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ANIMAIS: A LEGITIMAÇÃO E A SENSIBILIDADE PERANTE O BRASIL, O

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E O MUNICÍPIO DE SANTA MARIA1

ANIMALS: LEGITIMATION AND SENSITIVITY BEFORE BRAZIL, THE


STATE OF RIO GRANDE DO SUL AND THE MUNICIPALITY OF SANTA
MARIA

Martha Luiza Knapp Dessbessell2

Flávia Magrini Mortari3

“Virá o dia em que a matança de um animal será considerada crime tanto quanto o
assassinato de um homem.  ”

Leonardo da Vinci

Resumo

O presente artigo reúne informações sobre os direitos dos animais, sua presente situação perante
a sociedade e suas leis protetivas vigentes. Inicialmente será abordada a situação em que se
encontram os animais em um sentido de costumes e religião em face da sociedade, e, por
conseguinte, o que a legislação brasileira, estadual, municipal e federal faz, por corolário da
interferência humana, para a necessária proteção dos animais. Foi utilizado o método indutivo
para a realização do artigo. O trabalho foi elaborado para a disciplina de Direito Ambiental.
Palavras Chaves: Animais. Sociedade. Costumes. Religião.

Abstract

This article gathers information on the rights of animals, their present situation before the
society and their current protective laws. Initially the situation in which animals are found in a
sense of customs and religion in the face of society will be approached, and, consequently, what
Brazilian, state, municipal and federal legislation does, as a corollary of human interference, to
the necessary Protection of animals. The inductive method was used to perform the article. The
work was elaborated for the discipline of Environmental Law.
Key words: Animals. Society. Mores. Religion.

1
O presente artigo foi elaborado como instrumento de avaliação da disciplina de Direito Ambiental da
Faculdade de Direito de Santa Maria (FADISMA).
2
Acadêmica do 7º semestre do curso de direito da Faculdade de Direito de Santa Maria FADISMA.
Endereço eletrônico: marthaluiza.dessbesell@gmail.com.
3
Acadêmica do 7ª semestre do curso de direito da Faculdade de Direito de Santa Maria - FADISMA.
Endereço Eletrônico: flaviammortari@yahoo.com.br
INTRODUÇÃO
No mundo moderno, falar sobre animais, tanto domésticos quanto selvagens, tornou-
se utópico, tanto pelos descuidos que proporcionamos aos mesmos como também pelos
crimes a que muitos seres muitos humanos os submetem.
Diante deste fato e visando apreender informações sobre a cultura e a legislação
relativa aos animais, o primeiro capítulo traz como assunto os maus tratos e o uso de animais
para fins culturais, religiosa ou em experiências científicas. No segundo capítulo serão
abordados as legislações protetivas vigentes no Brasil e no Rio Grande do Sul e Santa Maria e
se estas são mesmo efetivadas de forma satisfatória.

1. MAUS TRATOS E UTILIZAÇÃO DE ANIMAIS PARA FINS CULTURAIS


RELIGIOSOS E CINETÍFICOS.

1.1 Utilizações de animais para rituais religiosos e científicos

Pertencemos a um mundo de uma vasta diversidade cultural. Cada estado e


país tem uma conduta diversa no que diz respeito aos animais. Não só culturalmente,
mas também religiosa e cientificamente, encontramos o uso de animais de formas
peculiarmente preocupantes.
Os costumes da cultura popular, como a secular tourada espanhola e os
rituais de matança coletiva de carneiros nas festividades muçulmanas,
transformam martírio em tradição. Até o início do século passado cavalos e
jegues eram utilizados, de maneira impiedosa, nos serviços de tração e
transporte de pessoas, enquanto que os bovinos moviam, no campo, o sistema
agropastoril de produção alimentar (LEVAI, p.1, 2014).

Como percebe-se no trecho acima, a tortura com os animais sempre existiu. Na


cultura espanhola, as touradas são o pórtico do país, e ainda são permitidas.
No Brasil, existe de fato o Princípio Constitucional da Liberdade de Culto
Religioso (Constituição Federal, art. 5º.inciso VI). Dito isso, torna-se claramente
conflituosa a tentativa da proteção de um animal, com o uso do mesmo em um culto
religioso. Em dias mais atuais, qualquer forma de mau trato aos animais tornou-se
injúria. Um exemplo disto é o episódio de setembro de 2010 (dois mil e dez), quando
um sacerdote do candomblé4 usou um animal em um de seus rituais, tendo sido levado à
juízo. O titular da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente do Estado do Rio de

4
Candomblé é uma religião africana trazida para o Brasil no período em que os negros desembarcaram
para serem escravos. Nesse período, a Igreja Católica proibia o ritual africano e ainda tinha o apoio do
governo, que julgava o ato como criminoso, por isso os escravos pregavam seus rituais omitindo-os de
santos católicos. Disponível em: http://www.brasilescola.com/religiao/candomble.htm acesso em: 20 jun,
2014.
Janeiro, Dr. Marcos Cipriano, aceitou apurar a denúncia sob o seguinte argumento 5: “O
direito existe desde que não se cometa crime”.
Na área científica, o uso de animais atinge números assombrosos,
principalmente nas universidades, para aprendizagem, como desculpa para propiciar
progressos da humanidade.
Ainda é possível observar a utilização das pombas como símbolos de paz. Os
animais por muitas vezes são utilizados em rituais em que são “devolvidos a natureza”
como símbolo de liberdade e da paz, caracterizada pela cor branca. Entretanto muitas
aves são criadas em cativeiro, foram modificadas geneticamente através dos anos para
serem de penugem branca. (UNIAOLIBERTARIAANIMAL, 2017).

Em Santa Maria, foi trazido à juízo em 2010 (dois mil e dez) a polêmica da
utilização de animais saudáveis para pesquisas e práticas dentro da UFSM
(Universidade Federal de Santa Maria). A Ação Civil Pública teve como autores o
Movimento Gaúcho de Defesa Animal (MGDA), que reúne ativistas de diversas
Organizações Não Governamentais (ONGs) do Rio Grande do Sul contra a UFSM.  A
decisão assinada pela juíza Gianni Cassol Kozen foi favorável ao pedido da MGDA, e
então, o uso de animais em experiências científicas na Universidade, foi abolida
(KALSING, 2014).6
A dialética da opressão faz com que os animais permaneçam sempre curvados
às vicissitudes históricas, culturais, políticas e econômicas dos povos, sofrendo
violências atrozes e desnecessárias (LEVAI, p.5, 2014).
Um projeto de lei que há pouco se trouxe à juízo em Santa Maria, foi o caso do
sacrifício de animais em cultos de religião de matriz africana. O projeto teve uma

5
Marcos Cipriano (set 2010) apud O Grito do Bicho (out 2010), foi citado na notícia constante no seguinte
endereço eletrônico: http://www.ogritodobicho.com/2010/09/cultos-religiosos-tem-o-direito-de.html,
acesso em 18 mai,2015.
6
“A decisão da Justiça Federal do RS (JFRS) que proíbe a utilização de animais saudáveis para fins
didáticos e experimentais, incluindo atividades de pesquisa na Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), compromete o aprendizado e grande parte das pesquisas científicas realizadas na instituição,
preocupando professores e estudantes.
A liminar deferida pela JFRS no dia 15 de julho determina que a UFSM deverá utilizar meios
pedagógicos alternativos para substituir o uso dos animais. A ação civil pública foi ajuizada pelo
Movimento Gaúcho de Defesa Animal, com a alegação de que o uso de animais vivos e saudáveis pela
universidade configura maus tratos.
Conforme informações da JFRS, a juíza federal Gianni Cassol Konzen, da 1ª Vara Federal e JEF Criminal
de Santa Maria, entende que algumas pesquisas acadêmicas ainda não podem prescindir da utilização de
animais para avanço da ciência. A juíza reconheceu, conforme exposto pela UFSM, que a universidade
realiza inúmeros procedimentos cirúrgicos em animais doentes que, se não fosse por esse atendimento,
não teriam qualquer assistência. Assim, para animais doentes, a magistrada entendeu que inexiste prejuízo
em servir para aprendizado dos alunos.” Disponível em: http://site.ufsm.br/noticias/exibir/8403 Acesso
em: 24 mai. 2015.
grande mobilização, tanto dos pertencentes à entidades umbandas africanistas, quanto
de defensores dos animais (DIÁRIO DE SANTA MARIA, 2015).
A lei do Código Estadual de Proteção aos Animais, em 2003, aprovou um
artigo que autoriza o abate de animais em rituais de religião de matriz africana. Com
isso, a deputada estadual Regina Becker Fortunati, neste ano (dois mil e quize), propôs
um projeto de lei que derrubasse este artigo. Regina alega: “As pessoas evoluíram e
podem expressar suas crenças sem mortes. Há outras formas de se manifestar a
bondade, deixando a crueldade de lado”. As entidades, no momento em que se
encontravam, questionaram a constitucionalidade do projeto de Regina, que foi
discutida em duas audiências públicas de diferentes comissões da Assembleia: A de
Saúde e Meio Ambiente e Constituição e Justiça (Diário de Santa Maria, 2015). Passado
um tempo, infelizmente, a proposta não foi aprovada pela Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ), alegando ser inconstitucional (CLICRBS, 2015).

Depreende-se dos fatos então, que os maus tratos aos animais em aspectos
culturais, científicos e principalmente religiosos, embora ainda seja gritante, está, aos
poucos se humanizando. Tanto pela legislação que está aos poucos se efetivando e se
humanizando, quanto pela compaixão da humanidade, pelo meio de defensores e
cuidadores voluntários.

2. O DIREITO DOS ANIMAIS E A LEGISLAÇÃO PROTETIVA EM ÂMBITO


FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL.

2.1 As Legislações vigentes em todo o território nacional

Do dicionário Aurélio, a palavra animal significa: “ser vivo organizado, dotado


de sensibilidade e movimento”. A palavra sensibilidade significa: “faculdade ou
capacidade de sentir; sentimento”. Ora, se um animal tem sensibilidade deveria ele ser
submetido a tantos atos prejudiciais para eles que são praticados por seres humanos? A
resposta que hoje o direito nos dá é não. Um animal dotado de sentimentos não deve ser
submetido a maus tratos e até sacrifícios.
Assim dita o artigo 2º do Código Estadual de Proteção do estado do Rio
Grande do Sul aos animais:

Art 2° - É vetado:
I - ofender ou agredir fisicamente os animais, sujeitando-os a qualquer tipo
de experiência capaz de causar sofrimento ou dano, bem como as que criem
condições inaceitáveis de existência;
II - manter animais em local completamente desprovido de asseio ou que lhes
impeçam a movimentação, o descanso ou os privem de ar e luminosidade;
III - obrigar animais a trabalhos exorbitantes ou que ultrapassem sua força;
IV - não dar morte rápida e indolor a todo animal cujo extermínio seja
necessário para consumo;
V - exercer a venda ambulante de animais para menores desacompanhados
por responsável legal;
VI - enclausurar animais com outros que os molestem ou aterrorizem;
VII - sacrificar animais com venenos ou outros métodos não preconizados
pela Organização Mundial da Saúde - OMS -, nos programas de profilaxia da
raiva.

A Constituição Federal de 1988, Art. 225, § 1°, inciso VII tem o seguinte
trecho “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade”.
Podemos ver, sem dúvidas, que tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Sul,
os animais são objeto de proteção.

O Código Penal também tem um viés protetivo muito aguçado. Como


explanado em seu título XIV, Crimes contra interesses metaindividuais, capítulo I,
seção I:

Art. 391. Praticar ato de abuso ou maus-tratos a animais domésticos,


domesticados ou silvestres, nativos ou exóticos: Pena - prisão, de um a quatro
anos.
§ 1° Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel
em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando
existirem recursos alternativos. 
§ 2° A pena é aumentada de um sexto a um terço se ocorre lesão grave
permanente ou mutilação do animal.
§ 3º A pena é aumentada de metade se ocorre morte do animal.
Art. 392. Transportar animal em veículo ou condições inadequadas, ou que
coloquem em risco sua saúde ou integridade física ou sem a documentação
estabelecida por lei: Pena – prisão, de um a quatro anos.
Art. 393. Abandonar, em qualquer espaço público ou privado, animal
doméstico, domesticado, silvestre ou em rota migratória, do qual se detém a
propriedade, posse ou guarda, ou que está sob cuidado, vigilância ou
autoridade: Pena – prisão, de um a quatro anos.
Art. 394. Deixar de prestar assistência ou socorro, quando possível fazê-lo,
sem risco pessoal, a qualquer animal que esteja em grave e iminente perigo,
ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena – prisão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço a um sexto se o crime é
cometido por servidor público com atribuição em matéria ambiental.
Art. 395. Promover, financiar, organizar ou participar de confronto entre
animais de que possa resultar lesão, mutilação ou morte:
Pena – prisão, de dois a seis anos. 1° A pena é aumentada de metade se
ocorre lesão grave permanente ou mutilação do animal
§ 2º A pena é aumentada do dobro se ocorre morte do animal.
Como visto, o Código Penal traz a penalidade para quem abandona, maltrata,
transporta ilegalmente ou deixa de prestar assistência à um animal seja doméstico ou
selvagem.

Em Santa Maria, também tem leis, as quais destinam-se ao bem-estar animal,


uma delas é a Lei Complementar N° 003/02, Título V, Vll, de 22.01.2002:

CAPÍTULO V - DA RESPONSABILIDADE DO PROPRIETÁRIO DE


ANIMAL
Art. 175. É proibido abandonar animais em qualquer área pública ou privada.
§ 1° - os animais não mais desejados por seu proprietário deverão ser
encaminhados para adoção em um novo lar que seja o mais semelhante
possível com o anterior e compatível com o seu bem-estar;
§ 2° - em caso de impossibilidade do disposto no parágrafo anterior, os
animais não mais desejados por seu proprietário poderão ser encaminhados a
órgão sanitário responsável que providenciará a doação. Caso isso não
ocorra, será feito a eutanásia, sendo as custas do procedimento, pagas pelo
proprietário.
Art. 176. É de responsabilidade dos proprietários a manutenção dos animais
em perfeitas condições de alojamento, alimentação, saúde e bem estar, bem
como as providências pertinentes à remoção de dejetos por eles deixados nas
vias públicas
Art. 184. O Poder Público Municipal deverá criar um conselho de bem-estar
animal, que será regulamentado por decreto executivo.
CAPÍTULO VII - DA FISCALIZAÇÃO E CREDENCIAMENTO DE
CRIADORES E LOCAIS DE VENDA DE ANIMAIS
Art. 185. Toda feira de venda de animais de estimação deverá ser licenciada e
fiscalizada por órgão competente, obedecendo às normas de saúde e bem-
estar animal.
Parágrafo único - não será permitida a exibição de animais em condições
incompatíveis com seu bem-estar.

O que é perceptível nesta lei orgânica, é que ela não tão abrangente quanto
deveria. Deveria ela declinar-se mais para o lado dos animais selvagens e silvestres.
Mas é fato, que hpa outras leis que cuidam deste regulamento. Mas é clara a tendência,
até social, pela preocupação e amparo aos animais domésticos.

A mobilidade em m Santa Maria, é feita por voluntário e destinado aos


animais de estimação, onde garante os cuidados ao animais, tanto de pequeno quanto de
grande porte. Pessoas como a enfermeira Karina Dumke realizam a tarefa que seria do
município. Ela é uma das voluntárias com as quais os animais podem contar para se
livrar dos maus-tratos e do abandono. Há dois anos, a casa dela é um lar temporário. Os
animais são recebidos, tratados, castrados e encaminhados para doação. Hoje, há cerca
de trinta animais, entre cães e gatos, em seu domicílio. Os cuidados com os bichos são
feitos com dedicação, mas exigem responsabilidade e dinheiro. Para financiar todo esse
gasto, Karina conta com a ajuda de outros protetores que doam materiais e alimentos,
com o dinheiro de promoções, como rifas e brechós e com a compreensão dos vizinhos.
(Agência de Notícias de Direitos Animais - ANDA.2013)7.

Das palavras da protetora: "São anjos que me ajudam. Sou a favor de um


hospital público que ofereça castração e vacinação gratuitos. É o que a prefeitura
deveria fazer" (DUMKE, 2013).

Já os animais de grande porte, como os cavalos, quando abandonados ou


maltratados, são de responsabilidade da Guarda Municipal:

Em setembro de 2012, a Guarda Municipal começou a recolher cavalos


abandonados, mas, foi a partir de meados deste ano, que o serviço ganhou
força e parceiros. Desde abril, a guarda, em parceria com a ONG Cavalos
Abandonados, implantou um cadastro de pessoas que se dispõe a cuidar dos
equinos até que os tutores apareçam. Até ontem, 110 cavalos já haviam sido
recolhidos. A guarda atua por meio de denúncia de moradores, quando
acionada pelas polícias ou durante rondas. Os animais resgatados passam por
avaliação de um veterinário e são encaminhados a um dos cuidadores
cadastrados por 30 dias. Caso os tutores não sejam localizados, eles passam a
ter a guarda definitiva. (ANDA, 2014).

Segundo o responsável pela Guarda Municipal, Luiz Oneide Gonzaga, quando


os tutores não são localizados, é registrado uma ocorrência por maus-tratos e abandono,
porém, quando localizados estes tutores, eles respondem por estes crimes, pagando
ainda as despesas que o fiel depositário teve com o cavalo. (Agência de Notícias de
Direitos Animais - ANDA.2013).

Percebe-se por meios destas leis expostas neste artigo que, podemos concordar
com Da Vinci, quando ele diz “Virá o dia em que a matança de um animal será
considerada crime tanto quanto o assassinato de um homem”8. Este dia, em que for
aplicada uma mesma pena ao homicídio de um homem e de um animal, ainda não
chegou, mas percebemos que ele não está longe de chegar. Nossa legislação já evoluiu
muito no que diz respeito a proteção. E a efetivação vem aos poucos, torna-se visível,
pois os seres humanos que defendem a vida dos animais, querem os proteger como se
fossem um ente querido, pois acham que tanto um animal quanto um ser humano,
merece viver e desfrutar de seus direitos.

7
A Agência de Notícias de Direitos dos Animais (ANDA), é o maior portal de notícias sobre animais no
mundo, criada pela jornalista, vegana e ativista em defesa dos direitos animais Silvana Andrade, que tem
29 anos de experiência na imprensa. Disponível em: http://anda.jusbrasil.com.br/ Acesso em: 23 mai.
2015.
8
Leonardo da Vinci foi citado na notícia constante no seguinte endereço eletrônico:
http://www.pea.org.br/curiosidades/curiosidades_frases.htm, acesso em, 18 mai, 2015.
Mesmo depois de tudo que foi exposto acima, vale salientar a seguinte
explicação que o site União Libertaria Animal, traz sobre os rituais religiosos e a
religião Umbanda:

A Umbanda tem suas raízes nas religiões indígenas, africanas e cristã, mas
incorporou conhecimentos religiosos universais pertencentes a muitas outras
religiões. A Umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para
assentamento de orixás e não tem nessa prática um dos seus recursos
ofertórios às divindades, pois recorre às oferendas de flores, frutos, alimentos
e velas quando as reverencia. Essa religião não aceita a tese defendida por
alguns adeptos dos cultos de nação que diz que só com a catulagem de cabeça
e só com o sacrifício de animais é possível as feituras de cabeça (coroação do
médium) e o assentamento dos orixás, pois, para a Umbanda, a fé é o
mecanismo íntimo que ativa Deus, suas divindades e os guias espirituais em
beneficio dos médiuns e dos freqüentadores dos seus templos. A fé é o
principal fundamento religioso da Umbanda e suas práticas ofertarias isentas
de sacrifícios de animais são uma reverencia aos orixás e aos guias
espirituais, recomendando-as aos seus fiéis, pois são mecanismos
estimuladores do respeito e da união religiosa com as divindades e os
espíritos da natureza ou que se servem dela para auxiliarem os encarnados
(UNIAOLIBERTARIAANIMAL, 2017)

Conforme o texto acima, as mesmas influências que a religião umbanda sofreu durante
o passar dos tempos, outras religiões também podem ter passado, consequentemente,
vale salientar que a escolha da utilização de animas como forma de oferenda a deuses,
santos, orixás, ou qualquer outra forma de divindade, depende única e exclusivamente
de quem oferece, podendo substituir os animais por frutas, ou até mesmo artefatos ou
objetos.

4. Considerações Finais

Em meio aos fatos e leis trazidas, percebeu-se a importância da intervenção


legislativa diante das situações de maus tratos aos animais.

Diante das situações expostas é visível que há muito que conhecer e estudar
sobre o assunto principal deste presente artigo (maus tratos e direito dos animais); que
embora a legislação protetiva venha se empenhando para defender os animais e mostrar
o quão importantes são os mesmos, juntamente com pessoas e entidades voluntárias,
como por exemplo o caso de Santa Maria que foi explanado neste artigo, os demais da
sociedade ou se mostram indiferente ou vem de encontro a isto no sentido do abuso e
violência contra animais por razões de religião, cultura ou experiências científicas.
Afinal, é mais fácil criar leis do que fazer com que a sociedade deixe de lado seus
costumes, para preservar a vida de um animal, que muitos, por vezes, reputam por
banal.
Consequentemente, observamos que os animais, são utilizados de diversas
formas, cabendo então ao poder legislativo intervir, colocar no papel formas de
fiscalizar, punir e até mesmo buscar uma forma de banir a crueldade existente contra os
animais, corroborando com o momento no texto em que fica clara que a utilização de
animais como forma de oferenda, pode ser claramente substituída por outras formas de
regalos. Dependendo única e exclusivamente da pessoa que está prestando a oferenda.

Referências

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