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IMPOSTOS

Carga tributária e eficiência como agentes para melhora


dos serviços públicos
CASA JOTA realizou webinar para discutir o país que queremos e como os impostos poderiam trabalhar para
isso

LETÍCIA PAIVA

04/11/2021 15:39
Atualizado em 08/11/2021 às 17:25 SÃO PAULO

A demanda por uma reforma tributária atravessou governos sem que tenha sido
solucionada com consenso político entre os entes federativos. O setor privado
questiona como os tributos reduzem a capacidade de investimentos. Ao mesmo
tempo, a carga tributária brasileira, ao focar grande parte dos impostos em
consumo, é pouco progressiva para a população.

Assim, o sistema tributário é definidor sobre os níveis de desenvolvimento e justiça


social que um Estado terá. Para discutir o país que se quer e como os impostos
poderiam trabalhar para isso, a CASA JOTA realizou webinar nesta quinta-feira
(4/11) com patrocínio da Assertif, consultoria especializada na mineração de
créditos tributários.

“Nosso nível de carga tributária é próximo do de países da OCDE, mas muito


superior ao da América Latina. A tributação pelo consumo é muito alta, enquanto
pela renda é baixa, por isso o sistema é pouco equitativo”, explicou Vilma Pinto,
diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI).
Além dessa situação, uma das questões são os gastos tributários, como subsídios
ou isenções, sem avaliações que permitam validar seus benefícios para os custos.
Esses gastos funcionam como políticas públicas, por isso são necessários, mas o
monitoramento permite entender como alocar melhor esse tipo de benefício.

Atualmente, está em discussão um desses benefícios, com a desoneração da folha


de pagamentos de 17 setores, em que as empresas pagam alíquota sobre a receita
em vez de sobre os salários. Na criação da política, em 2011, a ideia era impulsionar
a geração de empregos. Agora, após sucessivas prorrogações, o Projeto de Lei
2.541/2021 discute estender o benefício por mais cinco anos.

“Há estudos mostrando que a desoneração da folha colaborou durante um período


para garantir empregos, mas com um custo muito elevado. Hoje, estamos num
contexto diferente, de dificuldades no emprego por conta da pandemia. Então, criar
uma mudança no sistema tributário e que afeta as empresas tem uma nova
camada”, apontou Vilma.

Para Jeronimo Goergen (PP-RS), deputado federal que foi relator da proposta na
Comissão de Finanças e Tributação, reformas mais amplas acabam sendo deixadas
de lado devido à falta de planejamento de longo prazo e à agenda política ser
pautada pelos ciclos eleitorais. “Não discutimos questões de Estado, mas de
eleições”, disse.

“No Congresso, não acredito que teremos qualquer avanço nos projetos de reforma
tributária neste ano. E, no ano que vem, não vejo nenhuma chance. O tempo corre
contra possibilidade de uma reforma, mesmo como a do imposto de renda, que está
em discussão”, afirmou.

A possibilidade de uma reforma ampla atravessa os impactos que poderiam ter para
os diferentes entes federativos, o que torna a discussão mais complexa do que
apenas os limites do Congresso. “Na briga da reforma tributária, estados, municípios
e União, não vão querer perder arrecadação. A pergunta que precisa ser feita, além
do arrecadatório, é também como gastar com eficiência”, afirmou Felício Ramuth
(PSDB), prefeito de São José dos Campos (SP).

O sistema tributário e o país que queremos I 4/11


LETÍCIA PAIVA – Repórter em São Paulo, cobre Justiça e política. Formada em Jornalismo pela
Universidade de São Paulo, trabalhou como repórter de mercado de capitais e economia na revista Capital
Aberto e como editora assistente na revista Claudia, escrevendo sobre direitos humanos e gênero. Email:
leticia.paiva@jota.info

IMPOSTOS

Carga tributária e eficiência como agentes para melhora


dos serviços públicos
CASA JOTA realizou webinar para discutir o país que queremos e como os impostos poderiam trabalhar para
isso

LETÍCIA PAIVA

04/11/2021 15:39
Atualizado em 08/11/2021 às 17:25 SÃO PAULO
A demanda por uma reforma tributária atravessou governos sem que tenha sido
solucionada com consenso político entre os entes federativos. O setor privado
questiona como os tributos reduzem a capacidade de investimentos. Ao mesmo
tempo, a carga tributária brasileira, ao focar grande parte dos impostos em
consumo, é pouco progressiva para a população.

Assim, o sistema tributário é definidor sobre os níveis de desenvolvimento e justiça


social que um Estado terá. Para discutir o país que se quer e como os impostos
poderiam trabalhar para isso, a CASA JOTA realizou webinar nesta quinta-feira
(4/11) com patrocínio da Assertif, consultoria especializada na mineração de
créditos tributários.

“Nosso nível de carga tributária é próximo do de países da OCDE, mas muito


superior ao da América Latina. A tributação pelo consumo é muito alta, enquanto
pela renda é baixa, por isso o sistema é pouco equitativo”, explicou Vilma Pinto,
diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI).

Além dessa situação, uma das questões são os gastos tributários, como subsídios
ou isenções, sem avaliações que permitam validar seus benefícios para os custos.
Esses gastos funcionam como políticas públicas, por isso são necessários, mas o
monitoramento permite entender como alocar melhor esse tipo de benefício.

Atualmente, está em discussão um desses benefícios, com a desoneração da folha


de pagamentos de 17 setores, em que as empresas pagam alíquota sobre a receita
em vez de sobre os salários. Na criação da política, em 2011, a ideia era impulsionar
a geração de empregos. Agora, após sucessivas prorrogações, o Projeto de Lei
2.541/2021 discute estender o benefício por mais cinco anos.

“Há estudos mostrando que a desoneração da folha colaborou durante um período


para garantir empregos, mas com um custo muito elevado. Hoje, estamos num
contexto diferente, de dificuldades no emprego por conta da pandemia. Então, criar
uma mudança no sistema tributário e que afeta as empresas tem uma nova
camada”, apontou Vilma.

Para Jeronimo Goergen (PP-RS), deputado federal que foi relator da proposta na
Comissão de Finanças e Tributação, reformas mais amplas acabam sendo deixadas
de lado devido à falta de planejamento de longo prazo e à agenda política ser
pautada pelos ciclos eleitorais. “Não discutimos questões de Estado, mas de
eleições”, disse.

“No Congresso, não acredito que teremos qualquer avanço nos projetos de reforma
tributária neste ano. E, no ano que vem, não vejo nenhuma chance. O tempo corre
contra possibilidade de uma reforma, mesmo como a do imposto de renda, que está
em discussão”, afirmou.

A possibilidade de uma reforma ampla atravessa os impactos que poderiam ter para
os diferentes entes federativos, o que torna a discussão mais complexa do que
apenas os limites do Congresso. “Na briga da reforma tributária, estados, municípios
e União, não vão querer perder arrecadação. A pergunta que precisa ser feita, além
do arrecadatório, é também como gastar com eficiência”, afirmou Felício Ramuth
(PSDB), prefeito de São José dos Campos (SP).

LETÍCIA PAIVA – Repórter em São Paulo, cobre Justiça e política. Formada em Jornalismo pela
Universidade de São Paulo, trabalhou como repórter de mercado de capitais e economia na revista Capital
Aberto e como editora assistente na revista Claudia, escrevendo sobre direitos humanos e gênero. Email:
leticia.paiva@jota.info

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