporte adequados para os com ansie-
médicos e profissionais da enfermagem, impe- dade moderada e grave, são necessárias para me-
dem que os resultados sejam extrapolados para lhorar a qualidade de vida e para garantir a força
outras profissões da saúde que também atuam na de trabalho fundamental para o enfrentamento
linha de frente no combate a COVID-19, como da pandemia, bem como a saúde mental destes
os fisioterapeutas. Por outro lado, ao apresentar profissionais no período pós-pandemia.
707
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