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O debate se Deus ter um aspecto morfológico ou se ele é não corpóreo sem

variedade alguma tem sido ponto de discussão entre diferentes escolas


filosóficas que investigam a existência.

Conforme o Vedanta Sutra (1.1.2) declara "janmady asya yatah"- O Senhor


Supremo é a fonte de tudo. Esta idéia é o fundamento de toda escola
filosófica teísta em todo o mundo. O compilador dos Vedas, Vyasadeva,
elabora sobre este axioma no clássico religioso Srimad Bhagavatam que o
Senhor Supremo é completamente independente (svarat) e inteiramente
conhecedor (abhijnah) por natureza. Agora, o termo conhecedor indica uma
pessoa sábia e inteligente.

O Rg Veda, a mais antiga das escrituras de todo o mundo, concede um conceito


rudimentar sobre a forma de deus no proclamado Purusa Sukta (Rg Veda-10.90)
como “O Senhor Universal, que é dotado de ilimitadas cabeças, olhos e pés,
que cerca totalmente o universo, ultrapassando a criação cósmica. Ele está
existindo em todo o lugar tanto dentro como fora do universo”. Este Senhor
Universal (Virat Purusa) é uma recordação da forma Universal de Deus como
Arjuna viu no campo de batalha de Kuruksetra. Os Vedas estão repletos de
tais aclamações que estabelecem a individualidade de Deus.

Analisando do ponto de vista de um leigo, Deus é aceito como o pai Supremo


ou o criador. Segue-se que, naturalmente, as crianças herdem os atributos de
seu pai, a saber, nome, forma, qualidades, etc. Dessa forma, todas essas
qualidades devem existir no pai.

Além disto, a criação presume a existência de um criador. Um homem


construindo um belo apartamento ou um pássaro construindo um ninho é uma
atividade comum e regular. Mas não existe evidência alguma que prove que um
apartamento esteja criando um homem ou que um cuco brote de um ninho. A
matéria inerte não pode criar nada sozinha. Então, o papel do criador é
indispensável. O criador cria de fora da criação. Então, o Criador Supremo
está acima desse mundo material e está situado em sua morada transcendental.
Aquela morada transcendental tem sido vividamente descrita no Bhagavad Gita
(15.6) pelo próprio Krishna.

Embora os Vedas descrevam brahman como impessoal, ele esclarece que a


Personalidade de Deus é a base do brahman impessoal. Mundaka Upanisad
(1.1.9) prova que brahman é um derivado do único Todo Onisciente (Sarvajna).
Krishna reafirma este enunciado no Bhagavad Gita (14.27): "Eu sou a base do
Brahman Impessoal".  Krishna é o para-brahman.

Deste modo, os Vedas aceitam a personalidade Absoluta de Deus como Purusha -


o Supremo Desfrutador que é glorificado nas encantamentos do Gopala-Tapani
Upanisad(1.1) como "Sat-Cit-Ananda Rupaya" – uma forma de Eternidade,
Inteligência e Bem-Aventurança. Como diz o leigo, “A variedade é o tempero
da vida”. Então, Deus deve possuir variedade, do contrário, a questão de sua
existência 'Anandamaya' ou bem-aventurada simplesmente não aparece.

O Brhad-Aranyaka Upanisad (4.5.13) lança luz sobre este assunto ao declarar


que Deus tem um corpo transcendental diferente dos nossos que pode ser
dividido em 2 partes - grosseiro e sutil. Então, a teoria monistica de Deus
como não corpóreo não pode ser apoiada. Na verdade, isto não é mais do que
fantasia das mentes instáveis dos ilusionistas.

Assim, pode qualquer um sentir Deus? O Brahma-Sutra (4.3.16) revela "visesam


ca darsayati" que significa que a Personalidade de Deus revela a si mesmo
apenas aos devotos puros. No Bhagavad Gita (18.55), Krishna esclarece também
que “A pessoa pode me compreender como Eu sou, como a Suprema Personalidade
de Deus, apenas pelo serviço devocional. E quando a pessoa se encontra
totalmente em Minha consciência por tal devoção, ela pode entrar no Reino de
Deus."

Mas Krishna avisa, "Eu nunca me manifesto ao tolo e ao não inteligente” -


Bhagavad Gita(7.25). Os idiotas supõem que Deus não tinha forma antes e que
agora assumiu esta forma como aponta Krishna no Bhagavad Gita (7.24).
Krishna declara no Bhagavad Gita(9.11), “Os tolos Me ridicularizam quando eu
descendo na forma humana. Eles não conhecem minha natureza transcendental
como o Senhor Supremo de tudo que existe”.

A nossa maior desgraça é que primeiramente nós queremos ver Deus e quando o
próprio Deus se apresenta como Ele é em suas inúmeras encarnações como
Krishna, Ramacandra, Nrsimhadeva etc., nós recusamos acreditar nEle mesmo
depois de vê-lO.

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