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São Paulo, 31 de agosto de 2021

Ano 8 - Edição nº 00429

Empiricus Crypto Legacy

ICPera aí...

Se você está chegando agora, não deixe de ler as informações essenciais do seu plano na
página Primeiros Passos. No fim da publicação, você encontra também algumas instruções
importantes.

Resumo: Na publicação de hoje, apresentamos algumas atualizações que nos fizeram


mudar de opinião a respeito do token ICP, recomendando a venda imediata do ativo, bem
como sua retirada do portfólio Crypto Legacy.

O que nos atraiu


Caro assinante, 

A carteira Crypto Legacy possui um viés fundamentalista — analisamos o projeto como um todo,
entendendo que tipo de problema ele se propõe a resolver, que tipos de fluxo financeiro e token
economics caracterizam o ativo, quem é o time desenvolvedor, se há uma comunidade envolvida e
participante e como é a comunicação do projeto para com o mercado cripto. 

Em junho deste ano, quando nossa recomendação foi de comprar o token Internet Computer
Protocol (ICP) por volta de US$ 64, tínhamos em vista características do protocolo que o tornavam
diferente dos demais. O grande diferencial do ICP se evidencia na sua arquitetura de processamento
de dados, que permite alta performance, segurança e descentralização. 
O ICP não utiliza o Proof-of-Work (PoW) nem o Proof-of-Stake (PoS), mecanismos usados pelas
blockchains do Bitcoin e da Ethereum, respectivamente. O protocolo emprega um mecanismo de
“query calls”, ou chamadas de consulta, executadas por nós (nodes) que estão abrigados em vários
data centers ao redor do mundo. Esse mecanismo permite que aplicações e sistemas sejam
desenvolvidos fora do raio de dependência de serviços de hospedagem de sites das big techs, como
o Amazon Web Services (AWS). 

Algumas palavras sobre captação e token


economics
Durante a fase de desenvolvimento de um novo projeto de blockchain em que se deseja incentivar e
atrair desenvolvedores, investidores e quaisquer outros tipos de participantes para a comunidade da
rede, pode-se usar um modelo de captação chamado vesting. 

Usuários, desenvolvedores e investidores podem comprar os tokens oferecidos a uma cotação


inicial, e estes serão liberados conforme as normas do processo. Nesse modelo, quando adotadas as
boas práticas de mercado, a alocação dos tokens é anunciada à comunidade, assim como uma
formalização do calendário de emissão dos mesmos. A seguir, o anúncio do vesting feito pela
Uniswap, considerado como referência no mercado: 

Figura 1: Anúncio feito à comunidade da Uniswap, contendo a quantidade de tokens a serem


emitidos, bem como as porcentagens de alocação.

Fonte:Arkham Intelligence
 

Figura 2: Gráfico de emissão dos tokens UNI, segregados por comunidade (rosa), time
desenvolvedor (azul), investidores (azul-claro) e conselheiros (roxo).

Fonte: Arkham Intelligence


Figura 3: Links de acesso ao contrato de UNI no Etherscan, para que qualquer usuário ou
interessado possa consultar.

Fonte: Arkham Intelligence

A importância do vesting vai além de aspectos de organização econômica e formalização do


protocolo — trata-se de uma medida de segurança e estabilidade de preço para a rede e para seus
participantes. Durante o período de vesting, os tokens estão presos a um smart contract que rege a
liberação deles mediante o cumprimento das normas do contrato, impedindo que ocorram surtos de
oferta com consequente instabilidade de preço, ao mesmo tempo que garante o comprometimento
de longo prazo dos envolvidos.

Agora que já cobrimos o que é vesting e falamos de sua devida importância, podemos prosseguir
para o que nos fez mudar de opinião a respeito do token ICP.

 
O problema do ICP
No dia 28 de junho, foi publicado um relatório da Arkham Intelligence que evidenciava a forte
probabilidade de um esquema de “rug pull” (em que os desenvolvedores de um projeto o
abandonam e fogem com o dinheiro dos investidores) por parte da Dfinity Foundation (criadora do
protocolo IC) bem como de outros possíveis envolvidos. O relatório buscava estabelecer
fundamentos para a vertiginosa queda de preço do ICP durante o mês de maio, após o seu
lançamento, em que se viu a cotação sair de US$ 730 para US$ 30, uma queda de 95%, e um
decaimento de US$ 300 bilhões em valor de mercado. 

Em primeiro lugar, fica clara a diferença entre a transparência durante o vesting do ICP e o de um
protocolo como a Uniswap. Foi dada pouquíssima ou nenhuma clareza a respeito de datas de
emissão e percentuais de distribuição. Quando questionado no Twitter sobre a existência de algum
comunicado formal a respeito da alocação e períodos de lock-up dos tokens (quando ainda estão
presos ao contratos, e não pode ser negociados), o fundador da Dfinity, Dominic Williams
respondeu:

Figura 4:Thread no Twitter em que Dominic Williams responde a um usuário. O fundador não
disponibilizou nenhum relatório oficial.

Fonte: Arkham Intelligence


Quando o processo de vesting foi anunciado, já em cima da data de listagem dos tokens, os
investidores foram informados de que os seus ICPs estariam em staking em neurônios da rede,
sendo que alguns poderiam ter um período de lock-up de 0, 30, 60 ou 90 dias. Foram dadas também
instruções para a liberação desses tokens — embora muito criticadas devido à grande dificuldade
técnica das orientações dadas aos investidores. 

Coincidentemente, ou não, foram identificadas transações de altíssimos volumes em exchanges


como Coinbase, Binance, Huobi e OKEx, somando um total de 25,4 milhões de ICPs
(aproximadamente US$ 3 bilhões) depositados pelas contas investigadas no relatório. A suspeita é
que os endereços públicos que movimentaram as quantias pertençam à Dfinity e afiliados em um
suposto esquema de liquidação em massa, oportunizando realização de lucro através do
engessamento dos tokens de investidores comuns, presos nos neurônios da rede, resultando em
derretimento de preços. 

Ademais, ex-membros da Dfinity pretendem lançar uma nova versão do protocolo, visando
consertar os erros da fundação; essa versão se chamará ICP Reboot, e ainda existe pouca
informação sobre como funcionará esse ativo, que será primeiramente lançado como um token
ERC-20, na rede Ethereum. No site da nova moeda, é dito que a nova emissão vem como um
resultado da frustração, dos enganos e da falta de comunicação por parte da Dfinity Foundation para
com o mercado.

Conclusão
A saga do ICP demonstra uma tecnologia com potenciais imensos, e que vão ao encontro dos ideais
de uma Web descentralizada, mas que é ofuscada por escândalos, má gestão e conduta duvidosa dos
responsáveis pelo projeto, bem como a falta de suporte por parte de seus apoiadores. 

Nossas recomendações sempre visam investimentos sólidos e que têm potencial disruptivo dentro
do mercado atual. Entretanto, nenhuma supertecnologia, apoiada por um supertime de
desenvolvedores, poderia justificar a ausência de dois fundamentos básicos para que a construção
de valor na criptoeconomia ocorra: a transparência e a legitimidade.  
Dessa forma, retiramos da nossa carteira o Internet Computer Protocol (ICP) e permanecemos fora
de seu projeto reboot, até que a situação se torne mais clara. A investigação por parte da Arkham
Intelligence ainda está vigente, e não foram produzidas provas concretas contra a Dfinity.
Preferimos nos abster de uma situação tão incomum, independentemente de qualquer valorização
de mercado futura, especialmente após o plano de fork do ICP reboot, e da denúncia dos ex-
membros da Dfinity a respeito das alegações já discutidas. 

ICP entrou na nossa carteira aos U$64,00, e saimos por volta dos U$65,00, realizando lucro,
mesmo que não tenha sido substancial, como se espera no mercado de cripto. 

Forte abraço!

Equipe Crypto Legacy

Não se esqueça de avaliar esta publicação.

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André Franco
Autor

Vitor Perim
Assistente

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