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É bom agradar as pessoas.

É ruim agradar as pessoas.


Romanos 15:1-6

A vida não é simples. Assim como a linguagem não é simples. Situações diferentes na vida pedem
diferentes formas de viver. A linguagem que descreve essas diferenças pode ser muito confusa.

Por exemplo, Paulo diz que tentava agradar as pessoas e que ele não tentava agradar as pessoas
(no grego a palavra para “agradar” é a mesma nas duas situações). Ouvintes sensatos são
cautelosos para julgar. Eles compreendem que Paulo não estava usando essa palavra no mesmo
sentido nas duas sentenças.

Ele fala aos Coríntios, “Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos,
nem para a igreja de Deus. Também eu procuro agradar a todos, de todas as formas. Porque
não estou procurando o meu próprio bem, mas o bem de muitos, para que sejam salvos.”
(1 Coríntios 10.32-33).

E a diante ele disse aos Gálatas, “Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de
Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a
homens, não seria servo de Cristo.” (Gálatas 1.10)

E aqui é um caso concreto da vida real dos dois compromissos: agradar ou não agradar.
Quando Paulo chama Timóteo para o ministério, ele o circuncidou. Por quê? Aqui ele responde:

“Paulo, querendo levá-lo na viagem, circuncidou-o por causa dos judeus que viviam
naquela região, pois todos sabiam que seu pai era grego.” (Atos 16.3).
Em outras palavras, Paulo tentou evitar obstáculos desnecessários no seu evangelismo entre os
Judeus. Ele era livre para circuncidar ou não. Então ele o fez. Naquela situação ele optou por
“agradar” a eles.

Mas em Jerusalém, onde as pessoas estavam exigindo a circuncisão para ser salvo (Atos 15.1),
Paulo viu que o genuíno evangelho estava em risco. Então ele disse: “Mas nem mesmo Tito, que
estava comigo, foi obrigado a circuncidar-se, apesar de ser grego.” (Gálatas 2.3)

Em outras palavras, ele não agradou aqueles que queriam circuncidar Tito. Por que ele não
cedeu? Ele responde: “Não nos submetemos a eles nem por um instante, para que a verdade
do evangelho permanecesse com vocês.” (Gálatas 2.5).

Isso requer um excelente discernimento do evangelho. Nós não queremos por obstáculos
desnecessários no caminho do evangelho. Agradar ou não agradar? Sim. E uma forma de
sabermos qual é perguntando: O evangelho será engrandecido? O evangelho será
comprometido?

Se tem algo que temos que refletir são sobre as nossas motivações envolvendo todas as áreas
da nossa vida. Vivemos em uma época onde se exalta o altruísmo, segundo o Wikipédia altruísmo
é: “um comportamento encontrado nos seres humanos onde as ações voluntárias de um
indivíduo beneficiam outros”. Existe até quem defenda um tipo de “altruísmo cristão”, com
base na reflexão de que “servir aos outros enche a alma de prazer em Deus”. Entendo
claramente que com as motivações corretas, o nosso serviço, além de agradar ao Senhor, nos
dará prazer, mas vamos refletir melhor sobre esse ponto.
Temos que refletir sobre qual motivo gostamos de agradar aos outros com relação ao servir
cristão:

01. Gosto de saber que minha presença, e serviço, é necessário ao outro.

Quantas vezes não nos pegamos pensando que sem a nossa “mãozinha” aquele trabalho não
vai caminhar? Quantas vezes ficamos chateados quando percebemos que os outros estão
servindo, em áreas de destaque, onde nós é quem deveríamos estar? Muitas vezes, não é?

Pensar que sou necessário para realizar determinado trabalho me dá uma sensação de prazer,
pensar que preciso mostrar o meu talento e encaminhar determinado assunto para alguém, na
igreja, ou por exemplo com relação a um grupo de estudos, me dá prazer pois gosto de pensar
que meu trabalho é signicativo, então minha presença e oportunidade de agradar ao outro
aumenta.

Muitas vezes a motivação do desejo de agradar vêm do fato de acreditar que sou necessária para
que o outro se sinta bem, que se não for “eu quem resolva”, nada vai se resolver naquele sentido.

02. Gosto de receber um retorno pelo o que fiz

Outro motivo que reflete a corrupção do nosso coração é agradar aos outros simplesmente por
esperar um retorno pelo o que fez para com essa pessoa. Se aconselhamos alguém de acordo
com o que os ouvidos dela queriam ouvir, ficamos felizes porque não confrontamos o pecado dela,
na verdade não precisamos nos desgastar com o assunto. Se somos mediadores de algum conflito
entre amigos, nos sentimos necessários, mas isentos de culpa do problema ou não passível de
errar dessa forma, vestindo uma roupa de juiz, mediando o conflito, segundo os meus interesses,
exortando e esperando que as pessoas analisem e mudem, e que depois de se resolverem, nos
elogiem por termos sido sábios em ajudá-los a mediar o conflito.

Quando nos engajamos em algum trabalho que seja difícil, sem a motivação correta, ficaremos
insatisfeitos se não tivermos o reconhecimento ao final de tudo. Isso nos impedirá de servir
novamente em algum outro momento com a satisfação devida.

Lou Priolo diz: “Assim acontece com você. Quer você o faça conscientemente, ou não,
quando suas motivações são agradar aos homens e não a Deus, você não está ansiando
ser recompensado pelo seu Pai que está nos céus, mas para ser visto (e recompensado)
pelos homens. Você não está só bancando o tolo, mas também sendo hipócrita.”

Você poderia dizer: “Muito bem… é isso que eu precisava ouvir… vou parar de agradar as
pessoas e começar agradar e pensar mais em mim mesmo.” Errado! Não agradar as pessoas
não significa que você deva centrar em si mesmo. Jesus disse o seguinte em João 5.30: “…não
procuro agradar a mim mesmo, mas àquele que me enviou”. O alvo final da vida não é agradar
pessoas, agradar a você, mas agradar a Deus.

Lembre-se: Você não pode agradar a todos. Com o tempo você aprende que não adianta querer
agradar a todos, pois sempre terá alguém para te criticar. Não há nenhuma maneira de você
agradar a todos. Mas a Deus, é seu dever de agrada-lo diariamente. E uma forma de agrada-lo é
sendo servo uns dos outros.

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