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Universidade do Estado de Mato Grosso/ UNEMAT- Campus Tangará da Serra

Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários – PPGEL


História e Teoria da Narrativa: Profª Drª Walnice Vilalva
Acadêmica: Polyana Sampaio da Silva Scrimim
06/12/2017

Fichamento

Cem anos de solidão –Gabriel García Márquez

“Mas de noite, na cama ardente, compreendeu que tinha de ir procura-la, ainda que não fosse capaz.
Vestiu-se às tontas, ouvindo na escuridão a repousada respiração do irmão, a tosse seca do pai no quarto
vizinho, a asma das galinhas no quintal, o zumbido dos mosquitos, o bumbo do seu coração e o
desmesurado bulício do mundo em não tinha reparado até então, e saiu para a rua adormecida. Desejava
de todo coração que a porta estivesse trancada, e não simplesmente encostada, como ela lhe havia
prometido. Mas estava aberta.” P 18

“O letreiro que pendurou no cachaço da vaca era uma amostra exemplar da forma pela qual os
habitantes de Macondo estavam dispostos a lutar contra o esquecimento: Esta é a vaca, tem-se ordenhá-
la todas as manhãs para que produza o leite e preciso ferver para misturá-lo com o café e fazer café com
leite. Assim, continuaram vivendo numa realidade escorregadia momentaneamente capturada pelas
palavras, mas que de fugir sem remédio quando esquecessem os valores da letra escrita.” P 30

“Na noite de núpcias, Rebeca teve o pé mordido por um escorpião que se metera nas suas pantufas.
Ficou com a língua dormente, mas isso não impediu que passassem uma lua-de-mel escandalosa. Os
vizinhos se assustavam com os gritos que acordavam o bairro inteiro até oito vezes por noite, e até três
vezes durante a sesta, e rogavam para que uma paixão tão desaforada não fosse perturbar a paz dos
mortos.” P 55

“O CORONEL Aureliano Buendía promoveu trinta e duas revoluções armadas e perdeu todas. Teve
dezessete filhos varões de dezessete mulheres diferentes, que foram exterminados um por um numa só
noite, antes que o mais velho completasse trinta e cinco anos. Escapou de quatorze atentados, setenta e
três emboscadas e um pelotão de fuzilamento. Sobrevive u a uma dose de estricnina no café que daria
para matar um cavalo. Recusou a Ordem do Mérito que lhe outorgou o Presidente da República. Chegou
a ser comandante geral das forças revolucionárias, com jurisdição e mando de uma fronteira à outra, e o
homem mais temido pelo governo, mas nunca permitiu que lhe tirassem uma fotografia. Dispensou a
pensão vitalícia que lhe ofereceram depois da guerra e viveu até a velhice dos peixinhos de ouro que
fabricava na sua oficina de Macondo. Embora lutasse sempre à frente dos seus homens, a única ferida
que recebeu foi produzida por ele mesmo, depois de assinar a capitulação da Neerlândia, que pôs fim a
quase vinte anos de guerras civis. Desfechou um tiro de pistola no peito e o projétil saiu-lhe pelas costas
sem ofender nenhum centro vital. A única coisa que ficou de tudo isso foi uma rua com o seu nome em
Macondo. Entretanto, conforme declarou poucos anos antes de morrer de velho, nem mesmo isso ele
esperava, na madrugada em que partiu com os seus vinte e um homens, para se reunir às forças do
General Victorio Medina.” P 61

“— Atreva-se, bastardo! — gritou Úrsula.


Antes que Arcadio tivesse tempo de reagir, descarregou a primeira vergastada. “Atreva-se, assassino”,
gritava. “E me mate também, seu filho da mãe. Assim não vou ter olhos para chorar a vergonha de ter
criado um monstro.” Açoitando-o sem misericórdia, perseguiu-o até o fundo do pátio, onde Arcadio se
enrolou como um caracol. O Sr. Apolinar Moscote estava inconsciente, amarrado no poste onde tinham
antes o espantalho arrebentado pelos tiros de treinamento. Os rapazes do pelotão se dispersaram,
temerosos de que Úrsula terminasse de se desafogar neles. Mas ela nem sequer lhes dirigiu o olhar.
Deixou Arcadio com o uniforme espedaçado, bramando de dor e de raiva, e desamarrou o Sr. Apolinar
Moscote para levá-lo em casa. Antes de abandonar o quartel, soltou os presos do tronco.” P 62
“Acreditou observar, entretanto, que o marido se entristecia com as más notícias. Então, optou por
mentir para ele. “Não acredite no que eu digo”, dizia, enquanto jogava cinzas sobre os excrementos,
para recolhê-los com a pá. “Deus quis que José Arcadio e Rebeca se casassem, e agora são muito
felizes.” Chegou a ser tão sincera no engano que ela mesma acabou se consolando com as suas próprias
mentiras.” P 62

“— Não seja ingênuo, Crespi — sorriu — nem morta eu me caso com você.
Pietro Crespi perdeu o domínio de si mesmo. Chorou sem dor, quase quebrando os dedos de desespero,
mas não conseguiu comovê -la. “Não perca tempo”, foi tudo quanto disse Amaranta. “Se realmente você
me ama tanto, não volte a pisar nesta casa.” Úrsula pensou enlouquecer de vergonha. Pietro Crespi
esgotou os recursos da súplica. Chegou a incríveis exemplos de humilhação. Chorou uma tarde inteira
no colo de Úrsula, que teria vendido a alma para consolá-lo. Em noites chuva, foi visto vagando nas
proximidades da casa, com guarda-chuva de seda, tentando surpreender uma luz no quarto de
Amaranta.” P 64

“Úrsula ordenou que ele fosse velado na sua casa. O Padre Nicanor se opunha aos ofícios religiosos e à
sepultura no campo santo. Úrsula enfrentou-o. “De uma maneira que nem senhor nem eu podemos
entender, esse homem era um santo”, disse. “De modo que vou enterrá-lo, contra a sua vontade, junto à
tumba de Melquíades.” Fê-lo, com o apoio de todo o povo, em funerais magníficos.” P 64

“Tinha perdido Arcadio, não desde que vestiu o uniforme militar, mas desde sempre. Acreditava tê-lo
criado como um filho, como criou Rebeca, sem privilégios nem discriminações. Entretanto, Arcadio era
um menino solitário e assustado durante a peste da insônia, em meio à febre utilitária de Úrsula, aos
delírios de José Arcadio Buendía, ao hermetismo de Aureliano, à rivalidade mortal entre Amaranta e
Rebeca.” P 65

“O temperamento firme de Rebeca, a voracidade do seu ventre, a sua tenaz ambição absorveram a
descomunal energia do marido, que de vagabundo e mulherengo se converteu num enorme animal de
trabalho. Tinham uma casa limpa e sempre em ordem. Rebeca a abria de par em par ao amanhecer e o
vento das tumbas entrava pelas janelas e saía pelas portas do quintal e deixava as paredes caiadas e os
móveis curtidos pelo salitre dos mortos. A fome de terra, o cloc cloc dos ossos de seus pais, a
impaciência do seu sangue diante da passividade de Pietro Crespi, estavam relegados ao vão da
memória.” P 66

“Ao amanhecer, depois de um conselho de guerra sumário, Arcadio foi fuzilado contra o muro do
cemitério. Nas duas últimas horas da sua vida, não conseguiu compreender por que havia desaparecido o
medo que o atormentara desde a infância. Impassível, sem se preocupar sequer em demonstrar a sua
recente coragem, escutou asintermináveis culpas da acusação. Pensava em Úrsula, que a essa hora devia
estar debaixo do castanheiro tomando café com José Arcadio Buendía. Pensava na sua filha de oito
meses, que ainda não tinha nome, e no que ia nascer em agosto. Pensava em Santa Sofia de la Piedad, a
quem na noite anterior deixara salgando um veado para o almoço de sábado, e sentiu saudade do seu
cabelo caído nos ombros e das suas pestanas que pareciam artificiais. Pensava na sua gente, sem
sentimentalismos, num severo ajuste de contas com a vida, começando a compreender quanto amava na
realidade as pessoas que mais odiara.” P 69

“Os sentinelas lhe impediram a passagem. “Vou entrar de qualquer maneira”, Úrsula advertiu. “De
modo que, se têm ordens de disparar, comecem logo.” Afastou um deles com um empurrão e entrou na
antiga sala de aula, onde um grupo de soldados nus lubrificava as suas armas. Um oficial de uniforme de
campanha, queimado de sol, com óculos de lentes muito grossas e gestos cerimoniosos, fez aos
sentinelas um sinal para que se retirassem.” P 72

“Quando o pelotão apontou para ele, a raiva se tinha materializado numa substância viscosa e amarga
que lhe adormeceu a língua e o obrigou a fechar os olhos. Então desapareceu o resplendor de alumínio
do amanhecer e ele voltou a ver-se a si mesmo, bem garoto, de calças curtas e gravata-borboleta, e viu
seu pai numa tarde esplêndida conduzindo-o para o interior da tenda, e viu o gelo.” P 75

“Um fio de sangue passou por debaixo da porta, atravessou a sala,saiu para a rua, seguiu reto pelas
calçadas irregulares, desceu degraus e subiu pequenos muros, passou de largo pela Rua dos Turcos,
dobrou uma esquina à direita e outra à esquerda, virou em ângulo reto diante da casa dos Buendía,
passou por debaixo da porta fechada, atravessou a sala de visitas colado às paredes para não manchar os
tapetes, continuou pela outra sala, evitou em curva aberta a mesa da copa, avançou pela varanda das
begônias e passou sem ser visto por debaixo da cadeira de Amaranta, que dava uma aula de Aritmética a
Aureliano José, e se meteu pela despensa e apareceu na cozinha onde Úrsula se dispunha a partir trinta e
seis ovos para o pão.” P 76-77

“Na neblina da convalescença, rodeado pelas empoeiradas bonecas de Remedios, o Coronel Aureliano
Buendía evocou na leitura dos seus versos os instantes decisivos da sua existência. Voltou a escrever.
Durante muitas horas, ao lado dos sobressaltos de uma guerra sem futuro, traduziu em versos rimados as
suas experiências na borda da morte. Então os seus pensamentos se fizeram tão claros que os pôde
examinar pelo direito e pelo avesso.” P 78

“O Coronel Gerineldo Márquez era um homem paciente. “Voltarei a insistir”, disse. “Mais cedo ou mais
tarde ela se convence.” Continuou freqüentando a casa. Trancada no quarto, remoendo um pranto
secreto, Amaranta tapava os ouvidos com os dedos para não escutar a voz do pretendente que contava a
Úrsula as últimas notícias da guerra, e apesar de estar morrendo de vontade de vê-lo, teve forças para
não sair ao seu encontro.” P 80

“Trouxeram crianças de todas as idades, de todas as cores, mas todos varões, e todos com um ar de
solidão que não permitia pôr em dúvida o parentesco.” P 87

“Na primeira vez em que esteve em Manaure depois do fuzilamento do General Moncada, apressou-se
em cumprir a última vontade da sua vítima, e a viúva recebeu os óculos, a medalha, o relógio e a
aliança, mas não lhe permitiu passar da porta de entrada.
— Não entre, coronel — disse a ele. — O senhor pode mandar na sua guerra, mas na minha casa mando
eu.” P 95

“As suas ordens eram cumpridas antes de serem anunciadas, mesmo antes que ele as concebesse, e
sempre iam muito mais longe do que ele se atreveria a fazê-las chegar. Extraviado na solidão do seu
imenso poder, começou a perder o rumo. Incomodava-o o povo que o aclamava nas aldeias vencidas, e
que lhe parecia o mesmo que aclamava o inimigo. Em toda parte encontrava adolescentes que o
olhavam com os próprios olhos, que falavam com a sua própria voz, que o cumprimentavam com a
mesma desconfiança com que ele os cumprimentava, e que diziam ser seus filhos. Sentiu-se jogado,
repelido, e mais solitário do que nunca.” P 95

“Sei que você vai fuzilar Gerineldo”, disse serenamente, “e eu não posso fazer nada para impedir. Mas
uma coisa eu aviso: logo que eu veja o cadáver, juro pelos ossos de meu pai e de minha mãe, pela
memória de José Arcadio Buendía, juro diante de Deus, que vou tirá-lo de onde você se meter e matá-lo
com as minhas próprias mãos.” Antes de abandonar o quarto, sem esperar nenhuma resposta, concluiu:
— E a mesma coisa que eu teria feito se você tivesse nascido com rabo de porco.” P 97

“Mas na verdade, nos dois últimos anos ele pagara as suas quotas finais à vida, inclusive a do
envelhecimento. Ao passar diante da oficina de ourivesaria, que Úrsula tinha preparado com especial
cuidado, nem sequer percebeu que as chaves estavam postas no cadeado. Não notou os minúsculos e
profundos estragos que o tempo fizera na casa e que depois de uma ausência tão prolongada teriam
parecido um desastre a qualquer homem que conservasse vivas as suas recordações. Não o magoou a cal
descascada nas paredes, nem os sujos algodões de teia de aranha nos cantos, nem a poeira das begônias,
nem os túneis do cupim nas vigas, nem o musgo das dobradiças, nem nenhuma das armadilhas
insidiosas que lhe estendia a saudade. Sentou-se na varanda, embrulhado na manta e sem tirar as botas,
como que esperando apenas que estiasse, e permaneceu a tarde inteira vendo a chuva cair sobre as
begônias. Úrsula compreendeu então que não o teria em casa por muito tempo. “Se não é a guerra”,
pensou, “só pode ser a morte.” Foi uma suposição tão nítida, tão convincente, que ela a identificou como
um presságio.” P 98-99

“Então o Coronel Aureliano Buendía se deu conta, sem espanto, de que Úrsula era o único ser humano
que tinha conseguido desentranhar a sua miséria, e pela primeira vez em muitos anos se atreveu a olhá-
la na cara. Tinha a pele gretada, os dentes carcomidos, o cabelo minguado e sem cor, e o olhar atônito.
Comparou-a com a lembrança mais antiga que tinha dela, na tarde em que ele tivera o presságio de que
uma panela de sopa fervendo ia cair da mesa, e a encontrou espedaçada. Num instante descobriu os
arranhões, os vergões, os calos, as úlceras e as cicatrizes que deixara nela mais de meio século de vida
cotidiana e comprovou que estes estragos não provocavam nele sequer um sentimento de piedade. Fez
então um último esforço para procurar no seu coração o lugar onde se haviam apodrecido os afetos e não
conseguiu encontrá-lo.” P 99

“Com uma vitalidade que parecia impossível na sua idade, Úrsula voltou a rejuvenescer a casa. “Agora
vão ver quem sou eu”, disse quando soube que o filho viveria. “Não haverá uma casa melhor, nem mais
aberta a todo o mundo, que esta casa de loucos.” Mandou-a lavar e pintar, trocou os móveis, restaurou o
jardim e semeou flores novas, e abriu as portas e janelas para que entrasse até os quartos a deslumbrante
claridade do verão. Decretou o fim dos numerosos lutos superpostos e ela mesma mudou os velhos
trajes rigorosos por roupas juvenis. A música da pianola voltou a alegrar a casa.” P 103

“Na longa história da família, a tenaz repetição dos nomes permitira que ela tirasse conclusões que lhe
pareciam definitivas. Enquanto os Aurelianos eram retraídos, mas de mentalidade lúcida, os Josés
Arcadios eram impulsivos e empreendedores, mas estavam marcados por um signo trágico. Os únicos
casos de classificação impossível eram os de José Arcadio Segundo e Aureliano Segundo. Foram tão
parecidos e travessos durante a infância que nem a própria Santa Sofía de la Piedad os podia distinguir.”
P 104

“Embora fosse centenária e estivesse quase cega por causa da catarata, conservava intactos o dinamismo
físico, a integridade do caráter e o equilíbrio mental. Ninguém melhor do que ela para formar o homem
virtuoso que haveria de restaurar o prestígio da família, um homem que nunca tivesse ouvido falar da
guerra, dos galos de briga, das mulheres da vida e das empresas delirantes, quatro calamidades que,
conforme pensava Úrsula, tinham determinado a decadência de sua estirpe. “Este será padre”, prometeu
solenemente. “E se Deus me der vida bastante há de chegar a ser Papa.” P 108

“Taciturno, silencioso, insensível ao novo sopro de vitalidade que estremecia a casa, o Coronel
Aureliano Buendía compreendeu de leve que o segredo de uma boa velhice não é outra coisa senão um
pacto honrado com a solidão.” P 113

“Então o Coronel Aureliano Buendía tirou a tranca e viu na porta dezessete homens dos mais variados
aspectos, de todos os tipos e cores, mas todos com um ar solitário que teria bastado para identificá-los
em qualquer lugar da terra. Eram os seus filhos.” P 122

“A verdade era que Úrsula resistia ao envelhecimento mesmo quando já tinha perdido a conta da sua
idade e atrapalhava em todos os lugares e tentava se meter em tudo e aborrecia os forasteiros com a
perguntação de se não tinham deixado ali em casa, no tempo da guerra, um São José de gesso para que o
guardassem enquanto não passava a chuva. Ninguém soube com certeza quando começou a perder a
vista. Mesmo nos seus últimos anos, quando já não podia se levantar da cama, parecia simplesmente que
estava vencida pela decrepitude, mas ninguém descobriu que estava cega. Ela o percebera desde o
nascimento de José Arcadio.” P 138
“Não disse nada a ninguém, pois teria sido um reconhecimento público da sua inutilidade. Empenhou-se
numa calada aprendizagem da distância das coisas e das vozes das pessoas, para continuar vendo com a
memória quando já não o permitissem as sombras da catarata. Mais tarde havia de descobrir o auxílio
imprevisto dos cheiros, que se definiram nas trevas com uma força muito mais convincente do que os
volumes e a cor e a salvaram definitivamente da vergonha de uma renúncia. Na escuridão do quarto,
podia enfiar a linha na agulha e bordar uma casa, e sabia quando o leite estava para ferver. Conheceu
com tanta certeza o lugar em que se encontrava cada coisa que ela mesma se esquecia às vezes de que
estava cega.” P 138

“Foi por essa época que Úrsula começou a se referir a Rebeca, a evocá-la com um velho carinho
exaltado pelo arrependimento tardio e pela admiração repentina, tendo compreendido que somente ela,
Rebeca, a que nunca se alimentara do seu leite e sim da terra e da cal das paredes, a que não levara nas
veias o sangue do seu sangue e sim o sangue desconhecido de desconhecidos cujos ossos continuavam
chocalhando na tumba, Rebeca, a do coração impaciente, a do ventre arrebatado, era a única que tinha
tido a valentia sem freios que Úrsula desejara para a sua estirpe.” P140

“Sua vida se escoava a bordar o sudário. Afirmava-se que bordava durante o dia e desbordava durante a
noite, e não com a esperança de vencer deste modo a solidão, mas, ao contrário, para sustentá-la.” P 145

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