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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

RELATÓRIO 1ª PRÁTICA
CALOR DE NEUTRALIZAÇÃO
CALOR DE MISTURA

REBECA RAMOS MONTEIRO


PROFESSORA: ELIANE MEDEIROS
TURMA QC – 12/08/2019

RECIFE, 2019
1. INTRODUÇÃO

A termoquímica é a parte da química que estuda as transferências de calor


associadas às reações química e/ou às mudanças no estado físico das substâncias.
Calor de Reação é o nome dado à quantidade de calor absorvido ou liberado numa
reação química. Para medir essa quantidade de calor, utiliza-se um calorímetro.

Os calorímetros são classificados de acordo com as trocas térmicas. São


considerados adiabático quando não há troca de calor entre a célula e o ambiente;
isotérmicos quando as trocas de calor são intensas e isoperibólico quando o
ambiente está a uma temperatura constante e as trocas de calor são pequenas.

Nesse sistema o calorímetro pode ser considerado isoperibólico. Seu calor pode ser
calculado pelo balanço de energia a partir da equação:

q = m.c.∆T (1) onde: q – calor ; m – massa em g ; c – calor específico em


J.g-1.K-1 ; ∆T – variação da temperatura em K

Para a água, o calor específico é igual a ≈ 4,184 J.g-1.K-1.

1.1. Calor de Neutralização

O calor de Reação entre um ácido e uma base é denominado calor de neutralização.


Para ácidos e bases fortes, totalmente dissociados, a sua iteração é equivalente a:

H+(aq) + OH-(aq) H2O(l) (2)

Sendo assim, a entalpia de neutralização pode ser definida como o calor liberado
durante a neutralização de uma solução diluída de ácido com uma solução diluída
de base. Essa entalpia de neutralização é sempre igual a -55,9 kJ.mol-1.

Para a determinação experimental da entalpia de neutralização, utilizou-se a


equação:
C∆T
∆H = (3) onde: ∆H – calor de neutralização em J ; C –
n
capacidade calorífica do calorímetro (C=m.c) em J.K -1 ; ∆T – variação de
temperatura em K ; n – mols neutralizados.
1.2. Calor de Mistura

Neste experimento, faz-se necessário a diferenciação entre calor diferencial e calor


integral de mistura ou de solução. O calor integral trata-se do calor liberado ou
absorvido quando se prepara, por mistura de dois componentes puros, uma solução
de concentração c. Já o calor diferencial é o calor liberado ou absorvido quando um
sol de soluto é dissolvido numa quantidade infinita de solução que praticamente não
varia a pressão e temperatura constantes.

Experimentalmente, determina-se o calor integral de mistura por:

∆H = Cmist.∆T (4)

Cmist = x1CP,1 + x2CP,2 (5) onde: x1 e x2 – fração molar do soluto e do solvente; CP,1
e CP,2 – calor específico do soluto e do solvente, respectivamente.

Na literatura, temos que o calor especifico da acetona e do clorofórmio são,


respectivamente: 0,53 e 0,24 cal.g-1.K-1.

Determina-se o calor diferencial de mistura por:

d( ∆ H) d( ∆ H)
∆h2 = ∆H – x1 [ dx 1 ] (6) Sendo [ dx 1 ]a inclinação da curva integral

Ao misturar a acetona e o clorofórmio haverá uma liberação de calor (mistura


exotérmica) que não é dada apenas pelos efeitos da diluição, mas também pelo
calor envolvido na formação de ligações de hidrogênio entre a acetona e o
clorofórmio tal que:

(CH3)2 C=O + HCCl3 (CH3)2 C=O...HCCl3 (7)

2. OBJETIVOS

- Determinar a capacidade calorífica de um calorímetro.

- Determinar o calor de neutralização de reações com ácidos fortes e fracos.

- Determinar os calores integral e diferencial da mistura entre a acetona e o


clorofórmio.
3. MATÉRIAIS E MÉTODOS

3.1. Capacidade Calorífica do Calorímetro

3.1.1. Materiais
- Calorímetro
- Cronômetro
- Termômetro de 0 a 50 ºC e outro de -10 a 100 ºC
- Proveta de 500 mL e outra de 100 mL
- 1,5 L de água destilada

3.1.2. Procedimento
- Colocou-se no calorímetro 350 mL de água destilada na temperatura
ambiente e mediu-se a temperatura.
- Aqueceu-se 100 mL de água destilada e mediu-se sua temperatura.
- Em seguida colocou-se rapidamente a água destilada quente no calorímetro
e anotou-se a temperatura a cada 5 segundos, até a mesma ficar constante.
O procedimento foi repetido 3 vezes.

3.2. Calor de Neutralização de Reações com Ácidos Fortes e Fracos

3.2.1. Materiais
- Calorímetro
- Cronômetro
- Termômetro de 0 a 50 ºC e outro de -10 a 100 ºC
- Proveta de 500 mL e quatro de 100 mL
- Quatro béquers de 250 mL
- 1,2 L de Hidróxido de sódio (0,2M)
- 100 mL de cada ácido (clorídrico, sulfúrico, acético e fosfórico) (0,8M)

3.2.2. Procedimento
- Colocou-se no calorímetro 300 mL de Hidróxido de sódio e mediu-se a
temperatura.
- Em seguida colocou-se rapidamente 100 mL do ácido no calorímetro e
anotou-se a temperatura a cada 15 segundos, até a mesma ficar constante.
O procedimento foi repetido uma vez para cada ácido.

3.3. Calor de Mistura entre Acetona e Clorofórmio

3.3.1. Materiais
- Calorímetro
- Cronômetro
- Termômetro de 0 a 50 ºC
- Duas Pipetas Graduadas e uma pera
- Dois béquers de 250 mL
- 450 mL de Acetona
- 400 mL de Clorofórmio

3.3.2. Procedimento
- Determinou-se o volume de cada componente, para nove misturas, no qual
cobriu o intervalo da fração molar x1 de 0,1 a 0,9 de acetona.
- Colocou-se no calorímetro uma amostra de acetona, anoutou-se a
temperatura após equilíbrio térmico
- Em seguida colocou-se rapidamente a amostra correspondente de
clorofórmio no calorímetro e anotou-se a temperatura a cada 10 segundos,
até atingir um máximo e se manter constante.
O procedimento foi repetido uma vez para fração molar de acetona.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Capacidade Calorífica do Calorímetro

A partir do balanço de energia, temos que:

(Energia acumulada no calorímetro) = (energia cedida pela água quente) – (energia


absorvida pelo calorímetro)

Considerando que não há acumulo em relação ao tempo, dE/dt = 0, temos que,


simplificadamente, o calor que entra é igual ao calor que sai. Usando a equação (1)
para o cálculo de calor, temos:

mH2O.cH2O (T1 – TF) = mCal.cCal (TF – T2) + mH2O.cH2O (TF – T2)


T1 – água quente; T2 – água ambiente; TF – equilíbrio

Considerando a água a temperatura ambiente e calorímetro sendo um único


sistema, ficamos com:

mH2O.cH2O (T1 – TF) = C (TF – T2)

m H 2O . c H 2O( T 1 – T F)
C= (8)
(T F – T 2)

Experimentalmente, foram obtidos os seguintes valores:

40

38

36
Temperatura (◦C)

34

32
Repetição1
30 Repetição2
Repetição3
28

26

24
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Tempo (s)

Figura 1: Evolução da temperatura em função do tempo em um calorímetro.

O comportamento do gráfico mostrado na figura 1 é coerente, pois esperava-se,


realmente, uma elevação de temperatura no calorímetro ao se colocar a água
quente.

Quadro 1: Variação da temperatura com o tempo no calorímetro


Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3

T(amb) = 27◦C Tempo (s) T(amb) = 27◦C Tempo (s) T(amb) = 27◦C Tempo (s)
     
T(qnt) = 82,5◦C T(qnt) = 82◦C T(qnt) = 82◦C
     

   
     
     
     
     

O quadro 1 mostra os valores da temperatura tirados a cada cinco segundos, nele


podemos ver o comportamento calorímetro em relação a temperatura após a adição
na água quente.

Para o cálculo da capacidade calorífica seguiu-se os seguintes passos:


- Tirou-se a média das temperaturas de mistura para os três ensaios. Obtendo os
valores: 36.1 ºC; 36.5 ºC e 36.7 ºC, respectivamente.

- Em seguida, calculou-se a variação de temperatura entre a temperatura média de


mistura e a temperatura ambiente, 9.1 ºC; 9.5 ºC e 9.7ºC, respectivamente, e entre a
temperatura quente e a temperatura média de mistura 46.4 ºC; 45.5ºC e 45.3 ºC,
respectivamente.

- Tirou-se a média desses valores, obtendo os seguintes resultados: (T 1 – TF) = 45.8


ºC e (TF – T2) = 9.4 ºC.

- Sabendo que dH2O ≈ 1g/cm3. Temos que 100 mL de água equivalem a 100 g de
água. Colocando os valores na equação (8).

J
100 g . 4,184 . 45,8 K
C= gK → C = 2032,76 J/K
9,4 K

Não se foi necessário converter ºC em K, pois trata-se de diferenças de


temperaturas, e é sabido que a variação da escala ºC é igual à da escala K.

4.2 Calor de Neutralização

Para a determinação do Calor de Neutralização foi utilizado o mesmo calorímetro,


agora com capacidade calorífica conhecida, calculada no item anterior (2032,76 JK -
1
), e realizou-se o experimento descrito no procedimento. A equação utilizada para a
realização dos cálculos foi a (3), cujo valor de n é igual a 0,06 (mols que foram
neutralizados do reagente limitante, hidróxido de sódio).

Experimentalmente, obtivemos os seguintes resultados:


O quadro 2 mostra os valores obtidos experimentalmente a partir da variação da
temperatura tomando intervalores de tempo de quinze segundos.

Quadro 2: Variação da temperatura com o tempo no calorímetro.


Calor de Neutralização Calor de Neutralização
HCl Tempo (s) T (K) CH3COOH Tempo (s) T (K)
  0 27,4   0 27
  15 28   15 27,3
27,4 30 29 27 30 28,4
  45 29,2   45 28,6
  60 29,2   60 28,7
  75 29,2   75 28,7
  90     90 28,7
.
Calor de Neutralização Calor de Neutralização
H3PO4 Tempo (s) T (K) H2SO4 Tempo (s) T (K)
  0 26,8   0 26,6
  15 27   15 27
26,8 30 28,6 26,6 30 28,6
  45 28,7   45 28,7
  60 28,7   60 28,8
  75 28,7   75 28,8
  90 28,8   90 28,8

29

28.5
Temperatura (◦C)

28

27.5 NaOH+HCl
NaOH+CH3COOH
27 NaOH+H3PO4
NaOH+H2SO4

26.5

26
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Tempo (s)

Figura 2: Evolução da temperatura em função do tempo em um calorímetro.


O comportamento do gráfico mostrado na figura 2 é coerente, pois esperava-se que
ocorresse um aumento de temperatura devido ao calor liberado proveniente da
reação de neutralização entre uma base e um ácido. Como as temperaturas iniciais
nas quatro situações não coincidiram, necessitamos dos cálculos de variação para a
interpretação da força dos ácidos em questão. A variação de temperatura foi obtida
a partir da subtração da média das temperaturas da mistura com a temperatura
inicial. Coincidentemente, tivemos que a temperatura inicial da base foi igual à
temperatura inicial dos ácidos em cada caso. Com os devidos cálculos obtivemos a
seguinte variação de temperatura para os ácidos clorídrico, acético, fosfórico e
sulfúrico: 1,52 ºC; 1,40 ºC; 1,62 ºC e 1,85 ºC, respectivamente.

Substituindo os valores na equação (3) e sabendo que calor liberado gera um valor
de ∆H negativo (reação exotérmica);

Para a reação entre NaOH + HCl:

2032,76 J /K . 1,52 K
∆H = → ∆H = -51,5 kJ.mol-1
0,06 mol

Repetido o mesmo cálculo, alterando os respectivos resultados temos:

Para a reação entre NaOH + CH3COOH:

∆H = -47,4 kJ.mol-1

Para a reação entre NaOH + H3PO4:

∆H = -54,8 kJ.mol-1

Para a reação entre NaOH + H2SO4:

∆H = -62,7 kJ.mol-1

Com esses resultados podemos calcular o erro relativo entre o valor experimental e
o valor teórico:

∆ H ( teórico ) −∆ H (experimental )
ε=| ∆ H ( teórico ) |
Para os ácidos clorídrico, fosfórico, acético e sulfúricos obteve-se 8%, 15%, 2% e
12%, respectivamente.
De acordo com a literatura esperávamos que o calor de neutralização liberado fosse
igual a ∆H = -55,9 kJ.mol-1. Entretanto, esse valor é para o sistema em condições
padrão (1 atm e 25 ºC) no qual o ácido e a base se encontram totalmente
dissociados. No entanto, podemos dizer que os resultados foram satisfatórios, pois
os valores obtidos experimentalmente ficaram próximos ao da literatura. Podemos
indicar alguns fatores que influenciaram na diferença entre o teórico e o
experimental: não estar nas condições padrão, erro do instrumentador (leitura e
manuseamento dos instrumentos) e também o fato de que quanto mais forte o ácido,
maior será a quantidade de íons H+ na solução, por consequente, temos uma maior
interação com os íons OH - da base presente aumentado, assim, a formação de
produtos e o calor liberado. Tendo essa afirmação como base podemos classificar
os ácidos de acordo com sua força, em ordem decrescente: Sulfúrico, Fosfórico,
Clorídrico e Acético.

Além disso, para os ácidos acético e sulfúrico tiveram maior erro relativo, pode-se
afirmar que a força dos mesmos influenciou no resultado obtido, pois para o ácido
acético (ácido fraco) tivemos uma menor quantidade de íons H + na solução,
resultando no ∆H menor (em módulo), já o ácido sulfúrico (ácido forte) tivemos uma
quantidade maior de íons H+ em solução resultando num ∆H maior (em módulo). Já
para os ácido fosfórico e clorídrico tivemos um erro baixo (2%) para um intermediário
enquanto que para o ácido clorídrico tivemos um erro aceitável (8%).

4.3 Calor de Mistura

Nesta parte do experimento foi estudado o comportamento do calor de mistura


diante de um intervalo de concentrações do soluto. O soluto usado foi a acetona e o
solvente foi o clorofórmio, cujas capacidades caloríficas são conhecidas na literatura.

A capacidade calorífica não foi determinada nessa parte do experimento, por


questões de economia de reagentes, mas podemos aproximá-la pela equação (5).
Os volumes utilizados foi um quarto do indicado no roteiro, e estão mostrados no
quadro 3.
O comportamento do gráfico mostrado na figura 3 é coerente, pois o aumento da
temperatura ao longo do tempo implica no andamento da reação de mistura, onde
há uma liberação de calor para o ambiente (reação exotérmica).

O quadro 4 mostra os dados obtidos nos nove ensaios realizados, cuja temperatura
foi anotada em intervalos de tempo de dez segundos.

Para a realização dos cálculos da capacidade calorífica de mistura, do calor de


mistura integral e do calor de mistura diferencial utilizou-se as equações (5), (4) e
(6), respectivamente, onde os resultados dos mesmos podem ser resumidos no
quadro 5.

Foi necessária a conversão do calor especifico da acetona e do clorofórmio ficando


128,79 J.mol-1.K-1 e 119,88 J.mol-1K-1, respectivamente.

Quadro 3: Volumes utilizados de Acetona e Clorofórmio de acordo com a fração


molar.

Volume Volume
T(amb) = 26,2 ◦C x (acetona) Acetona Clorofórmio
 Ensaio 1 0,1 6,3 64,1
 Ensaio 2 0,2 13,3 60,3
 Ensaio 3 0,3 21,4 56,1
 Ensaio 4 0,4 30,4 51,2
 Ensaio 5 0,5 40,7 45,8
 Ensaio 6 0,6 52,6 39,4
 Ensaio 7 0,7 66,5 32
 Ensaio 8 0,8 82,9 23,3
 Ensaio 9 0,9 102,6 12,8

Experimentalmente, obtivemos os seguintes resultados:


38

36

34
Temperatura (◦C)
Ensaio1
Ensaio2
32
Ensaio3
Ensaio4
30 Ensaio5
Ensaio6
28 Ensaio7
Ensaio8
26 Ensaio9

24
0 20 40 60 80 100 120 140 160

Tempo (s)

Figura 3: Evolução da temperatura em função do tempo em um calorímetro.

Quadro 4: Variação da temperatura com o tempo no calorímetro.

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3


0 26 0 26 0 27,4
10 27,8 10 29,6 10 30,6
20 28,4 20 30,4 20 32,4
30 28,8 30 30,8 30 33,2
40 29 40 31,1 40 33,8
50 29 50 31,6 50 34,6
60 29 60 31,9 60 34,6
70 29,2 70 32,2 70 34,6
80 29,2 80 32,3 80 35,2
90 29,3 90 32,4 90 35,2
100 29,3 100 32,5 100 35,3
110 29,4 110 32,5 110 35,2
120 29,4 120 32,5 120 35
130 29,3 130 32,5 130 35
140 29,3 140 32,4 140  
150   150 32,4 150  
Ensaio 4 Ensaio 5 Ensaio 6
0 26,4 0 27 0 27,4
10 35,5 10 35,8 10 35,6
20 36,7 20 37,2 20 36,7
30 36,8 30 37,3 30 36,8
40 36,8 40 37,2 40 36,8
50 36,6 50 37,2 50 36,8
60 36,6 60 37,2 60 36,8
70   70 37,2 70  
Ensaio 7 Ensaio 8 Ensaio 9
0 28 0 27,4 0 27
10 35 10 32,4 10 29,8
20 35,6 20 32,8 20 30
30 35,6 30 32,9 30 30
40 35,6 40 32,9 40 30
50 35,4 50 32,8 50 29,9
60 35,4 60 32,8 60 29,8
70   70 32,8 70  

Quadro 5: Valores dos cálculos obtidos a partir de cada ensaio.

x1 x2 ∆T (K) Cmist (J/mol.K) ∆H (J/mol) d(∆H)/dx1 (J/mol) ∆h2 (J/mol)


0,1 0,9 3,03 120,77 365,76 4289,32 -63,17
0,2 0,8 5,81 121,66 706,45 3219,74 62,50
0,3 0,7 6,81 122,55 834,30 2150,16 189,26
0,4 0,6 10,10 123,44 1246,78 1080,58 814,55
0,5 0,5 10,01 124,34 1245,13 11,00 1239,63
0,6 0,4 9,18 125,23 1149,99 -1058,58 1785,14
0,7 0,3 7,43 126,12 937,47 -2128,16 2427,18
0,8 0,2 5,37 127,01 682,21 -3197,74 3240,41
0,9 0,1 2,92 127,90 373,04 -4267,32 4213,63

Com os valores do quadro (5) foi possível plotar os gráficos de Calor de mistura
integral e diferencial representados pelas figuras 4 e 5, respectivamente.
1427.00

1227.00
f(x) = − 5347.92 x² + 5358.91 x − 148.04
Calor Integral ∆H (J/mol)

1027.00

827.00

627.00

427.00

227.00

27.00
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Fração molar (Acetona)

Polynomial ()

Figura 4: Curva característica do Calor de mistura integral

A figura 4 está coerente com o esperado, pois apresenta o seu valor máximo
próximo a fração de 0,5. Pois, neste ponto temos a fração molar igualitária de soluto
e solvente, isso faz com que a interação entre eles seja maior gerando, assim, um
valor de entalpia maior ou máximo.

A partir dos dados experimentais obtivemos para a curva integral, cuja linha de
tendência é igual a y = -5347,9x 2 + 5358,9x - 148,04. A partir da equação do calor
integral calculamos sua inclinação (d∆H/dx1) que é igual a -10695,8x + 5358,9. Essa
expressão foi usada nos cálculos para determinar a curva do calor diferencial
mostrada na figura 5.
4500.00

4000.00 f(x) = 5347.88 x² + 0.01 x − 148.04


Calor diferencial ∆h2 (J/mol)

3500.00

3000.00

2500.00

2000.00

1500.00

1000.00

500.00

0.00
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
-500.00

Fração molar (Acetona)

Polynomial ()

Figura 5: Curva característica do Calor de mistura diferencial

5. CONCLUSÃO

Com a realização do experimento foi possível determinar de modo simples a


capacidade calorífica de um calorímetro, utilizando esse valor para a determinação
do calor de neutralização, analisando quatros ácidos diferentes. Obtivemos valores
satisfatórios, pois o valor experimental estava próximo ao da literatura, entretanto as
variações encontradas puderam ser explicadas de acordo com comportamento cada
ácido. Já na parte de determinação do calor de mistura integral e diferencial foi
possível observar como o calor varia com a fração molar, tendo valor máximo o calor
integral quando a fração é igual a 0,5, já o máximo do diferencial deu-se em 0,9.
Com esse experimento podemos ver que o calor de reação da neutralização foi
muito maior que o calor de mistura (tanto integral quanto diferencial), pois na
neutralização temos quebra e formação de ligações que precisam liberar (ou
absorver) uma quantidade maior de energia, enquanto que na reação de mistura
temos apenas interações intermoleculares (de natureza fraca) que não necessitam
de uma quantidade maior de energia.
6. REFERÊNCIAS

ATKINS, Peter. Físico–Química – Fundamentos, Rio de Janeiro, 7ª ed, 2007.

ATKINS, Peter. Princípios de Química, Porto Alegre, Bookman, 2001.

KOTZ, J.C; TREICHEL, P.M.; WEAVER, G.C. Química Geral e Reações Químicas,
São Paulo, 6ª ed, 2010.

LEE, J.D. Química Inorgânica não Tão Concisa, São Paulo, 5ª ed, Blucher, 1996.

Material da Disciplina de Laboratório de Engenharia Química 1.

7. QUESTÕES

7.1. Deduza as Equações 1 e 2, considerando que a quantidade de água do sistema


não é constante e que a capacidade calorífica do calorímetro, sem água, é igual a C.
R. Para a primeira equação, considerando um sistema isolado, o balanço fica:
(Energia acumulada no calorímetro) = (energia cedida pela água quente) – (energia
absorvida pelo calorímetro)
mH2O.cH2O (T1 – TF) = mCal.cCal (TF – T2) + mH2O.cH2O (TF – T2)
mH2O.cH2O (T1 – TF) = C (TF – T2)
A segunda equação é obtida pela 1ª Lei da Termodinâmica
d(nU) = dQ + dW = dQ - Pd(nV)
Sabendo que d(nH) = d(nU) + d(PV). Para um sistema isobárico e isotérmico: dP =
dV = 0. A equação fica:
d(nU) = dQ = d(nH)
Integrando: ∆H = Q/n = C.∆T/n

7.2. Explique a natureza do calor de neutralização


R. As reações de neutralização, que envolvem ácidos e bases, liberam calor. Se as
mesmas estiverem em condições adiabática e isotérmica a variação de entalpia será
igual ao calor. Este calor é chamado de calor de neutralização.
7.3. Discuta os fatores que influenciam a determinação do calor de neutralização dos
ácidos pouco dissociados.
R. Sabendo que a variação de entalpia depende da quantidade de matéria presente
na solução, quanto maior a quantidade de reagentes maior será a quantidade de
calor. Ácidos fracos tem a característica de pouca dissociação, logo os íons H +
presentes em solução estarão em pouca quantidade, por consequência, tem-se um
calor de neutralização menor.

7.4. Discuta a influencia da solvatação sobre o calor de neutralização.


R. Os ácidos e bases dissociados em solução são atraídos por moléculas de água,
formando íons que estão rodeados de moléculas de água (solvatação), por
consequência há menos íons para reagir fazendo com que o calor de neutralização
seja menor.

7.5. Explique os diferentes calores de neutralização encontrados no experimento.


R. o fato de que quanto mais forte o ácido, maior será a quantidade de íons H + na
solução, por consequente, temos uma maior interação com os íons OH - da base
presente aumentado, assim, a formação de produtos e o calor liberado. Tendo essa
afirmação como base podemos classificar os ácidos de acordo com sua força, em
ordem decrescente: Sulfúrico, Fosfórico, Clorídrico e Acético.

7.6. Em solução diluída e a 25 ºC, quando um ácido forte é neutralizado por uma
base forte, cerca de 55.892 J são liberados por mol de água formada. A partir do
hidrogênio e do oxigênio gasosos cerca de 285.838 J são liberados na formação de
1 mol de água. Usando esses dados, calcule a soma dos calores de formação dos
íons H+(aq) e OH-(aq).

R. Aplicando a Lei de Hess


H2(g) + ½ O2(g) → H2O(l) ∆Hº = - 285.838 J
H2O(l) → H+(aq) + OH-(aq) ∆Hº = +55.892 J
-----------------------------------------------------------------------------------
H2(g) + ½ O2(g) → H+(aq) + OH-(aq) ∆Hº = -229.946 J
7.7. Substituindo os reagentes pela água e o dimetilsulfóxido, água e
dimetilformamida, água e acetona, água e dioxano, em quais casos existiria a
formação do composto de adição?
R. Como os compostos possuem natureza polar o calor de mistura seria dado pela
formação das pontes de hidrogênio.

7.8. Que conclusões pode-se tirar comparando as misturas clorofórmio-tetracloreto


de carbono, acetona-clorofórmio e acetona-tetracloreto de carbono na proporção
molar 1:1?
R. Tanto para a mistura de clorofórmio-tetracloreto de carbono como para a de
acetona-tetracloreto de carbono, as misturas têm a tendência em serem
endotérmicas, pois o soluto é extremamente polar e o solvente apolar, sendo assim
mais favorecidas as interações soluto-soluto e solvente-solvente do que as
interações soluto-solvente. Já a mistura acetona-clorofórmio tem a tendência em ser
exotérmica, pois ambos compostos são polares sendo mais favorecidas as
interações soluto-solvente.

7.9. Compare os valores obtidos no gráfico ∆h = f(x) e os valores obtidos nas


misturas acima. Que conclusões pode-se tirar?
R. A conclusão que pode se tirar é que as misturas de clorofórmio-tetracloreto de
carbono e de acetona-tetracloreto de carbono, são endotérmicas e a mistura
acetona-clorofórmio é exotérmica.

7.10. Quais os possíveis erros do experimento?


R. Erros do instrumentador, ao fazer a manipulação e leitura dos instrumentos, a
utilização de compostos voláteis, podendo ter a perda para o ambiente. O erro
gerado ao se considerar que o calorímetro é adiabático, mesmo sabendo que há
pequenas perdas para o ambiente.
7.11. Como se poderia provar se o solvente tem influência ou não nos calores da
mistura?
R. A realização de experimentos com o mesmo soluto, mas com solventes diferentes
(apolar, parcialmente polar, polar) e comparando os resultados.

7.12. Os calores de mistura seriam idênticos aos calores de dissociação em casos


como a dissolução do KNO3 em água?
R. Não, teríamos calores de dissociação diferentes, pois são substâncias distintas,
logo, as interações soluto-solvente também são diferentes.

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