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DISCIPLINA: Sustentabilidade na Gestão Urbana e Construção de Edifícios

NOME: Bruna Letícia Rodrigues

Atividade 1 – CONCEITOS

Ciclo hidrológico

O ciclo hidrológico é caracterizado pela circulação fechada em nível global, da


água entre a superfície terrestre e a atmosfera. A partir de determinadas condições, o
vapor de água encontrada na atmosfera se condensa, formando micro gotículas de água
suspensas no ar, essas gotículas se agrupam com poeira, gelo e vapores de água, e
constituem os aerossóis. Os aerossóis compõem as nuvens e através das transferências de
massas de ar e processos de condensação, ocorre as precipitações (chuva, neve, granizo)
(TUCCI, 1993).
Parte da precipitação passa por evaporação no trajeto percorrido em direção
atmosfera e a outra fração cai sobre o solo. Se o solo possuir cobertura vegetal, parte do
volume precipitado é interceptado nos caules e folhas e sofre evaporação
(evapotranspiração) e o excedente pode infiltrar no solo até o seu saturamento (recarga),
a partir do saturamento do solo, a água começa a escoar superficialmente (escoamento
superficial) (TUCCI, 1993).
As águas que infiltram no solo são absorvidas pelas raízes de vegetais, que as
devolvem novamente para a atmosfera através da evapotranspiração, e parte das águas
que não são captadas pelas raízes, percolam para o lençol freático (água subterrânea) e
contribuem para o fluxo base dos rios (TUCCI, 1993).
Enquanto, durante o escoamento superficial, as águas são impulsionadas para as
cotas mais baixas dos terrenos, pela ação da gravidade, convergindo na maioria das vezes
para uma rede de drenagem, formada por rios, córregos, riachos. Contudo, as águas
escoadas pela rede de drenagem desaguam nos oceanos, que contribuem com
aproximadamente 70% da evaporação de água para a atmosfera, fechando o ciclo
(TUCCI, 1993).
A Figura a seguir apresenta de forma ilustrativa os processos que podem ocorrer
durante o ciclo hidrológico.
Figura 1 - Representação do ciclo hidrológico
Fonte: IAT, 2021.

Balanço hídrico

Em uma bacia hidrográfica, o balanço hídrico é definido como as entradas e saídas


de água, envolvendo macro variáveis (precipitação, umidade do solo, evaporação, vazão)
e seus comportamentos no decorrer do tempo (TUCCI, 1993).

Usos múltiplos da água

As águas de uma determinada bacia hidrográfica são utilizadas em diversas


atividades, denominados usos múltiplos da água. De acordo com a ANA (2002), os usos
mais comuns no Brasil, são:
- Abastecimento público;
- Agricultura e irrigação;
- Energia hidrelétrica;
- Transporte hidroviário;
- Pesca e aquicultura;
- Turismo e lazer.
Disponibilidade hídrica

Disponibilidade hídrica pode ser definida como a disponibilidade de água que


pode ser captada em uma bacia hidrográfica para os seus diversos usos múltiplos. O Brasil
é um país privilegiado em relação a disponibilidade hídrica, no entanto, a água se encontra
distribuída de forma desigual (ANA, 2019)

Poluição pontual e difusa

Segundo Von Sperling (1995), a poluição difusa se trata da descarga concentrada


de poluentes no curso hídrico, exemplo apresentado na Figura 2, onde é possível observar
o lançamento de esgoto sanitário tratado em ETE no rio. Enquanto a poluição difusa, é
referente aos poluentes que adentram os corpos d’agua ao longo da extensão, e não se
concentram em um único ponto, geralmente causadas pela drenagem natural.
A Figura 3 ilustra de forma geral a diferença entre a poluição pontual e poluição
difusa.

Figura 2 - Lançamento de esgoto sanitário no corpo hídrico (poluição pontual)


Fonte: Autor, 2020.
Figura 3 - Poluição pontual e poluição difusa

Contaminação

Segundo Braga et al (2002), a contaminação é definida pela transmissão de


substâncias tóxicas ou microrganismos patogênicos à saúde através da água, e a alteração
na qualidade da água pode impedir que seja utilizada para abastecimento, aumentando os
problemas com escassez. Braga et al (2002) ainda evidencia que uma água contaminada
nem sempre implica num desequilíbrio ecológico, ou seja, a presença de substâncias
tóxicas ao ser humano na água, não significa que o ambiente aquático está em
desequilíbrio.

Autodepuração

A autodepuração de um curso hídrico está ligada ao restabelecimento do equilíbrio


do meio aquático, após este receber lançamento de efluentes, onde os compostos
orgânicos são convertidos em compostos inertes e não prejudiciais ao ambiente aquático,
podendo ser considerado um fenômeno de sucessão ecológica (VON SPERLING, 2005).

Assoreamento

O assoreamento de corpos hídricos pode ocorrer por conta da ocupação urbana.


Von Sperling (2005) apresenta que o processo de urbanização causa a diminuição da
capacidade de infiltração de águas no solo, devido ao aumento de áreas impermeáveis, e
consequente escoamento superficial de águas da chuva, além de aumentar
significativamente os movimentos de terra para as construções, sendo assim, partículas
desprendidas do solo tendem a seguir para fundos de vale, até atingir um corpo d’água,
onde sedimentam, devido a baixas velocidades de escoamento horizontal.
O assoreamento diminui o volume útil do corpo hídrico, causando depósito de
sedimentos, que se tornam propícios ao crescimento de vegetação fixas próximos as
margens e deterioração do aspecto visual do corpo d’água. Exemplo de corpo hídrico que
sofre com o assoreamento é o Lago Aratimbó (Figura 4).

Figura 4 - Lago Aratimbó (exemplo de assoreamento)


Fonte: Umuarama Ilustrado, 2021

Uso consuntivo

O uso da água é tido como consultivo quando a água captada para uma
determinada atividade, é consumida parcialmente ou em sua totalidade, não retornando
diretamente ao corpo hídrico. Os principais usos consultivos no Brasil são (ANA, 2019):
- abastecimento humano (urbano e rural);
- abastecimento animal;
- indústria de transformação;
- mineração;
- termoeletricidade;
- irrigação;
- evaporação líquida de reservatórios artificiais.
Água virtual

A água envolvida no processo produtivo de qualquer bem industrial ou agrícola,


seja no processo de produção, fabricação e transporte, é considerada água virtual, ou seja,
o comércio indireto da água que está embutida em certos produtos e não apenas no
consumo humano (SILVA et al., 2013).

Pegada hídrica

O conceito de pegada hídrica foi desenvolvido por Arjen Hoekstra em 2002, sendo
considerado atualmente um indicador do consumo de água, onde é definida como o
volume total de água utilizada durante a produção de bens, serviços e abastecimento
humano. A Figura 5 apresenta um esquema elaborado por Hoekstra, que divide a pegada
hídrica em três distinções (verde, azul e cinza), de acordo com o uso da água (SILVA et
al., 2013).

Figura 5 - Esquema da pegada hídrica

Reuso da água

O reuso de águas residuárias tem sido uma alternativa para garantir o


abastecimento de água para a população e processos industriais, uma vez que atualmente
tem se buscado diminuir o consumo de água, frente as situações de escassez. Para se
reutilizar as águas deve-se aplicar técnicas eficientes e seguras para remoção dos
poluentes (ALMEIDA, 2011).

Água superficial compartilhada

A Bacia do Rio Amazonas é uma das maiores bacias hidrográficas do mundo,


possui aproximadamente 7.050.000 km² e é compartilhada pelo Brasil, Colômbia e outros
seis países da América do Sul, sendo assim, a gestão desse bem tem passado por comitês
para definição de sistemas integrados, que protejam as águas superficiais (RIBEIRO et
al., 2015).
Referências Bibliográficas:

Agência Nacional de Águas (ANA). A evolução da gestão dos recursos hídricos no


Brasil. Brasília: ANA, 2002.

Agência Nacional de Águas (ANA). Manual de usos consuntivos da água no Brasil.


Brasília: ANA, 2019.

Águas subterrâneas - origem e ocorrência. Instituto Água e Terra (IAT), 2021. Disponível
em: <http://www.iat.pr.gov.br/Pagina/Aguas-Subterraneas-Origem-e-ocorrencia>.
Acesso em 19 de abril de 2021.

Almeida, R.G. Aspectos legais para a água de reuso. Vértices, Campos dos Goytacazes-
RJ, v. 13, n. 2, p. 31-43, maio/agosto. 2011.

BRAGA, B.; et al. Introdução a Engenharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hell,
2002.
Prefeitura de Umuarama idealiza projeto para acabar com assoreamento do Lago
Aratimbó. Umuarama Ilustrado, Umuarama, 04 de fev. de 2021. Disponível em:
<https://ilustrado.com.br/prefeitura-de-umuarama-idealiza-projeto-para-acabar-com-
assoreamento-do-lago-aratimbo/>. Acesso em 17 de abril de 2021.

RIBEIRO, C. R., et al. A gestão compartilhada de águas transfronteiriças, Brasil e


Colômbia. Mercator (Fortaleza), Fortaleza, v. 14, n. 2, pág. 99-118, agosto de
2015. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-
22012015000200099&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 18 de abril de 2021.

SILVA, V. P. R., et al. Uma medida de sustentabilidade ambiental: pegada hídrica.


Revista brasileira de engenharia agrícola e ambiental, Campina Grande, v.17, n. 1, p. 100-
105. Janeiro, 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
43662013000100014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 20 de abril de 2021.

TUCCI, C. E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. Coleção ABRH de Recursos Hídricos.


Vol. 4, Editora da Universidade/Edusp/ABRH, Porto Alegre, 1993.

VON SPERLING, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias –


Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos, v.01. Minas Gerais: ABES,
1995.

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