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para
PRISÃO DE
VENTRE e
HEMORRÓIDAS
na
MEDICINA
AYURVÉDICA
FITOTERAPIA
PARA
PRISÃO DE
VENTRE E
HEMORRÓIDAS
NA
MEDICINA
AYURVÉDICA
Traduzido por:
Williams Ribeiro de Farias
Dra. Yeda Ribeiro de Farias
EDITORA CHAKPORI
2
Título Original:
Herbal Treatment for Constipation
Edição de 1996
2000
Direitos autorais adquiridos por
EDITORA CHAKPORI
3
NOTA PARA A PRIMEIRA EDIÇÃO
4
e as condutas comumente disponíveis e
potencialmente efetivas. Esta é a essência
purificada de seus trinta anos de prática,
pesquisa e profundos estudos sobre o Ayurveda
e outros sistemas de medicina tradicional. Nossos
leitores são os melhores juízes de nossas
realizações. Concluímos com uma citação do
grande poeta Kalidasa:
5
ÍNDICE
ÍNDICE ................................................................................... 6
INTRODUÇÃO ...................................................................... 9
A DOENÇA ........................................................................... 17
O QUE É CONSTIPAÇÃO OU PRISÃO DE VENTRE? .................... 17
QUAL O PAPEL DO CÓLON? .................................................. 17
COMO OCORRE A DEFECAÇÃO? ............................................ 18
CONSEQÜÊNCIAS DA PRISÃO DE VENTRE .............................. 19
FEZES ................................................................................. 20
A PRESENÇA DE BACTÉRIAS NAS FEZES ................................ 21
FLATOS ............................................................................... 22
HEMORRÓIDAS.................................................................... 23
O QUE CAUSA CONSTIPAÇÃO? .............................................. 24
O QUE CAUSA HEMORRÓIDAS? ............................................. 26
PRISÃO DE VENTRE E HEMORRÓIDAS .................................... 27
QUAIS SÃO OS SINAIS DE CONSTIPAÇÃO? .............................. 27
QUAIS SÃO OS SINTOMAS E SINAIS DAS HEMORRÓIDAS? ........ 29
HEMORRÓIDAS NO AYURVEDA ............................................ 29
Hemorróidas do tipo Vatika ...................................... 30
Hemorróidas do tipo Paittika .................................... 30
Hemorróidas do tipo Kaphaja ................................... 31
CONSTIPAÇÃO EM CRIANÇAS ............................................... 31
CONSTIPAÇÃO EM GESTANTES ............................................. 32
6
TRATAMENTOS ................................................................. 33
O PAPEL DA CIRURGIA NAS HEMORRÓIDAS ........................... 33
ENEMAS DEVEM SER FEITOS REGULARMENTE? ..................... 34
O USO REGULAR DE PURGATIVOS É BENÉFICO? ..................... 35
ALIMENTAÇÃO.................................................................... 37
HORÁRIOS ADEQUADOS PARA AS REFEIÇÕES ........................ 38
MASTIGAR BEM ANTES DE ENGOLIR.................................... 39
MILHO E CEREAIS ................................................................ 40
VEGETAIS ........................................................................... 41
SURANA É MUITO SAUDÁVEL ............................................... 41
CARNE E PEIXE .................................................................... 42
FEIJÕES CAUSAM CONSTIPAÇÃO ........................................... 43
FRITURAS DEVEM SER EVITADAS.......................................... 43
GORDURAS ......................................................................... 44
FRUTAS .............................................................................. 45
INGESTÃO DE LEITE MORNO AO DEITAR ................................ 46
MANTEIGA É COMO AMBROSIA ............................................ 47
UM COPO DE ÁGUA PELA MANHÃ ......................................... 48
BEBER MENOS CHÁ E MENOS CAFÉ ....................................... 49
BEBIDAS ALCOÓLICAS ......................................................... 49
TEMPEROS ÚTEIS ................................................................. 51
TABACO E CONSTIPAÇÃO ..................................................... 52
RISCOS PROFISSIONAIS E EXERCÍCIOS ................................... 52
DORMIR E DESCANSAR ........................................................ 54
PAZ MENTAL ....................................................................... 54
BANHEIRO ORIENTAL .......................................................... 55
MEDICAMENTOS .............................................................. 57
AEGLE MARMELOS (BILVA) ................................................ 60
ALOE BARBADENSIS (KUMARI) ........................................... 66
AMORPHOPHALLUS CAMPANULATUS (SURANA) ................... 71
Surana modaka ......................................................... 74
CARICA PAPAYA (PAPAYA) ................................................. 78
7
CASSIA ANGUSTIFOLIA (SVARNA PATRI).............................. 82
CASSIA FISTULA (ARAGVADHA).......................................... 87
GLYCYRRHIZA GLABRA (YASTI MADHU) .............................. 93
PLANTAGO OVATA (ISABAGOL)........................................... 98
Fórmulas terapeuticamente eficazes ........................ 109
RICINUS COMMUNIS (ERANDA) ......................................... 115
TERMINALIA CHEBULA (HARITAKI) ................................... 122
Triphala .................................................................. 127
Agastya haritaki ou Agastya rasayana ..................... 129
Modaka ................................................................... 129
Abhayarista ............................................................. 129
VITIS VINIFERA (DRAKSA) ................................................ 132
Draksarista ............................................................. 134
8
INTRODUÇÃO
9
direta da prisão de ventre crônica, é
incorretamente considerada como uma doença
confinada às paredes do ânus, sendo que o fato
de que se trata de uma manifestação de um
distúrbio sistêmico é totalmente ignorado. Isto se
torna evidente pela ausência de uma descrição
sobre hemorróidas em livros sobre medicina
moderna convencional, e sua disponibilidade em
livros de cirurgia.
Erroneamente, as fezes são consideradas
apenas resíduos de alimentos e sua evacuação
rotineira não é considerada essencial. As
pessoas esperam que a natureza faça a expulsão
das fezes e, com freqüência, esta necessidade
natural é suprimida em decorrência de outros
compromissos. O desconforto experimentado
pela prisão de ventre é considerado imaginário ou
psicossomático. Para evitar este desconforto, as
pessoas utilizam diferentes tipos de purgativos e
enemas e, no final das contas, dependem de tais
métodos pouco naturais e prejudiciais para o
resto de suas vidas. Por este motivo, a indústria
farmacêutica tende a vender mais purgantes do
que quaisquer outros medicamentos.
O Ayurveda fornece uma descrição
detalhada dos efeitos prejudiciais causados pela
supressão da manifestação de muitas das
urgências naturais. Na terminologia médica
ayurvédica, este distúrbio é denominado vega
10
rodha. A necessidade natural de defecar (eliminar
as fezes) é a principal dentre as urgências
naturais do corpo. Este processo é regulado por
um grupo de nervos que são controlados por
Apana vayu1. A supressão da necessidade de
defecar desequilibra os nervos desta região e,
conseqüentemente, todo o sistema entra em
sofrimento resultando na manifestação de muitas
doenças em outras partes do corpo. A medicina
moderna convencional não tem sido capaz de
considerar o relacionamento entre a prisão de
ventre e as doenças decorrentes da mesma
manifestadas em outras partes do corpo.
As doenças no Ayurveda são classificadas
em duas categorias: (1) aquelas que se originam
no estômago e no intestino delgado
(denominadas amasayodbhava na medicina
ayurvédica) e (2) aquelas que se originam no
cólon (denominadas pakvasayodbhava na
terminologia médica ayurvédica). A última
categoria contém, numericamente, mais doenças
que a primeira, e são também de natureza mais
1
N. do T.: Apana vayu é um dos cinco tipos de vayu,
localizado no cólon e órgãos pélvicos e responsável pelas
estruturas envolvidas na eliminação das fezes, da urina,
da ejaculação e menstruação. Trata-se da energia,
despendida pelo organismo, que controla, entre outras
atividades, o grupo de nervos responsáveis pela
evacuação.
11
grave. A prisão de ventre é a causa raiz de
muitas destas doenças.
Além da supressão intencional da
necessidade de defecar, algumas vezes a
evacuação não ocorre adequadamente em
decorrência de dieta inadequada e condutas
impróprias, incluindo fatores psíquicos. Se tais
dietas e condutas não são observadas
intencionalmente ou inadvertidamente, o
resultado final é a prisão de ventre, ou seja, a
inadequada evacuação das fezes. A matéria
fecal, além de produtos residuais dos alimentos,
consiste de grande quantidade de bactérias e
produtos residuais do metabolismo do sangue. Se
esta matéria não for adequadamente eliminada, o
acúmulo repercute em fenômenos que afetam
tanto os processos digestivos como metabólicos
e as funções do fígado, do pâncreas e de outros
órgãos tornam-se desequilibradas.
Algumas destas bactérias, que
normalmente são eliminadas junto com as fezes,
são tóxicas para o corpo. Se não evacuadas em
tempo, estas toxinas são absorvidas para a
corrente sangüínea causando auto-intoxicação.
Certas bactérias presentes no cólon são
úteis para o organismo, uma vez que elas
sintetizam algumas das vitaminas necessárias.
Na presença de bactérias prejudiciais, aqueles
microorganismos que são benéficos param de
12
agir e acabam sendo destruídos. Deste modo,
corpo é privado de muitas vitaminas úteis e
outras substâncias necessárias para o adequado
funcionamento do processo metabólico. Portanto,
pacientes com prisão de ventre, deficientes
destas vitaminas naturais, dependem cada vez
mais de vitaminas sintéticas. Por isso, o consumo
de vitaminas e de complexos vitamínicos tem se
multiplicado, assim como o de laxantes, nas
sociedades civilizadas dos países desenvolvidos.
Purgantes e enemas podem fornecer um
alívio momentâneo ao paciente, mas estas
medidas promovem posteriormente a prisão de
ventre e, a menos que o paciente corrija seus
hábitos alimentares e condutas, ele precisará
fazer uso destes processos artificiais todos os
dias. O uso regular destes purgantes e enemas
causam diversas complicações e o cólon pára de
realizar suas funções normais.
Sob condições normais, as bactérias
amigas presentes no cólon produzem a
necessária quantidade de vitaminas. Na ausência
desta produção, a dependência de vitaminas
externas pelos pacientes gera diversos distúrbios,
uma vez que estes suplementos vitamínicos
podem não ser adequados na qualidade e na
quantidade, levando o paciente a sofrer de
avitaminose (deficiência de vitaminas) ou de um
excesso de vitaminas no corpo.
13
Qual é então a solução para este problema?
A solução reside na correção da alimentação, no
desenvolvimento de hábitos regulares para
evacuação e redução da tensão mental. Na vida
prática, especialmente no mundo civilizado atual,
pequenas aberrações na alimentação e no
comportamento não podem ser totalmente
evitadas. Portanto, uma pessoa precisa lançar
mão de alimentos, vegetais e drogas simples,
mas absolutamente não prejudiciais, para que
possa restaurar o equilíbrio. Elas devem curar e
ao mesmo tempo prevenir a constipação e não
devem tornar o paciente um dependente. Elas
não podem causar diretamente ou indiretamente
nenhum efeito adverso sobre o trato
gastrointestinal. Por outro lado, é necessário que
produzam efeitos benéficos sobre o corpo. Estas
drogas devem corrigir simultaneamente o
funcionamento do fígado e agir na prevenção
assim como na cura de hemorróidas.
A ciência médica tem feito progressos
consideráveis em vários ramos da medicina. A
era da especialização e a tendência a ver o
homem como um conglomerado físico-químico de
muitas partes separadas tem dado lugar a um
novo gênero de pensamento biológico. Esta nova
escola de pensamento é dirigida ao conceito do
homem como um ser por inteiro, com seus
inseparáveis aspectos físico, emocional e
14
espiritual, unidos em único ser individual. O lugar
do homem como parte orgânica do universo
cósmico e biológico, sujeito a todas as imutáveis
e irrevogáveis leis da natureza está sendo cada
vez mais reconhecido. Neste contexto, o papel
das medidas dietéticas, do comportamento e das
atividades mentais na medicina preventiva e
curativa também têm se tornado cada vez mais
evidente. Apesar destas profundas mudanças
estarem gradualmente tomando lugar no
pensamento médico, a abordagem convencional
atual é incapaz de resolver o problema de
doenças catastróficas como a prisão de ventre e
as hemorróidas.
No Ayurveda, as causas, os sinais e os
sintomas, o tratamento preventivo assim como o
curativo destas doenças são descritos em
detalhes. Infelizmente, as prescrições e as
proibições mencionadas no Ayurveda, assim
como em outros sistemas de medicina tradicional,
são pouco conhecidas pelos intelectuais e
cientistas da atualidade. A incidência da
constipação aumenta a cada dia em proporção
direta ao progresso da civilização. O resultado
desta negligência criminosa é que o homem está
se tornando um portador de muitas doenças, está
envelhecendo precocemente e antecipando a
morte.
15
O outro lado da história é que em muitas
partes do mundo, particularmente no berço da
civilização antiga, há remédios à base de ervas
que têm sido empregados há milhares de anos
para o tratamento da prisão de ventre. Estas
ervas não são empregadas apenas
empiricamente; praticantes iluminados em
medicina tradicional na Índia, Nepal, Sri Lanka,
Butão, Burma, China, Bangladesh e Paquistão
podem transmitir o raciocínio existente por detrás
do uso destas ervas e destas condutas.
Os sistemas de medicina tradicional da
Índia e países vizinhos são um repositório de
experiência médica e de fitoterápicos já muito
bem examinados e testados. Alguns destes
fitoterápicos estão incluídos neste trabalho.
Talvez, algum dia, no futuro próximo, o Ocidente
seja capaz de aprender o conhecimento do
Oriente.
16
A DOENÇA
17
correspondente às últimas sete ou oito polegadas
do intestino grosso é denominada reto e a porção
terminal é denominada canal anal ou ânus. A
mucosa de revestimento do ânus é disposta em
numerosas dobras verticais e cada uma delas
contém uma artéria e uma veia. As hemorróidas
consistem no alargamento das veias deste canal
anal. A abertura do canal anal é regulado por dois
esfíncteres musculares – o interno, composto de
músculos involuntários, e o externo que consiste
de músculos voluntários.
18
algumas horas depois, quando os movimentos
peristálticos ocorrem novamente. Se tais
necessidades para a defecação são suprimidas
ou inibidas repetidamente, pode ocorrer a
constipação ou prisão de ventre.
Conseqüências da prisão de
ventre
19
comece a apresentar sinais locais e sistêmicos de
indisposição e necessite consultar um médico
para seu tratamento.
Fezes
20
alimentos e um acúmulo de produtos residuais no
sangue resultando em doenças e envelhecimento
prematuro.
21
Flatos
22
fica impedida de ocorrer pela presença de gases,
levando também à constipação. O gás leva à
diminuição do conteúdo de água das fezes e elas
se tornam ressecadas e endurecidas. Isto causa
dificuldade na evacuação. A fricção que as fezes
causam na parede do ânus resulta em
hemorróidas e fissuras anais (rachaduras ou
pequenas úlceras).
Além da dieta inadequada, a tensão mental
e a ansiedade contribuem para a formação de
gases em grandes quantidades, dificultando a
evacuação.
Hemorróidas
23
processo inflamatório na região anal. Algumas
vezes, estas massas edemaciadas saem através
do ânus durante a defecação. Acontecendo
repetidamente, estas massas não retornam mais
para o interior por si mesmas e permanecem
exteriorizadas. Elas precisam ser empurradas
para dentro após a defecação com o auxílio dos
dedos. O ânus apresenta dois esfíncteres, o
externo e o interno. As hemorróidas podem
acontecer próximas de ambos os esfíncteres.
Quando ocorrem próximas ao esfíncter interno
são denominadas “hemorróidas internas” e
quando ocorrem próximas ao esfíncter externo,
passam a ser denominadas “hemorróidas
externas”. As últimas são visíveis, mas as
primeiras não são. As hemorróidas internas são
geralmente diagnosticadas quando ocorrem
sangramentos juntamente com as fezes.
24
refinados, assim como de alimentos e bebidas
que causam aumento do fígado, e menor
consumo de vegetais e água geralmente
levam à constipação e às hemorróidas.
3. Hábitos sedentários: A falta de exercícios
físicos torna a pessoa mais propensa a tornar-
se constipada e apresentar hemorróidas.
4. Falta de sono e tensão mental: A falta de
repouso adequado à mente, na forma de uma
noite de sono, e condições de tensão mental
afetam a digestão levando à prisão de ventre.
5. Ingestão de drogas compostas de
substâncias químicas sintéticas afeta o
sistema nervoso que controla as atividades
dos intestinos. Algumas vezes os intestinos
tornam-se debilitados pela ingestão de tais
drogas de forma que o indivíduo passa a
sofrer de prisão de ventre. Algumas drogas
narcóticas, tais como ópio e seus derivados,
que levam freqüentemente ao alívio da dor ou
aquelas que induzem à tranqüilidade da
mente ou ao sono são, por natureza,
constipantes. Atualmente, para reduzir a
tensão mental e a insônia, tais drogas são
cada vez mais usadas, elevando a freqüência
de casos de constipação e hemorróidas.
25
O que causa hemorróidas?
26
curadas assim que o fator causal é removido, por
exemplo, após o nascimento da criança.
27
gengivas, ulcerações na mucosa da boca e
sangramentos gengivais. Há salivação
excessiva e o paciente baba quando está
dormindo.
2. Distúrbios gástricos: A pessoa que sofre de
constipação perde seu apetite imediatamente.
Os alimentos que ingere não são digeridos
adequadamente e há sensação de peso no
abdome após a alimentação. O paciente tem
náuseas e vômitos. Algumas vezes, estes
distúrbios podem levar a hiperacidez,
eructação ácida e sensação de queimação no
peito.
3. Distúrbios intestinais: Por causa do acúmulo
de gases, há distensão abdominal. O alimento
ingerido não é digerido adequadamente e a
fração nutriente do mesmo não é absorvida
pelos intestinos para a corrente sangüínea. Os
pacientes sofrem de má-nutrição.
4. Doenças do cólon: Com o acúmulo de
matéria fecal no cólon, muitas doenças locais
são desencadeadas como inflamações e
ulcerações. Gradualmente, o cólon perde o
tônus muscular.
5. Distúrbios na região do tórax: O paciente
que sofre de prisão de ventre crônica é mais
propenso a apresentar asma, bronquite
crônica, laringite e faringite. Tais pacientes
28
freqüentemente apresentam palpitações no
coração.
6. Cefaléias: A dor de cabeça é a manifestação
comum da constipação crônica. Os pacientes
podem sofrer de erros de refração e catarata.
7. Insônia: A insônia é freqüentemente
resultante da constipação crônica. O paciente
torna-se irritado e emocionalmente alterado,
além de apresentar muitos distúrbios
neuróticos.
Hemorróidas no Ayurveda
29
um inimigo”. Este distúrbio é amplamente
classificado em três categorias denominadas
vatika (causado por vayu), paittika (causado por
pitta) e kaphaja (causado por kapha). Os
aspectos característicos destes tipos de
hemorróidas são os seguintes:
30
Hemorróidas do tipo Kaphaja
No tipo kaphaja, as massas hemorroidárias
são grandes, protuberantes, macias, indolores à
palpação, úmidas, brancas, pegajosas,
endurecidas, pesadas, rígidas, amortecidas,
associadas a prurido intenso e contínuo,
acompanhadas de secreção profusa de um
líquido viscoso, esbranquiçado ou avermelhado.
Esta condição está geralmente associada com
náuseas, dores em aperto, sensação de peso no
abdome, vômitos e desejos constantes de
evacuar, eliminação esta impossibilitada pela dor.
Constipação em crianças
31
(Trachyspermum ammi) e administrá-lo à criança
após coá-lo, ajuda a aliviar a constipação
consideravelmente. Sempre que possível, a
criança não deve receber qualquer medicamento.
Constipação em gestantes
32
TRATAMENTOS
33
Enemas devem ser feitos
regularmente?
Se houver constipação aguda,
acompanhada conseqüentemente de dor intensa
no abdome, o enema pode ser utilizado. Mas é
prática de alguns médicos defender o uso do
enema com água morna, ou adicionada com sal
ou óleo de rícino. Este hábito é extremamente
prejudicial e o menos natural. É como dar
esmolas a uma pessoa desempregada, ao invés
de pagar por um trabalho. Sem dúvida, isto
desmoralizará a pessoa e posteriormente ela
preferirá esmolar do que realizar qualquer
trabalho físico ou mental. Se o cólon faz o
esvaziamento apenas quando recebe auxílio na
forma de enema, algum tempo depois, ele parará
de trabalhar por si mesmo e esperará pelo enema
para evacuar os intestinos.
No Ayurveda, costumam-se prescrever
certos tipos de enemas medicinais. Eles são
muito úteis na cura dos distúrbios nervosos
denominados vata roga. Estes enemas
medicinais não são aplicados regularmente.
Enemas preparados com decocção de ervas,
óleos e outros ingredientes são administrados
para a prevenção e cura de certas doenças
crônicas, com o objetivo de promover o
rejuvenescimento, melhorar a nutrição de um
34
organismo mal nutrido e aumentar a flora
intestinal útil para o corpo. Eles fazem parte de
um procedimento predeterminado e são
administrados juntamente com uma rígida
prescrição dietética e comportamental. Estes
enemas medicinais prescritos no Ayurveda são
sempre benéficos e não devem ser considerados
equivalentes aos enemas convencionais. Eliminar
a prisão de ventre não é o objetivo principal
destes enemas; mas este efeito pode ser
conseqüência de sua ação geral sobre o corpo. O
objetivo primário é a prevenção e a cura de certas
doenças crônicas e até mesmo incuráveis e a
promoção da saúde positiva.
35
própria função. Estes purgantes irritam a parede
interna do cólon causando colite e perda do tônus
de sua musculatura, levando a uma condição
denominada cólon espástico.
O Panchakarma é um método de
tratamento especializado dentro do Ayurveda. É
administrado tanto para a prevenção como para a
cura de certas doenças crônicas e até mesmo
algumas incuráveis. Este é o nome coletivo para
as seguintes terapias: (1) Emética; (2) Purgação;
(3) Niruha (um tipo de enema medicinal); (4)
Anuvasana (outro tipo de enema) e (5)
Sirovirecana (eliminação de doshas2 da cabeça).
A terapia de purgação é administrada apenas por
um período muito limitado e o paciente recebe
uma dieta e obedece a condutas especiais antes
e depois deste período de tratamento. Como o
objetivo primário não é remover a constipação,
mas sim prevenir e curar certas doenças
crônicas, esta terapia ayurvédica de purgação
não é prejudicial como os purgativos
convencionais.
Tanto para a prevenção como para a cura
da prisão de ventre e hemorróidas, os pacientes
2
Doshas: Fatores responsáveis pelo controle das
atividades fisiológicas do corpo; em número de três,
denominados vayu, que regula todas as atividades
nervosas; pitta, que controla a digestão e o metabolismo,
e kapha, que age como lubrificante, entre outras funções.
36
devem procurar adaptar-se a uma dieta saudável,
à ingestão de bebidas adequadas e a evitar
condutas e outros fatores que causem a
constipação.
Alimentação
37
nutricional foram retirados no processo de
refinamento.
A pessoa deve evitar a ingestão de farinha
branca desnaturada tais como pães, massas,
macarrão, tortas, espaguetes, bolos, panquecas,
biscoitos, etc. Alimentos como pudins e pastéis,
também não devem ser ingeridos com freqüência.
Da mesma forma, alimentos enlatados,
preservados, requentados e com corantes
também devem ser evitados.
Os feijões geralmente produzem mais
gases durante a digestão e alimentos fritos
afetam o funcionamento do fígado. Eles devem
ser evitados por aqueles que são constipados.
O hábito de comer regularmente frutas
frescas, uvas secas, ameixas secas, saladas
cruas, vegetais cozidos no vapor, arroz não
polido e pão integral é muito benéfico.
38
de aperitivos freqüentes afetam a digestão e os
movimentos intestinais levando a distúrbios como
constipação e hemorróidas. Os costumes
relativos à hospitalidade, atualmente, fazem com
que, muito freqüentemente, a pessoa coma ou
beba alguma coisa quando ela visita um amigo ou
está presente a um encontro. Em festas ou outros
encontros sociais, os alimentos e as bebidas são
servidos tarde da noite. Acordar além do horário
pela manhã torna necessário que a pessoa se
apresse para chegar ao local de trabalho, e com
freqüência, o desjejum da manhã é deixado de
lado ou ingerido apressadamente. Tudo isto
contribui para que o indivíduo sofra de
constipação e hemorróidas. Estes hábitos
irregulares devem ser evitados.
39
considerável extensão para o elevado índice de
prisão de ventre no momento presente – a “era
da pressa”. A rotina diária deve ser planejada de
forma a deixar horários suficientes para as
refeições. Comer enquanto lê, caminha ou assiste
televisão deve ser escrupulosamente evitado.
Milho e cereais
40
Vegetais
41
quando cozido como vegetal e também quando
utilizado como medicamento. Este bulbo
subterrâneo é utilizado como alimento em
diferentes regiões. Fervido e amassado, surana é
muito saudável como vegetal. Para eliminar sua
propriedade irritante, durante a fervura adiciona-
se freqüentemente um pouco de suco de
tamarindo. Os detalhes desta planta serão
descritos na monografia relacionada. Este
alimento é útil tanto para casos de constipação
como hemorróidas.
Carne e peixe
42
Feijões causam constipação
3
Ghee: Manteiga purificada. Na sua preparação, a
manteiga é colocada em uma panela e aquecida em fogo
brando até que se derreta. A manteiga é coada em um
pano fino (tipo musselina) e a parte branca é assim
separada da manteiga. Esta manteiga purificada pode ser
utilizada normalmente na culinária ou nas preparações
medicinais.
43
digeridas de alimentos se movimentem até o
cólon. O aumento do fígado por edema também
afeta a digestão e impede o adequado movimento
dos intestinos e do cólon levando, eventualmente,
à constipação e ao aparecimento de hemorróidas.
Gorduras
44
e curar a constipação, o paciente deve utilizar o
ghee ou manteiga ou óleos vegetais, tais como o
óleo de gergelim, o óleo de mostarda e o óleo de
coco, nos alimentos e durante o seu cozimento.
Frutas
45
Ingestão de leite morno ao
deitar
46
Manteiga é como ambrosia
47
Aiarik (em russo: Qumis). Experimentalmente,
descobriu-se que este preparado é muito útil para
corrigir doenças do fígado e colite crônica.
O ghee, a manteiga e a nata podem ser
consumidos de acordo com o poder digestivo e
com as necessidades de cada um. Mas alimentos
fritos com ghee e outras frituras são estritamente
proibidos.
4
Triphala: Denominação dada a uma preparação
composta da polpa dos três frutos das plantas: haritaki
(Terminalia chebula), bibhitaki (Terminalia belerica) e
amalaki (Emblica officinalis).
48
líquido é coado e ingerido com o estômago vazio.
Isto é um rejuvenescedor. Cura prisão de ventre,
hemorróidas, hiperacidez, diabetes e hipertensão,
além de promover a boa visão.
Mesmo uma pessoa normalmente saudável
deve ingerir cerca de 4 a 5 copos (dois litros) de
água durante o dia, antes e após as refeições. No
verão, deve-se consumir mais água para evitar a
constipação e as hemorróidas.
Bebidas alcoólicas
49
alcoólicas preparadas por destilação, tais como
whisky, conhaque e vodca são nutritivas e agem
como estimulantes da digestão. Mas se ingeridas
em excesso ou em horários inadequados, elas
causam aumento do fígado e podem levar até
mesmo à cirrose hepática. Isto afeta a digestão e
pode levar o indivíduo a apresentar constipação e
hemorróidas. Bebidas contendo álcool por
fermentação de seus próprios ingredientes, tais
como a cerveja e as preparações ayurvédicas
aristas e asavas não são tão prejudiciais. Por
outro lado, o uso regular destas preparações
aristas e asavas, como Kumaryasava5,
Draksasava6, Draksarista, Abhayarista7 e ajudam
a curar a prisão de ventre. Estas preparações do
tipo asava e arista devem ser ingeridas após as
refeições, juntamente com igual quantidade de
água.
5
Kumaryasava: Preparação alcoólica preparada por
fermentação contendo kumari (Aloe barbadensis, ou a
polpa da planta popularmente conhecida como babosa).
6
Draksasava e Draksarista: Dois tipos de preparação
alcoólica por fermentação contendo draksa (Vitis vinifera).
7
Abhayarista: Preparação alcoólica contendo haritaki
(Terminalia chebula). Haritaki é conservada, juntamente
com outras drogas, em um recipiente com álcool e
fermentado.
50
Temperos úteis
51
Tabaco e constipação
52
noite ou um período de yogasana (exercícios do
yoga) provaram ser muito benéficos.
Padmasana , vajrasana , pascimottanasana10,
8 9
8
Padmasana: Postura, atitude ou posição do corpo
praticada pelos yogis para desenvolver a concentração
mental. Literalmente, significa “Postura do lótus”.
9
Vajrasana: Literalmente significa “Postura do diamante”.
10
Pascimottanasana: O significado anatômico deste nome
é Pascima, que em sânscrito significa dorsal, posterior; e
Tan, que significa extensão ou alongamento, podendo ser
traduzido como “alongamento dorsal”.
11
Halasana: “Postura do arado”. Uma das principais
posturas em decúbito dorsal que promove intensa
massagem sobre as vísceras.
12
Sarpasana: Literalmente, “Postura da serpente”.
13
Kuñjala: Um dos seis métodos de purificação do Yoga;
o método consiste, resumidamente, na ingestão de água
morna e salgada para depois vomitá-la.
14
Sankha praksalana: Um dos seis métodos de
purificação do Yoga; método no qual se promove a
limpeza dos intestinos.
53
experientes em yoga e não devem ser feitos
apenas com a leitura de livros.
Dormir e descansar
Paz mental
54
dedicação à leitura das escrituras religiosas e
outras vezes através da prática do pranayama
(controle da respiração) descrito no yoga. O
Pranayama proporciona a concentração da mente
e promove a paz mental. É realizado de muitas
maneiras diferentes. É melhor se o indivíduo
encontrar a orientação de um especialista no
assunto. A prática do pranayama feita
simplesmente através da leitura de sua descrição
nos textos sobre yoga leva, algumas vezes, a
efeitos prejudiciais. É necessário, portanto, que
haja a orientação de um mestre experiente.
Banheiro oriental
55
países orientais, as pessoas começaram a utilizar
os assentos no estilo ocidental. Isto pode
satisfazer o paciente reumático, que não pode
flexionar os joelhos, mas é um fator que leva à
constipação e às hemorróidas. A postura
agachada é ideal para eliminar a prisão de ventre
e as hemorróidas.
56
MEDICAMENTOS
57
saborosas, para que sejam úteis em uma maior
variedade de doenças e para aumentar sua
validade, muitas outras drogas são adicionadas e
as preparações são feitas de acordo com
diferentes processos farmacêuticos.
Diferentemente da medicina moderna, nestas
preparações compostas, nenhuma substância
química sintética é adicionada. Apenas simples
extratos, ou a planta bruta, são utilizados.
Algumas preparações compostas importantes
estão citadas no final de cada monografia desta
série de livros.
Os pacientes podem usar estas plantas e
suas preparações com segurança segundo as
linhas sugeridas nestas monografias. Elas não
pretendem simplesmente dar alívio aos sinais e
sintomas manifestados pela constipação e pelas
hemorróidas, mas também produzem bons
efeitos sobre todo o corpo para finalmente
arrancar pela raiz tais doenças. Todas as
formulações possuem uma larga margem de
segurança e mesmo se consumidas em doses
mais elevadas do que está prescrito para
propósitos terapêuticos, não podem produzir
efeitos adversos. Ao invés de efeitos colaterais
tóxicos, estas drogas produzem efeitos colaterais
benéficos. Elas podem ser utilizadas por pessoas
saudáveis e por pacientes. Em pessoas
saudáveis, estas plantas previnem a ocorrência
58
destes desequilíbrios. Em pessoas doentes, elas
curam as doenças e tornam o corpo imune a
ataques futuros pelas mesmas.
Estas plantas possuem muitos outros
efeitos terapêuticos. Mas para não nos
afastarmos demais do contexto, apenas as
propriedades relacionadas ao combate à
constipação e hemorróidas foram descritas com
alguns detalhes, deixando outros aspectos destas
ervas apenas citados.
Uma vez que estas ervas não produzem
efeitos adversos, não há um prazo a ser fixado
para o curso do tratamento para constipação e
hemorróidas com estes remédios. Elas podem
ser empregadas seguramente até que o paciente
se torne absolutamente livre das doenças e
mesmo durante alguns dias após, para prevenir
sua recorrência.
59
Aegle marmelos (Bilva)
Sinônimos
Árabe: Safarjalehindi; Sânscrito: Bilva,
Sriphala; Inglês: Bael tree, Bengal quince;
Bengali: Bael; Butão: Ka bed; Birmanês: Okshit,
Opeshit, Cosheet; França: Bel indien; Alemanha:
Bhelbaum; Hindi: Bel, Sriphal; Itália: Bella indiana;
Nepal: Bel; Pérsia: Safarjalehindi, Shal; Singalês:
Bila, Beli: Urdu: Bel, Sherphala; Português
(Brasil): Marmelo.
Partes Utilizadas
A fruta, a folha e a casca dos ramos, assim
como da raiz, são utilizadas na medicina.
Habitat
Cresce nas florestas da região sub-
Himalaia, nas florestas tropicais e nos planaltos.
60
Aegle marmelos (Bilva)
61
Descrição
A árvore Bilva (Aegle marmelos) tem cerca
de 7 a 9 metros. Cada folha possui três folhinhas
e quando trituradas produzem um aroma típico. O
fruto é oval, alongado ou arredondado. A casca
externa da fruta é dura, lenhosa e lisa. A fruta é
verde clara, mas quando madura é amarelo clara
ou marrom. Possui duas variedades, uma
cultivada e outra selvagem. A variedade cultivada
tem frutos grandes e a variedade selvagem
possui frutos pequenos. Suas flores aparecem
em maio e os frutos em dezembro,
amadurecendo em março-abril (nos países do
Hemisfério Norte15).
Usos terapêuticos
A fruta verde e a madura são muito
utilizadas no tratamento da prisão de ventre
crônica, das hemorróidas, da disenteria, da
hiperacidez, do excesso de vento no abdome e
das dores em cólica.
As folhas da árvore bilva (Aegle marmelos)
são muito úteis no tratamento do diabetes
mellitus. Três folhas desta planta devem ser
15
N. do T.: Março-abril correspondem, no Hemisfério Sul,
aos meses de agosto e setembro ou o começo da
Primavera.
62
mascadas e ingeridas diariamente. Isto
proporciona considerável alívio aos sintomas e
sinais do diabetes. Evidentemente, levará algum
tempo até que os níveis de açúcar no sangue
diminuam.
Modo de administrar
Tanto a fruta verde como a madura são
utilizadas na medicina. A fruta verde é cortada em
fatias finas, que são colocadas a secar no sol e
transformadas em pó. Este pó é administrado na
dose de uma colher de chá (5 g.), três vezes ao
dia, com água. Se o paciente sofre de
constipação, este pó deve ser administrado com
água morna ou leite morno. Se houver diarréia,
deve ser administrado com água fria.
A polpa da fruta madura (sem as fibras e as
sementes) é administrada ao paciente que sofre
de disenteria crônica na dose de três colheres de
chá (15 ml.), três vezes ao dia.
O uso regular da polpa da fruta madura, na
forma de sharabat (xarope), adicionando-se leite
frio e açúcar, é muito útil para pacientes que
sofrem de hemorróidas crônicas, prisão de ventre
e hiperacidez.
A fruta madura é muito difícil de ser
digerida. Por este motivo, deve ser adicionado um
quarto de colher de pimenta preta em pó à fruta,
especialmente se houver perda de apetite.
63
Preparações
1. Bilvadi curna
2. Bilvadi leha
3. Bilvadi ghrta
4. Bilva pañcaka kvatha
5. Bilva muladi gutika
6. Bilva taila
7. Dasamula kvatha
8. Bael sharabat
64
Aloe barbadensis (Kumari)
65
Aloe barbadensis (Kumari)
Sinônimos
Árabe: Musagbar; Bengali: Ghrita kumari;
Inglês: Aloe, Common Indian aloe; Francês:
Aloes; Alemão: Aloe; Grego: Aloi; Hindi:
Ghiguvara, Gvarapatha, Kumari, Kuvarapatha;
Italiano: Aloe; Persa: Darakhtesinn; Sânscrito:
Ghrtakumari, Adala, Aphala, Bahupatri,
Grihakanya; Urdu: Ghiqwara; Português: Babosa.
Parte utilizada
A polpa ou o suco das folhas frescas são
utilizados na medicina.
Habitat
Kumari (Aloe barbadensis) cresce
espontaneamente e também é cultivada como
planta ornamental nas regiões tropicais,
subtropicais e temperadas. Cresce bem em solo
arenoso.
Descrição
Kumari é um arbusto anão de folhas
carnosas. Seu caule tem 30 a 60 cm. de altura.
66
Suas folhas possuem cerca de 40 cm. de
comprimento, 10 cm. de largura e 2 cm. de
espessura. Estas folhas são carnosas e
apresentam espinhos em toda a margem. Se a
folha é cortada e pendurada com a porção
cortada para baixo, um suco transparente,
amarelado, escorre da mesma. Este líquido é
coletado e colocado a secar por exposição ao sol
(algumas vezes é colocado a secar no fogo). A
massa sólida resultante é chamada musagbar.
Este é um ingrediente utilizado na medicina. As
flores avermelhadas aparecem no inverno.
Usos terapêuticos
Kumari é geralmente utilizada no tratamento
de constipação crônica, hemorróidas, formação
de gases no estômago, perda do apetite, doenças
do fígado, incluindo icterícia, e outras doenças
tais como dismenorréia, irregularidade menstrual
e leucorréia (secreção vaginal de odor fétido).
Como cura distúrbios digestivos e doenças do
fígado, é especialmente utilizado para crianças.
Externamente, é empregado no tratamento
de queimaduras e entorses.
O nome sânscrito desta planta Kumari (que
significa “menina virgem”) é muito significativo. É
muito útil para garotas na fase adolescente. Além
de curar os distúrbios menstruais, melhora a
compleição, limpa a pele de espinhas e aumenta
67
sua fertilidade. Se utilizada regularmente, ajuda
na manutenção de seu equilíbrio hormonal
durante diferentes fases de seu ciclo menstrual e
ajuda na criação de um desenvolvimento mental
harmonioso. É igualmente útil para mulheres com
mais idade, especialmente durante o período de
menopausa. As mulheres durante esta fase de
sua vida, sofrem geralmente de muitos distúrbios
físicos e mentais e desequilíbrios hormonais, que
são prevenidos e curados através do uso desta
droga.
68
faca e a polpa carnosa deve ser transformada em
pasta com um pilão. Por causa de sua natureza
carnosa é um pouco difícil extrair o suco da
polpa. A folha inteira deve ser ligeiramente
tostada sobre o fogo. Isto torna mais fácil a
extração do suco, passando a polpa através de
um pano.
Em casos de entorses ou luxações, a polpa
ou o suco desta planta devem ser suavemente
esfregados sobre a área afetada, duas a três
vezes ao dia.
Dose
Suco: Duas colheres de chá (10 ml.), duas
vezes ao dia, com mel.
Polpa: Duas colheres de chá (10 ml.), duas
vezes ao dia, com açúcar mascavado indiano ou
açúcar.
Preparações
1. Kumaryasava
2. Rajah pravartini vati
3. Kumari vati
4. Kumari paka
69
Amorphophallus campanulatus (Surana)
70
Amorphophallus campanulatus
(Surana)
Sinônimos
Bengali: Ol; Birmanês: Wa; Hindi: Kanda,
Zamikanda; Persa: Zaminkanda; Sânscrito:
Arsoghna, Durnamari, Kanda, Surana, Vatari;
Singalês: Kidaran.
Parte utilizada
O caule subterrâneo (bulbo) é utilizado na
medicina.
Habitat
Surana (Amorphophallus campanulatus)
cresce espontaneamente nas regiões tropicais. É
também muito cultivada, pois é utilizada tanto
como vegetal quanto na medicina.
Descrição
A planta cresce até uma altura de 30 a 60
cm. Possui um caule subterrâneo, meio esférico e
deprimido na parte superior, onde está ligado ao
tronco. O bulbo possui entre 8 e 10 polegadas de
diâmetro e apresenta uma coloração marrom
71
opaca. O tubérculo retirado de uma planta
completamente desenvolvida é cultivado nos
meses de maio-junho16 e é retirado da terra
dentro de doze meses. Seu bulbo pesa
aproximadamente 2 a 4 kg. O bulbo da variedade
selvagem é menor que o da planta cultivada. Mas
como medicamento, o primeiro é mais útil que o
último. A variedade selvagem, no entanto, possui
uma característica irritante por causa de seu
conteúdo excessivo de oxalato de cálcio. Na
variedade cultivada, os cristais de oxalato de
cálcio estão presentes em menor número, sendo
portanto menos irritante. A variedade cultivada é
geralmente empregada como vegetal e na
preparação de picles.
Usos terapêuticos
Surana (Amorphophallus campanulatus) é
um excelente remédio para hemorróidas e
constipação crônica, assim como para a prisão de
ventre habitual. É também muito útil no
tratamento das doenças hepáticas, nas dores em
cólicas, parasitoses intestinais, bronquites, asma
e distúrbios menstruais.
16
N. do T.: Os meses de maio e junho correspondem ao
início do verão no calendário Hindu.
72
Métodos terapêuticos e modo de usar
Como a variedade selvagem de surana
(Amorphophallus campanulatus), que é mais útil
como medicamento, possui uma característica
irritante para o paladar, ela é coberta com uma
camada de lama, com cerca de duas polegadas
de espessura, colocada a secar ao sol e depois
torrada sobre um fogo de bolos de esterco de
vaca17. Quando a lama assa e torna-se vermelha,
é removida e a terra em torno do bulbo é lavada
com água. Depois, a pele do bulbo é lixada e ele
é cortado em pedaços, colocado a secar sob o
sol e depois transformado em pó. Este
procedimento é muito útil tanto para o propósito
medicinal como para o uso como vegetal.
Os pedaços cortados deste bulbo são
conservados ao escabeche no vinagre, no suco
de limão ou na água de tamarindo por sete dias.
Através deste processo, a planta torna-se
terapeuticamente mais eficaz. Como vegetal, este
tipo de bulbo conservado de surana torna-se mais
nutritivo e muito mais saboroso. Para uma
17
N. do T.: Na Índia, costuma-se misturar o esterco com
capim seco moído, fazendo-se uma massa e moldando-a
na forma de bolos redondos (no formato de panquecas
grossas). Estes são colocados a secar no sol e quando
totalmente secos servem como combustível eficaz tanto
para a fundição de ferro como para a fabricação de
medicamentos.
73
utilização mais rápida e mais segura, a surana
(Amorphophallus campanulatus) é fervida em
água juntamente com uma boa quantidade de
folhas de tamarindo ou suco de limão. Quando
completamente fervida, é retirada da água,
descascada, cortada em pedaços e colocada a
secar sob exposição ao sol. Então, faz-se um pó
com estes pedaços e utiliza-se na medicina.
Quando utilizado como vegetal, a variedade
cultivada do bulbo é descascada, cortada em
pedaços pequenos e frita no ghee ou no óleo de
mostarda para remover sua propriedade irritante.
Se o bulbo for fervido em água, juntamente com
um pouco de vinagre ou de suco de limão, ele se
torna macio e não irritante. Após a remoção da
casca externa, a polpa é amassada até se
transformar em uma pasta fina. Esta pasta é frita
no ghee, com sementes de feno-grego e de
cominho. O suco de limão e o sal são
adicionados antes de servir. Este vegetal é muito
benéfico para pacientes que sofrem de
constipação e hemorróidas.
Formulações
Surana modaka
Adiciona-se a seis partes do pó de surana
(Amorphophalus campanulatus) seco, uma parte
de cada uma das seguintes plantas: pimenta
74
preta (Piper nigrum), Piper longum, raiz de citraka
(Plumbago zeylanica), haritaki (Terminalia
chebula), bibhitaki (Terminalia belerica), amalaki
(Emblica officinalis), cominho, assa-fétida, ajwain
(Trachyspermum ammi) e ajamoda (Apium
graveolens).
A esta mistura, deve ser adicionado um
quarto da quantidade de sal de rocha e tudo deve
ser impregnado com uma quantidade suficiente
de suco de limão. Depois, deve-se triturar e
colocar a secar.
Este processo de imersão, trituração e
secagem deve ser repetido por sete dias. Da
pasta resultante, são preparadas pílulas grandes
de 500 mg. cada uma. Estas pílulas são
armazenadas em um recipiente de porcelana
limpo e seco.
As pílulas são muito úteis no tratamento da
constipação, das hemorróidas e de outras
doenças do trato gastrointestinal.
Esta fórmula não deve ser administrada
para gestantes.
Dose
Pó: Uma colher de chá (5 g.), três vezes ao
dia.
Surana: Duas pílulas, três vezes ao dia,
com água quente.
75
Preparações
1. Surana modaka
2. Brhat surana modaka
3. Surana vataka
4. Brhat surana vataka
5. Maha suranadya lauha
6. Nityodita rasa
7. Kankayana modaka
8. Pañcanana vati
76
Carica papaya (Papaya)
77
Carica papaya (Papaya)
Sinônimos
Árabe: Anabah e hindi, Ambahindi; Bengali:
Papeya, Pappaiya; Birmanês: Pimbosi, Simbosi;
Inglês: Papaya, Papeta, Melon tree; Francês:
Figuier des iles, Papayer; Hindi: Papita, Papaya,
Anda kharbuja, Pepiya; Nepalês: Mewa; Persa:
Ananbahehindi, Ambahindi; Sânscrito: Eranda-
karkati, Chirbhita, Erandachirbhita, Nalikadala;
Singalês: Papaw, Pepol; Urdu: Erandkharbujah;
Português: Mamão.
Parte utilizada
A fruta é utilizada na medicina.
Habitat
Papaya (Carica papaya) é geralmente
cultivada em regiões tropicais e subtropicais que
possuem chuvas adequadas para tal.
Descrição
A papaya é uma árvore robusta mas frágil,
crescendo até uma altura de 3 a 6 m.
sustentando uma copa de folhas grandes,
78
profundamente lobuladas que possuem uma
aparência de palma. As frutas aparecem
próximas ao topo do tronco, comprimidos na base
das folhas. O número, formato e tamanho dos
frutos variam conforme as condições do solo, da
estação, do clima e das práticas de cultivo. Eles
podem ser arredondados ou cilíndricos na forma
e podem pesar até 10 kg.
É uma das poucas árvores frutíferas que
cresce rapidamente e logo rende frutos grandes.
Em um ano ou um ano e meio, começa a produzir
frutos que aparecem por cerca de quatro meses
começando em janeiro18.
Usos terapêuticos
Tanto o fruto verde como o maduro são
úteis na cura da constipação, de hemorróidas,
parasitoses intestinais e doenças do fígado. É
utilizada também no tratamento de doenças
cardíacas, distúrbios urinários e irregularidades
menstruais.
18
N. do T.: Os meses de janeiro e fevereiro (Magha) no
calendário Hindu corresponde aos meses de junho e julho
no hemisfério sul.
79
maduro é geralmente utilizado como sobremesa.
Vários tipos de conservas e marmeladas são
preparados com o fruto maduro. Bebidas leves
também são feitas com a fruta e algumas vezes
ela é cristalizada. Por causa de seu alto valor
nutritivo e propriedades digestivas, a ingestão
regular do fruto verde ou maduro evita e também
cura tanto a constipação como as hemorróidas.
80
Cassia angustifolia (Svarna patri)
81
Cassia angustifolia (Svarna
patri)
Sinônimos
Árabe: Sanaehindi; Bengali: Sannamakki,
Shonpat, Sonpat; Birmanês: Puvekainyoe; Inglês:
Bombay senna, Medicinal senna, Lotus senna;
Hindi: Bhuikhakhasa, Hindisana; Persa:
Sonaehindi; Sânscrito: Bhumicari, Bhumivalli,
Hemapatri, Malaharini, Mridurecani, Svarnamukhi;
Singalês: Nelavari, Nilavari.
Partes utilizadas
As folhas e os frutos desta planta são
utilizados na preparação de medicamentos.
Habitat
Svarna patri (Cassia angustifolia) é um
arbusto com cerca de 60 a 90 cm. de altura. As
folhas aparecem geralmente em pares. As
pequenas folhas possuem de 1 a 2 polegadas de
comprimento e 0,2 a 0,6 polegada de largura.
Elas são verde-amareladas. As vagens possuem
1,4 a 2,8 polegadas de comprimento e cerca de
82
0,8 polegada de largura e são marrom-
esverdeadas ou marrom escuras. As folhas são
geralmente colocadas a secar sobre o chão e na
sombra. Quando totalmente secas, são
armazenadas em recipiente limpo e seco.
Usos terapêuticos
Svarna patri (Cassia angustifolia) é
empregada muito freqüentemente como um
purgante, particularmente para aqueles que
sofrem de constipação crônica.
É útil no tratamento da flatulência, de
tumores fantasmas, da artrite reumatóide, da
gota, bronquite, asma, doenças de pele e
parasitoses intestinais.
83
constipada e estiver sendo amamentada pela
mãe, deve-se administrar este pó à mãe. O
princípio ativo desta planta é eliminado com o
leite da mãe em pequenas quantidades e age
como um laxante suave para o bebê.
Outra formulação consiste em adicionar
uma colher de chá de pó de svarna patri, a
mesma medida de saunf (Foeniculum vulgare),
de gengibre e de pippali (Piper longum) a uma
xícara de leite e quatro copos de água. A mistura
é fervida, reduzida a um quarto da quantidade
inicial e filtrada. Adiciona-se uma colher de chá
de açúcar à decocção e administra-se ao
paciente na hora de dormir. Esta preparação
láctea é um tratamento muito eficaz nos casos de
constipação e hemorróidas.
Uma decocção simples de pó de svarna
patri (Cassia angustifolia), saunf (Foeniculum
vulgare) e gengibre também é muito útil.
Dose
Pó: Uma colher de chá (5 g.), na hora de
dormir, misturada com leite quente ou água
quente.
Decocção: Seis colheres de chá (30 ml.), na
hora de dormir. Esta fórmula deve ser
administrada enquanto estiver morna.
84
Preparação láctea: Uma xícara ao deitar.
Esta formulação também deve ser administrada
enquanto estiver morna.
Preparações
1. Pañca sakara curna
2. Yastyadi curna
3. Sukhasaraka curna
85
Cassia fistula (Aragvadha)
86
Cassia fistula (Aragvadha)
Sinônimos
Árabe: Kharrub hindi, Quitha hindi, Khiyar
shanbar; Bengali: Amultas; Birmanês: Gnookye;
Inglês: Purging cassia; Francês: Caneficier,
Casseen silieue, Cassier; Alemão: Purgier kasie,
Rohren kasie; Hindi: Amaltas; Italiano: Cassia
solutiva, Cassia in bastoni; Persa: Khiyar
chanbar; Sânscrito: Aragvadha, Caturangula,
Naktamala, Krtamalaka, Recana; Singalês:
Aahalla; Urdu: Amaltas; Português: Canafístula,
Chuva-de-ouro.
Partes utilizadas
A polpa da fruta, a casca da raiz, as flores e
as folhas são utilizadas na preparação de
medicamentos.
Habitat
Aragvadha (Cassia fistula) cresce
espontaneamente nas florestas das regiões
tropicais. É cultivada em parques e jardins por
causa de suas belas flores amarelas.
87
Descrição
Aragvadha (Cassia fistula) possui 7,5 a 10,5
m. de altura e uma raiz de 0,9 a 1,20 m. de
cintura. As flores amarelas aparecem nos meses
de abril-junho19, em cachos. As frutas são
cilíndricas, com 25 cm. a 50 cm. de comprimento
e 1,5 a 3 cm. de diâmetro. Contém vinte e cinco a
cem sementes. As sementes são completamente
circundadas pela polpa negra, a qual é
principalmente utilizada na medicina.
Usos terapêuticos
A polpa da fruta é um excelente laxante. É
tão segura que pode ser administrada a crianças
e a gestantes. É utilizada no tratamento de
hemorróidas, anorexia, perda do apetite,
formação de gases no abdome, dores em cólica,
distúrbios hepáticos, incluindo a icterícia, doenças
cardíacas, bronquite, asma, disúria, doenças
crônicas de pele, febre crônica, reumatismo e
gota.
Externamente, a pasta preparada com a
casca da raiz e as folhas é aplicada em casos de
eczemas, escabiose, psoríase, articulações
19
N. do T.: Os meses de abril a junho correspondem no
calendário do hemisfério sul aos meses setembro a
novembro.
88
dolorosas e inflamadas e aumento assim como
inflamação dos nódulos linfáticos.
89
um pó. É geralmente administrada na forma de
infusão. É também preparada na forma de
Sitakasaya, na qual 5 g. do pó das flores são
mergulhados em uma xícara de água durante a
noite, coados através de um pano e a água é
ingerida pela manhã, ainda em jejum.
Para uso externo, a casca da raiz é limpa,
os materiais estranhos são retirados e ela é
transformada em uma pasta. A casca da raiz
colhida recentemente é mais útil que a casca
seca. Por causa da não disponibilidade da casca
fresca, a seca pode ser utilizada, verificando-se
que não esteja muito velha. A casca da raiz seca
deve ser embebida em água e transformada em
pasta. A pasta deve ser aplicada sobre a região
afetada à noite como um cataplasma e atado com
bandagem. Para o caso de articulações
inflamadas e dolorosas, a pasta da casca deve
ser aquecida e aplicada.
Dose
Polpa: Duas colheres de chá (10 g.), duas a
três vezes ao dia com qualquer bebida quente. A
polpa é doce, quando misturada com suco de
romã torna-se bastante saborosa para crianças e
gestantes.
Pó: Uma colher de chá (5 g.), três vezes ao
dia, com qualquer bebida quente.
90
Decocção: Seis colheres de chá (30 ml.),
três vezes ao dia, com um pouco de açúcar ou
açúcar mascavado indiano. Para tratar
hemorróidas e constipação, a decocção deve ser
administrada enquanto estiver morna.
Pasta: Para uso interno, uma colher de chá
(5 g.), três vezes ao dia, com qualquer bebida
morna.
Preparações
1. Aragvadhadi lepa
2. Aragvadharista
3. Aragvadhadi taila
4. Dasamularista
91
Glycyrrhiza glabra (Yastimadhu)
92
Glycyrrhiza glabra (Yasti
madhu)
Sinônimos
Sânscrito: Madhuka, Madhu yasti, Yasti,
Yastimadhu; Inglês: Liquorice; França: Reglisse
glabre; Alemanha: Echtes sussholz; Hindi:
Mulhati; Itália: Regolizia: Pérsia: Bikhemahak;
Singalês: Atimadhuram; Português (Brasil):
Alcaçuz.
Partes utilizadas
O rizoma e a raiz são usados na medicina.
Habitat
A planta yastimadhu desenvolve-se em
clima seco e ensolarado, sendo cultivada nas
regiões subtropicais e temperadas mornas,
principalmente no Mediterrâneo.
Descrição
É uma erva resistente que alcança 1,8 m.
de altura. A parte subterrânea da planta consiste
de numerosos ramos. Sua raiz possui muitas
93
ramificações. A raiz e os ramos subterrâneos,
com casca e sem casca, são empregados na
medicina. Estes ramos subterrâneos e raízes são
colhidos e depois cortados em pedaços para
serem secos sob cobertura. Sua coloração é
amarelo claro e possuem sabor característico,
doce e agradável.
Usos terapêuticos
A planta é útil no tratamento da
constipação, hemorróidas, para sangramento que
se manifesta em diferentes partes do corpo,
bronquite, asma, rouquidão, hiperacidez, artrite,
indigestão, dores em cólicas, febre crônica, perda
do apetite, infecção urinária, disúria e doenças
dos cabelos.
Externamente, é aplicada sobre as
articulações dolorosas e inchadas.
94
de água. Esta mistura é fervida até que a
quantidade inicial se reduza a meia xícara. O pó
deve ser coado e desprezado e a decocção é
empregada como medicamento. Por causa de
seu sabor adocicado, as crianças aceitam sua
administração com mais facilidade e a planta é
adicionada a muitos xaropes para tosse. Seu pó
também é mascado juntamente com a folha de
bétele para prevenir e corrigir distúrbios
digestivos. O pó produz um efeito suavizante
sobre a garganta. É adicionado a diversas
formulações na forma de tabletes, comprimidos e
pílulas. Os vocalistas conservam um pedaço de
sua raiz na boca e mascam-na quando podem.
Isto ajuda a melhorar a voz.
Úlceras na garganta, tosse, constipação
crônica e hemorróidas são aliviadas com o uso
deste pó juntamente com chá, ambos em iguais
quantidades. Algumas pessoas ingerem a infusão
do pó de yastimadhu (Glycyrrhiza glabra) com
leite e açúcar, como um chá.
Para promover a boa visão, uma colher de
chá (5 g.) do pó desta planta e uma colher de chá
(5 g.) de amalaki (Emblica officinalis) são
adicionados a um copo de água, conservados
durante a noite, coados através de um pano e o
líquido é ingerido pela manhã, em jejum.
Enquanto promove a visão, corrige também a
constipação, hemorróidas, a hiperacidez e o
95
reumatismo. É administrado regularmente na
forma de um xarope para prevenir as doenças do
fígado, inclusive a icterícia e os ataques de calor
no verão.
Dose
Curna (pó): Uma colher de chá (5 gramas),
duas a três vezes por dia, com água ou leite
morno ou misturado com mel. A administração do
pó com mel e ghee (1/2 colher de chá de cada) é
muito útil para promover a visão.
Kvatha (decocção): Meio copo (60 ml.),
duas vezes ao dia. Na bronquite, asma,
hemorróidas e constipação, a decocção deve ser
administrada quando estiver morna. Pode ser
ingerida três a quatro vezes ao dia dependendo
da seriedade da doença.
Sarbat (xarope): Duas colheres de chá (10
ml.), duas a três vezes ao dia.
Preparações
1. Yastyadi curna
2. Yastimadhvati taila
3. Yastyadi kvatha
4. Saptamrta lauha
5. Svadista virecana
96
Plantago ovata (Isabagol)
97
Plantago ovata (Isabagol)
Sinônimos
Árabe: Bazrekatima, Bazrequatuna; Bengali:
Eshopgel, Isabgul, Ispaghul; Hindi: Isabgul,
Isbaghol, Ispaghul, Issufgul; Inglês: Desert
plantago; Persa: Isabghul, Isbaghol, Ispoghul;
Sânscrito: Isabagul, Ishadgola, Slaksnajira,
Snigdhabija; Urdu: Ispaghul.
Partes utilizadas
As sementes e a casca são utilizadas como
medicamento.
Habitat
Isabagol (Plantago ovata) é geralmente
cultivada em regiões tropicais secas.
Descrição
Isabagol (Plantago ovata) é uma erva sem
tronco. As folhas são lineares e suas margens
possuem dentes distantes. As flores e as frutas
aparecem em hastes. As sementes possuem
forma de canoa, são lisas e de coloração marrom
amarelada. As sementes contém uma casca
98
mucilaginosa que possui uma membrana fina e
branca. A casca é separada das sementes por
trituração e peneiração. As sementes e as cascas
são colhidas nos meses de março e abril20.
A mais antiga descrição da planta Isabagol
(Plantago ovata) no Ayurveda está disponível no
texto Vaidyamrta escrito por Vaidyaraja
Moresvara, que foi composto durante o final do
século dezoito. De acordo com o autor, esta
droga era útil no tratamento de jvaratisara ou da
febre associada com diarréia. Descrições desta
droga estão disponíveis em muitos trabalhos
escritos depois, tais como Nighantu sangraha,
Saligrama nighantu e Ayurveda vijñana. Nestes
livros, esta droga é referida como um
medicamento útil no tratamento de distúrbios
intestinais.
Isabagol é um nome persa. Este termo é
composto de duas palavras, ou seja, aspa, que
significa “cavalo” e gol, que significa “orelha”. Por
implicação, a semente desta planta é côncava e
alongada como a orelha de um cavalo. Tendo em
vista a raiz da palavra, em sânscrito, esta planta
também é denominada asva karna. Isabagol é
uma planta resistente e pode se desenvolver em
20
N. do T.: Março e Abril correspondem a Vasanta ou
começo da primavera no calendário Hindu. No hemisfério
sul corresponderiam aos meses de Agosto e Setembro.
99
diferentes tipos de solos. Ela cresce muito bem
em solo argiloso e bem drenado. O tempo frio e
seco é favorável ao seu desenvolvimento. Já o
tempo chuvoso e nublado, na época da floração,
afeta adversamente tanto a colheita quanto a
qualidade desta droga. Ela é geralmente
semeada em Outubro21 e irrigada cinco a oito
vezes até que atinja a maturidade. A planta está
pronta para a colheita em cerca de três a quatro
meses e meio após a semeadura. Quando as
hastes se tornam vermelhas, elas são cortadas
com o auxílio de uma foice a cerca de 15 cm.
acima do solo. O corte é feito geralmente pela
manhã, quando um pouco de orvalho está
presente, o que evita que as sementes se
desprendam. Após a separação dos grãos, a
colheita é peneirada até que as sementes sejam
limpas.
A semente é especialmente valiosa por
causa de sua casca mucilaginosa, uma
membrana fina e branca que cobre o lado
côncavo da semente. A casca é separada da
semente por trituração e peneiração. Esta casca
é então removida do núcleo e classificada.
Pode ser de três tipos, branca, vermelha e
preta. Terapeuticamente, a casca de coloração
21
N. do T.: Outubro no calendário Hindu corresponde ao
mês de Março no hemisfério sul.
100
branca é considerada a melhor. As sementes de
coloração preta ou marrom escura são de
qualidade inferior, e portanto, geralmente, não
utilizadas na medicina. A variedade vermelha de
Isabagol apresenta um efeito refrescante sobre o
corpo.
Usos terapêuticos
Isabagol (Plantago ovata) é nutritiva,
refrescante e diurética. Portanto, é utilizada tanto
na constipação como na diarréia. Para ações
diferentes, é combinada com diferentes tipos de
anupanas ou veículos. Além de sua eficácia no
combate à constipação, principalmente na prisão
de ventre crônica, é administrada também no
tratamento da diarréia, da disenteria amebiana,
de hemorróidas, especialmente daquelas
acompanhadas por hemorragia, da flatulência, de
sangramentos por qualquer região do corpo, de
infecção localizada no trato genital, na síndrome
do espru, na colite crônica e na espermatorréia. É
extremamente útil nos casos em que há
dificuldade na eliminação de urina ou quando há
oligúria acompanhada por sensação de
queimação (disúria). Por causa de seu efeito
sobre o cólon, é administrado nas colites e na
disenteria. É muito útil no tratamento da asma
brônquica. Na verdade, é administrado
diariamente na asma quando há dificuldade em
101
eliminar o catarro. A planta ajuda na eliminação
do muco acumulado no tórax. Pelo mesmo
motivo, é extensivamente utilizada no tratamento
da bronquite, especialmente da bronquite crônica.
Externamente, é utilizada na forma de
pomada no tratamento das orquites (inflamação
dos testículos) em crianças. É aplicado sobre
úlceras crônicas, articulações reumáticas e
ulcerações em partes moles do corpo.
102
ser ingerida antes que se torne viscoso e
pegajoso.
Ela recobre a membrana mucosa do intestino e
aumenta o volume das fezes. Mistura-se com as
toxinas e bactérias do intestino grosso e por
meios mecânicos produz movimentos intestinais
que resultam na necessidade de evacuar.
Pode ser administrada com leite morno,
trabalhando melhor no alívio da constipação.
Como se trata de um laxante muito suave, tendo
sua ação confinada aos intestinos, não há
problemas com relação a um aumento excessivo
dos movimentos intestinais com perdas e
desidratação. A preparação não irrita as paredes
dos intestinos. A evacuação do reto geralmente
ocorre em um ou dois episódios. Se houver gases
ou muco nos intestinos, o paciente pode precisar
evacuar muito freqüentemente nos primeiros dias.
O uso desta planta não provoca hábito. Uma vez
que seja eliminada, o paciente continua a evacuar
facilmente. Leva cerca de doze horas para
ocorrer a defecação. Como não estimula as
terminações nervosas intestinais, pode ser
utilizada com segurança por crianças e por
gestantes.
Nas hemorróidas:
A casca da Isabagol é muito útil tanto nas
hemorróidas secas como nas sangrantes. Previne
103
a constipação, cura a congestão hepática, torna
as fezes bem formadas e macias para evitar a
fricção sobre as massas hemorroidárias,
interrompe o sangramento por causa de seu
efeito refrescante e auxilia na cura das
hemorróidas. Para este propósito, duas colheres
de chá da casca de Isabagol devem ser
misturadas com soro de leite ou sharabat
(xarope) de limão e administradas ao paciente
três vezes ao dia, regularmente, por cerca de
quatro meses. No início da doença, duas colheres
de chá de casca de Isabagol devem ser
administradas ao paciente com água morna,
durante o dia. Este procedimento ajuda a curar e
prevenir a doença.
Na disenteria amebiana:
A disenteria amebiana é caracterizada por
episódios repetidos de diarréia e constipação.
Geralmente, as fezes contém muco e não
conseguem ser evacuadas completamente em
um ou dois episódios. O paciente apresenta
dores em cólicas. Nesta condição, a casca de
Isabagol deve ser administrada como descrito
acima. Deve ser ingerida apenas com água
quente e não com o leite quente. Se houver
diarréia, é preferível administrar Isabagol
juntamente com água fria, misturada com uma
colher de sopa de suco de lima.
104
Na disenteria amebiana crônica, duas colheres de
chá de casca de Isabagol devem ser adicionadas
a uma colher de chá do pó de indrayava
(sementes de Holarrhena antidysenterica) e
administradas ao paciente duas a três vezes ao
dia por cerca de oito semanas. Este
procedimento cria um ambiente hostil ao
organismo causador da disenteria, mas não
prejudica a flora bacteriana útil que vive no
intestino.
Na disenteria bacilar:
A disenteria bacilar é caracterizada por
evacuações freqüentes, podendo levar à
desidratação. Nesta condição, a casca de
Isabagol deve ser administrada na dose de duas
colheres de chá, quatro vezes ao dia com água
fria ou com sharabat (xarope) de limão. A casca
de Isabagol, neste caso, forma uma fina camada
sobre a parede interna do intestino, sem qualquer
fator irritante. Por outro lado, ajuda na cura das
porções inflamadas e das ulcerações na parede.
Mistura-se com os organismos que infestam o
intestino e com suas toxinas e elimina-os
gradualmente. Por causa de seu efeito suavizante
sobre as paredes do cólon, interrompe as
evacuações freqüentes e as perdas. Outros
sintomas, como dor, flatulência, perda de apetite
e náuseas, também são aliviados com seu uso.
105
Nas colites crônicas:
A colite crônica caracteriza-se pela inflamação e
ulceração das paredes internas dos intestinos
delgado e grosso. O paciente sente a
necessidade de evacuar imediatamente após a
ingestão de qualquer alimento, mesmo após a
ingestão de água. Estes pacientes devem ingerir
duas colheres de chá de casca de Isabagol, três
a quatro vezes ao dia com soro de leite ou
iogurte. Para melhorar o sabor, pode ser
adicionado um pouco de mel ou sal e pó de
cominho. Esta preparação ajuda na cicatrização
das áreas inflamadas e ulceradas dos intestinos.
Os movimentos são gradualmente regulados e a
flatulência e a anorexia são eliminadas.
Na diarréia aguda:
Pessoas que vivem em planícies, particularmente
onde o clima é temperado ou frio, sofrem de
diarréia quando visitam montanhas com clima
tropical. Para estes pacientes, devem ser
administradas duas colheres de chá de casca de
Isabagol com água fria ou soro de leite, duas
vezes ao dia. Isto age como preventivo e também
como curativo.
Na constipação infantil:
106
Um quarto de colher de chá da casca de Isabagol
deve ser misturado com leite e um pouco de
açúcar. Deve ser administrado à criança duas
vezes ao dia até que a constipação seja
eliminada. Depois, como preventivo, este
medicamento deve ser oferecido à criança uma
vez ao dia.
107
navasadara ou cloreto de amônio) e misturar
muito bem.
Na espermatorréia:
Esta é uma queixa comum em adolescentes.
Nestes casos, duas colheres de Isabagol devem
ser administradas com água fria, duas vezes ao
dia. Como preventivo, tais pacientes devem tomar
duas colheres de chá de casca de Isabagol na
hora de dormir com água ou com uma bebida fria.
Na bronquite e na asma:
Quando há dificuldade em eliminar o catarro,
especialmente se houver enfisema e
bronquiectasia, a ingestão de duas colheres de
chá de Isabagol com água quente ou leite quente
é muito útil. A adição de uma colher do pó de
108
saunf (Foeniculum vulgare) aumenta os
benefícios nestes casos.
Curna (pó)
Duas partes da casca de Isabagol e uma
parte de cardamomo mais uma parte de coentro
devem ser misturados e transformados em um
pó. Duas a seis gramas deste pó devem ser
administrados ao paciente, duas a três vezes por
dia, juntamente com água morna ou leite morno.
Esta fórmula cura febres associadas com diarréia,
disenteria amebiana, hemorróidas sangrantes,
sangramentos por qualquer parte do corpo,
disúria e também a prisão de ventre. Nos casos
de diarréia, este pó deve ser administrado com
soro de leite ou com água fria.
109
Peya (mingau fino)
Quarenta gramas de Isabagol devem ser
embebidos em 200 ml. de água e conservados
durante a noite. Na manhã seguinte, a mistura
deve ser coada e deve-se adicionar 20 g. de
açúcar cristal ao mingau. O paciente deve tomar
este mingau. Cura sangramentos, dor de cabeça,
diarréia, cólicas e sensação de queimação no
estômago.
Sharabat (xarope)
Vinte e cinco gramas de Isabagol devem ser
embebidos em 300 ml. de água e misturados até
que se torne pegajoso. Depois, 400 g. de açúcar
cristal devem ser adicionados e a preparação é
fervida sobre fogo brando. Este xarope deve ser
administrado ao paciente em doses de 10 a 20
ml., duas a três vezes por dia. É muito útil nos
casos de bronquite crônica e asma.
110
g.), duas vezes ao dia, com leite. Cura
espermatorréia, leucorréia e outros distúrbios
seminais.
111
crônica e o sangramento por diferentes partes do
corpo.
112
Seis gramas de casca de Isabagol, 20 ml. de
óleo de mamona refinado e 100 ml. de leite de
vaca morno devem ser misturados e
administrados ao paciente pela manhã. Alivia a
constipação e cura a disenteria.
Cem gramas de casca de Isabagol devem ser
adicionados a 150 ml. de óleo de amêndoas e
administrados ao paciente pela manhã com leite
morno ou água morna. Cura dores em cólica e
constipação.
113
Ricinus communis (Eranda)
114
Ricinus communis (Eranda)
Sinônimos
Árabe: Khirwa, Charua; Birmanês: Kesu,
Kyeksu; Inglês: Castor oil plant, Palma christi;
Bengali: Bherenda; Francês: Ricin, Palma;
Alemão: Wunderbaum, Palme christie; Grego:
Kiki; Hindi: Arand, Rendi, Erand, Rand; Italiano:
Fagiolo d’India, Caffe do olio; Nepalês: Alha,
Areta; Persa: Bedanjir, Bedangir; Sânscrito:
Eranda, Pancangula, Rubuka, Vatari; Singalês:
Eudaru, Telendaru; Urdu: Eranda; Português:
Mamona, Óleo de rícino.
Partes utilizadas
A raiz, a folha, a semente e seu óleo são
utilizados na medicina.
Habitat
Eranda (Ricinus communis) cresce
espontaneamente e é cultivada nas regiões
temperadas, tropicais e subtropicais, desde o
nível do mar até 2.000 metros acima.
Descrição
É um arbusto anual ou perene ou,
ocasionalmente, uma árvore pequena de madeira
115
macia que chega a 6 m. de altura. Suas folhas
são verdes ou avermelhadas, com diâmetro de 30
a 60 cm. e possui cinco a onze pontas. As flores
vem em espinhos de 30 a 60 cm. de
comprimento. O fruto está em uma cápsula
coberta com projeções macias semelhantes a
pinos. Suas sementes são lenhosas, alongadas,
macias, de cores variadas e de tamanhos
variados.
Destas sementes extrai-se cerca de 40% de
óleo. A coloração, o sabor e o cheiro variam
dependendo da natureza da semente e do
método de extração. Quando é extraído por um
processo frio, sem auxílio de calor, o óleo não
tem cor ou é amarelo pálido ou cor de palha. É
praticamente sem odor, possuindo um sabor
levemente penetrante. Quando extraído por
método quente apresenta odor muito penetrante,
consistência espessa e coloração escura.
Usos terapêuticos
As folhas são aplicadas externamente para
aliviar as dores articulares. O óleo e as sementes
são empregados externamente e internamente no
tratamento da dor nas articulações, incluindo a
artrite reumática, a artrite reumatóide, a
osteoartrite, a dorsalgia, a ciatalgia e a espondilite
cervical.
116
O óleo é comumente utilizado como
purgante. A casca da raiz é empregada
internamente no tratamento destas doenças. É
também utilizada nas dores musculares, úlceras,
doenças oculares, cólicas, flatulência, neurite,
febre, picada de escorpião e distúrbios
menstruais.
Pó
A casca da raiz é geralmente a parte mais
efetiva no tratamento das dores articulares e
musculares. A casca da raiz é lavada com água,
cortada em pedaços pequenos, seca ao sol e
transformada em pó.
Decocção
A decocção é preparada a partir do pó da
raiz ou da casca da raiz. Para este propósito,
117
uma colher de chá do pó deve ser adicionado a
quatro copos de água e a mistura é fervida até
que se reduza a um copo. A decocção deve ser
coada e o pó, desprezado. Esta decocção deve
ser administrada três vezes ao dia. É ligeiramente
adstringente no sabor e por isso, pode ser
adicionado um pouco de açúcar ou açúcar
mascavado indiano, antes de ser ingerida.
Óleo
O óleo não processado da semente é um
purgante potente. Deve ser administrado em
doses de cinco gotas junto com um copo de leite.
No mercado, encontra-se o óleo de rícino
refinado e esterilizado. Este óleo pode ser
administrado na dose de 60 ml. adicionado a um
copo de leite morno. Pacientes com artrite,
ciatalgia, dorsalgia e outras doenças semelhantes
são, geralmente, constipados. Este óleo remove a
constipação e auxilia simultaneamente na
remoção da dor e na correção do processo
inflamatório das articulações, dos músculos e dos
tendões.
Preparação láctea
A polpa das sementes da mamona deve ser
transformada em pasta. Três colheres de chá
desta pasta devem ser fervidas com quatro copos
de leite até a mistura ser reduzida a um quarto.
118
Depois, adiciona-se uma quantidade suficiente de
açúcar e administra-se o preparado duas vezes
ao dia. Dependendo da natureza dos intestinos
do paciente, a dose deve variar.
Dose
Óleo
O óleo de rícino é administrado em doses
de 5 gotas com um copo de leite. Seu cheiro e
sabor penetrantes podem causar náuseas. Para
tratar este distúrbio, o óleo é adicionado a um
copo de leite morno, juntamente com um pouco
de pó de cardamomo e açúcar.
Pó
O pó da raiz é administrado em doses de
uma colher de chá (5 g.), três vezes ao dia, com
leite.
Decocção
Seis colheres de chá (30 ml.), duas vezes
ao dia.
Preparações
1. Eranda paka
2. Eranda muladi kvatha
3. Eranda saptaka kvatha
Nota
O óleo de rícino não processado é um
purgante forte. Não deve ser administrado em
119
mulheres grávidas e em crianças pequenas. Deve
ser administrado apenas quando for essencial,
sempre em doses extremamente pequenas.
120
Terminalia chebula (Haritaki)
121
Terminalia chebula (Haritaki)
Sinônimos
Árabe: Shagar, Shiirhindi; Bengali: Haritaki;
Birmanês: Pangah; Inglês: Black myrobalan,
Chebulic myrobalan; Francês: Myrobalan
chebula; Alemão: Rispiger, Myrobalan enbaum;
Hindi: Har, Harara, Harra; Italiano: Mirobalano
nero; Nepalês: Harra, Herro; Sânscrito: Pathya,
Haritaki, Abhaya, Siva, Sreyasi; Singalês: Aalu,
Aralu; Urdu: Haejarad; Português: Mirobálano
(polpa da fruta).
Partes utilizadas
A polpa da fruta é utilizada na medicina.
Habitat
Cresce espontaneamente em florestas
tropicais e subtropicais, em altitudes de 1.500 m.
Descrição
Haritaki (Terminalia chebula) é uma árvore
que cresce até 24 a 30 m. de altura. As folhas
possuem 7,5 a 20 cm. de comprimento e 5 a 10
122
cm. de largura com extremidades pontiagudas.
As frutas possuem 2,5 a 3 cm. de comprimento
com cinco sulcos na sua casca externa. A fruta
crua é verde e quando amadurecem tornam-se
amareladas. As frutas secas possuem as cores
amarela e marrom. As frutas amadurecem
durante os meses de Janeiro a Abril 22.
Mitologia
A literatura médica ayurvédica e tibetana
está repleta de mitos sobre a origem desta droga.
Alguns deles são narrados abaixo:
1. Sete gotas de néctar caíram na terra da boca
de Vishnu ou, de acordo com alguns, da boca
de Brahma dando origem a sete tipos de
haritaki (Terminalia chebula).
2. Gotas de néctar caíram na terra da boca de
Indra, das quais se originou haritaki.
3. Na literatura tibetana, as estórias acima
mencionadas são descritas em detalhes: “Para
o benefício das criaturas sencientes, a celestial
Matisankari colheu um cacho da Vijaya azul,
que se parecia com a cabeça de um cavalo.
Ela ofereceu a planta à Manohari Devi, que era
Siddha Devi e Nirmanakaya de Amrta, a deusa
da medicina. Enquanto oferecia a planta ela
22
Final do Inverno, começo da Primavera pelo calendário
Hindu.
123
disse, „Manohari Devi, por favor, ouça-me. Este
é o ramo de Vijaya23, o melhor dos
medicamentos, completo nos gunas24, belo e
formoso. Eu ofereço este ramo a você,
Siddha25 Devi26, por dedicar-me seu amor. Por
favor, aceite-o para o benefício das futuras
gerações de seres sencientes. Eu lhe peço,
plante esta semente de oração. Seu fruto será
indubitavelmente benéfico‟. Concordando,
Manohari Devi pegou o ramo de haritaki e, na
terra dos Bhâratas27, permaneceu em
Vajrasana28 oferecendo avahana, stuti29 e
puja30 ao Jina31 prasara das dez direções. Ela
também pediu ao guru e aos triratnas32 que
23
Vijaya: o vitorioso, o conquistador.
24
Gunas: Atributos de uma matéria, ou características
físicas e farmacológicas.
25
Siddha: Sábio com alto grau de perfeição, que chegou
em condição quase divina.
26
Devi: “Deusa”, energia feminina de Shiva.
27
Bhâratas: Antigo nome da Índia.
28
Vajrasana: Postura do lótus, na qual o praticante
permanece sentado, coluna ereta e mãos sobre o colo.
29
Stuti: Louvor, cântico.
30
Puja: Oferenda, homenagem
31
Jina: Sobrenome de Vishnu. Significa também
“Vitorioso”.
32
Triratnas: as três jóias, Buda, o Dharma e a Shanga (a
fonte do conhecimento, a transmissão do conhecimento e
aqueles que recebem o conhecimento.)
124
tivessem compaixão e disse, „Estou motivada
pela força da pureza, que é livre das
decepções causadas por hetu33 e phala34.
Permita que ela seja Siddhi35, de acordo com a
oração, pela força da verdade‟. E assim,
haritaki começou sua existência.”
4. De acordo com Zhur-mkhar dharma-svami,
citado no livro Shel-phreng, “na montanha de
Gandhamardana, situada em direção ao leste
de Varanasi, o deus da terra Lag-pa-che-po e a
deusa da água Gtsang-chen (Brahmaputra)
chegaram ambos à satisfação sexual,
abraçando-se um ao outro, exteriorizando-se
então o virya36 e arttava, que misturaram-se na
terra. Posteriormente brotou neste local uma
floresta de haritaki.
Usos terapêuticos
É utilizada no tratamento da constipação,
hemorróidas, asma, bronquite, amigdalite,
laringite e faringite, hipertensão e doenças
cardíacas. É administrada no tratamento de
edema, doenças de pele, diarréia, disenteria e
doenças oculares.
33
Hetu: causas naturais ou físicas
34
Phala: Resultados das causas.
35
Siddhis: Atributos de perfeição.
36
Virya: Virilidade, poder, força, energia.
125
Método de preparação e modo de usar
O pó da polpa desta fruta é utilizado como
tônico, para prevenção das doenças e para a
promoção da saúde positiva e é administrada aos
pacientes associado a diferentes substâncias
coadjuvantes, conforme as diferentes estações
do ano, como descrito a seguir:
Na estação chuvosa, seu pó é administrado
juntamente com sal-gema.
No outono, juntamente com açúcar.
No inverno, associado com o pó da Piper
longum.
Na primavera, juntamente com mel.
No verão, juntamente com açúcar mascavado
indiano.
A quantidade de pó a ser utilizada deve ser
determinada com base na constituição do
indivíduo, geralmente, uma colher de chá (5 g.)
do pó de haritaki (Terminalia chebula) é
administrada com uma colher de chá das
substâncias coadjuvantes. Esta mistura deve ser
administrada ao paciente diariamente. Este
tratamento pode ter um efeito ligeiramente
laxante no início, mas com a continuidade, o
corpo se adapta às ações desta fruta e passa a
produzir apenas uma leve movimentação
intestinal sem qualquer desconforto ao indivíduo.
126
Uma variedade menor de haritaki
(Terminalia chebula), popularmente conhecida
como zangha harada, é muito benéfica no
tratamento da prisão de ventre e hemorróidas.
Para combater seu efeito secativo sobre as
paredes intestinais, estas frutas, após serem
limpas, são fritas, adicionando-se uma pequena
quantidade de manteiga ou ghee, até que se
transformem em um pó. Este pó é associado com
10% de sal-gema e administrado ao paciente em
doses de uma a duas colheres de chá (5 a 10 g.),
na hora de dormir, juntamente com uma xícara de
água morna. Em alguns pacientes, quando a
evacuação não é completa, o medicamento pode
causar um pouco de dor em cólica. Para
combater este efeito, deve-se adicionar um
quarto da quantidade de gengibre em pó e um
quarto da quantidade de saunf (Foeniculum
vulgare ou funcho) antes de administrar o pó de
haritaki (Terminalia chebula) ao paciente.
Triphala
Para os pacientes que sofrem de bronquite
crônica, asma e amigdalite, o pó de haritaki deve
ser administrado ao deitar, juntamente com um
quarto da quantidade de sal-gema. O pó de
haritaki é geralmente adicionado ao pó da polpa
de amalaki (Emblica officinalis) e de bibhitaki
(Terminalia belerica) – todos em iguais
127
quantidades – e administrados ao paciente na
hora de dormir, em doses de uma a duas
colheres de chá, com leite morno ou água morna.
Estas três drogas, haritaki, amalaki e bibhitaki,
juntas, são denominadas triphala. A melhor
maneira de usar a preparação triphala é embeber
uma colher de chá do pó em um copo de água e
conservar tampado durante a noite. Pela manhã,
o líquido deve ser coado através de uma
musselina ou coador e ingerido em jejum. Por
causa de seu sabor adstringente, pode ser
adicionado um pouco de açúcar, açúcar
mascavado indiano ou mel a esta água antes de
ingeri-la.
Se a bronquite, a asma e a tosse estiverem
associadas à constipação e ao malfuncionamento
do fígado, a planta deve ser administrada na
forma de decocção. A decocção é preparada
adicionando-se 120 ml. de água a duas colheres
de chá (10 g.) do pó de triphala. Esta mistura é
fervida e reduzida a um quarto da quantidade
inicial. Depois, é coada através de um pano e
administrado ao paciente. Se houver necessidade
de se obter um efeito laxante, a decocção deve
ser administrada morna, de outro modo, deve ser
deixada esfriar antes da administração.
128
Agastya haritaki ou Agastya rasayana
A preparação de Haritaki na forma de
xarope é muito popular. O xarope geralmente
utilizado é Agastya haritaki ou Agastya rasayana.
É administrado ao paciente duas vezes ao dia,
pela manhã e à noite, com mel ou leite morno.
Modaka
Na forma de modaka (pílulas grandes) a
planta é muito eficaz, tanto na prevenção como
na cura da tosse e da asma. A modaka é
preparada através da adição do pó de haritaki ao
xarope de açúcar. Os pós de gengibre, de Piper
longum, pimenta preta, cardamomo, noz
moscada e cravo-da-índia são adicionados ao
xarope. Esta preparação é conservada em forma
granulada ou transformada em pílulas grandes.
Abhayarista
A preparação alcoólica de haritaki é
denominada Abhayarista. Haritaki (Terminalia
chebula) é conservada, juntamente com outras
drogas, em um recipiente com álcool e deixados
fermentar. Além de ser benéfica para o
tratamento da asma e da tosse, esta preparação
é muito eficaz na cura de hemorróidas.
Dose
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Pó: Meia colher de chá (2,5 g.), duas vezes
ao dia, com água morna.
Decocção: Seis colheres de chá (30 ml.),
duas vezes ao dia, em jejum.
Xarope: Uma a duas colheres de chá (5 a
10 ml.), três vezes ao dia, com mel ou leite
morno.
Modaka: 5 gramas, duas vezes ao dia, com
leite quente ou água quente.
Preparação alcoólica (Abhayarista): Seis
colheres de chá (30 ml.), duas vezes ao dia, após
a refeição, com igual quantidade de água.
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Vitis vinifera (Draksa)
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Vitis vinifera (Draksa)
Sinônimos
Árabe: Karm enab, Anab, Aenaeb; Bengali:
Angur phal, Drakhyaluta; Birmanês: Sabisi,
Sabyit, Sapyih; Inglês: Grapevine, Vine, Common
grape vine; Francês: Vinge, Vigne noble, Vigne
cultivee; Alemão: Weinrebe, Weinstock; Grego:
Ampelos; Hindi: Angur, Dakh, Drakh; Italiano:
Vite; Persa: Angur; Sânscrito: Draksa, Gostani,
Mridvika, Rasala; Singalês: Muddrap, Uvus,
Velmidi; Urdu: Angur; Português: Videira.
Parte utilizada
Os frutos da videira, as uvas, são utilizados
na medicina.
Habitat
Draksa (Vitis vinifera) é cultivada em
regiões subtropicais e de clima temperado.
Descrição
Draksa (Vitis vinifera) é uma trepadeira
grande geralmente com 30 m. de altura, os frutos
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variam em tamanho, de redondos a ovais na
forma e esverdeados ou preto purpúreos na
coloração. Algumas variedades desta fruta
contém sementes, enquanto outras não as tem. A
variedade sem sementes é denominada kishmish
e a variedade com sementes é denominada
munakka. Quando desidratadas e secas são
chamadas uvas passas. As frutas são secas por
exposição ao sol, em lugares onde o clima é
favorável, ou são colocadas a secar por métodos
artificiais em estantes de arame. Às vezes, estas
frutas são tratadas com produtos químicos ou
açúcar antes da secagem para proporcionar uma
certa coloração, sabor e textura.
Usos terapêuticos
Draksa cura constipação, hemorróidas,
formação de gases no estômago, indigestão,
hiperacidez, icterícia, perda de apetite, bronquite,
asma, sangramento por diferentes partes do
corpo, doenças cardíacas, distúrbios urinários,
sensação de queimação em diferentes partes do
corpo e febre crônica.
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As uvas maduras e as uvas passas são
utilizadas como sobremesas e em várias
preparações com frutas. As frutas verdes são
utilizadas na forma de sucos. As uvas secas são
utilizadas na forma de pó, pasta, decocção, vinho
medicinal e ghee medicinal.
Para a preparação do pó, as uvas passas
são novamente secas e desidratadas. A pasta é
preparada também a partir das uvas passas,
adicionando-se água e triturando-se.
Iguais quantidades de uvas passas,
Glycyrrhiza glabra (alcaçuz), um tipo de
palmeira37, Piper longum e Piper nigrum são
trituradas e transformadas em pó. Adicionando-se
mel e ghee em quantidades iguais (e em
quantidade suficiente para dar consistência),
deve-se preparar uma pasta. Esta fórmula é
muito benéfica na cura da constipação e da
bronquite.
Draksarista
Esta é uma formulação usada
freqüentemente para o tratamento da constipação
e das hemorróidas, assim como para bronquite,
asma e tuberculose. As uvas passas (2,4 kg.)
devem ser fervidas com 50 l. de água até que a
quantidade inicial seja reduzida a um quarto. Esta
37
N. do T.: Datepalm: Phoenix dactylifera.
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decocção deve ser coada e deixada esfriar. A
esta mistura, adicionam-se 9,6 kg. de açúcar
mascavado indiano e mistura-se tudo muito bem.
Depois, devem ser adicionados 48 g. do pó de
cada um dos seguintes ingredientes: canela
(Cinnamomum zeylanicum), cardamomo
(Elettaria cardamomo), patra (Cinnamomum
tamala), açafrão (Crocus sativus), priyangu
(Callicarpa microphylla), Piper nigrum, pippali
(Piper longum) e vidanga (Embelia ribes).
Adiciona-se uma enzima para fermentar, do tipo
levedura, e a preparação é conservada em um
recipiente de barro untado com ghee,
hermeticamente fechado, por quatro semanas.
Após este período, o líquido deve ser coado e
armazenado em garrafas de vidro herméticas.
Dose
Pó e pasta: Uma colher de chá (5 g.), três
vezes ao dia com qualquer bebida quente.
Decocção: Seis colheres de chá (30 ml.),
três vezes ao dia.
Xarope: Duas colheres de chá (10 g.), três
vezes ao dia.
Preparação alcoólica (Draksarista): Seis
colheres de chá (30 ml.), duas vezes ao dia, após
as refeições, adicionando-se igual quantidade de
água.
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Ghee medicinal: Uma a três colheres de chá
(5 a 15 ml.), uma vez pela manhã, com uma
xícara de leite morno.
Preparações
1. Draksarista
2. Draksasava
3. Draksadi kvatha
4. Draksadi yoga
5. Draksadi pana
6. Draksadi leha
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