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Desenho Arquitetônico

Erika Diniz Araújo dos Santos

Curso Técnico em Design de Interiores


Educação a Distância
2021
Desenho Arquitetônico
Erika Diniz Araújo dos Santos

Curso Técnico em Design de Interiores

Educação a Distância

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Recife - PE

1.ed. | ago. 2021


Professor(es) Autor(es) Catalogação e Normalização
Erika Diniz Araújo dos Santos Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)

Revisão Diagramação
Erika Diniz Araújo dos Santos Jailson Miranda
Danyelle de Holanda Beltrão
Coordenação Executiva
Coordenação de Curso George Bento Catunda
Danyelle de Holanda Beltrão Renata Marques de Otero
Manoel Vanderley dos Santos Neto
Coordenação Design Educacional
Deisiane Gomes Bazante Coordenação Geral
Maria de Araújo Medeiros Souza
Design Educacional Maria de Lourdes Cordeiro Marques
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger
Helisangela Maria Andrade Ferreira Secretaria Executiva de
Izabela Pereira Cavalcanti Educação Integral e Profissional
Jailson Miranda
Roberto de Freitas Morais Sobrinho Escola Técnica Estadual
Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Descrição de imagens
Sunnye Rose Carlos Gomes Gerência de Educação a distância
Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 6

1.Competência 01 | Noções Básicas de Desenho Arquitetônico ........................................................... 7

1.1 Desenho Técnico, Desenho Artístico e Desenho Arquitetônico ................................................................. 7

1.2 Instrumentos e materiais de desenho ...................................................................................................... 14

1.3 Pranchas de desenho ................................................................................................................................ 18

1.4 Tipos de linhas .......................................................................................................................................... 24

1.5 Caligrafia técnica ....................................................................................................................................... 25

1.6 Escalas do desenho ................................................................................................................................... 26

2.Competência 02 | Representação de Projetos Arquitetônicos ........................................................ 30

2.1 Desenhos de um Projeto Arquitetônico ................................................................................................... 30

2.1.1 Planta baixa ............................................................................................................................................ 30

2.1.2 Cortes ..................................................................................................................................................... 32

2.1.3 Vistas ...................................................................................................................................................... 37

2.2 Etapas do desenho de planta baixa, cortes e vistas (fachadas e elevações) ............................................ 42

2.2.1 Plantas baixas......................................................................................................................................... 43

2.2.2 Cortes ..................................................................................................................................................... 45

2.2.3 Vistas (fachadas e elevações) ................................................................................................................ 47

2.3 Fases da Representação de um Projeto Arquitetônico ............................................................................ 48

2.3.1 Estudo preliminar................................................................................................................................... 48

2.3.2 Anteprojeto ............................................................................................................................................ 49

2.3.3 Projeto Executivo ................................................................................................................................... 50

3.Competência 03 | Dimensionamento e Circulação Vertical ............................................................. 52

3.1 Definição de dimensionamento no Desenho Técnico .............................................................................. 52

3.1.1 Cotagem ................................................................................................................................................. 52

3.2 Elementos de cotagem ............................................................................................................................. 53


3.2.1 Linha de cota .......................................................................................................................................... 53

3.2.2 Linha auxiliar .......................................................................................................................................... 54

3.2.3 Limite da cota......................................................................................................................................... 55

3.2.4 Cotas ...................................................................................................................................................... 56

3.3 Circulação vertical ..................................................................................................................................... 57

3.3.1 Escadas ................................................................................................................................................... 58

3.3.2 Rampas................................................................................................................................................... 65

3.3.3 Elevadores .............................................................................................................................................. 67

4.Competência 04 | Instalações Prediais ............................................................................................. 70

4.1 Projetos de instalações prediais ............................................................................................................... 70

4.1.1 Representação das instalações elétricas ............................................................................................... 71

4.1.2 Representação das instalações hidráulicas ........................................................................................... 77

4.1.3 Representação das instalações sanitárias ............................................................................................. 80

5.Competência 05 | Especificações Técnicas e Detalhamento ............................................................ 86

5.1 Detalhamento técnico .............................................................................................................................. 86

5.1.1 Detalhamento de ambientes ................................................................................................................. 87

5.1.2 Detalhamento de objetos ...................................................................................................................... 94

5.2 Especificação técnica ................................................................................................................................ 98

5.2.1 Lista de Materiais ................................................................................................................................... 98

5.2.2 Quadro de Acabamentos ..................................................................................................................... 100

5.2.3 Planta Falada ........................................................................................................................................ 101

Conclusão ........................................................................................................................................... 105

Referências ......................................................................................................................................... 106

Minicurrículo do Professor ................................................................................................................. 107


Introdução
Olá, Estudante!
Seja bem-vindo (a) à disciplina de Desenho Arquitetônico!
Neste e-book, você vai estudar sobre a representação gráfica de projetos de arquitetura
e de noções sobre a representação de projetos complementares e de especificações técnicas e
detalhamento.
Aprender a linguagem do desenho arquitetônico é base essencial na sua formação como
Técnico em Design de Interiores, de forma que você possa aprender a ler e interpretar os projetos de
uma maneira geral.
A disciplina está dividida em 05 (cinco) competências, onde na primeira semana serão
estudadas por você, as noções básicas do Desenho de Arquitetura ou Desenho Arquitetônico, assim
como, os principais instrumentos e materiais de desenho. Na segunda semana, terá o contato com
os desenhos e as etapas de execução, além das fases de um projeto arquitetônico. Em seguida, você
verá noções dos projetos complementares com a representação das instalações prediais. E por fim,
na quinta e última semana, será visto como se dá a representação de projetos de interiores, a
especificação de materiais e o detalhamento técnico.
Ao final da disciplina, você será capaz de compreender a linguagem arquitetônica, como
também, de elaborar um projeto de design de interiores.

Bons estudos!

6
Competência 01

1.Competência 01 | Noções Básicas de Desenho Arquitetônico


Nesta primeira semana você vai estudar sobre as noções básicas do Desenho de
Arquitetura voltado para a área de Design de Interiores. Iniciaremos abordando sobre as definições
dos diferentes tipos de desenho: Desenho Técnico, Desenho Arquitetônico e Desenho de Interiores.
O objetivo é compreender as diferenças e as semelhanças entre eles e, em seguida, adentrar nos
pormenores do Desenho Arquitetônico.

1.1 Desenho Técnico, Desenho Artístico e Desenho Arquitetônico

A primeira coisa que você precisa diferenciar nesse momento são os tipos de desenho
que existem. O desenho talvez seja a forma de linguagem gráfica mais antiga que existe.
Possivelmente, o homem das cavernas, bem antes de se comunicar com palavras, tenha utilizado de
rabiscos para registrar histórias e representar figuras. Um exemplo desse tipo de utilização são os
desenhos rupestres de Lascaux, na França (Figura 1).

Figura 1: Inscrições rupestres na caverna de Lascaux, na França.


Fonte: https://www.auladehistoria.org/2015/11/comentario-cueva-de-lascaux-arte.html
Descrição: desenhos de animais, como bois, no interior de uma caverna.

Ao longo dos séculos, o desenho evoluiu de acordo com os povos que o utilizavam e a
função daquela representação para eles, culminou em tipos distintos de linguagem gráfica. No Antigo
Egito, por exemplo, os hieróglifos e as figuras humanas desenhadas frontalmente (Figura 2) tinham o
objetivo de registrar a vida e os fatos históricos ligados aos deuses.

7
Competência 01

Figura 2: Escritos hieróglifos egípcios, no antigo Egito.


Fonte: https://www.descobriregipto.com/quem-escreveu-os-hieroglifos/
Descrição: quadro com uma pessoa e diversas figuras: animais, facas, todos com formatos de desenho antigo.

Deste modo, a linguagem gráfica pode se concretizar, basicamente, através de dois tipos
distintos de desenho: o Desenho Artístico e o Desenho Técnico. O Desenho artístico é aquele que,
embora possa ser preciso e exato na representação do mundo (paisagens, pessoas, animais,
edificações, etc.) não tem como ser mensurado pela forma como as coisas se apresentam na tela,
geralmente em perspectivas que não representam a verdadeira grandeza dos objetos, por outro lado,
o desenho artístico também possui uma vertente abstrata que não tem como ser mensurada e cuja
interpretação é mais subjetiva ainda. Por sua vez, o Desenho Técnico, tem como objetivo retratar a
realidade com precisão e exatidão através de vistas que permitem a mensuração de suas partes
através de sistemas geométricos de representação das verdadeiras grandezas dos objetos, apesar de
não serem representados nos seus tamanhos originais, mas através de relações de proporção
conhecidas como escalas.
Estudante, observe abaixo que o desenho Drawing Hands (Figura 3), do artista M. C.
Escher, ainda que retrate a realidade através da representação de duas mãos, não há a intenção de
ser preciso, mas de refletir a sensibilidade e o gosto de seu autor. Em contraposição, o desenho do
Fiat 147 (Figura 4), ilustra uma representação gráfica verdadeira, objetiva e precisa com o objetivo
de transmitir todas as características do objeto para sua execução.

8
Competência 01

Figura 3: Desenho Drawing Hands de M. C. Escher.


Fonte: http://www.wikiart.org/en/m-c-escher/drawing-hands
Descrição: duas mãos, segurando lápis, em posições opostas, por cima de uma folha na cor branca, presa nas quatro
pontas por alfinetes.

Figura 4: Projeto do Fiat 147.


Fonte: https://www.pinterest.es/explore/esqueleto-para-armar/
Descrição: desenho de um carro, onde apresenta 4 vistas: lateral, frontal, posterior e superior, e todos os desenhos
possuem as dimensões de elementos do carro.

Logo em seguida, é apresentado um quadro resumo com as principais diferenças entre o


Desenho Artístico e o Desenho Técnico.
DESENHO ARTÍSTICO DESENHO TÉCNICO
– É pessoal e reflete o gosto e a sensibilidade do – Deve ser impessoal e transmitir com precisão todas
artista; as características do objeto;
– É subjetivo e pode ter várias interpretações, de – Deve ser objetivo e ter interpretação única, não
acordo com o observador; podendo ser dúbio;
– É impreciso e inexato, não tem o compromisso de – É preciso e deve retratar a realidade seguindo
refletir a realidade. regras e normas técnicas.

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Competência 01

No curso, você irá se concentrar apenas no Desenho Técnico, ok!? Mas você deve estar
se perguntando: mas qual a relação entre desenho e linguagem?
Então, caro estudante, é preciso que você compreenda que qualquer desenho é um tipo
de linguagem que tem o intuito de passar uma mensagem ou ideia, ou seja, é um tipo de
comunicação. Para que ela seja eficiente, devem existir três personagens: “aquele que comunica”
(emissor), a mensagem propriamente dita (código) e “aquele que recebe” a mensagem (receptor).
Para que a comunicação seja efetiva, é importante que tanto o emissor quanto o receptor conheçam
os códigos e símbolos dessa linguagem. É como se fôssemos aprender um novo idioma!
Se para aprender um novo idioma é preciso conhecer as palavras e a gramática, no
desenho – como não temos palavras – é necessário conhecer que pontos e linhas são a base para
construção da mensagem ou ideia que se queira transmitir. Ao combinar esses três elementos básicos
de diferentes formas, aquele que desenha consegue obter formas, planos, volumes e símbolos
variados.
Atente estudante, para o fato de que falamos a respeito de diferentes formas, e não de
modo aleatório ou de qualquer maneira. No desenho também existe uma gramática própria na qual
a combinação e a posição dos elementos básicos influenciam igualmente na comunicação. Ou seja,
no desenho técnico existem regras e normas que devem ser seguidas para a construção daquilo que
se quer comunicar. Visualize o exemplo da Figura 5, a seguir:

Figura 5: Seguimentos de retas aleatórios e depois combinados formando um objeto (triângulo).


Fonte: A autora, 2019.
Descrição: três desenhos, cada um com três traços na cor preta. O primeiro, os três traços estão próximos e aleatórios.
O segundo, os três traços estão no formato de um triângulo, mas que não estão juntos. E o terceiro, é um triângulo.

Então no Desenho Técnico, as regras e normas são indispensáveis para uma boa execução
e compreensão da ideia ou mensagem transmitida. Para tal, e a fim de tornar o desenho técnico uma
linguagem universal, houve a necessidade de padronizá-lo em todo o mundo, o que deu origem às
normas técnicas internacionais e suas consequentes normas nacionais. Elas são uma forma de facilitar

10
Competência 01

a compreensão de desenhos e projetos em meio a atuação de profissionais de diversas áreas:


arquitetura, engenharia, mecânica, marcenaria, entre eles, o campo do Design de Interiores.
Mas você, estudante, deve estar se perguntado: de que maneira eu utilizo símbolos,
regras e normas no Curso Técnico de Design de Interiores? Como isso, vai ajudar na minha vida
profissional?

NOTA: NORMAS TÉCNICAS


Você já deve ter ouvido falar em ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) (Figura 6). Se não, ela é o órgão brasileiro responsável por normalizar
a execução dos desenhos técnicos através de normas. Para isso, os
procedimentos adotados abordam desde a denominação e classificações dos
desenhos até a representação gráfica.

Figura 6: Logotipo da ABNT.


Fonte: http://www.portaldotcc.com.br/abnt/.
Descrição: dois círculos não completos, na cor azul, com as letras ABNT dentro deles.

A própria Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem uma definição própria para o
Desenho Técnico:

GLOSSÁRIO: DESENHO TÉCNICO


desenho resultante de projeções do objeto sobre um ou mais planos que fazem coincidir com
o próprio desenho, compreendendo vistas ortográficas figuras resultantes de projeções
cilíndricas ortogonais do objeto, sobre planos convenientemente escolhidos, de modo a
representar, com exatidão, a forma do mesmo com seus detalhes; ou perspectivas, que são
figuras resultantes de projeção cilíndrica ou cônica, sobre um único plano, com a finalidade
de permitir uma percepção mais fácil da forma do objeto (NBR 10.647,1989, p. 01).

Ou seja, é a representação gráfica cujo objetivo é a representação da forma, dimensão e


posição de objetos tridimensionais em espaços bidimensionais, de acordo com as necessidades de
diversas áreas do conhecimento, sobretudo na Arquitetura e nas Engenharias (RIBEIRO, 2011 apud

11
Competência 01

MARQUES, 2015). Essa representação bidimensional é aquela que advém do Sistema Mongeano o
qual utilizada de projeções ortogonais através de projetantes retas e paralelas, sendo possível obter
as verdadeiras grandezas do objeto.
Existem algumas Normas Brasileiras (NBR), desenvolvidas pela ABNT, que auxiliam
tecnicamente no desenvolvimento da representação gráfica dos desenhos e projetos em Design de
Interiores. Relacionamos algumas das normas abaixo, para conhecimento seu conhecimento,
estudante:
• NBR 6492/1994: Representação de Projetos de Arquitetura;
• NBR 8196/1999: Desenho Técnico – Emprego de Escalas;
• NBR 8403/1984: Aplicação, Tipos de linhas e Larguras das linhas;
• NBR 10067/1995: Representação em Desenho Técnico;
• NBR 10068/1987: Folha de Desenho e Leiaute e Dimensões;
• NBR 10126/1987: Cotagem de Desenho Técnico;
• NBR 10582/1988: Apresentação da Folha para Desenho;
• NBR 10.647/1989: Desenho Técnico;
• NBR 13142/1999 – Dobramento de Cópia.

VAMOS PENSAR UM POUCO!


Estudante tente imaginar como seria se não existisse a linguagem gráfica e você
quisesse descrever para alguém como é o ambiente em que você está nesse
momento. Como você comunicaria a essa pessoa as características dele?
Quantas palavras seriam utilizadas?

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Competência 01

Figura 7: Ambiente de um escritório de arquitetura de interiores.


Fonte: https://mariliaveiga.com.br/projetos-corporativos
Descrição: ambiente com uma mesa transparente, uma cadeira branca de um lado, e no lado oposto, duas cadeiras
transparentes, e um jarro com flores, em cima da mesa. Por trás da mesa, uma estante na cor branca com diversos
objetos, como: livros, porta-retratos, vasos com flores.

Dessa forma, dominar o Desenho Técnico é essencial para a atividade profissional de um


Técnico em Design de Interiores, pois permite que o profissional expresse ideias e troque mensagens
de objetos e espaços através da representação gráfica. É a partir da elaboração e execução de
projetos de interiores que você, estudante, vai lidar todos os dias na sua atividade profissional. Além
disso, você também vai trocar informações com diversos profissionais, bem como vai orientar a
execução dos projetos.
Agora que você viu mais sobre o Desenho Técnico, vai entender melhor o que é o Desenho
Arquitetônico e como ele se aplica à área do Design de Interiores.

O Desenho Arquitetônico ou Desenho de Arquitetura é o emprego dos


conhecimentos do Desenho Técnico não apenas na área específica da
Arquitetura, mas também de algumas Engenharias e do Design de Interiores.

Então, o Desenho Arquitetônico é uma especialização do Desenho Técnico aplicado à


representação gráfica de projetos de arquitetura, engenharias e interiores. Ele surgiu ainda durante
o período do Renascimento para atender à necessidade de se representar as relações volumétricas e
espaciais das edificações, como também os pormenores e acabamentos. A partir da Revolução
Industrial, com o surgimento das normas técnicas e da Geometria Descritiva, esta necessidade foi
ainda maior em virtude dos processos de industrialização e padronização.

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Competência 01

Seguindo o mesmo raciocínio de que o Desenho Arquitetônico é uma aplicação específica


do Desenho Técnico na área de arquitetura, o Desenho de Interiores, por sua vez, é a aplicação
conjunta do Desenho Técnico e do Desenho Arquitetônico no campo do Design de Interiores. Essa
relação entre os três diferentes tipos de desenho pode ser observada na Figura 8, o que demonstra
que existem características que são próprias e específicas.

Figura 8: Esquema com a relação entre os três tipos de desenhos: técnico, arquitetônico e interiores.
Fonte: Gusmão & Seabra, 2017, p.14.
Descrição: três círculos, um dentro do outro, cada um com uma cor diferente. O maior na cor roxa, com a descrição
Desenho Técnico, o seguinte, na cor marrom, com a descrição Desenho Arquitetônico, e o menor círculo, na cor azul,
com a descrição Desenho de Interiores.

No próximo item, você vai conhecer os materiais e instrumentos de desenho necessários


para o desenvolvimento das atividades do Desenho Arquitetônico voltado para o Design de Interiores.

1.2 Instrumentos e materiais de desenho

Para a boa execução do Desenho Técnico e do Desenho Arquitetônico é importante você,


futuro técnico em Design de Interiores, conhecer alguns dos instrumentos e materiais de trabalho
que serão utilizados durante a disciplina.
• Lápis grafite: utilizado para riscos, ele tem características especiais e não pode ser
confundido com o lápis comum para fazer anotações costumeiras. Os lápis para desenho são
classificados em macios, médios e duros, e recebem letras e números, conforme a dureza das grafitas
(Figura 9):

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Competência 01

Figura 9: Escala de dureza do lápis grafite.


Fonte: https://betaeq.com.br/index.php/2019/07/17/grafite/
Descrição: diversos lápis grafite, na cor preta. Abaixo, vários quadrados pequenos, lado a lado, riscados com traços na
cor preta e variando do escuro para o claro.

• Borracha: é o instrumento de desenho que serve para apagar os traços feitos com o
lápis (Isso você já sabia, não é!?). Ela deve ser macia, flexível e ter as extremidades chanfradas para
facilitar o trabalho de apagar.
• Folha de papel: é um dos componentes básicos do desenho. Existem diversos tipos de
papel, mas os mais comuns utilizados na prática são: papel transparente (papel manteiga, papel
vegetal, etc.) e papel opaco (canson, sulfite, etc.), sendo o primeiro o mais utilizado, pois auxilia no
estudo de alternativas de projetos, devido a sua transparência, fazendo a sobreposição de desenhos.

NOTA: FORMATOS DOS PAPÉIS


Os papéis a serem empregados no Desenho Arquitetônico devem corresponder
a um dos formatos da série “A” normatizados pela ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas). Logo em seguida, no item 1.3, você conhecerá os
formatos de papel mais utilizados e o porquê.

• Par de esquadros: eles têm formato triangular, e são utilizados para traçar linhas
verticais, horizontais ou inclinadas com precisão (Figura 10). São usados em pares (esquadro de 45°
e esquadro de 30°/60°). A combinação deles permite obter vários ângulos comuns no desenho. É
recomendável que sejam de material transparente e sem graduação.

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Competência 01

Figura 10: O par de esquadros e a sua combinação.


Fonte: A autora, 2019.
Descrição: desenho de um par de esquadros, mostrando os movimentos que realiza, quando se faz um desenho.

• Régua milimetrada: serve para medir o modelo e transportar as medidas obtidas no


papel. Deve ser de preferência de material transparente ou metálica.

NOTA: UNIDADES DE MEDIDA


A unidade de medida utilizada em desenho técnico, geralmente, é o milímetro.
Em projetos de arquitetura, o metro é a unidade mais utilizada. Por sua vez, nos
projetos de interiores, o centímetro é mais comumente utilizado.

• Escalímetro: é o instrumento de desenho utilizado para determinar, sem cálculos, a


distância natural ou dimensão real de objetos ou desenhos, em diferentes escalas mais comumente
utilizadas, no papel (Figura 11). As escalas mais utilizadas nos desenhos do curso de Design de
Interiores são: para representar detalhes de desenhos e objetos, normalmente as escalas de 1/5 e
1/10; e para os desenhos mais extensos, onde não se precisa representar tantos detalhes, a de 1/50,
1/75, 1/100. Apesar, estudante, que as demais escalas também são utilizadas pelo designer.

Figura 11: Os tipos de escalímetros mais utilizados no desenho técnico.


Fonte: A autora, 2019.
Descrição: dois tipos de escalímetros, um no formato de régua com três faces, e o outro escalímetro possui seis réguas
finas presas em uma de suas extremidades.

16
Competência 01

• Compasso: é o instrumento de metal utilizado para traçar arcos e circunferências, além


de tomar e transportar medidas (Figura 12). É possível encontrar no mercado também os compassos
plásticos. Sendo mais comumente, utilizados os metálicos pela sua resistência e facilidade de
manuseio.

Figura 12: Passo-a-passo de como utilizar o compasso.


Fonte: https://pt.slideshare.net/GutierryPrates/introduo-ao-desenho-tcnico-apostila
Descrição: mostra como usar o compasso. Tem três figuras de uma mão segurando um compasso.

• Fita crepe: serve para fixação do papel na prancheta ou na mesa de desenho. Onde
colocar o papel, e como colá-lo?! Você vai ver em seguida, como fazer, para que o papel não solte da
prancheta ou fique folgado (Figura 13).

Figura 13: Posição do papel na prancheta de desenho.


Fonte: Montenegro, 2001, p.11.
Descrição: o primeiro desenho apresenta a ordem correta de colar o papel, assim como, o local que o papel precisa ser
fixado. O segundo desenho mostra, a forma incorreta. Os desenhos possuem uma régua, e um papel colado a uma
mesa.

17
Competência 01

VÍDEO AULA: INSTRUMENTOS DE DESENHO


Agora estudante pare um pouquinho a leitura, para assistir ao vídeo que mostra
a utilização e a importância dos instrumentos e materiais do Desenho Técnico,
para o desenvolvimento dos projetos de interiores.

Agora que você já conhece os instrumentos e materiais de desenho e como utilizá-los, irá
estudar as demais regras e normas do Desenho Técnico nos itens da próxima seção. Vai começar
pelas características das pranchas para o desenho, onde serão abordados temas como: formatos,
tipos de papel, margens, carimbos e sobre como realizamos o dobramento das pranchas.
Vamos continuar aprendendo?

1.3 Pranchas de desenho

Bom, apesar de existirem vários tipos e formatos de papel, no Desenho Técnico


comumente é utilizado o papel sulfite dentro dos formatos da série A, normatizados pela ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas). Conforme a NBR 10.068 (1987), as dimensões e o layout
das pranchas de desenho devem seguir e respeitar a escala escolhida para a execução do desenho e
a grandeza da representação gráfica de forma a manter a clareza e a legibilidade.
Mas você deve estar se perguntando: o que é a série “A” e por quê utilizá-la?
Todos os formatos de papel da série “A” derivam-se do formato A0 (A zero), que possui
841mm x 1189 mm de lados, com 1m² de área total – o chamado retângulo harmonioso (Figura 14).
Desse formato básico, através de bipartições sucessivas de suas dimensões, originam-se todos os
demais tamanhos de papel, como você pode observar na Figura 14 abaixo.

18
Competência 01

Figura 14: Dimensões dos formatos de papel da série A e o retângulo harmonioso.


Fonte: NBR 10.068, 1987, p.2.
Descrição: tabela com as dimensões dos diversos papéis.

NOTA: ORIENTAÇÃO DO PAPEL


É importante destacar que as dimensões do formato das folhas devem ser
consideradas com a folha de papel na orientação horizontal.

Os formatos mais empregados no Desenho Arquitetônico são os seguintes: A0, A1, A2, A3
e A4, sendo os dois últimos mais comuns no Desenho de Interiores. Na Figura 15, é possível perceber
a relação que existe entre os formatos. Por exemplo, ao combinar duas folhas em formato A1 têm-se
uma folha no formato A0, ou uma folha A3 origina-se a partir da combinação de duas folhas tamanho
A4.

Figura 15: Relações de bipartição ou duplicação sucessivas das dimensões dos formatos de prancha.
Fonte: NBR 10.068, 1987, p.2.
Descrição: divisão dos papéis, proveniente do papel A0.

19
Competência 01

Então, ao escolher o formato adequado à escala pretendida e à grandeza de


representação, é necessário seguir para o desenho das margens do papel e da legenda (ou carimbo),
pois existe uma normativa com algumas medidas pré-estabelecidas e alguns itens obrigatórios.
No caso das margens, a NBR 10.068/1987 estipula um padrão que deve se adequar em
função do tamanho da folha. “As margens são limitadas pelo contorno externo da folha e quadro. O
quadro limita o espaço para o desenho” (NBR 10.068, 1987, p.3). Observe na tabela abaixo (Figura
16) que as margens esquerda e direita, assim como as larguras das linhas, devem ter as dimensões
constantes. Essa padronização deve ser respeitada.

Figura 16: Relações de bipartição ou duplicação das dimensões dos formatos.


Fonte: NBR 10.068, 1987, p.3.
Descrição: tabela com os formatos, as margens e a largura das linhas.

NOTA: QUADRO E MARGENS


Estudante, cuidado para não confundir o quadro com as margens! Você deve
estar atento para não desenhar nas margens do papel, mas sim dentro do
quadro, como está ilustrado na Figura 17 abaixo.

20
Competência 01

Figura 17: Relações de bipartição ou duplicação das dimensões dos formatos.


Fonte: NBR 10.068, 1987, p.3.
Descrição: apresenta uma parte da folha de papel, e a localização da margem do papel.

Com relação à legenda ou carimbo, a NBR 10.068 (1987, p.2) estabelece que ele deve ser
desenhado no canto inferior direito dentro do quadro, tanto nas folhas posicionadas na horizontal
quanto na vertical, como você pode observar na Figura 18. A legenda é um retângulo com dimensões
pré-estabelecidas e que deve conter informações básicas de identificação e numeração dos
desenhos. A direção de leitura da legenda coincide geralmente com a direção de leitura do desenho
(SILVA et. al., 2012, p.31).

Figura 18: Posição da legenda de acordo com a orientação da folha de papel.


Fonte: NBR 10.068, 1987, p.2.
Descrição: duas folhas de papel, uma na horizontal, e outra na vertical, mostrando a posição das margens e carimbo na
folha.

Então, ao desenhar a legenda, você deve observar que o tamanho dela precisa estar de
acordo com o formato do papel escolhido. Ao trabalhar, por exemplo, com o formato A3 ou A4, o
carimbo deve medir 178 mm de comprimento. Já nos formatos A0, A1 e/ou A2, ele necessita ter 175
mm (NBR 10.068, 1987, p.3). A largura é variável e depende da quantidade de informações que serão
consideradas na legenda.

21
Competência 01

Porém, você pode estar se perguntando: qual a largura do carimbo e quais informações
devem estar contidas dentro dele?
De acordo com a norma, a NBR 6492 (1994, p.2), o carimbo precisa conter algumas
informações básicas, sendo elas:
1. Identificação da empresa e do profissional responsável pelo projeto;
2. Identificação do cliente, nome do projeto ou empreendimento;
3. Título do desenho;
4. Indicação sequencial do projeto;
5. Escalas;
6. Data;
7. Autoria do desenho e do projeto;
8. Indicação da revisão.
Assim, além dessas informações, outras podem ser acrescidas de modo a trazer novos
dados sobre os desenhos. Isso vai influenciar diretamente na largura da legenda, que para os
formatos A0, A1, A2 e A3 não tem uma medida mínima nem máxima, podendo se ajustar a critério
do profissional responsável pelo projeto. Mas para o formato A4, a largura deve ser de 4 mm e o
comprimento, 185 mm, conforme Figura 19.

Figura 19: A posição e as dimensões da legenda no caso específico do formato A4 na posição vertical.
Fonte: NBR 6492, 1994, p.3.
Descrição: papel no formato A4, e com as dimensões e local do carimbo, com o nome legenda dentro da área do
carimbo.

22
Competência 01

Você também deve atentar para o dobramento das pranchas (papéis). Independente do
formato escolhido para a elaboração do desenho, o papel deve ser dobrado de forma que seu formato
final seja o tamanho A4 para fins de arquivamento, fixação em pastas e/ou encadernação. Nos dois
casos, o carimbo deve ficar o mais visível possível para facilitar a identificação das informações
constantes em cada prancha, sobretudo, a numeração delas. A NBR 6492 (1994, p.4) traz os
procedimentos de dobramento, que podem ser observados nas Figuras 20 e 21. Veja as instruções
em seguida.

Figura 20: Dobramentos dos formatos A0 e A1, respectivamente.


Fonte: NBR 6492, 1994, p.4.
Descrição: apresenta a dobragem de dois papeis, o A0 e A1, com as suas respectivas dimensões.

Figura 21: Dobramentos dos formatos A2 e A3, respectivamente.


Fonte: NBR 6492, 1994, p.4.
Descrição: apresenta a dobragem de dois papeis, o A2 e A3, com as suas respectivas dimensões.

23
Competência 01

1. O dobramento das folhas é feito levando-se em conta as linhas tracejadas que


aparecem nas figuras acima (Figuras 20 e 21). Essas linhas são imaginárias e a marcação do
dobramento ocorre somente nas margens;
2. Após fazer as marcações, dobra-se o papel no sentido vertical e somente depois no
sentido horizontal, de maneira sanfonada, como ilustrado nas Figuras 20 e 21, até chegar ao padrão
do formato A4;
3. Quando as folhas de formatos A0, A1 e A2 forem perfuradas para arquivamento, o
canto superior esquerdo deve ser dobrado para trás conforme aparece nas Figuras 20 e 21. Ao final,
as pranchas podem ser abertas mesmo estando arquivadas e ordenadas dentro da pasta, o que
facilita a verificação de informações, como também o carregamento delas.

1.4 Tipos de linhas

Caro estudante, não são só as pranchas que têm normas e regras a serem seguidas no
Desenho de Arquitetura, mas também as linhas utilizadas nos desenhos. A NBR 8403 (1984) trata
sobre a aplicação de linhas em desenhos, tipos de linhas e larguras das linhas, de modo a facilitar e
emprego delas.
Lembra que o Desenho Técnico é uma linguagem que comunica uma mensagem? O
emprego correto dos tipos de linhas facilita a leitura e a interpretação dos desenhos. Por isso, é
importante ficar atento a cada tipo de linha e suas diferentes aplicações para reconhecer aquilo que
está sendo transmitido. No geral, existem duas espessuras de linhas: o traço grosso e o traço fino, e
os diferentes tipos podem ser vistos na Figura 22.
LINHA DENOMINAÇÃO APLICAÇÃO
Contínua grossa Contornos e arestas visíveis

Contínua fina Linhas auxiliares,


linhas de cota,
linhas de chamada,
hachuras
Contínua fina à mão livre Limites de vistas ou
cortes parciais

Tracejada fina Contornos não-visíveis (projeções)

24
Competência 01

Traço e ponto fino Linhas de simetria,


Linhas de centro

Traço e dois pontos fino Contornos de peças adjacentes

Traço ponto fino, largas nas Planos de corte


extremidades e na mudança
de direção

Figura 22: Diferentes tipos de linhas e suas aplicações no desenho.


Fonte: NBR 8403, 1984, p.2.
Descrição: tabela com os tipos de linha, suas denominações e aplicações no desenho técnico.

Então, você deve ter percebido que existe a necessidade de utilizar tipos de linhas
diferentes de acordo com o objeto ou elemento a ser representado. De acordo com Silva (2012, p.28),
“a espessura do traço deve ser escolhida de acordo com a dimensão do papel e o tipo de desenho,
dentro da seguinte gama: 0.18, 0.25, 0.35, 0.5, 0.7, 1.4 e 2.0 mm (...). E as espessuras devem ser as
mesmas para todas as vistas desenhadas na mesma escala”.
Agora que você já aprendeu sobre as pranchas de desenho e tipos de linhas, se concentre
em seguida, na caligrafia técnica.

1.5 Caligrafia técnica

É importante que você compreenda que o projeto de arquitetura é um documento


constituído por uma parte escrita e um conjunto de peças gráficas. Então, além de se preocupar com
a boa representação do desenho, você deve atentar para os cuidados com a escrita técnica. Para isso,
a consulta das normas relacionadas é relevante.
A ABNT possui pelo menos duas normas que tratam a respeito da caligrafia técnica, as
quais serão abordadas aqui. Uma delas é a NBR 8402 (1994), que fixa as condições exigíveis para a
escrita em todas as áreas de aplicação do Desenho Técnico. Já a NBR 6492 (1994), não trata apenas
da escrita técnica, mas traz o tema voltado especificamente para o campo dos projetos de
arquitetura. Como estamos trabalhando com Desenho Arquitetônico, vamos considerar as
informações desta segunda norma.
Assim, toda informação escrita num desenho, deve seguir os padrões e normas
estabelecidas com o objetivo básico de atingir a uniformidade, a legibilidade e a reprodução dos

25
Competência 01

desenhos sem a perda de qualidade. Por isso, os caracteres devem ser claramente distinguíveis entre
si, para evitar qualquer troca ou algum desvio mínimo da forma ideal (NBR 6492, 1994, p.1).
Segundo a NBR 8402 (1994, p.1), as letras e números da escrita técnica podem ser escritos
na vertical ou com uma leve inclinação, em um ângulo de 15° para a direita em relação à vertical,
como representado na Figura 23. Porém a NBR 6492 (1994, p.12), a qual estamos focados, considera
que a caligrafia técnica deve ser sempre maiúscula e não-inclinada, ou seja, escrita apenas na vertical.
A espessura das linhas da caligrafia é a mesma tanto para letras maiúsculas quanto minúsculas.

Figura 23: Exemplo de caligrafia técnica não inclinada.


Fonte: NBR 6492, 1994, p.12.
Descrição: apresenta o alfabeto e os números, e as alturas que precisam ter.

Desse modo, no Desenho Arquitetônico, os caracteres alfanuméricos devem ser


claramente distinguíveis entre si de modo a tornar a escrita clara, uniforme e legível.

1.6 Escalas do desenho

Agora, além de escolher adequadamente o formato e a orientação da prancha do


desenho e a forma de utilizar os tipos e as espessuras das linhas, você deve ter atenção quanto à
escala mais adequada de representação gráfica do objeto ou projeto arquitetônico. Lembra que foi
comentado anteriormente, que é preciso adequar o desenho com o formato da prancha a fim de
tornar a representação mais clara e precisa possível?
Mas você, caro estudante, deve estar se perguntando: o que é escala e para que ela serve?
Bem, no Desenho Técnico é preferível que os objetos sejam desenhados em tamanho
real. Entretanto, na maioria das vezes, isso não é possível pois os objetos são maiores que os formatos
de papel. Imagine só desenhar um carro ou uma casa em tamanho real numa folha de papel... Não é
algo impossível, dependendo do formato da prancha, mas fica complicado manusear a folha, e
imagina o trabalho que daria ao desenhista ou projetista. Como resolver essa problemática?

26
Competência 01

Para tal, foram criadas as escalas de desenho, as quais também são normatizadas pela
ABNT através da NBR 8196 (1999), a qual aborda o emprego de escalas e suas designações em
desenhos técnicos.

GLOSSÁRIO: ESCALA GRÁFICA


Segundo a NBR 6492 (1994, p. 2), “escala é uma relação dimensional entre a
representação de um objeto no desenho e suas dimensões reais”.

Ou seja, a escala é uma convenção utilizada para estabelecer uma relação de proporção
entre as dimensões reais de um objeto real (ou parte dele) e suas dimensões ao ser representado
graficamente, de modo que se obtenha a informação de quantas vezes, o seu tamanho real foi
reduzido, ou em outros casos ampliado, para poder ser representado no papel. Essa convenção pode
ser expressa matematicamente, conforme fórmula abaixo:
E = __D__ Onde: E = escala
R D = medida do desenho do objeto
R = medida real do objeto

Através dessa convenção foi possível determinar a existência de três tipos de escalas
diferentes, em virtude de ser aceitável utilizar qualquer número como relação de semelhança. Assim,
ao escolher a escala de representação, você deve estar atento para o fator e o objetivo a que se
pretende o desenho. Segue abaixo, os três tipos de escala:
- Natural = aquela em que o tamanho do desenho técnico é igual ao tamanho real da peça;
- De Redução = aquela em que o tamanho do desenho técnico é menor que o tamanho
real da peça;
- De Ampliação = aquela em que o tamanho do desenho técnico é maior que o tamanho
real da peça.
Além disso, a escolha da escala também depende:
1. Do nível de complexidade do objeto, pois quanto mais detalhes o objeto possuir, é
importante que a escala permita que esses detalhes apareçam no desenho;
2. Do objetivo do desenho, pois se você for entregar o desenho para execução (projeto
executivo), quem vai executar precisa ter muitas informações, logo a escala deve ser uma maneira de
gerar uma representação detalhada. Mas, se você for apresentar o projeto para a análise de um

27
Competência 01

cliente (estudo preliminar), não há tanto interesse em representar tantos detalhes do objeto, mas
sim com relação à forma, volumetria ou composição das partes, o que favorece um desenho menor
com ênfase no volume como um todo.
Algumas escalas numéricas são mais utilizadas na área de Design de Interiores, são elas:
1:10, 1:20, 1:25 e 1:50. No Desenho de Arquitetura já são mais comuns as escalas: 1:50, 1:100, 1:250
e 1:500, mas as escalas 1:10 e 1:5 também podem ser utilizadas quando forem necessários detalhes
específicos.

NOTA: INDICAÇÃO DAS ESCALAS NA PRANCHA


As escalas devem ser indicadas no carimbo da prancha do respectivo desenho.
Se numa mesma folha existirem desenhos em diferentes escalas, essas devem
ser indicadas em caligrafia menor na mesma zona da legenda. Entretanto é
preferível que a escala esteja indicada junto da respectiva representação
(desenho), enquanto a escala geral deve constar na legenda, conforme indica a
NBR 8196 (1994, p.2). A mesma norma fixa que a palavra “ESCALA” pode ser
abreviada na forma “ESC”.

VOCÊ SABIA: ESCALA GRÁFICA


Além da escala numérica vista anteriormente, existe também a escala gráfica,
que nada mais é do que um segmento de reta subdivido em partes menores que
indicam a correspondência entre os tamanhos reais e os tamanhos
representados. Observe na Figura 24 abaixo, que cada intervalo entre um
número e outro representa uma distância específica, que é devidamente
apontada pela escala. Esse tipo de escala possui o mérito de aumentar e reduzir
juntamente ao desenho.

Figura 24: Exemplos de escala gráfica.


Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/escalas.htm
Descrição: desenho com duas linhas retas horizontais. A primeira linha horizontal, possui quatro traços verticais com os
números em ordem: 0, 50, 100 e 150, e a palavra metro. A segunda linha horizontal, possui os mesmos números.

28
Competência 01

Bom, você chegou ao final do conteúdo da primeira semana de estudo na disciplina


Desenho Arquitetônico. Caso tenha dúvida em relação a algum dos temas abordados, acesse
novamente o conteúdo, explore as atividades complementares e participe dos fóruns. Também é
possível consultar os professores e tutores.
Na próxima semana de estudos, você vai entender como se representa um projeto de
interiores.
Bons Estudos!

29
Competência 02

2.Competência 02 | Representação de Projetos Arquitetônicos


Caro estudante, a partir desta segunda semana de curso, você vai aprender sobre as
diferentes fases de um projeto de arquitetura e a sua representação gráfica, a fim de compreender a
linguagem arquitetônica, além de aplicar os conhecimentos vistos na semana anterior.
O Projeto de Arquitetura é desenvolvido em fases que se sucedem e são
interdependentes umas das outras, ou seja, são organizadas em sequência predeterminada. De
acordo com as normas da ABNT, existem três fases principais que você verá nesta competência.

2.1 Desenhos de um Projeto Arquitetônico

Antes de qualquer coisa, é importante você relembrar que o Projeto de Arquitetura é um


documento constituído de uma parte escrita e uma parte gráfica. Essa última, é o chamado Desenho
de Arquitetura ou Desenho Arquitetônico, o qual é constituída por um conjunto de desenhos que têm
como objetivo representar os componentes construtivos e a configuração volumétrica e espacial da
edificação. Apresentam-se sob a forma de plantas baixas, cortes e vistas (elevações).
Vamos agora, aprender cada uma destas etapas do desenho arquitetônico!

2.1.1 Planta baixa

Em um Projeto de Arquitetura, o principal desenho é a planta baixa, a qual constitui uma


das várias plantas (desenhos) da edificação. Ela consiste em uma vista superior do plano secante
horizontal, geralmente localizado a uma altura de 1,50 m do piso principal de referência (térreo,
superior, subsolo, sótão, cobertura, entre outros). “A altura desse plano pode ser variável para cada
projeto de maneira a representar todos os elementos considerados necessários” (NBR 6492, 1994,
p.1), comumente condicionada pela altura dos vãos de portas e janelas de modo a incluí-los (SILVA
et.al., 2012, p. 184).
Observe na Figura 25 que a edificação está sendo “cortada” em duas porções (superior e
inferior), através de um plano imaginário, a uma altura de 1,50 m do piso, de modo que a parte
superior da casa é retirada (Figura 26) para mostrar os elementos construtivos “cortados” (paredes,
janelas e portas) (Figura 27). Esses elementos vão gerar a configuração do desenho da planta baixa

30
Competência 02

(Figura 28) o qual é utilizado como base para a construção dos demais desenhos do Projeto de
Arquitetura: os cortes e as vistas (elevações). Todos os desenhos devem receber as convenções
mínimas, de acordo com as regras e normas.

Figura 25: Plano secante imaginário a 1,50 m de altura da Figura 26: Duas porções da edificação originadas
edificação. após o plano secante horizontal.
Fonte: Montenegro, 2001 p. 48. Fonte: Montenegro, 2001, p. 48.
Descrição: casa sendo cortada pelo plano. Descrição: casa dividida em duas partes.

Figura 27: Resultado da seção horizontal da edificação: Figura 28: Planta baixa final normatizada
planta baixa ainda não normatizada. resultante do plano secante horizontal a
Fonte: Montenegro, 2001, p. 49. 1,50 m de altura.
Descrição: desenho da base das paredes de uma casa, em Fonte: Montenegro, 2001, p. 49.
uma folha de papel. Descrição: desenho de uma casa, mostrando o
terraço, depósito e sala.

31
Competência 02

As escalas mais utilizadas na representação de plantas baixas no projeto de arquitetura


são: 1:50, 1:100 e 1:200. Já no Design de Interiores, as escalas mais comuns são: 1:20, 1:25 e 1:50.

NOTA:
O Projeto de Arquitetura ainda é composto pelas seguintes plantas: a planta de
situação, a planta de locação (ou implantação) e a planta de cobertura, as quais
não serão abordadas nesse material.

2.1.2 Cortes

Se o plano secante horizontal origina a planta baixa da edificação, o plano secante vertical
dá origem ao que chamamos de cortes. Os cortes nada mais são do que as representações gráficas
das duas porções que se originam através deste plano vertical imaginário que corta a edificação, o
qual pode se dá em duas posições: longitudinal e transversal. O longitudinal é feito no sentido do
comprimento da edificação, enquanto o transversal, no sentido da largura, como pode ser observado
na Figura 29.

Figura 29: Plano secante vertical imaginário, no Figura 30: Duas porções da edificação originadas com o
sentido transversal da edificação. corte transversal.
Fonte: Montenegro, 2001, p. 50. Fonte: Montenegro, 2001, p. 50.
Descrição: uma casa sendo cortada pelo plano vertical. Descrição: uma casa dividida em duas partes.

Observe que na Figura 30, a edificação foi dividida em duas partes distintas, o que
originou consequentemente dois cortes diferentes: o Corte AB e o Corte BA. Essa distinção é uma
convenção didática na qual a ordem das letras indica a direção escolhida pelo profissional para
evidenciar o corte que será representado graficamente. Essa escolha se dá em virtude das
informações construtivas que necessitam ser demonstradas para a melhor execução do projeto. De

32
Competência 02

acordo com a NBR 6492 (1994, p.1), “o corte, ou cortes, deve ser disposto de forma que o desenho
mostre o máximo possível de detalhes construtivos”.
Então, como a planta baixa é um desenho que não mostra todos os detalhes internos do
projeto, sobretudo as alturas, nem todas as informações necessárias e suficientes para a execução,
os cortes servem como desenhos complementares, que evidenciam as alturas dos elementos
construtivos, por exemplo: janelas, portas, forros, peitoris, entre outros (Figura 31).

Figura 31: Corte AB com destaque para os elementos construtivos a serem evidenciados.
Fonte: Montenegro, 2001, p. 52.
Descrição: exemplo de elementos de um corte: beiral, embasamento, água, verga, peitoril e pé-direito.

Uma vez escolhido o sentido, a direção e a posição do corte, você deve ficar atento para
a forma de marcação dos cortes na planta baixa. Foi visto anteriormente, que os cortes foram
identificados com letras, mas recomenda-se que eles sejam representados através de uma seta
direcional com o número do corte, além do número da prancha na qual o corte será representado,
como na Figura 32.

33
Competência 02

Figura 32: Corte AB com destaque para os elementos construtivos a serem evidenciados.
Fonte: NBR 6492, 1994, p. 18.
Descrição: representação da marcação do corte numa planta baixa.

Observe que na Figura 33, os cortes longitudinal e transversal foram indicados com o
símbolo nomeados com números (Corte 1-1 e Corte 2-2). Além do símbolo indicativo do corte, “a
marcação da linha de corte deve ser suficientemente forte e clara para evitar dúvidas e mostrar
imediatamente onde ele se encontra” (NBR 6492, 1994, p. 18). Para tal, a linha deve ser do tipo traço
e ponto, conforme NBR 8403/1984.

Figura 33: Planta baixa de arquitetura de um escritório com marcação dos cortes transversal e longitudinal.
Fonte: https://desenhoarquitetonicosite.wordpress.com/2016/06/06/exercicio-aula-3-07-de-maio-de-2016-desenho-
arquitetonico-simbolos-representacoes-e-caligrafia-tecnica/
Descrição: desenho de uma planta baixa, com a marcação dos cortes, transversal e longitudinal.

34
Competência 02

NOTA
Pode haver deslocamentos do plano secante onde necessário, devendo ser
assinalados, de maneira precisa, o seu início e final (na planta baixa). Nos cortes
transversais, podem ser marcados os cortes longitudinais e vice-versa (NBR
6492, 1994, p. 1-2).

De acordo com a NBR 6492 (1994, p.7), o desenho dos cortes no projeto de arquitetura
deve conter (Figura 34):
a) simbologias de representação gráfica;
b) eixos do projeto;
c) sistema estrutural;
d) indicação das cotas verticais;
e) indicação das cotas de nível em osso e acabado dos diversos pisos;
f) caracterização dos elementos de projeto:
• fechamentos externos e internos;
• circulações verticais e horizontais;
• áreas de instalações técnicas e de serviço;
• cobertura/telhado e captação de águas pluviais;
• forros e demais elementos significativos;
g) denominação dos diversos compartimentos seccionados;
h) marcação dos detalhes;
i) escalas;
j) notas gerais, desenhos de referência e carimbo;
k) marcação dos cortes transversais nos cortes longitudinais e vice-versa.

35
Competência 02

Figura 34: Corte AB normatizado e cotado verticalmente, em escala adequada.


Fonte: Montenegro, 2001, p. 70.
Descrição: representação de um corte transversal, com as cotas de alturas, em suas laterais.

Na representação gráfica dos cortes, as escalas mais utilizadas no desenho arquitetônico


são: 1:50 e 1:100. Já nos projetos de Design de Interiores, as escalas mais comuns são: 1:20, 1:25 e
1:50. A escala escolhida para o desenho da planta baixa deve ser a mesma para os cortes e vistas
(elevações).

VOCÊ SABIA?
Em algumas situações, ao fazer a marcação do corte na planta baixa, pode ser
necessário realizar um desvio na direção da linha do corte afim de destacar
detalhes e/ou elementos construtivos que estão fora da linha de corte escolhida
ou ainda para diminuir o número de cortes no desenho. O desvio é representado
conforme a Figura 35 e tem-se um exemplo de aplicação em planta baixa na
Figura 36.

Figura 35: Tipo da linha de corte indicativa de desvio.


Fonte: NBR 8403, 1984, p. 2.
Descrição: linha representada em ponto e traço.

36
Competência 02

Figura 36: Planta baixa com linha de corte com mudança de direção.
E representação do Corte com mudança de direção.
Fonte: Montenegro, 2001, p. 57.
Descrição: representação de uma marcação de corte desviado em uma planta baixa e, um corte longitudinal.

No próximo item você vai conhecer sobre as vistas e aprender a diferença entre as
elevações internas e as elevações externas do Desenho Arquitetônico e como elas se aplicam ao
Desenho de Interiores.

2.1.3 Vistas

Caro estudante, a conceituação de vistas não é muito clara nas normas de desenho, por
exemplo, como na NBR 6492 (1994, p. 2). Já na NBR 10.067 (1995, p. 2), também não aparece um
conceito definido de vistas, mas apenas como elas são obtidas através das projeções ortográficas do
objeto arquitetônico. Partindo desse princípio, é dito que elas são representações gráficas de planos
verticais dispostos a partir de um cubo imaginário que envolve a construção. Desse modo, o objeto é
projetado em cada uma das faces do cubo, como pode ser observado nas Figuras 37, 38 e 39.

37
Competência 02

Figura 37: Obtenção das quatro vistas ou projeções ortográficas de uma edificação.
Fonte: Montenegro, 2001, p. 42.
Descrição: uma casa com portas e janelas, e setas apontadas para ela, indicando as diversas vistas.

Figura 38: Obtenção das vistas ou projeções Figura 39: Cubo imaginário planificado com as seis
ortográficas de uma edificação através do cubo vistas de uma edificação.
imaginário. Fonte: Montenegro, 2001, p. 42.
Fonte: Montenegro, 2001, p. 42. Descrição: seis vistas externas da casa, distribuídas
Descrição: uma casa e demais vistas externas da cada uma, em um quadrado, como um cubo aberto.
mesma.

38
Competência 02

NOTA: FACHADAS E ELEVAÇÕES


No Desenho de Arquitetura é importante não confundir as fachadas com as
elevações. As fachadas são representações gráficas de planos verticais externos
da edificação, diferentemente das elevações, que são os planos verticais
internos da edificação (NBR 6492, 1994, p. 2). No Desenho Arquitetônico é mais
comum o uso das fachadas, enquanto no Desenho de Interiores, são mais
comuns as elevações. Em ambos os casos, o objetivo é de expor os detalhes
externos e internos, respectivamente. Ver os exemplos das Figura 40 (fachada)
e Figura 41 (elevação) abaixo.

Figura 40: Fachada frontal de uma edificação.


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/791057/apartamento-bento-semerene-arquitetura-interior
Descrição: fachada de uma edificação de dois pavimentos.

39
Competência 02

Figura 41: Elevação interna de uma cozinha.


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/801296/residencia-act-cf-arquitetura/584e633de58eceb19a000212-
residencia-act-cf-arquitetura-fachada
Descrição: parede interna de uma cozinha, apresentando elementos, como: geladeira, micro-ondas, bancada, armários.

Então, o projeto de interiores deve conter as elevações internas para expor detalhes
internos dos ambientes. Conforme a NBR 6492 (1994, p. 9), as elevações, bem como as fachadas,
devem conter alguns elementos mínimos, tais como:
a) simbologias de representação gráfica;
b) eixos do projeto;
c) indicação de cotas de nível acabado;
d) indicação de convenção gráfica dos materiais;
e) marcação e detalhes;
f) escalas;
g) notas gerais, desenho de referência e carimbo;

A simbologia utilizada em planta baixa para indicar a orientação das elevações se faz
através de triângulos com setas direcionais voltadas para a respectiva parede, conforme
exemplificado na Figura 42. A Figura 43, mostra a representação da elevação que foi marcada na
planta baixa, e os elementos necessários, exigidos pela NBR 6492 (1994).

40
Competência 02

Figura 42: Exemplo de simbologia indicativa de elevação na planta baixa.


Fonte: Valadares & Matoso, 2002 p. 20 e 24.
Descrição: desenho de uma planta baixa, mostrando bacia sanitária, chuveiro, armários, espelhos, entre outros.

Figura 43: Exemplo de elevação referente ao que está sendo indicado pela seta na planta baixa.
Fonte: Valadares & Matoso, 2002 p. 20 e 24.
Descrição: desenho de uma elevação de um banheiro, mostrando bacia sanitária, chuveiro, armários, espelhos, entre
outros.

41
Competência 02

Figura 44: Simbologia indicativa das elevações na planta baixa com as dimensões mínimas.
Fonte: NBR 6492, 1994, p. 22.
Descrição: representação das elevações numa planta, que pode ser um triângulo, ou triângulo dentro de um círculo,
com números, que são as informações dos cortes.

Do mesmo modo que os cortes, as escalas mais utilizadas na representação gráfica das
elevações no desenho arquitetônico são: 1:50 e 1:100. Já nos projetos de Design de Interiores, as
escalas mais comuns são: 1:20, 1:25 e 1:50. Ou seja, no mesmo projeto deve haver uma equivalência
em termos de escala entre os desenhos de planta baixa, cortes e elevações.

2.2 Etapas do desenho de planta baixa, cortes e vistas (fachadas e elevações)


A seguir, você aprender como elaborar os principais desenhos utilizados para
apresentação de um projeto de interiores: plantas baixas, cortes e vistas (elevações). Eles são
produzidos em uma sequência de etapas que não devem ser quebradas, conforme diz Montenegro
(2001).

NOTA: DESENHO POR INSTRUMENTO X DESENHO ASSISTIDO POR


COMPUTADOR
Esse processo de representação do desenho pode ser utilizado tanto através do
uso de instrumentos técnicos, quanto através de desenho por computador.
Nesse material, você vai aprender através do desenho por instrumento, mas as
normas precisam também serem seguidas, caso o desenho seja feito em
computador.

42
Competência 02

2.2.1 Plantas baixas


Para a primeira etapa do desenho da(s) planta(s) baixa(s), temos o seguinte (Figura 45):
1. É feita a marcação do contorno externo da edificação ou ambiente através de traços
finos;
2. Depois segue para a demarcação da espessura das paredes externas;
3. Em seguida, são desenhadas as divisões dos ambientes internos com representação
das paredes internas;

Figura 45: Desenho das paredes externas e internas do projeto.


Fonte: Montenegro, 2001, p. 67.
Descrição: desenho das paredes de uma edificação. Mostra as espessuras das paredes, por meio de traços.

Na segunda etapa do desenho, temos o seguinte (Figura 46):


1. Fazer o desenho dos vãos (aberturas) nas paredes, para indicação ou não das
esquadrias (portas e janelas). As portas de abrir são indicadas abertas para mostrar o vão de abertura,
enquanto as janelas são desenhadas fechadas;
2. Em seguida, são desenhados os elementos de projeto, sejam eles fixos ou móveis, tais
como: balcões, bacias sanitárias, pias, tanques, banheiras, como também os eletrodomésticos, como:
geladeira, fogão, máquina de lavar roupas, etc.;

43
Competência 02

3. Por fim, desenhar a linha de piso externo, no caso de uma planta baixa de edificação.

Figura 46: Desenho dos vãos, esquadrias e dos elementos fixos e móveis do projeto.
Fonte: Montenegro, 2001, p. 68.
Descrição: desenho de uma planta baixa, com a representação de paredes, portas, janelas, mobiliário.

Na terceira etapa do desenho da planta baixa, segue a sequência de seu desenvolvimento


(Figura 47):
1. Desenhar a projeção da cobertura (para edificações. Não desenhar quando for uma
planta baixa para um projeto de interiores) e todos os elementos construtivos que estejam acima do
plano secante horizontal a 1,50m do piso, com linha do tipo tracejada;
2. Depois, as linhas que representam as paredes são engrossadas;
3. Em seguida, desenhar as linhas de cotas gerais e específicas e os valores das cotas;

44
Competência 02

4. Depois são colocados os nomes dos ambientes, geralmente centralizados;


5. Finalmente, são feitas as indicações das linhas dos cortes e os símbolos dos níveis de
piso.

Figura 47: Desenho dos nomes dos ambientes, das linhas dos cortes e das linhas de cotas.
Fonte: Montenegro, 2001, p. 69.
Descrição: desenho de uma planta baixa completa, com a divisão dos ambientes, portas, janelas e demais elementos
necessários.

2.2.2 Cortes

Para o desenho dos cortes, a sequência que você deve seguir é a seguinte:
1. Primeiro, utilizar papel transparente (na posição horizontal) sobre o desenho da planta
baixa orientado no sentido de marcação do corte, como ilustrado na Figura 48;

45
Competência 02

2. Em seguida, deve ser desenhada a linha de altura do piso térreo e a linha referente ao
nível do terreno;
3. As linhas de parede externas e internas cortadas pela linha de corte são desenhas a
seguir;
4. Logo, os vãos de portas e janelas devem ser desenhados, de modo que agora, as portas
são representadas fechadas. Aqui também, podem ser desenhados aqueles elementos que são
“vistos” e não “cortados” pelo plano de corte, sendo indicados com traço contínuo mais fino que o
traço dos elementos cortados;
5. Depois as linhas que marcam os elementos “cortados” pelo plano de corte devem ser
engrossadas de modo a evidenciá-las, como exemplo, as paredes cortadas. Também deve ser feita a
cotagem.

NOTA: COTAS VERTICAIS X COTAS HORIZONTAIS


As cotas nos cortes são exclusivamente indicadas no sentido vertical, enquanto
as cotas horizontais se destinam a cotar a planta baixa.

Figura 48: Desenho do corte através do uso de papel transparente para transposição das medidas.
Fonte: Montenegro, 2001, p. 70.
Descrição: desenho de uma planta baixa com a marcação do corte AB. O desenho ao lado, é do corte AB.

Como resultado final desse processo, você pode ver o resultado do corte final como deve
ser apresentado, conforme Figura 49.

46
Competência 02

Figura 49: Desenho final do corte com as indicações mínimas necessárias.


Fonte: Montenegro, 2001, p. 71.
Descrição: desenho do corte, com seus respectivos elementos representados e as cotas.

Agora no item a seguir, você vai aprender a desenhar as vistas (fachadas e elevações) e
sua aplicação no campo do Design de Interiores.

2.2.3 Vistas (fachadas e elevações)


O desenho das vistas é feito após a obtenção da representação gráfica dos cortes já que
eles servem como base para o desenho das fachadas e elevações. Não é à toa que o mesmo
procedimento utilizado anteriormente para obtenção dos cortes, é utilizado para obtenção das vistas,
com uma diferença: agora o papel transparente é colocado sobre o corte e não mais sobre a planta
baixa.
Estudante, vamos conhecer as etapas!
1. Primeiro, desenhar a linha do terreno e o nível do piso térreo;
2. Em seguida, transpor as medidas horizontais e as alturas dos elementos construtivos;
3. Finalmente, utilizar diferentes espessuras de linhas para os elementos construtivos
que estão em primeiro e segundo plano: linhas mais grossas, no plano da frente, e linhas mais finas,
no plano de fundo. Linhas médias podem ser utilizadas para elementos intermediários.
Por fim, observe que na Figura 50 não são indicadas as linhas de cotas na fachada, uma
vez que as informações referentes às alturas já foram identificadas anteriormente nos cortes.

47
Competência 02

Figura 50: Desenho final de uma fachada com as indicações mínimas necessárias.
Fonte: Montenegro, 2001, p. 71.
Descrição: fachada externa de uma residência.

VÍDEOAULA: ELABORAÇÃO DE CORTES E VISTAS (ELEVAÇÕES)


Agora vamos parar um pouquinho a leitura, para assistir ao vídeo que mostra
como é o processo de elaboração de cortes e vistas (Elevações), no desenho
instrumental e no desenho computacional.

2.3 Fases da Representação de um Projeto Arquitetônico

O Projeto de Arquitetura é desenvolvido em diferentes fases que se sucedem e são


interdependentes umas das outras, ou seja, são organizadas em sequência predeterminada. De
acordo com as normas da ABNT, existem três fases principais, que você verá em seguida.

2.3.1 Estudo preliminar


Como o próprio nome sugere, o estudo preliminar é aquele que vem antes de qualquer
outra etapa, antecedendo as demais fases do projeto. É um “estudo da viabilidade de um programa
e do partido arquitetônico a ser adotado para sua apreciação e aprovação pelo cliente” (NBR 6492,
1994, p. 5). Ou seja, nessa fase são apresentados os desenhos preliminares ou iniciais elaborados pelo
profissional com o intuito de experimentar a viabilidade técnica e/ou financeira do programa de
necessidades e do partido de projeto adotado. Nessa etapa há alguns desenhos básicos que o
Designer de Interiores deve apresentar, tais como: planta de layout, cortes, vistas e perspectivas.

48
Competência 02

NOTA
O estudo preliminar pode servir à consulta prévia para aprovação em órgãos
governamentais, no caso do Projeto de Arquitetura, já que o Projeto de Design
de Interiores não é submetido a tal.

GLOSSÁRIO: PROGRAMA DE NECESSIDADES E PARTIDO DE PROJETO

Programa de Necessidades
É um documento preliminar que caracteriza as necessidades e expectativas do cliente quanto
ao projeto, objeto de estudo. Ele serve para coletar as informações mínimas necessárias a fim
de nortear as decisões de projeto. Pode conter “a relação dos setores que o compõem, suas
ligações, necessidades de área, características gerais e requisitos especiais, posturas
municipais, códigos e normas pertinentes” (NBR 6492, 1994, p. 2). Também pode conter
estimativas de custos (orçamento) e prazos (cronograma).

Partido de Projeto
É uma expressão que designa um “conceito de projeto” ou as intenções e escolhas tomadas
a partir das informações coletadas no programa de necessidades. Já o partido são as técnicas
utilizadas para alcançar os objetivos do conceito, ou seja, são as projetuais tomadas para se
conseguir transmitir o conceito.

2.3.2 Anteprojeto
O anteprojeto é a etapa que se sucede ao estudo preliminar. Ele se constitui nos desenhos
da fase anterior, após serem aceitos e aprovados pelo cliente, mas com os ajustes e adaptações
determinados pelo projeto. Ou seja, o anteprojeto é composto pelos mesmos documentos típicos da
fase anterior, porém com desenhos mais coloridos, com diferentes texturas, figuras humanas, etc.
Nessa fase são apresentadas: a planta de layout, os cortes, as vistas e perspectivas.
Também é comum nessa fase a entrega da planta de layout (Figura 51) e/ou da planta
humanizada (Figura 52), sendo a primeira mais simples e técnica, muitas vezes de difícil entendimento
por parte do cliente; enquanto a segunda, possui cores, texturas, iluminação e cotas gerais, de modo
a refletir como o ambiente ou o edifício ficará o mais próximo da realidade.

49
Competência 02

VAMOS PENSAR!
Por que fazer uma planta humanizada? Imagine que um cliente lhe contrate para
fazer um projeto de reforma. Você faz o projeto de acordo com as normas e
cheio de detalhes técnicos para apresentar ao cliente. Você acha que ele vai
entender de forma clara o que está ali? Não seria mais interessante fazer uma
planta colorida e realística deixando o cliente encantado com o seu trabalho?
Pense nisso!

Confira as diferenças entre uma planta mais técnica e uma planta mais
humanizada a seguir.

Figura 51: Exemplo de planta de layout. Figura 52: Exemplo de planta humanizada.
Fonte: Fonte:https://www.maquetizando.com.br/fullscreen
https://br.pinterest.com/pin/292734044507728626/ -page/comp-js27jljv/51713cff-c4ec-4e22-9281-
Descrição: planta baixa, apenas nas cores branca e 45e139afe769/0/%3Fi%3D0%26p%3Dd34uk%26s%3
preta, de um apartamento mobiliado. Dstyle-jemmuvhd
Descrição: planta baixa, colorida, de um
apartamento. Apresenta cotas básicas dos
ambientes.

2.3.3 Projeto Executivo


Essa é a terceira e última etapa do projeto e “apresenta, de forma clara e organizada,
todas as informações necessárias à execução da obra e todos os serviços inerentes” (NBR 6492, 1994,
p. 5). Ou seja, se constitui na fase onde os pormenores devem ser detalhados e especificados

50
Competência 02

devidamente de modo a expor. Nessa fase, o Designer de Interiores deve apresentar os seguintes
desenhos: planta de layout, cortes, elevações e perspectivas, além das especificações técnicas, os
detalhes do projeto e o orçamento analítico.
Finalizado o conteúdo da segunda semana de estudos da disciplina Desenho
Arquitetônico. Não deixe de participar dos fóruns, e de sanar suas dúvidas antes de dar
prosseguimento ao conhecimento que será exibido para você na próxima semana, o qual abordará
do dimensionamento em Desenho Arquitetônico e da representação da circulação vertical.
Bons Estudos!!!

51
Competência 03

3.Competência 03 | Dimensionamento e Circulação Vertical

Nessa terceira semana de estudos, primeiramente você vai aprender sobre o


dimensionamento ou cotagem dos objetos (elementos) no Desenho Arquitetônico. A segunda parte,
irá tratar da representação gráfica dos elementos de circulação vertical (escadas, rampas, elevadores)
que permitem a circulação de pessoas e objetos nas edificações.

3.1 Definição de dimensionamento no Desenho Técnico

3.1.1 Cotagem

No Desenho Técnico, a cotagem corresponde à indicação do dimensionamento dos


objetos (elementos) representados. Ou seja, são as medidas referentes à altura, ao comprimento, à
largura ou à profundidade dos objetos e que recebem a denominação de cotas. Ao ter as medidas
indicadas no desenho, evita-se que cálculos precisem ser realizados. Elas são comumente utilizadas
nas plantas baixas, cortes e elevações, de um projeto de interiores, e devem ser desenhadas de
forma clara e legível.
GLOSSÁRIO: COTAGEM
A cotagem é a “representação gráfica no desenho da característica do elemento, através de
linhas, símbolos, notas e valor numérico numa unidade de medida” (NBR 10.126, 1987, p. 1).
Para a cotagem utilizam-se as cotas.

GLOSSÁRIO: COTAS
As cotas são números que indicam as dimensões lineares ou angulares do elemento ou objeto
acabado. Seus elementos constituintes são os seguintes: linha da cota, linha de auxiliar, limite
da linha de cota e a cota (Figura 53). Você verá a seguir no item 3.2 cada um deles com mais
detalhes.

Figura 53: Esquema com os elementos de cotagem.


Fonte: NBR 10.126, 1987, p. 3.
Descrição: representação dos elementos de cotagem.

52
Competência 03

É importante destacar que, qualquer que seja a escala do desenho, as cotas sempre vão
representar as verdadeiras grandezas das dimensões reais do objeto representado, como você irá ver
mais adiante.
Outro ponto, é que as cotas indicam apenas as medidas e não as unidades do desenho.
Ou seja, para todas as cotas não se emprega o símbolo da unidade: m para metro, cm para centímetro
e mm para milímetro. “Se for necessário, para evitar mau entendimento, o símbolo da unidade
predominante para um determinado desenho deve ser incluído na legenda” (NBR 10.126, 1987, p. 2).
Num projeto é recomendado utilizar a mesma unidade em todos os desenhos.

NOTA: DIMENSÕES LINEARES X DIMENSÕES ANGULARES


As dimensões angulares são utilizadas quando o objeto representado tiver
ângulos a serem cotados. Nesse caso, a unidade de medida passa a ser o grau, e
o símbolo (°) deve estar presente junto à cota. Com exceção de coberturas e
rampas, onde a inclinação deve ser indicada através da porcentagem (%)

Além da legibilidade, é preciso estudante, você estar atento para que não haja a repetição
de cotas num mesmo desenho. Cotas supérfluas ou duplicadas devem ser evitadas de modo que a
representação gráfica não fique confusa ou sobrecarregada de informações. O cruzamento de linhas
de cota com outras linhas do desenho também deve ser evitado.

3.2 Elementos de cotagem

Como ilustrado anteriormente na Figura 53, os elementos de cotagem compreendem:


linha de cota, linha auxiliar, limite da linha de cota e cota. Você irá aprender cada um deles e como
aplicá-los ao desenho.

3.2.1 Linha de cota

As linhas de cota são desenhadas com linhas finas e contínuas, em todo o comprimento
do objeto, como recomenda a NBR 10.126 (1987, p. 3). A linha de cota não deve ser interrompida
mesmo que o elemento tenha sido interrompido no desenho, como mostra na Figura 54 abaixo.

53
Competência 03

Figura 54: Exemplo de linha de cota para elemento interrompido.


Fonte: NBR 10.126, 1987, p. 4.
Descrição: linha de cota contínua num desenho.

3.2.2 Linha auxiliar

As linhas auxiliares devem ser traçadas como linhas contínuas e finas, em geral, em
posição perpendicular ao objeto a ser cotado. Mas, em determinados desenhos, elas podem ser
desenhadas paralelas entre si e obliquamente ao objeto, num ângulo aproximado de 60° (NBR 10.126,
1987), para que não se sobreponham ao contorno do objeto, como ilustrado na Figura 55.

Figura 55: Exemplo de linha auxiliar empregada de modo oblíquo.


Fonte: NBR 10.126, 1987, p. 3.
Descrição: representação da linha auxiliar num desenho.

Observe na Figura 55, que a linha auxiliar e a linha de cota, sempre que possível, não
devem cruzar com outras linhas de modo a manter a clareza da cota. Se não for possível evitar o
cruzamento, ambas as linhas não devem ser interrompidas no ponto de cruzamento. Também para
a organização e legibilidade, as linhas auxiliares devem seguir o mesmo padrão no mesmo desenho,
e as linhas de cota paralelas devem ter o mesmo afastamento do objeto e o mesmo espaçamento
entre si.

54
Competência 03

As linhas auxiliares também podem servir de base para a cotagem, como por exemplo
ocorre na Figura 56, onde as linhas de eixo dos furos da peça foram utilizadas para traçar boa parte
das cotas. Note também que é uma peça simétrica, e por isso, as cotas não precisam ser repetidas
nos dois lados já que ambos são iguais, espelho um do outro.

Figura 56: Exemplo de aplicação das linhas de cotas paralelas.


Fonte: NBR 10.126, 1987, p. 4.
Descrição: representação de linhas auxiliares e cotas.

3.2.3 Limite da cota

O limite da cota, ou linha de seta, nada mais é do que a indicação dos limites da linha de
cota, sendo geralmente feitas através do uso de setas ou de traços oblíquos. Elas devem ter o mesmo
tamanho e o mesmo padrão num mesmo desenho, igualmente como as anteriores. Porém, quando
o espaço for muito pequeno, outra forma de indicação de limites pode ser utilizada (NBR 10.126,
1987, p. 4).

Figura 57: Dois exemplos distintos de linhas de limites de cota: as setas e as de traço oblíquo.
Fonte: NBR 10.126, 1987, p. 4.
Descrição: três formas de representação de limite de cotas.

Observe na Figura 57 que as setas podem ser desenhadas preenchidas ou através apenas
de traços curtos e finos, com inclinação de 15°. Já os traços oblíquos também podem ser curtos e
finos e numa inclinação de aproximadamente 45°.

55
Competência 03

3.2.4 Cotas

A cota, ou também denominado valor numérico, é o número que indica a dimensão que
está sendo mensurada ou cotada do objeto. Conforme a NBR 10.126 (1987, p. 5) existem dois
métodos de cotagem, mas somente um deles deve ser utilizado num mesmo desenho. Você
conhecerá agora!
Método 1: no primeiro método, as cotas devem ser localizadas acima e paralelamente às
suas linhas de cotas, preferivelmente no centro da mesma, como ilustram as Figuras 58 e 59.

Figura 58: Esquema com o Método 1 de cotagem para Figura 59: Esquema com o Método 1 de cotagem para
dimensão linear. dimensão angular.
Fonte: NBR 10.126, 1987, p. 5. Fonte: NBR 10.126, 1987, p. 5.
Descrição: representação de cotas lineares, e o número Descrição: representação de cotas angulares, e o
está acima da linha de cota. número está acima da linha de cota.

Método 2: nesse método, as linhas de cotas devem ser interrompidas, preferivelmente


no meio, para inscrição do valor numérico da cota, como está ilustrado a seguir nas Figuras 60 e 61.
Nesse caso, a interrupção serve para evitar a cota sobre a linha de cota. É o menos usual.

Figura 60: Esquema com o Método 2 de cotagem para Figura 61: Esquema com o Método 2 de cotagem para
dimensão linear. dimensão angular.
Fonte: NBR 10.126, 1987, p. 6. Fonte: NBR 10.126, 1987, p. 6.
Descrição: representação de cotas lineares, onde o Descrição: representação de cotas angulares, onde o
número está na linha de cota que foi interrompida pelo número está na linha de cota que foi interrompida pelo
mesmo. mesmo.

56
Competência 03

Além de escolher um dos métodos, é importante considerar que as cotas devem


apresentar o seu valor numérico com dígitos em tamanho suficiente para garantir a sua legibilidade.
Por esse motivo, as normas recomendam que a altura dos caracteres seja uniforme em todo o
desenho e esteja entre 2,5mm e 3,0mm. Igualmente, as linhas de seta devem manter seu tamanho
uniforme em todo o desenho.

NOTA: COTA ERRADA X COTA MODIFICADA


Caso você indique uma cota errada num desenho ou precise fazer uma
modificação numa cota existente, há uma solução convencionada que permite
manter a legibilidade, onde é suficiente riscar a cota incorreta ou aquela a ser
modificada através de um traço oblíquo com inclinação em torno de 45°, e
escrever o novo valor numérico acima da cota riscada (Figura 62).

Figura 62: Exemplo de como corrigir ou modificar o valor de uma cota no desenho.
Fonte: Montenegro, 2001, p. 4.
Descrição: representação de cota que foi modificada.

VÍDEO AULA: COTAGEM DE DESENHOS


Agora vamos parar um pouquinho a leitura, para assistir ao vídeo sobre a
cotagem de desenho técnico.

TEXTO COMPLEMENTAR
Para saber de mais detalhes sobre a cotagem no Desenho Arquitetônico, não
deixe de consultar a NBR 10.126/1987, pois ela traz mais informações sobre
esse conteúdo.

3.3 Circulação vertical

Nesse tópico, você vai entender o conceito de circulação no campo da Arquitetura e


Interiores, para então depois, aprender cada um dos tipos de circulação vertical.

57
Competência 03

GLOSSÁRIO: CIRCULAÇÃO, CIRCULAÇÃO VERTICAL E CIRCULAÇÃO HORIZONTAL


A circulação pode ser conceituada como um espaço externo ou interno de uma edificação
que permite a comunicação entre as suas partes, bem como a livre movimentação ou
passagem das pessoas. Esse ambiente pode ser classificado em dois tipos, dependendo da
orientação do movimento: vertical ou horizontal. Na circulação horizontal, os ambientes
permitem a movimentação em um mesmo nível, podendo ser através de corredores, halls,
foyers, galerias, etc. Já na circulação vertical, temos as escadas, elevadores, rampas, etc., que
facilitam a movimentação entre níveis superpostos.

Agora você vai aprender sobre escadas, rampas e elevadores, pelo fato de terem um tipo
de representação gráfica específica, e por serem os tipos de circulação mais comuns nos projetos.

3.3.1 Escadas

As escadas são elementos construtivos que tem como função promover a circulação
vertical entre pavimentos. Possuem formatos variados e podem ser confeccionadas em diferentes
tipos de materiais. Além da funcionalidade, as escadas têm um papel estético muito forte sendo
elemento de valorização do projeto. Veja alguns exemplares nas Figuras 63 a 66.

Figura 63: Exemplo de escada em madeira. Figura 64: Exemplo de escada metálica
Fonte: https://residencestyle.com/21-staircase-lighting- Fonte: https://www.decorfacil.com/modelos-
design-ideas-pictures/ de-escadas-de-ferro/
Descrição: escada em madeira, na cor clara, e com uma Descrição: escada metálica com seus pisos e
viga central em cada lance de escada. corrimão, na cor preta.

58
Competência 03

Figura 65: Exemplo de escada metálica Figura 66: Exemplo de escada helicoidal em
Fonte: https://www.decorfacil.com/modelos-de- concreto sem corrimãos.
escadas-de-ferro/ Fonte:
Descrição: escada toda metálica na cor vermelha. https://www.pinterest.pt/pin/16691472992108
6577/
Descrição: escada helicoidal na cor branca.

As escadas são constituídas por alguns elementos básicos bem característicos, como
ilustrado abaixo na Figura 67: o degrau, que é formado pelo espelho e piso; o patamar; e o guarda-
corpo, que é formado por sua vez pelo corrimão e pelo balaústre.

Figura 67: Principais elementos constituintes de uma escada.


Fonte: Montenegro, 2001, p. 95.
Descrição: elementos componentes de uma escada.

59
Competência 03

GLOSSÁRIO: DEGRAU, PATAMAR e GUARDA-CORPO


Você vai aprender um pouco mais sobre os principais elementos de uma escada!

O degrau pode ser conceituado como a menor distância vertical de uma escada, sendo
constituído pelo espelho (h) e pelo piso (p). Por sua vez, o espelho é a porção vertical do
degrau, enquanto o piso é a porção horizontal, estando perpendicular ao espelho. Esses dois
elementos são a base de uma escada.

O patamar é a superfície horizontal que interliga um ou mais lances de escadas. Os lances são
trechos parciais com um conjunto de degraus. Os patamares são obrigatórios a partir de
alturas superiores a 3,20m entre níveis, conforme a NBR 9050 (2015), ou 3,70m, segundo a
NBR 9077 (2001).

O guarda-corpo é uma estrutura de proteção instalada em escadas e rampas para proteger


as pessoas e resguardá-las de quedas. Os corrimãos devem ser instalados em ambos os lados,
a 0,92 m e a 0,70 m do piso (Figura 68) conforme a NBR 9050 (2015), podendo ser de materiais
como: alvenaria, vidro ou estrutura metálica, entre outros.

Figura 68: Dimensões de corrimãos em uma escada.


Fonte: NBR 9050, 2015, p. 63.
Descrição: um exemplo de escada e outro de uma rampa, onde são indicadas as alturas dos corrimões.

Então, destacamos que esses elementos têm medidas específicas e não podem ser
diferentes em uma mesma escada. Na verdade, para uma escada ser funcional ela precisa que todos
os degraus sejam iguais e tenham as mesmas dimensões para não causar confusão nas pessoas e
riscos de acidentes. Para isso, é utilizada a Fórmula de Blondell através da qual pode-se determinar
a profundidade do piso (p) e a altura do espelho (h).

VOCÊ SABIA?
Nicolas-François Blondell foi um arquiteto francês que estabeleceu uma fórmula
através da qual se estipula que o dobro da altura do espelho (2h) mais a largura
do espelho (p) deverá estar entre 0,63 e 0,64. Ou seja, (h): 2ℎ + 𝑝 = 0,64.
Portanto, se o espelho mede 18cm, a profundidade deve ser igual a 26cm. Já se o
espelho mede 17cm, a profundidade deve ser igual a 28cm (Figura 69).

60
Competência 03

FÓRMULA DE BLONDELL
2h + p = 0,63 ou 0,64

Figura 69: Principais elementos de uma escada e a Fórmula de Blondell.


Fonte: Oberg, 1997. p. 52.
Descrição: desenho de uma escada com 5 degraus.

Observe que anteriormente, você viu na Figura 67, que o degrau ideal deve ter 17cm de
espelho e 28cm de piso, isso baseado em dados experimentais, mas essas medidas podem variar de
acordo com a altura e o tipo de escada. Entretanto, a altura do piso (h) deve variar entre 16 e 18cm,
enquanto a largura do piso (p) deve estar entre os limites de 28 e 32cm.
Estudante, é importante você entender que o degrau não pode ter uma altura muito alta
para que a escada não fique cansativa. Por outro lado, essa altura também não deve ser muito baixa
para evitar de termos escadas muito compridas, pois quanto menor a altura do degrau, mais degraus
são necessários para vencer determinada altura. No caso da largura do piso, ela também não deve
ser muito pequena já que não favorece o apoio suficiente do pé (ou da pisada) da maioria da
população. Igualmente, não pode ser muito largo para evitar escadas extensas e cansativas.

ATENÇÃO!!!
As medidas do piso (p) e do espelho (h) não devem variar numa mesma escada,
porque se isso acontecer há grande risco de quedas, pois o ritmo das passadas é
quebrado. Durante a subida ou descida, o cérebro humano compreende que
existe um padrão de uniformidade, que ao ser quebrado, pode levar a pessoa à
desorientação.

Em escadas com pé-direito acima de 3,20m (NBR 9050, 2015, p. 62), ou com mais de 16
degraus, é obrigatório o uso de patamares para tornar a escada menos cansativa. Os patamares
também podem ser usados nas mudanças de direção de escadas com pé-direito inferior a 3,20m. Eles
devem possuir a mesma largura da escada, que segundo às normas, é estipulada minimamente em
1,20m, para locais públicos, mas ela pode variar de acordo com o tipo e a função da escada. Já o
comprimento, é comumente equivalente à largura, para facilitar a mudança de direção de uma
escada.

61
Competência 03

NOTA: PÉ DIREITO X PÉ ESQUERDO


É importante diferenciar os conceitos de pé-direito e pé-esquerdo que são bem
comuns na arquitetura. O pé-direito é a altura entre o piso e porção inferior da
laje de piso do pavimento superior, ou seja, entre o piso e o teto de um cômodo
ou mesmo de uma edificação. Já o pé-esquerdo é a altura compreendida entre
o piso inferior e a porção superior da laje de piso do pavimento superior (Figura
70).

Figura 70: Esquema (corte) com a diferença da cota vertical entre o pé direito e o pé esquerdo.
Fonte: https://www.escolaengenharia.com.br/pe-direito/
Descrição: apresenta o pé-direito e pé-esquerdo em um corte.

Vale destacar que as dimensões das escadas são regulamentadas também, apesar das
dimensões não serem unânimes entre alguns autores. Uns dizem que a largura mínima de uma escada
é de 60cm, enquanto outros afirmam que 80cm é a largura mínima, recomendável também pelas
normas (NBR 9050, 2015; NBR 9077, 1997). O fato é que são comuns os seguintes valores (SILVA,
2012, p. 190):
• 0,80m em residências unifamiliares;
• 0,90m em habitações coletivas;
• 1,10m em habitações com mais de 02 pisos – patamar de 1,20m;
• 1,40m em edifícios com mais de 10 pisos – patamar de 1,50m.
Atente para o fato também de que existem diferentes tipos de escadas e todas devem
seguir estas recomendações. Igualmente na representação gráfica, elas devem ser representadas em
planta baixa e em corte, em cada um dos pavimentos. Em planta baixa, as escadas são representadas
em seu sentido ascendente (subida) o qual deve ser indicado por uma seta contínua à linha de eixo
dos degraus, e a palavra sobe. Cada um dos degraus recebe uma numeração gradativa. Linhas

62
Competência 03

tracejadas devem ser utilizadas para representar os elementos (degraus, corrimãos) que estão acima
do nível do plano de corte horizontal da planta baixa (1,50m do piso), e por consequência, não visíveis,
como ilustrado na Figura 71.

Figura 71: Representação gráfica de uma escada em “U” com patamar de mudança de direção.
Fonte: https://docplayer.com.br/6338154-Aula-5-circulacao-vertical-escadas-rampas-e-elevadores.html
Descrição: representação gráfica de elementos de uma escada. A escada tem um formato em “U”.

Na representação dos cortes, é preferível a execução de um corte transversal e um


longitudinal, como ilustrado na Figura 72.

63
Competência 03

Figura 72: Representação gráfica dos cortes de uma escada em “U” com patamar.
Fonte: https://docplayer.com.br/6338154-Aula-5-circulacao-vertical-escadas-rampas-e-elevadores.html
Descrição: quatro desenhos de cortes de uma escada. Os dois primeiros são longitudinais, os dois seguintes,
transversais.

64
Competência 03

Desse modo, foi visto que as escadas são os elementos construtivos importantes em
construções com mais de um pavimento. Agora você verá a importância das rampas, e em seguida
dos elevadores, para a circulação vertical de edifícios de média e grande alturas.

3.3.2 Rampas

Por sua vez, as rampas são estruturas que servem para interligar diferentes níveis através
de uma determinada inclinação. São elementos construtivos pouco utilizados em residências,
justamente pelo fato de não haver necessidade de interligação de grandes níveis, mas são bastante
utilizadas em edifícios públicos onde o fluxo e a necessidade pela acessibilidade justificam a sua
construção, visto que são elementos de circulação que tomam bastante espaço.
As rampas mais comuns são aquelas em linha reta e as rampas circulares. Elas são
constituídas de lances inclinados e patamares planos de início e fim. “A largura mínima recomendada
para as rampas em rotas acessíveis é de 1,50 m, sendo o mínimo admissível de 1,20m” (NBR 9050,
2015, p. 59). Podem existir patamares intermediários para mudança de direção ou para descanso de
modo a tornar a subida menos cansativa. Eles devem ter dimensão longitudinal mínima de 1,20m,
como ilustrado na Figura 73.

Figura 73: Representação gráfica de uma rampa e de seus elementos básicos.


Fonte: NBR 9050, 2015, p. 60.
Descrição: exemplo de uma planta baixa de uma rampa e seus elementos.

A representação gráfica em planta baixa, assim como nas escadas, basicamente deve ser
feita através de uma seta contínua à linha de eixo da rampa. Porém, as linhas tracejadas podem ser
utilizadas para o trecho que estiver acima do plano de corte horizontal. É importante registrar junto
à seta contínua a inclinação (i) dos lances da rampa que é indicada em porcentagem (%) (Figura 74).

65
Competência 03

Figura 74: Representação gráfica de uma rampa de pedestre.


Fonte: NBR 9050, 2015, p. 80.
Descrição: exemplo de uma rampa e das informações necessárias a rampa.

É importante destacar que a inclinação das rampas (i%) é determinada de acordo com o
uso a que se destinam. Uma rampa para pedestres não tem a mesma inclinação das rampas
recomendadas para automóveis, por exemplo. Para pedestres e cadeirantes a inclinação deve se
situar entre 8,33 e 10 %, podendo chegar a 12,5%, de acordo com a norma de acessibilidade NBR
9050 (2015). Já para automóveis, pode variar entre 10 e 15%, podendo chegar a 25% em situações
excepcionais (Figura 75).

Figura 75: Representação gráfica de uma rampa em vista superior e em vista lateral (elevação).
Fonte: NBR 9050, 2015, p. 58.
Descrição: Representação gráfica de uma rampa em vista superior e em vista lateral (elevação).

66
Competência 03

3.3.3 Elevadores

Os elevadores são elementos hidráulicos ou eletromecânicos que servem para o


transporte vertical de pessoas, entre pavimentos de edificações em média e grande alturas. As
características básicas que os definem são a sua velocidade e a capacidade de sua cabine, ou seja,
através de seu cálculo de tráfego, conforme a NBR 5665 (1983). Eles são constituídos comumente por
uma cabine que circula por uma caixa de elevador constituída por: poço de elevadores, fosso do
elevador e casa de máquinas.0
Você deve atentar para o fato de que os elevadores devem ser utilizados em construções
com mais de 11,5m de altura (SILVA et. al., 2012, p. 191). De acordo com as normas e legislação, é
obrigatório o uso de 01 (um) elevador em edifícios com mais de quatro pavimentos (térreo + 3), e no
mínimo 02 (dois) elevadores, naqueles com mais de sete pavimentos.
É importante destacar que mesmo seguindo estas recomendações mínimas, os
elevadores não são definidos pelo projetista, mas são projetados seguindo rigorosamente os dados e
cálculos fornecidos por seus fabricantes que definem suas dimensões e capacidades, seguindo a
norma. O projetista apenas definirá as dimensões da caixa de elevador de acordo com as dimensões,
capacidade (lotação da cabine) e a velocidade dos elevadores. As dimensões mínimas da caixa do
elevador estão ilustradas na Figura 76.

Figura 76: Representação gráfica em planta do poço da cabina do elevador.


Fonte: http://ascensoresjpascual.blogspot.com.es/2013/11/tipos-de-ascensores_8.html#!/2013/11/tipos-de-
ascensores_8.html
Descrição: desenho em planta baixa de um elevador. O desenho apresenta as paredes, a caixa do elevador e o
contrapeso.

67
Competência 03

NOTA: CAIXA DE ESCADA X CAIXA DO ELEVADOR


É importante destacar a diferença entre a caixa de escada e a caixa do elevador.
Em algumas situações, a caixa de escada e de elevador podem ser combinadas.
A caixa de escada é o poço que abriga as escadas e pode conter também a caixa
do elevador. Por sua vez, a caixa do elevador, contém o poço (parte inferior), a
casa de máquinas (parte superior) e o prisma em que ele se movimenta (parte
intermediária).

Em seguida, na Figura 77, seguem dois exemplos de representação de uma caixa do


elevador para os dois principais tipos de elevadores mais usados: os elevadores eletromecânicos e os
elevadores hidráulicos. Os elevadores eletromecânicos, como representado nos dois primeiros
desenhos, mostram as diferentes posições da casa de máquinas: abaixo ou acima do poço do
elevador. Já no caso dos elevadores hidráulicos, não há na representação gráfica a presença da casa
de máquinas, já que esse sistema funciona a partir de poucos elementos mecânicos.

Figura 77: Representação gráfica dos tipos diferentes de poços de elevador: à esquerda, elevadores eletromecânicos
com duas posições diferentes para a casa de máquinas; e à direita, elevador hidráulico, sem poço e sem casa de
máquinas.
Fonte: http://ascensoresjpascual.blogspot.com/2013/11/tipos-de-ascensores_8.html
Descrição: desenho de três elevadores, apresentando a casa de máquinas, nos dois primeiros, o elevador e o
contrapeso.

68
Competência 03

Caro estudante, fechamos aqui mais uma competência da disciplina! Creio que você deve
ter aprendido muitas coisas novas, as quais serão utilizadas nas próximas atividades. Não deixe de
tirar as dúvidas a respeito de algum dos itens abordados aqui. Se elas surgirem, consulte os fóruns de
dúvidas ou procure os professores para ajudar a saná-las.
Na próxima semana você vai aprender como se dá a representação de um projeto de
interiores.
Continue os estudos!!!

69
Competência 04

4.Competência 04 | Instalações Prediais


Nessa penúltima competência você vai aprender sobre a representação gráfica dos
projetos de instalações prediais. Como o próprio nome sugere são projetos que se relacionam com
as instalações de um edifício. Eles complementam o Projeto Arquitetônico e o Projeto de Interiores.
Também são conhecidos como projetos de instalações prediais, sendo: projeto de instalações
elétricas, projeto de instalações hidráulicas e projeto de instalações sanitárias.

4.1 Projetos de instalações prediais

Caro estudante, o objetivo dessa competência é você compreender, de um modo geral, a


constituição das instalações prediais e como se dá a representação gráfica de seus principais
elementos. Ao final da semana, você deve ser capaz de ler e interpretar tais projetos de modo a,
futuramente na sua atividade profissional, fazer a devida compatibilização dos projetos
complementares com o projeto de interiores para que não haja problemas e erros durante a execução
da obra.

É importante frisar aqui que cabe ao Técnico em Design em Interiores conhecer o desenho
normatizado das instalações para a correta distribuição e indicação do posicionamento dos pontos
(elétricos, luminotécnicos, sanitários e/ou hidráulicos) de acordo com seu projeto de interiores, seja
nos casos de reforma com relocação de alguns pontos, ou quando da sugestão de novos pontos. Mas,
o cálculo e o dimensionamento das instalações prediais não são da competência e habilitação do
Técnico em Design em Interiores, isto fica a cargo dos arquitetos, engenheiros e/ou projetistas.

NOTA
Os principais projetos complementares compreendem: estrutural, elétrico,
hidráulico, sanitário, telefone, luminotécnico, prevenção e combate a incêndio,
paisagismo, entre outros.

70
Competência 04

4.1.1 Representação das instalações elétricas

Para a representação gráfica das instalações elétricas é importante, antes de mais nada,
conhecer alguns de seus principais componentes e como se dá a simbologia de cada um deles. Os
projetos de redes de instalação elétrica “definem o traçado dos condutores e os aparelhos elétricos
a instalar representados através de simbologia própria” (SILVA, 2012, p. 204). Os símbolos
empregados para representá-los foram convencionados pela ABNT e são bastante utilizados na
construção civil.
Na Figura 78, estão ilustrados os principais elementos de uma instalação elétrica predial
residencial e o percurso que a energia elétrica faz desde o poste e do ramal de ligação até os circuitos
terminais (pontos de tomada e pontos de luz). É através do circuito de distribuição que essa energia
é levada do medidor até o quadro de distribuição ou quadro de luz. Portanto, cabe ao projetista de
interiores a modificação da posição de pontos existentes ou a indicação de novos pontos elétricos
nos circuitos terminais em cada um dos ambientes.

Figura 78: Esquema de uma instalação elétrica residencial e os principais componentes: poste, ramal de ligação,
medidor, circuito de distribuição, quadro de distribuição e circuitos terminais.
Fonte: Moreno, 2003, p. 27.
Descrição: uma casa com as instalações elétricas e dois postes elétricos.

71
Competência 04

Agora que você já tem uma noção da instalação elétrica residencial, agora vai aprender a
simbologia gráfica empregada na representação de seus componentes. No quadro abaixo (Figura 79)
apresentamos os principais símbolos usados numa planta baixa de modo a indicar a localização exata
dos circuitos de luz, força, telefone, etc. Cada símbolo é mostrado com o seu respectivo significado.
Observe que são apresentadas duas simbologias com as quais você pode se deparar na sua atividade
profissional, uma mais usual e aquela indicada pela NBR 5444 (1989, p. 2-7).

Figura 79: Quadro comparativo da simbologia gráfica de pontos elétricos segundo o uso comum e a ABNT.
Fonte: https://ensinandoeletrica.blogspot.com/2013/03/planta-eletrica-residencial.html
Descrição: tabela de símbolos de pontos elétricos.

72
Competência 04

Note que, no geral, a simbologia é muito parecida, e em alguns casos, há uma diferença
para facilitar e melhorar a comunicação dessa linguagem gráfica. Independente de qual
representação você vai trabalhar no futuro, é importante que o projeto seja bem detalhado e
especificado para fácil leitura e compreensão por parte dos projetistas e eletricistas, assim como,
apresentar a legenda dos pontos elétricos que foram utilizados no projeto.
Na Figura 80 ilustrada abaixo, temos um exemplo de planta elétrica na qual foi utilizada
uma simbologia própria e devidamente identificada no projeto através da legenda. Ou seja, mesmo
existindo a convenção da ABNT, o projetista pode utilizar uma simbologia própria desde que
apresente uma legenda nas pranchas do projeto elétrico.

Figura 80: Exemplo de planta de pontos elétricos com simbologia própria.


Fonte: http://construindodecor.com.br/instalacoes-eletricas/
Descrição: planta baixa com a representação de pontos elétricos e uma tabela representando os mesmos.

Apesar de não aparecer no exemplo acima, a cotagem das distâncias entre os pontos
também deve constar de forma legível no projeto de instalações elétricas. As cotas que interessam
são apenas as dos pontos indicados, não cabendo a cotagem de elementos construtivos para não
causar confusão durante a execução da instalação elétrica. Para diferenciar as linhas de cotas dos
circuitos de distribuição, elas podem ser coloridas de forma a ficarem mais destacadas que as linhas
do desenho.

73
Competência 04

NOTA
Antes de partirmos para a prática, é importante lembrar que o projeto deve
iniciar do levantamento mínimo de cargas feito pelo projetista para que o
sistema elétrico não fique superdimensionado, sobrecarregando-o. Essa
estimativa de cargas é feita como recomendação da NBR 5410 (2004), e parte
das dimensões dos cômodos e das potências (cargas) mínimas dos circuitos de
pontos de tomadas, de luz, de força, quadros, etc.

Bem, agora vamos nos limitar a indicar os pontos elétricos. Para a disposição de tomadas,
interruptores, luminárias e quadros, vamos elencar alguns passos que podem ser seguidos para a
confecção de um projeto de pontos elétricos, os quais tem como base a planta de layout.
1) Marcação dos pontos de luz: a partir da planta baixa, fazer a marcação dos pontos das
luminárias, e indicar os interruptores com suas seções correspondentes. Deve ser previsto pelo
menos um ponto de luz no teto por ambiente comandado por um interruptor de parede;
2) Posição das tomadas de luz: fazer a escolha e a indicação do posicionamento das
tomadas de luz, de acordo com a função e necessidades dos ambientes. Geralmente, elas são
posicionadas próximo às portas de acesso aos ambientes, com afastamento mínimo de 15cm de
portas e janelas. Devem ser evitadas atrás de portas;
3) Posição das tomadas de força: fazer a escolha e a indicação do posicionamento das
tomadas de força, de acordo com os equipamentos e eletrodomésticos que serão utilizados em cada
ambiente. É recomendável prever uma quantidade de tomadas um pouco maior que o mínimo
necessário para evitar a falta delas;
AMBIENTES EQUIPAMENTOS/ELETRODOMÉSTICOS
Salas, quartos Tomadas para TV/DVD, abajur, luminárias, computador, etc.
Banheiros Tomadas para secador de cabelo, barbeador elétrico, chuveiro
elétrico, desembaçador, aquecedor, banheira, etc.
Hall, corredor Tomada baixa.
Copa, cozinha, área de serviço Tomadas para fogão, forno elétrico, geladeira, freezer, micro-
ondas, lava-louças, lava-roupas, secadora de roupas,
churrasqueira elétrica, ferro elétrico, liquidificador, batedeira,
panela elétrica, etc.
Terraço, varanda, sótão, garagem Tomada baixa.

4) Localização do quadro de distribuição: localizar a posição do quadro de luz de maneira


mais centralizada em relação a todo o circuito, além de escolher um local de fácil e rápido acesso
(geralmente ele fica em ambientes mais próximos do medidor de luz).

74
Competência 04

DEFINIÇÕES: INTERRUPTORES E SEÇÕES


Os interruptores são os comandos que permitem ligar e desligar os pontos de
luz. Eles podem ser compostos por uma ou mais seções, ou seja, um ponto de
luz pode ser comandado por um ou mais de um interruptor: simples, duplo ou
three-way. Também é possível um único interruptor poder comandar várias
luminárias.

Tipo de Comando Ambiente


Interruptor
Interruptor Aquele que comanda apenas um Indicado para ambientes pequenos e com apenas
simples ponto de luz (Figura 81). uma porta de acesso.
Interruptor Aquele que comanda mais de um Indicado para ambientes maiores que tem apenas
duplo ponto de luz ou um conjunto de uma porta de acesso.
lâmpadas (Figura 81).
Interruptor Aquele que comanda um mesmo Indicado para ambientes grandes e/ou precisem de
paralelo ou ponto de luz com acionamento em acionamento das luminárias em pontos distintos.
three-way pontos distantes (Figura 82). Exemplo: numa escada.
ou vai-e-vem

Figura 81: Interruptor simples à esquerda e interruptor duplo à direita.


Fonte: https://www.telhanorte.com.br/interruptor-duplo-simples-fame-628603/p
Descrição: dois modelos de interruptores, na cor branca.

Figura 82: Interruptor paralelo numa escada.


Fonte: http://reformaaigyn.blogspot.com/2013/03/ligacao-de-interruptores-em-paralelo.html?m=0

75
Competência 04

Descrição: desenho de uma escada, e paralela a mesma, dois interruptores e uma lâmpada.

Um ponto que deve ser destacado aqui é que a instalação elétrica residencial geralmente
é embutida nas paredes, onde são inseridos os condutores dos circuitos. Em outros casos, como em
edificações industriais, os condutores são instalados externamente e fixos nas paredes através de
braçadeiras ou por colagem. Nesse caso, na planta baixa, o traçado dos pontos é feito no exterior das
paredes de forma a ilustrar a face de instalação (SILVA, 2012, p. 204). Em ambos os casos, em razão
de economia de recursos ou de tempo para execução, é interessante aproveitar a mesma descida da
fiação para a instalação de tomadas e interruptores em cômodos adjacentes, como o exemplo
apresentado na Figura 83.

Figura 83: Exemplo de pontos elétricos em ambientes adjacentes para aproveitamento da fiação.
Fonte: Oberg, 1997, p. 103.
Descrição: parede comum entre o quarto e o banheiro, e a representação de duas tomadas, uma para cada ambiente.

Para conhecer um pouco mais sobre as instalações elétricas, você pode consultar
a NBR 5410 (2004) que trata das instalações elétricas residenciais. Quanto à
simbologia gráfica, você pode consultar a NBR 5444 (1989).

VÍDEO AULA: PLANTA DE PONTOS ELÉTRICOS


Agora estudante pare um pouquinho a leitura, para assistir ao vídeo que mostra
a elaboração de uma planta baixa de pontos elétricos.

76
Competência 04

4.1.2 Representação das instalações hidráulicas

No caso das instalações hidráulicas, você vai conhecer a simbologia gráfica e a indicação
dos pontos hidráulicos e sanitários em planta baixa. Essa planta limita-se aos ambientes como lavabo,
cozinha, banheiros, área de serviço, etc., ou seja, as áreas molhadas como são comumente chamadas
(Figura 84). Além dos pontos de distribuição de água quente e água fria, como torneiras e chuveiros,
são indicados também os pontos de gás para fogão e forno elétrico. Os pontos têm como base a
planta de layout dos ambientes.

Figura 84: Esquema com os principais componentes de uma instalação hidrossanitária.


Fonte: http://projetta.eng.br/serv_hidraulico.html
Descrição: desenho com os principais componentes de uma instalação hidrossanitária.

Também fazem parte do projeto de instalações hidrossanitárias: o cálculo para


dimensionamento da caixa d’água e para a reserva de segurança contra incêndio, bem como a coleta,
a condução e o afastamento do esgoto sanitário e das águas pluviais. Porém, todos eles ficam a cargo
de arquitetos, engenheiros e/ou projetistas hidráulicos e não serão tratados nessa nossa disciplina.
Não há normas rígidas para a simbologia gráfica das instalações hidráulicas, podendo
variar de projetista para projetista, assim devendo ser incluída sempre a legenda respectiva no
projeto (SILVA, 2012, p. 197). Os pontos de água e gás e suas tubulações devem ser destacados na
planta baixa com traço mais grosso ou em cores. Por vezes, o projeto hidráulico pode ser

77
Competência 04

acompanhado de elevações e/ou perspectivas isométricas para detalhamento e explicitação de


elementos específicos.
Note que no exemplo das Figuras 85 e 86, a simbologia foi feita através do uso de letras
maiúsculas de forma a facilitar a compreensão dos pontos de abastecimento. Note também que a
planta baixa utilizada traz um trecho apenas da planta baixa geral da edificação, pois nem sempre é
necessário desenhá-la por completo, pois o enfoque são apenas os ambientes úmidos ou as áreas
molhadas.

Figura 85: Exemplo de projeto hidráulico, em planta baixa, com indicação dos pontos e
tubulações hidráulicas.
Fonte: https://www.suzuki.arq.br/unidadeweb/aula1.htm
Descrição: planta baixa de um banheiro, área de serviço e cozinha com indicação dos pontos e
tubulações hidráulicas.

78
Competência 04

Figura 86: Exemplo de projeto hidráulico, em perspectiva isométrica, com indicação dos pontos e tubulações.
Fonte: https://www.suzuki.arq.br/unidadeweb/aula1.htm
Descrição: perspectiva isométrica de um projeto hidráulico, com indicação dos pontos e tubulações.

Ao indicar a posição ou relocação dos pontos de água, alguns destaques devem ser feitos
quanto aos critérios que arquitetos, engenheiros e projetistas levam em consideração para a escolha
do quantitativo e da localização dos aparelhos hidráulicos (OBERG, 1997, p. 116):
1) Dimensões e espaços necessários para utilização da peça;
2) Situação e sentido de abertura de portas nos ambientes;
3) Fluxo dos usuários nos ambientes;
4) Hábitos dos futuros usuários;
5) Recursos financeiros previstos (orçamento).
No quadro da Figura 87, são apresentados alguns equipamentos e eletrodomésticos com
a indicação de possíveis pontos de consumo de água e gás que podem constar num projeto hidráulico,
dependendo claro da proposta e disposição do layout do orçamento previsto.
AMBIENTES EQUIPAMENTOS/ELETRODOMÉSTICOS
Salas, quartos Ponto de gás para lareira;
Ponto de água para ar condicionado split.
Banheiros, lavabos Ponto de água para pia, chuveiro, ducha higiênica, banheira;
Válvula de descarga;

79
Competência 04

Registro de gaveta.
Copa, cozinha, área de serviço Ponto de gás para fogão, cooktop, forno elétrico;
Ponto de água para pia, geladeira, lava-louças, filtro de água;
Ponto de água para tanque, lava-roupas;
Registro de gaveta e de pressão.
Terraço, varanda, garagem, jardim Ponto de água para torneira;
Ponto de gás para churrasqueira elétrica;
Registro de gaveta e de pressão.
Figura 87: Quadro com indicação de alguns pontos de abastecimento de água e gás em cada ambiente.
Fonte: A autora, 2019.

Para conhecer um pouco mais sobre as instalações hidráulicas, você pode


consultar a NBR 5626 (1998) que trata das instalações hidráulicas prediais de
água fria; e a NBR 7198 (1993), que trata das instalações prediais de água
quente.

4.1.3 Representação das instalações sanitárias

O projeto de instalações sanitárias corresponde a representação gráfica dos pontos de


coleta dos resíduos sólidos e líquidos (efluentes) provenientes dos aparelhos sanitários, pias e ralos,
o que costumamos chamar de águas servidas ou águas residuais. Assim, as instalações sanitárias têm
como objetivo a coleta, o transporte e a destinação desses resíduos e das águas pluviais para o
sistema de coleta de esgoto público.
As redes de águas servidas são constituídas por uma parte vertical e outra horizontal
alojadas (embutidas) nas paredes, nas lajes dos pavimentos ou sob estas quando na presença do
entre-forro (SILVA, 2012, p. 201), ramais e sub-ramais, tubos de queda e tubos de ventilação. Para
a correta representação gráfica de uma instalação sanitária é preciso conhecer os seus principais
componentes e a simbologia utilizada. A Figura 88, apresenta uma ilustração esquemática com
algumas partes constituintes desse sistema e a relação entre cada um deles.

80
Competência 04

Figura 88: Esquema com os principais componentes de uma instalação sanitária predial.
Fonte: https://www.faneesp.edu.br/site/documentos/hidraulica_predial/hidraulica_residencial.pdf
Descrição: modelo dos principais componentes de uma instalação sanitária predial.

Os símbolos gráficos convencionados pela NBR 8160 (1999, p. 23) para uma instalação
predial de esgoto sanitário, estão ilustrados na Figura 89. Eles são representados com traços mais
grossos ou em cores na planta baixa ou de layout, sobre o desenho dos aparelhos sanitários feitos
em traços mais finos e claros. Cada ponto pode ser cotado e uma legenda deve acompanhar o projeto
na prancha correspondente. As tubulações também devem ser representadas em convenção e
traçado próprios.

81
Competência 04

Figura 89: Quadro com a simbologia gráfica convencionada pela ABNT para esgoto sanitário domiciliar.
Fonte: NBR 8160, 1999, p. 23.
Descrição: quadro com a representação de símbolos e sua definição.

Na Figura 90, tem-se um exemplo de representação de um projeto de instalação sanitária.


Além da planta baixa, o projeto pode vir acompanhado de elevações e perspectivas isométricas.
Também podem ser utilizados cortes no sentido de serem observados os tubos de queda e colunas,
o modo de ligação dos ramais e ligações ao coletor geral através do ramal de ligação (SILVA, 2012 p.
201).

82
Competência 04

DEFINIÇÕES: RALOS, RAMAIS E TUBOS DA INSTALAÇÃO


Algumas definições e diferenças entre alguns dos componentes são importantes
para o projeto sanitário:
O ralo seco é um recipiente sem proteção hídrica, dotado de grelha na parte
superior, destinado a receber águas de lavagem de piso ou de chuveiro. Já o
ralo sifonado é dotado de desconector, mas com a mesma função.
O ramal de descarga é a tubulação que recebe diretamente os efluentes de
aparelhos sanitários. Já o ramal de esgoto é a tubulação primária que recebe os
efluentes dos ramais de descarga diretamente ou a partir de um desconector.
O tubo de ventilação, como o próprio nome sugere, é o tubo ventilador vertical
que se prolonga através de um ou mais andares e cuja extremidade superior é
aberta à atmosfera, ou ligada ao tubo ventilador primário ou ao barrilete de
ventilação. Já o tubo de queda é a tubulação vertical que recebe efluentes de
subcoletores, ramais de esgoto e ramais de descarga.

Figura 90: Exemplo de projeto sanitário através de uma planta baixa e de uma elevação.
Fonte: NBR 8160, 1999, p. 9 e 13.
Descrição: modelo de projeto sanitário através de uma planta baixa e de uma elevação.

83
Competência 04

Para a indicação ou relocação dos pontos de esgoto, o Técnico em Design de Interiores


deve consultar os projetistas responsáveis para melhor orientação das possibilidades ou não, de
compatibilização do seu projeto com as demais instalações prediais e, sobretudo, com o projeto
estrutural. Cabe ao projetista de interiores apenas a indicação da posição dos pontos das peças
sanitárias, ralos e tubos. A especificação de materiais, dimensões, diâmetros e declividades, etc., fica
a cargo do engenheiro.
A seguir temos ilustrado um passo a passo simples que pode ser seguido para o traçado
das instalações de esgoto (Figura 91):
1) Identificação dos elementos estruturais: a partir da planta baixa ou do projeto
estrutural, evitar os elementos estruturais tais como pilares, vigas, etc.;
2) Escolha do ponto de descida do tubo de queda: deve ser posicionado próximo de
pilares ou dentro dos shafts, quando existentes;
3) Ligação do tubo de queda à bacia sanitária;
4) Localização do ralo seco e da caixa sifonada: os ralos podem ser centralizados ou nos
cantos dos ambientes; a caixa sifonada é preferível próximo ao ramal de esgoto;
5) Ligação do ralo seco e dos ramais de descarga à caixa sifonada;
6) Ligação do tubo ventilador ao ramal de esgoto.

Figura 91: Um exemplo de passo a passo para a indicação e distribuição dos pontos sanitários.
Fonte: https://www.slideshare.net/RicardoDeboni/projeto-de-esgoto
Descrição: planta baixa de um banheiro, apresentando como indicar e distribuir os pontos sanitários.

84
Competência 04

NOTA
O sistema predial de esgoto sanitário deve ser separado absolutamente do
sistema predial de águas pluviais, ou seja, não deve existir nenhuma ligação
entre os dois sistemas (NBR 8160, 1999, p. 4).

No quadro a seguir (Figura 92), são indicados alguns pontos sanitários que podem constar
no seu projeto.
AMBIENTES APARELHOS SANITÁRIOS
Banheiros, lavabos Ponto de esgoto para pia, vaso sanitário,
chuveiro, banheira;
Ralo seco ou sifonado.
Copa, cozinha, área de serviço Ponto de esgoto para pia, lava-louças, lava-
roupas, tanque;
Ralo seco ou sifonado.
Terraço, varanda, garagem Ponto de esgoto.
Ralo seco ou sifonado.
Figura 92: Quadro indicativo de peças sanitárias de acordo com os ambientes.
Fonte: A autora, 2019.

Para conhecer um pouco mais sobre as instalações sanitárias, você pode


consultar a NBR 8160 (1999) que trata das instalações sanitárias prediais.

Caro estudante, você chegou ao final de mais uma competência. Espero que tenha
aproveitado ao máximo os conhecimentos aqui apresentados. Na próxima semana, será trabalhado
um tema bem importante no campo do Desenho Arquitetônico e para a sua atuação profissional:
detalhamento e especificação de projeto.
Bons estudos!!!

85
Competência 05

5.Competência 05 | Especificações Técnicas e Detalhamento

Olá, estudante! Chegamos à última competência da disciplina de Desenho Arquitetônico!


Você, nesse e-book, vai aprender sobre dois conteúdos bem específicos da atividade profissional do
Técnico em Design de Interiores, iniciando os estudos pelo detalhamento e depois, as especificações
técnicas.

É importante lembrar que um projeto de interiores é constituído de partes gráficas e


partes escritas. Nas competências anteriores, você viu a parte das representações gráficas, ou seja,
os desenhos (plantas, cortes, vistas). Você ainda vai ver a parte de detalhes e ampliações, que
também fazem parte dos desenhos. Mas as partes escritas são constituídas dos documentos em texto
com informações que complementam os desenhos do projeto.

5.1 Detalhamento técnico

O detalhamento constitui uma das últimas fases da etapa do projeto executivo, quando
já se têm definidos os elementos construtivos, quer de edificações, quer de mobiliário, por exemplo.
Ele constitui a representação gráfica de todos os detalhes necessários para um perfeito entendimento
do projeto e para possibilitar sua correta execução (NBR 6492, 1994, p. 2). Os detalhes devem estar
em escala adequada de modo a facilitar a visualização e compreensão de um elemento, uma peça ou
um encaixe, por exemplo, por parte dos profissionais responsáveis por sua execução, tais como:
eletricistas, marceneiros, marmoeiros, gesseiros, vidraceiros, entre outros.

Em um Projeto de Arquitetura podem ser feitos detalhes diversos, tais como:


detalhamento de esquadrias (portas e/ou janelas), de pingadeira ou de escadas. Já no Projeto de
Interiores são mais comuns os detalhes de forro, granitos e mármores, revestimentos de piso e
parede, vidros e mobiliário, além dos projetos elétrico e luminotécnico. Desse modo, o projetista de
interiores, após discutir e definir a planta de layout com o cliente, deve partir para a exposição dos
detalhes técnicos em maior nível, os quais podem ser isolados ou em conjunto.

Aqui vamos dividir o detalhamento em: detalhamento de ambientes e de objetos


isolados. A escala de detalhe varia conforme aquilo que se quer mostrar e de sua complexidade.

86
Competência 05

5.1.1 Detalhamento de ambientes

O detalhamento de ambientes tem como objetivo apresentar detalhes e especificidades


dos espaços a serem projetados, isso inclui: forros, pisos, mobiliário, iluminação, revestimentos, entre
outros. Para fins didáticos, serão adotadas as etapas de elaboração a seguir, em virtude de nossa
experiência na área e pelo material de referência adotado, pois não se tem uma normatização ou
uma metodologia que defina como deve ser um projeto de interiores ou o que nele deve constar.
Mas, a sequência é comumente aplicada nos serviços de execução de obra e deve ser acompanhada
de um bom planejamento de obra.
1) Projeto de forro (planta de teto refletivo): constitui-se na planta baixa do teto refletivo
e nos detalhes construtivos associados ao teto e/ou ao forro, tais como rasgos, sancas, frisos,
rebaixos, nichos para luminárias, juntas de dilatação junto às alvenarias, etc. Esse projeto deve estar
compatibilizado com o Projeto de Iluminação. Uma planta baixa é apresentada, em escala 1:25 ou
1:50, com a posição dos pontos de luz e com hachuras que indicam as diferentes alturas entre o forro
(Figura 93). Os cortes também podem ser usados para evidenciar os detalhes.

Figura 93: Exemplo de planta de forro com pontos de iluminação.


Fonte: https://fotos.habitissimo.com.br/foto/planta-de-forro-e-iluminacao_382015

87
Competência 05

Descrição: Exemplo de planta de forro com pontos de iluminação, e uma legenda do lado, informando a simbologia de
cada ponto.

2) Projeto de elétrica e luminotécnica: deve ter como base a planta de forro para que os
pontos de luz não entrem em conflito com possíveis rebaixos, por exemplo. Aqui devem ser
especificados os pontos de iluminação geral, iluminação direta e iluminação indireta. No projeto
elétrico é comumente apresentada uma planta baixa com a posição dos pontos de luz, em escala de
1:25 ou 1:50. Os cortes e as elevações não são comuns. Os pontos devem estar devidamente cotados,
como ilustrado na Figura 94.

Figura 94: Exemplo de planta de projeto luminotécnico de um apartamento.


Fonte: https://fotos.habitissimo.com.br/foto/planta-de-iluminacao-piso-inferior_401501
Descrição: Exemplo de planta de um projeto luminotécnico, e uma legenda do lado, informando a simbologia de cada
ponto do projeto.

Você viu no e-book que há uma simbologia de pontos de luz segundo a ABNT, mas pode
ser utilizada uma simbologia própria desde que acompanhada de sua respectiva legenda, como o
exemplo acima.

88
Competência 05

3) Projeto de paginação de revestimentos de piso e de parede: nesse projeto são


tratados os revestimentos de piso e parede e a forma de assentamento deles, normalmente são
acompanhados dos detalhes construtivos de soleiras, rodapés, juntas, arremates de degraus, entre
outros. É uma forma do profissional garantir o bom assentamento das pedras, obter o quantitativo
de materiais e evitar recortes e erros que levem ao desperdício de material (os chamados “trinchos”).

Observe na Figura 95, que devem ser apresentadas: planta baixa, com indicação do
assentamento da primeira pedra e a sua direção; todas as elevações do ambiente, com as alturas dos
diferentes revestimentos. A escala utilizada pode variar entre 1:25 e 1:50. As cotas devem ser
verticais, em alguns casos, na horizontal, e podem ser coloridas para terem maior destaque. As
hachuras em cores distinguem o local de aplicação dos diferentes revestimentos.

89
Competência 05

Figura 95: Exemplo de projeto de paginação de revestimento de piso e de parede de um banheiro.


Fonte: https://www.pinterest.com/pin/492933121704249258/
Descrição: planta baixa e quatro elevações de um projeto de paginação de revestimento de piso e de parede de um
banheiro, legenda do lado, informando os tipos de revestimentos e suas dimensões.

4) Projeto de mármore e granito: esse projeto serve para que os marmoristas possam
projetar e executar as peças feitas em mármores e granitos, por exemplo: mobiliários, bancadas,
testeiras, pisos, soleiras, rodapés, etc. Devem ser apresentadas a planta baixa com as dimensões
gerais e a posição de cubas e torneiras; os cortes e as elevações com as alturas dos elementos e,
sobretudo, o detalhamento dos acabamentos das pedras em virtude de sua complexidade (Figura
96). A escala utilizada pode variar entre 1:25 e 1:50 para a planta baixa, cortes e elevações, enquanto
os detalhes devem estar ampliados com escalas em 1:5 e 1:10.

Figura 96: Exemplo de projeto de detalhamento de granito de um banheiro.


Fonte: https://bernalprojetos.com.br/blog/07-erros-mais-comuns-na-hora-de-reformar/
Descrição: duas vistas e um corte, de um projeto de detalhamento de granito de um banheiro.

5) Projeto de mobiliário: o detalhamento do mobiliário tem como objetivo mostrar de


forma completa os detalhes técnicos dos móveis a serem projetados, quer seja mobiliário planejado,
quer seja mobiliário sob medida. São enfatizados os encaixes, os materiais, as ferragens (parafusos,
dobradiças, soldas, etc.), entre outros. Planta baixa, cortes e vistas são os desenhos principais, que
podem vir acompanhados de perspectivas isométricas ou perspectivas explodidas, de modo a

90
Competência 05

representar a maior quantidade de detalhes possível e facilitar o entendimento para a execução da


marcenaria. As escalas usuais variam dependendo do grau de detalhamento que se quer dar: 1:5,
1:10 e 1:25 são as mais comuns.

Observe no exemplo de projeto de mobiliário de uma cozinha nas Figuras 97 a 101, que
o foco está voltado para os detalhes da marcenaria: dimensões, módulos, tipos de fechamentos, tipos
de acabamentos, sentido de abertura das portas, presença ou não de iluminação embutida, tipos de
ferragens, etc. Quanto maior a riqueza de detalhes técnicos, melhor será o seu projeto, o que
contribui para um boa execução e consequente satisfação do seu cliente. O mobiliário deve estar
devidamente compatibilizado com os equipamentos, louças e metais.

Figura 97: Exemplo de projeto de detalhamento de mobiliário de uma cozinha: Planta Baixa.
Fonte: https://www.papodearquiteto.com.br/revit-para-projetos-de-interiores/
Descrição: planta baixa de uma cozinha, onde apresenta um projeto de detalhamento de mobiliário.

91
Competência 05

Figuras 98 e 99: Exemplo de projeto de detalhamento de mobiliário de uma cozinha: Elevação 01.
Fonte: https://www.papodearquiteto.com.br/revit-para-projetos-de-interiores/
Descrição: duas elevações de uma cozinha, onde apresenta um projeto de detalhamento de mobiliário.

Figuras 100 e 101: Exemplo de projeto de detalhamento de mobiliário de uma cozinha: Elevações 02 e 03.
Fonte: https://www.papodearquiteto.com.br/revit-para-projetos-de-interiores/
Descrição: duas elevações de uma cozinha, onde apresenta um projeto de detalhamento de mobiliário.

Para a representação gráfica de reforma foram criadas convenções de modo a evitar a


necessidade de concepção de plantas distintas para cada um dos três casos. Na Figura 102, são

92
Competência 05

apresentadas as três convenções que podem ser utilizadas através de padrões de hachuras e cores
distintas. Além de seguir uma convenção e indicar a legenda, é importante cotar as paredes a demolir
e construir, novos vãos, novas aberturas e novas esquadrias (Figura 103).

Figura 102: Exemplos de convenções que podem ser adotadas para projeto de reforma de alvenarias.
Fonte: http://docplayer.com.br/docs-images/42/17212261/images/page_8.jpg
Descrição: modelo de convenções que podem ser adotadas para projeto de reforma de alvenarias.

Figura 103: Exemplo de projeto de reforma com aplicação de convenção das alvenarias.
Fonte: https://joycejesusarqdesigner.wordpress.com/2016/12/10/como-fazer-uma-planta-de-reforma/
Descrição: Exemplo de projeto de reforma com aplicação de convenção das alvenarias, e uma legenda ao lado das
plantas baixas.

93
Competência 05

5.1.2 Detalhamento de objetos

Quando se quer expor os detalhes de um objeto isolado, parte-se para o seu


detalhamento. Nos projetos de interiores são comuns a escolha e a especificação de peças prontas
disponíveis no mercado, tais como: móveis, luminárias, esculturas, etc. Porém, quando o profissional
não encontra determinado objeto nas lojas especializadas, ou quando o cliente deseja algo exclusivo,
então o profissional deve partir para projetar o objeto.

O detalhamento do objeto deve conter todos os desenhos necessários para sua


compreensão: planta baixa, cortes, elevações, podendo estar acompanhado de perspectivas, mas,
sobretudo, os detalhes executivos. Os desenhos devem ser acompanhados das especificações
técnicas e outros documentos escritos que facilitem a compreensão do projeto. A falta de
informações ou de detalhes pode ocasionar falhas ou diferenças entre o objeto projetado e o objeto
executado.

A seguir, nas Figuras 104 a 112, são apresentados um exemplo prático de detalhamento
completo de um banco, com todos os desenhos necessários para a sua efetiva execução. Observe a
riqueza de detalhes e especificações.

Figura 104: Exemplo de projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: Vista Superior.


Fonte: Valadares & Matoso, 2012 p. 15.
Descrição: projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: Vista Superior.

94
Competência 05

Figura 105: Exemplo de projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: Seção Vertical 1.


Fonte: Valadares & Matoso, 2012 p. 16.
Descrição: projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: lateral 1.

Figura 106: Exemplo de projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: Seção Vertical 2.


Fonte: Valadares & Matoso, 2012 p. 17.
Descrição: projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: lateral 2.

Figuras 107 e 108: Exemplo de projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: Seção Vertical 3 e Elevação 1.
Fonte: Valadares & Matoso, 2012 p. 15.
Descrição: projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: vista frontal e uma elevação.

95
Competência 05

Figura 109: Exemplo de projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: Elevação 2.


Fonte: Valadares & Matoso, 2012 p. 16.
Descrição: projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: vista lateral.

Figura 110: Exemplo de projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: Perspectiva Isométrica.


Fonte: Valadares & Matoso, 2012 p. 14.
Descrição: projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: Perspectiva Isométrica.

96
Competência 05

Figuras 111 e 112: Exemplo de projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: Detalhes Ampliados.
Fonte: Valadares & Matoso, 2012 p. 18.
Descrição: projeto de detalhamento de mobiliário de um banco: Detalhes Ampliados.

Observe que no exemplo do banco, os desenhos foram bem cotados e especificados.


Linhas de chamada foram utilizadas para as especificações de materiais, descrição de acabamentos e
denominação de peças e modos de execução, deixando o projeto rico, claro e objetivo.

E então, caro estudante, aprendeu sobre essa parte de detalhamento técnico?! Viu
através dos exemplos apresentados como são feitos o detalhamento de ambientes e o detalhamento
de um objeto?

A seguir, vamos para o aprendizado sobre as especificações técnicas que devem


acompanhar os detalhes. Os desenhos, por si só, não são suficientes para garantir um bom
entendimento e uma boa execução do seu projeto. Desse modo, a especificação deve seguir o
detalhamento de modo a fornecer a maior quantidade de informações possíveis.

97
Competência 05

5.2 Especificação técnica

A especificação técnica é uma das partes escritas do projeto e constitui, junto com o
detalhamento, uma fase “destinada a fixar as características, condições ou requisitos exigíveis para
matérias-primas, produtos semifabricados, elementos de construção, materiais ou produtos
industriais semiacabados" (NBR 6492, 1994, p. 2). Ela deve descrever de forma completa, ordenada
e precisa todos os materiais utilizados, os procedimentos adotados e as técnicas exigidas para a
montagem, o funcionamento e/ou execução.

A especificação normalmente é apresentada junto ao Caderno de Especificações e deve


vir acompanhada do Memorial Descritivo, do Quadro de Acabamentos, do Quadro de Esquadrias,
da Lista de Materiais e da Discriminação Técnica (NBR 6492, 1994, p. 2). Todos esses documentos
têm como finalidade complementar a parte gráfica do projeto de modo a tornar sua compreensão
mais acessível, tanto para o cliente quanto para os executores do projeto. Desse modo, tanto a parte
gráfica quanto a escrita são indispensáveis para um bom projeto.

O cliente nem sempre tem a formação nem o conhecimento técnico para ler e interpretar
um projeto. Então, a especificação é uma forma de esclarecer quesitos específicos que possam não
ficar claros apenas através dos desenhos. Então, vamos aprender alguns dos meios de produzir tais
documentos e sua forma de apresentação. Para o projetista de interiores são importantes: a Lista de
Materiais, o Quadro de Acabamentos e a Planta Falada.

5.2.1 Lista de Materiais

A lista de materiais é um “levantamento quantitativo de todo o material especificado no


projeto, com as informações suficientes para a sua aquisição” (NBR 6492, 1994, p. 2). Essa lista pode
ser ordenada em tabela ou sequenciada em texto escrito com as informações para aquisição do
material. Frequentemente, é utilizada para avaliação de custos dos serviços, materiais, mão de obra
e obtenção de quantitativos dos materiais para fins de orçamentação. Porém, ela pode aparecer
como um quadro ilustrativo, conforme na Figura 113, no qual são apresentadas e especificadas as
dimensões, os quantitativos e os valores do mobiliário e de objetos diversos do projeto. Isso facilita,
sobretudo, a compreensão por parte do cliente.

98
Competência 05

Figura 113: Exemplo de quadro com lista de mobiliário e objetos de decoração do projeto de interiores de uma sala.
Fonte: http://e-interiores.com.br/o-que-entregamos/
Descrição: quadro com lista de mobiliário e objetos de decoração do projeto de interiores de uma sala. Tem fotos de
uma mesa branca, uma cadeira e uma luminária em madeira, uma mesa de canto na cor branca, com pés de madeira e
uma luminária em madeira em cima, alguns quadros em preto e branco e umas casinhas como objetos de decoração.

Atualmente tem sido comum o uso de listas de materiais específicas para mobiliário e
equipamentos como forma de facilitar a identificação por parte do cliente para aquisição dos mesmos
em lojas. A lista de materiais às vezes pode ser confundida com o que chamamos de moodboard, que
nada mais é do que um painel ou mural ilustrativo com várias referências a serem utilizadas em um
projeto. Pode conter fotos, ilustrações, texturas, cores, objetos, formas, estilos e frases/palavras. Ele
funciona bem, tanto na fase de briefing com o cliente quanto na fase de especificação de projeto.

Na fase de briefing, o moodboard faz uso de várias colagens de imagens que trazem o
perfil do cliente e suas referências que poderão ser usadas no projeto. No segundo caso, já na fase
de projeto e especificação, o moodboard esclarece os elementos utilizados no projeto, geralmente
mobiliário, luminárias, revestimentos de piso e parede, tecidos e papéis de parede, objetos
decorativos, etc. Em regra, ele vem acompanhado da planta de layout do ambiente, como ilustrado
na Figura 114.

99
Competência 05

Figura 114: Exemplo de moodboad aplicado à fase de especificação de projeto de interiores.


Fonte: https://www.brunabarbieri.com.br/blog/moodboard/
Descrição: um moodboard com uma planta baixa de uma sala no centro, e diversos objetos e mobiliários, especificados
em seu entorno, como cadeiras, objetos de decoração, almofadas, mesas.

5.2.2 Quadro de Acabamentos

O quadro de acabamentos corresponde à indicação dos acabamentos de piso, parede e


teto utilizados no projeto de arquitetura ou de interiores. Ele é apresentado numa tabela ou em um
quadro geral organizado com os nomes dos ambientes e os acabamentos especificados no projeto.
Os ambientes que possuem determinado tipo de acabamento são marcados, conforme ilustrado no
exemplo a seguir da Figura 115.

Observe que a forma de indicação dos dados faz com que algumas informações sejam
obtidas de forma mais rápida e eficiente, o que contribui para efeitos de orçamento, planejamento e
execução. Importante não confundir o quadro de acabamentos com a planta falada, a qual você verá
no item mais à frente.

100
Competência 05

Figura 115: Exemplo de quadro geral de acabamentos de um projeto.


Fonte: NBR 6492, 1994, p. 24.
Descrição: Exemplo de quadro geral de acabamentos de um projeto.

5.2.3 Planta Falada

Por sua vez, a planta falada é outra forma de apresentar ao cliente as especificações
técnicas a respeito dos acabamentos dos ambientes. Não tem uma normativa a respeito, mas
convencionou-se entre profissionais e escritórios que as informações são organizadas na planta baixa
a partir de uma indicação dos acabamentos de teto, piso e paredes. Então, é utilizado um símbolo em
circunferência, como um gráfico do tipo pizza, à qual é dividida geralmente em três ou quatro porções
(Figura 116). Cada porção é numerada e serve de referência para a especificação de um ou mais itens
de acabamento seja de teto, piso, paredes, por exemplo.

Figura 116: modelo de referência de especificações de materiais.


Fonte: A autora, 2019.
Descrição: Exemplo de referência de especificações de materiais. Um círculo dividido em quatro partes, contendo as
palavras, na ordem: piso, teto e parede.

101
Competência 05

Atente para o fato de que o símbolo deve ser posicionado em cada ambiente do projeto
(abaixo do nome do ambiente), e uma tabela ou quadro com as especificações dos materiais e
acabamentos deve acompanhar a planta baixa na prancha, como o que consta na Figura 117. É uma
forma de garantir a melhor compreensão das informações de projeto.

Figura 117: Exemplo de planta baixa e legenda de símbolo e quadro de especificação de materiais e acabamentos da
planta falada.
Fonte: A autora, 2019.
Descrição: planta falada e quadro com legenda de especificação de materiais e acabamentos da planta falada.

Uma segunda forma de fazer a indicação da especificação dos acabamentos é através do


uso de símbolos com formas geométricas básicas (quadrado, círculo e triângulo) combinados com
números que indicam os itens especificados em uma tabela-legenda, como exemplificado na Figura
118 abaixo. Os símbolos devem ser representados na planta baixa e os números enumeram os
acabamentos de cada ambiente do projeto.

102
Competência 05

Figura 118: Exemplo de planta falada com símbolos geométricos indicativos de acabamentos e materiais.
Fonte: Adaptado de https://leiautdicas.files.wordpress.com/2015/11/351.jpg
Descrição: modelo de planta falada com símbolos geométricos indicativos de acabamentos e materiais.

Uma terceira forma que pode ser utilizada para a planta falada de modo a facilitar a
especificação e dar melhor legibilidade ao projeto é através do uso de letras e números. Desse modo,
são criados códigos alfanuméricos de especificação que são posicionados no interior de cada
ambiente e se relacionam com um item de teto, piso e parede relacionado num quadro ou tabela,
que também deve acompanhar a planta baixa. Veja o caso do exemplo da Figura 119.

Figura 119: Exemplo de planta falada com códigos alfanuméricos para indicação da especificação de projeto.
Fonte: www.leiautdicas.com/2015/11/aula-07-projeto-arquitetonico/

103
Competência 05

Descrição: outro modelo de planta falada com códigos alfanuméricos para indicação da especificação de projeto.

É importante apenas destacar que a planta falada é mais um recurso que pode ser
utilizado em complemento à planta de paginação de piso e revestimentos, vista anteriormente no
item de Detalhamento de ambientes, ok?!

VÍDEO AULA: ESPECIFICAÇÃO E DETALHAMENTO


Agora vamos parar um pouquinho a leitura, para assistir ao vídeo que traz
algumas dicas sobre o desenvolvimento dos projetos de interiores.

Assim, estudante, chegamos ao final desta competência e ao final da disciplina de


Desenho Arquitetônico. Espero que você tenha aproveitado e gostado de todo conteúdo que foi aqui
reunido com muito empenho e carinho para o seu aprimoramento técnico-profissional. Ficamos
muito felizes em acompanhá-lo nessa jornada de conhecimento e aprendizado e espero que você
obtenha o melhor aproveitamento do que foi apresentado aqui.

Bons estudos!!!

104
Conclusão
Caro estudante, o conteúdo desse e-book não teve a intenção de esgotar o tema, porém
espero que ele lhe dê uma base para o início do seu aprimoramento no campo do desenho
arquitetônico. Por isso, busque novos conhecimentos e novas ferramentas como forma de solidificar
o que lhe foi passado nessas 05 (cinco) semanas de longo e intenso aprendizado.

Como foi visto durante a disciplina, ler e interpretar o Desenho Arquitetônico é


imprescindível para o sucesso da comunicação entre os profissionais da construção civil, além de
fornecedores e lojistas. Sem o domínio da linguagem técnica e da representação gráfica de
arquitetura, esses profissionais ficam impossibilitados de transmitir as informações técnicas
necessárias para a concepção e execução de obras, levando a erros e falhas.

Lembrando que, desde os tempos antigos, o homem utiliza rabiscos e gravuras para
comunicar rituais, festas, colheitas, etc., e registrá-los. Esses registros evoluíram a partir das novas
necessidades da sociedade, sobretudo a moderna, e tornaram o desenho técnico uma linguagem
importante para o desenvolvimento tecnológico e industrial à época. E o são até os dias atuais.

Quer seja através da utilização de instrumentos, quer seja através das ferramentas
computacionais, o desenho técnico voltado para a área de arquitetura e interiores constitui-se num
meio de evolução do setor da construção civil. É através dele que o Técnico em Design de Interiores
tem a capacidade de propor novas técnicas, novos materiais, novos arranjos, etc., de modo a
contribuir com projetos de melhor qualidade e melhor técnica.

Sucesso no decorrer curso e na sua atividade profissional!

Bons estudos!!!

105
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5444: Símbolos gráficos para instalações
elétricas prediais. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.

_______. ABNT NBR 6492: Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.

_______. ABNT NBR 8196: Desenho técnico - emprego de escalas. Rio de Janeiro: ABNT, 1999.

_______. ABNT NBR 8402: Execução de caractere para escrita em desenho técnico. Rio de Janeiro:
ABNT, 1994.

_______. ABNT NBR 8403: Aplicação de linhas em desenhos, tipos de linhas, larguras das linhas. Rio
de Janeiro: ABNT, 1984.

_______. ABNT NBR 10067: Princípios gerais de representação em desenho técnico. Rio de Janeiro:
ABNT, 1984.

_______. ABNT NBR 10068: Folhas de desenho, leiaute e dimensões. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.

_______. ABNT NBR 10126: Cotagem em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.

_______. ABNT NBR 10582: Apresentação da folha para desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1988.

_______. ABNT NBR 13142: Desenho técnico – dobramento de cópia. Rio de Janeiro: ABNT, 1999.

_______. ABNT NBR 16636: Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de


projetos arquitetônicos e urbanísticos. Parte 1. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.

CHING, Francis D. K. Arquitetura – forma, espaço e ordem. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

_______. Representação gráfica em arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2011.

GUSMÃO, Mariana; SEABRA, Sadi. Desenho arquitetônico: Curso Técnico em Design de Interiores:
Educação a distância / Mariana Gusmão, Sadi Seabra. – Recife: Secretaria Executiva de Educação
Profissional de Pernambuco, 2017.

MONTENEGRO, Gildo. Desenho arquitetônico. 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2001.

OBERG, L. Desenho arquitetônico. 31 ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1997.

SILVA, Arlindo [et. al.] Desenho técnico moderno. Rio de Janeiro: LTC Ltda, 2012.

VALADARES, Porfírio; MATOSO, Danilo. Projeto de interiores: apostila de projeto executivo e


detalhamento. UFMG, 2002. Disponível em:
https://daniloarquiteto.files.wordpress.com/2008/11/apostila_exec_det.pdf. Acesso em: 22 ago.
2019, 13:30.

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Minicurrículo do Professor

Erika Diniz Araújo dos Santos

Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade


Federal da Paraíba - UFPB (2011). Mestrado em Desenvolvimento Urbano
pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (2015), com foco na
História da Arquitetura Moderna Paraibana. Atuou como instrutora
certificada de ferramentas computacionais, tais como: AutoCAD, SketchUp
+ Vray e Revit Arhitecture. Foi professora do Pronatec-PB onde lecionou as
disciplinas de Desenho Técnico e História da Arquitetura.
http://lattes.cnpq.br/0903134072989005

107

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