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Capı́tulo 5

CF372 - Mecânica Quântica I

[1] Superposição de estados coerentes.


Seja a superposição de autoestados do oscilador harmônico simples (OHS) unidimensional:

−|α|2 /2
X αn
|αi = e √ |ϕn i , (1)
n=0 n!

C
com α ∈ . Este estado é particularmente interessante na dinâmica do OHS, pois (i) tem incerteza
mı́nima e (ii) produz valores esperados de posição e momento que, sob a parametrização
r
mω ip
α= x+ √ , (2)
2~ 2m~ω
R
com {x, p} ∈ , reproduzem acuradamente as trajetórias clássicas associadas (vide Complemento
GV do livro-texto e o exercı́cio [2] abaixo). Nesse sentido, o estado (2) é considerado como “o
estado mais clássico possı́vel”. Considere agora a superposição de estados coerentes

|g̃i = |αi + eiφ |−αi . (3)

(a) Encontre o estado normalizado |gi = |g̃i / hg̃|g̃i.


p

(b) Usando Ut = e−iHt/~ , com H = ~ω a† a + 21 , obtenha |gt i = Ut |gi.


(c) Calcule a densidade de qprobabilidade |hx|git |2 . Estude graficamente este objeto em função da
posição adimensional x ≡ mω 2~ x e do tempo adimensional τ ≡ ωt. Qual o papel da fase relativa
φ na densidade de probabilidade? O que ocorre quando |α|  1?
(d) Calcule hXit = hgt | X |gt i, hPit = hgt | P |gt i, (∆Xt )2 = hX 2 it − hXi2t , (∆Pt )2 = hP2 it − hPi2t e
∆Xt ∆Pt . Estude graficamente esses objetos em função de τ e interprete os resultados. Como fica
a conexão com o OHS clássico?

[2] O gato de Schrödinger.  


Dado um estado coerente |αi, a energia mais provável do OHS é ~ω n̄ + 12 com n̄ ' |α|2 . O
regime de altas energias, |α|  1, produz ∆H/hHi ' |α|−1  1, que implica que as flutuações
quânticas ficam relativamente desprezı́veis. Temos, assim, um limite clássico “macroscópico”.
Segue disto que o estado
|αi |1i + eiφ |−αi |0i
|Gi = √ (4)
N
pode ser considerado um estado de gato de Schrödinger, pois descreve a superposição de um es-
tado de “gato vivo e núcleo excitado” (|αi |1i) com um estado de “gato morto e núcleo decaı́do”
(|−αi |0i). O conjunto {|0i , |1i} define a base ortonormal do núcleo radioativo n.
(a) Determine o fator de normalização N e calcule o estado reduzido do gato, ρCAT = Trn (|Gi hG|).
(b) Calcule a probabilidade “exótica” Tr (P± ρCAT ), com o “não-projetor” P = |αi h−α|, de encon-
trarmos o gato vivo e morto ao mesmo tempo. Compare com o resultado que seria obtido se
usássemos o estado ρ = |gi hg| do exercı́cio [1].
(c) Calcule a densidade de probabilidade hx| ρCAT |xi. Como o resultado depende da fase φ?
(d) Com base nos cálculos realizados até aqui, discuta se é possı́vel sustentar, a partir de resultados
experimentais, que “o gato pode estar vivo e morto ao mesmo tempo” para o estado (4). Qual o
papel do emaranhamento nesta discussão?

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