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CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Elaborada por
Daniela da Silva dos Santos
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Celso Ilgo Henz, Prof. Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)
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Maria Rita Py Dutra, Profª. Drª (MNU)
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Nós nos tornamos aqui nesse país chamado Brasil um povo triste,
amedrontado, acuado, ressentido, irado...
Destruímos nossos heróis para adotar os seus, não criamos nossos filhos para
criar os seus, não amamentamos nossos filhos para amamentar os seus, não
limpamos nossas casas mentais e físicas por lidar com vocês...
ABSTRACT
DoctoralThesis Project in Education
GraduateProgram in Education
Federal Universityof Santa Maria
Emicida é um guri de rima que fez da arte a sua guarida, o seu grito
um canto de alforria...
Mutação que vai além dos contextos, pois, estar flexionando a realidade
a todo o momento traz a essas mulheres negras a potencialidade e resistência
e aprimoramento dos desafios encontrados ao longo da trajetória acadêmica.
Ou seja, sua busca interna por entendimentos sobre o seu acontecer e
florescer nesse ambiente inóspito. Em um projeto de humanização, cidadania e
diálogos em espaços-tempos de investigação-ação que oportunizam reflexão
sobre a realidade social para possíveis mudanças nas práxis educativas. Onde
o direito de se narrar transforma através do diálogo-problematizador e da
escuta sensível em uma propositiva político-epistemológica critica-reflexiva a
possibilidade de produzir mutações saudáveis (HENZ, FREITAS, SILVEIRA,
2018, p. 837).
O diálogo problematizador e a escuta sensível trarão a possibilidade de
reconstrução de suas trajetórias de vida e de profissão. Possibilitando uma
relação circular do todo e das partes que só será possível se percorrermos o
individual de forma orgânica Gadamer (1900-2002). Organicidade que trará a
potencialidade de convidarmos essas mulheres negras para serem coautoras
da pesquisa em busca de implementação e potencialização de
auto(trans)formações permanentes com e pela pesquisa e narrativas sobre
suas trajetórias.
Portanto, a pesquisa qualitativa, dialética e construtiva, buscará
transformações pessoais, profissionais, educativas, epistemológicas e sociais
em um constructo dialógico-reflexivo, sistematizados onde as coautoras
compreendam e interpretem ressignificando narrativas dos seus processos em
uma dialética hermenêutica de fusão de horizontes pela escuta sensível e o
dizer a sua palavra a luz de suas experiencias (HENZ, 2023).
Essas experiências poderão trazer para a circularidade a possibilidade
de reconstrução de espaço e diálogos. As narrativas podem surgir e possibilitar
que a reconciliação consigo mesmas ocorra sem os mecanismos de culpas e
medos. As narrativas eclodirão para surgirem novas potencialidades, que
reverberam tanto nelas como em seus trabalhos.
ANDARILHAGENS
A modernidade ocidental se tornou um paradigma fundado na tensão da
regulação e emancipação, apropriação/violência, conflitos e tensões em
espaços invisíveis, feitos inexistentes não comprometendo seus autores, em
uma ordem da violência estrutural invisível, indetectável. Onde seus
responsáveis podem ser invisíveis e indetectáveis em seus universos deste
lado da linha ou do outro lado da linha para passarem desapercebidos; no
entanto, essa linha em algum momento tornar-se-á detectável novamente
(Boaventura de Sousa Santos, 2013).
Assim, fluirei como ato de resistência e ressignificação que começa na
metodologia, perpassada pela tradição oral e suas narrativas e, nesse sentido,
pelo desafio da narrativa como potencialidade da própria história e da
ressignificação que fará parte do processo de falar de si e buscar entendimento
de vida. A escrita de trajetórias e pensamentos será a pedra angular para
produção do conhecimento, e pesquisar perpassa por vários movimentos e
diálogos dentro do nosso grupo que se chama Dialogus, em conjunto com
minha irmã que também está no doutorado dentro desse grupo e nossas
conversas, principalmente dentro do carro com as crianças (Joaquim e Antonia)
nas idas para os encontros. Levantamos a possibilidade de criar registros
físicos e conscientes através da escrita de cartas com as coatoras desse
trabalho.
As cartas pensadas em conjunto no encontro no sítio “Casa da Floresta”,
casa de encontro do grupo Dialogus, conversamos com o professor Celso
sobre essa possibilidade e ele me direcionou ao trabalho da colega Juliana,
participante do grupo que já tinha utilizado as cartas. Aliás, gostaria de lembra-
los de que a história desse continente começou a ser contada e narrada por
cartas entre os conquistadores portugueses, espanhóis, holandeses, franceses,
ingleses, através de cartas onde contavam todas as possibilidades que essa
terra apresentava ao aportarem em cada ponto desse país e continente
americano.
Sendo assim, ao pedir o auxílio para Juliana, ela me disponibilizou a
dissertação e a tese dela, nas quais trabalhou com cartas e onde encontrei
ternura e dedicação de uma pesquisadora ímpar. Isso me ajudou a delinear o
rumo da pesquisa, assim como a Tese de minha irmã Caroline.
Para Juliana Goelzer (2014), o livro Cartas Pedagógicas, de Isabela
Camini, se tornou aprendizado que se entrecruzam e se comunicam, como
dizem as autoras. Que aqui vou nomear de entrelaçamentos de diálogos e
compartilhamentos importantíssimos para qualquer pesquisador. Também
gostaria de destacar aqui que Paulo Freire, em Cartas a Cristina (2020) e
cartas a Guiné-Bissau (2021), potencializou com suas experiencias mais
profundas sobre trocas e aprendizagens que trouxeram uma possibilidade
encantadora e possível.
As cartas aqui potencializarei com o nome de cartas pedagógicas
dialógicas, pois as entendo como catalizadores de seus dizeres e fazeres na
potencialidade da produção dialógica e emancipatória, e que poderão ajudar a
metabolizar as histórias dessas mulheres negras em suas vitórias e derrotas,
alegrias e tristezas, vontades e angustias. Ao escolhermos nossos caminhos
metodológicos e trocas encontramos trilhas e picadas não delimitadas, as quais
nos fazem a todo o momento ir em busca de mais orientações e de
entendimentos sobre as coisas e possibilidades relacionadas a nossa temática
de pesquisa.
A escolha das cartas perpassa pela via imaginária-simbólica de interligar
cada mulher negra a um tempo consigo mesmas e suas reflexões a partir da
conexão com um possível passado, presente futuro. Tornando esses
momentos de reflexões e conjeturas pessoais.
Intendo aqui a importância de me disponibilizar para qualquer conversa
pessoal ou suporte quando elas acharem necessário. Mas, essas questões se
colocaram durante o percurso.
Também gostaria de destacar que essa pesquisa fluirá na contramão da
alta produtividade quantitativa e buscará interligar essas mulheres de forma
orgânica qualitativa, onde também elas indicarão outras mulheres negras que
possam contribuir com a pesquisa. Para tanto, como pontapé inicial
lançaremos informações-chaves nomeadas como sementes, para localizar
essas mulheres iniciando nesse caso na UFSM e logo após essas mulheres
negras indicarão as próximas. Essa metodologia se denomina Snowball ou
bola de neve (VINUTO, 2014).
Em busca de uma interligação de contatos, características e
cumplicidades que nos levarão a interligar desde o inicio essas mulheres pelo
reconhecimento de suas presenças dentro desses espaços em que elas estão
inseridas. Optamos pela abordagem qualitativa na tentativa de compreender
aspectos mais amplos nas vidas e na vivencias dessas mulheres negras, pois
como relata Bernardete Gatti e Marli André (2013), a abordagem qualitativa
leva em conta todos os componentes de uma situação em suas interações e
influencias reciprocas, como uma modalidade investigativa qualitativa com o
desafio de compreender os aspectos formadores dos seres humanos em suas
relações e construções culturais, grupais, comunitária ou pessoais (GATTI E
ANDRÉ, 2013).
Para Boaventura de Souza Santos (2006) não há natureza humana
porque toda a natureza é humana, sendo-se imperativo descobrir formas de
inteligibilidade globais, conceitos quentes que derretam as fronteiras que a
ciência moderna dividiu e encerrou a realidade. Assim, buscamos através de
nossas pesquisas proporcionar diversidade de olhares sobre papeis, teorias e
conceitos que já estavam dados como irrevogáveis, inabaláveis, indissolúveis.
Mas incapazes muitas vezes de traduzir ou de decodificar o sofrimento e as
dificuldades de certos âmbitos sociais e a capacidade que a nossa diversidade
cultural possui.
Assim, trazendo e construindo possibilidades em busca de
entendimentos dos contextos em que ocorrem em uma tentativa de
socialização e sociabilidade, por implicações, por mudanças e resiliências. E
nessa busca por tentar ampliar olhares sobre as mulheres negras e seus
desafios dentro de três instituições de ponta do nosso país, aventurei-me a
buscar a melhor forma de realizar essa pesquisa assumindo compreender e
interpretar hermeneuticamente os desafios da distancia e da carga acadêmica
que todas devem estar comprometidas nesse exato momento.
Em busca de trazer a possibilidades para quer essas mulheres negras a
possibilidade de autorização sobre seus saberes e possibilidades. Ou o que
Gadamer (1900-2015) vai denominar Aufkàrung de autoridade, ou seja, a
liberdade hermenêutica de todo vinculo dogmático e um ato de reconhecimento
e de conhecimento. Um ato de liberdade e ação. Ao construirmos um
entendimento sobre a tradição e a herança histórica e seu peso em nossas
construções de nossas instituições e comportamentos abrimos horizontes
impares.
Onde as próprias mulheres poderão se autorizar sobre seus
conhecimentos e possibilidades. Estamos em um campo onde os horizontes
eram dados como certos e racionais e entendemos que isso só é possível
quando buscamos compreender os horizontes dessas perspectivas. Onde a
compreensão verdadeira acontece ao se projetar-se um “espaço de jogo”; o
jogo da compreensão existencial absorvidos pela dinâmica inerentes aos
espaços abertos de jogar e de realização existencial, cientes dos limites da
compreensão e comportamento em um projeto lançado (KAHLMEYER-
MERTENS, 2017).
Abertas aos horizontes que para Gadamer (1900-2015) colocam a prova
constantemente todos nossos preconceitos e entendimentos. Colocando a
prova um passado que constituí-nos. E compreender é sempre o processo de
fusão desses horizontes presumivelmente dados por si mesmos. Relação
consigo e as nossas origens (GADAMER, 1990-2015, p. 457).
Dispostas a aprimorarmos a dinâmica do jogo e aprendizagens das
possibilidades forjadas por esses horizontes já pré-determinados e os que
poderemos construir ao longo de nossa jornada. Buscando as pistas deixadas
por aqueles que criaram as primeiras regras e tornaram-nas verdades ou
possíveis.
Precisamos entender, compreender o que foi construído para
reposicionarmos novas possibilidades e intereses. Construir esse entendimento
nos dará a possibilidade de criarmos novas perspectivas solidas e embasadas.
Onde o contexto histórico em um escopo reflexivo-analítico espalhará as
contradições de cada tempo e lugar mergulhado na temporalidade de sua
época (ROSANE BORGES, 2017).
As cartas possibilitariam uma maior autonomia e liberdade para que
pudessem contar suas histórias em seu tempo e espaço, tendo total abertura
para se expressarem da sua melhor maneira, evidenciando seus dizeres.
Buscamos aqui uma postura investigativa, mais flexível aos processos micro-
sócio-psicológico e culturais, permitindo iluminar aspectos e processos que
talvez ainda se encontrem fora da realidade de muitos, na busca por questões
problemas no âmbito multi-inter-transdiciplinares e multidimensionais (GATTI E
ANDRÉ, 2013).
Gostaríamos de propor inicialmente cinco cartas, e se ao longo dos
percursos decidirmos por aumentar o número, assim o faremos.
A primeira carta:
Conte-nos sua história...
A segunda carta:
Conte-nos sua trajetória acadêmica...
A terceira carta:
Memorias...
A quarta carta:
Repúdios...
A Quinta carta
Contribuições...
A busca por fazer perguntas iniciais abertas tem por objetivo trazer o
maior número de possibilidades tanto nas histórias quanto nas futuras
narrativas e ressignificações de memórias para as cartas seguintes. E se algo
não se equalizar, poderemos imediatamente mudar os cursos que estão sendo
conduzidos.
Estaremos em mar aberto na busca por novas formas de navegar tanto
epistemologicamente como nas trocas que poderemos produzir nesse mar de
produtividade academicista já implantado nos últimos séculos. Pois, estamos
imbrincados na história do ocidente, de sua hegemonia militar, econômica e
técnico-cientifica que é marcada pela violência, pelo crime, o racismo, e a
negrofobia e em um contexto social com essas características, as
possibilidades dos cientistas reproduzirem esses horrores de forma parcial ou
total não podem ser negligenciadas. Ou seja, quanto mais negrófoba a
sociedade, mais tolerante ela pode ser em sua praticas cientificas
(AMBRÓSIO; DIÉMÉ, 2016).
E nesse sentido tentaremos resgatar e reinventar através das cartas
pedagógicas dialógicas a criação de processos e encontros de pesquisa
auto(tras)formação, em seus espaços-tempos pelo diálogo cooperativo e
comprometido da ação-reflexão-ação e a dialogicidade na busca por
transformações permanentes (HENZ; FREITAS; SILVEIRA, 2018).
Onde poderemos organizar alguns encontros caso elas achem
necessário para poder ajudar e esclarecer dúvidas, ou angustias. Possibilitando
outras formas de trocas e também deixar outras possibilidades em aberto.
Tudo vai depender do andamento e da disponibilidade. As possibilidades se
atrelaram ao espaço-tempo de cada uma e suas inquietações e silenciamentos.
Pensando no que Joice Berth (2019) relembra sobre o poder dos
silenciamentos e como eles pode ser visto como tecnologia de opressão usada
recorrentemente nas estruturas opressoras, onde o oprimido percebe de
imediato que o grupo opressor é incapaz de assimilar o que está sendo
verbalizado.
Uma mulher negra sempre acredita e tem esperança porque foi isso que
nos manteve vivas por séculos e nos ajudou a manter nossos entes queridos
vivos. Ao longo da história da escravização aconteceram muitas tentativas de
suicídios, depressão, esquizofrenia, melancolia e até infanticídios em uma
tentativa de sobrevivência e de estratégias desesperadas de não deixar que a
próxima geração passasse pelos terrores implementados pela sociedade
escravocrata. Essas situações extremas foram muitas vezes usadas para evitar
mais sofrimentos, em uma tentativa vã de tentar se defender de algo
indefensável naquele momento. Pois, se tratava de um movimento maior que
suas capacidades de entendimento e reorganização de sentimentos para além
dos já vivenciados.
Ou se pensava que o sofrimento acabaria ali... essas situações não
eram pontos de chegadas a algum final, mas o ponto de partida que iria se
conectar a outras histórias a partir dali. Falo em uma possibilidade de
transgeracionalidade do sofrimento psíquico dessas famílias que perdura até
nossos dias. Há possibilidade de nossos significantes e significados estarem
enraizados nos signos de nossos ancestrais. De ao longo dos séculos a
tentativa de apagamento da escravização dos seres humanos não ter
acontecido com a eficiência que os escravocratas tanto queriam, mas também
é possível que esses fantasmas nos assombrem até os dias atuais.
Falo de uma transmissão psíquica geracional e transgeracional e seus
mecanismos articulados ao longo das gerações e suas mais intrínsecas
possibilidades de compartilhamento. Ou seja, o sofrimento não acaba com a
morte física de nossos ancestrais; ele se perpetua até que sejam revisitados e
elaborados em uma ressignificação que os compreenda e os transforme em
sublimação. Para Olga B. Ruiz Correa (2003) os mecanismos são como
pulsões, narcisismos, identificações, traumas, recalcamentos, denegações,
significantes, fantasmas entre outros. A transmissão ocorreria por processos
psíquicos inconscientes constituídos na subjetividade através da linguagem, do
simbólico, do imaginário e o real nos vínculos familiares.
Mauro P. Rehbein e Daniela S. Chatelard (2013) em sua releitura dos
processos de transmissão geracional irão nos lembrar que as modalidades da
transmissão encontram-se na modalidade interacional e a transgeracional,
onde a família é o espaço privilegiado para instalação dos processos. Minha
família e minha história não iniciam comigo, mas com minha bisavó; pois, foi
até onde consegui chegar ouvindo as mulheres da minha família. Todas
mulheres com sofrimentos gigantes que tiveram que esvanecer seus
sofrimentos para poderem permanecer vivas. Esse sofrimento esvanecido é
como uma cicuta em pequenas doses nas correntes sanguíneas de
sofrimentos intensos que foram atenuados ao longo dos séculos.
Sempre fui alguém que se guiou por algo intuitivo. Sempre pensei em
buscar e cultivar coisas que os outros falavam que era bobagem, como
humildade e sabedoria. Palavra essencial na minha vida... aqui sabedoria se
conectará ao ato cognoscente de Paulo Freire (1997-2021), onde a percepção
critica-epistêmico-analítica se conecta para superar as situações limites e
produzir uma práxis de reflexão e ação para gerar uma consciência de si.
Assim, forjando um ser cognoscente que produz entendimentos sobre si e o
mundo que o rodeia e transcende, também para ressignificar e sublimar suas
mais profundas angustias e sofrimentos, transformando-os em humos para se
tornar um adulto memorie.
Aqui quero destacar que vou diferenciar o adulto cronológico, ser que
não conseguiu superar seus sofrimentos, angustias e traumas e se protegeu ao
longo dos anos de sua vida em projeções, recalcamentos, denegações,
fantasmas entre outros. O adulto cronológico é o adulto de subsistência das
últimas gerações, seres que garantiram o sustento familiar, mas não
conseguiram na sua maioria lapidar seus afetos e inteligência emocional.
Ficando à deriva em suas mais profundas emoções e produzindo um
rastro de devastações físicas, emocionais, econômicas, sociais em seus
descendentes. Seres que acharam no conservadorismo de sua existencia uma
saída possível para enterrar seus sofrimentos mais profundos, ficando
enclausurados em seus mais profundos medos. Lutando a todo o custo para
manter o mínimo gasto de energia de forma ineficiente e insípida. No entanto,
esses sofrimentos ficaram como herança indevida para as gerações que
querem sair da “zona de conforto” desse sofrimento e alcançar outros
patamares de existencia nesse planeta.
Sofrimentos que ficaram girando na roda da compulsão a repetição
gerando adoecimentos mentais que não conseguiram um escoamento de
energia eficiente e causaram mais sofrimentos devido ao grande volume de
repetições. Luiz Alfredo Gracia-Rosa (2003) relembrará que a certeza
(subjetiva) de uma consciência só será substituída pela verdade (objetiva),
revelando retrospectivamente o que foi oculto. A verdade se dá pela
experiencia da consciência de si.
Como os adultos que aqui vou chamar de adultos memories, ou o
adulto que não aceitou os intemperes da vida e continua em busca de
respostas e de seus desejos mais profundos, procurando dar sentido e
significação para coisas que acontecem ao seu redor. Ou seja, adultos
memories possuem idade compatível com seu amadurecimento e com sua
capacidade de se tornarem seres humanos resilientes as dificuldades que irão
surgir ao longo da vida. Que continuam com sua percepção critica-epistêmica-
analítica ao longo da sua vida e com isso desenvolvem uma capacidade de
resiliência maior e vão maturando sua inteligência emocional ao logo da vida.
Inteligência emocional que perpassa pela crítica por se manter
horizontes e autorizações sobre os desafios que a vida traz. Perseverando a
maioria do tempo na tentativa de vencer o que naquele momento parece
invencível. Epistêmicos por tentar compreensão do surgimento e a tradição que
perpassa sobre as construções que ali estão. E analítica para tentar antever
algumas possibilidades e informações que não se apresentam ali de forma tão
clara ou até esvanecidas pelos processos que ali se apresentam.
Adultos memories são seres humanos que ao longo de sua trajetória irão
aproveitar cada desafio, cada oportunidade, cada momento, para se tornarem
seres melhores e mais responsáveis, em seu processo de aprendizagem.
Como relata Freire (1921-1997), seres éticos capazes de transgredir. Um ser
condicionado, mas capaz de ultrapassar o próprio condicionamento. Onde a
ética está a serviço dos seres humanos. Humanos que conseguirão manter as
indagações presentes, como minha busca por entendimento sobre as coisas
que continuei regando cada dificuldade e angustia que surgiam ao longo da
minha vida. Em um primeiro momento possuía a crítica sobre as coisas e uma
análise básica sobre as coisas que aconteciam.
E nesse sentido, tentei aprimorar minha estrutura básica me tornando ao
longo dos anos um ser humano engajado em aprimorar a percepção critica-
epistêmica-analítica que me levou a anos de estudos e pesquisas na tentativa
de buscar entendimento sobre o processo psíquico-histórico. Mantive-me
atenta aos acontecimentos da vida desde pequena por saber que as coisas
sempre foram difíceis para os meus; até há pouco tempo achava que isso era
um defeito e não uma qualidade. Pois, como mulher e negra, ser curiosa de
mais é um defeito enfatizado por todos, que em algum momento vai te
prejudicar e causar problemas.
Fiquei em duvida se isso poderia ser verdade e passei anos passando
desapercebida para as pessoas e para vida. Na tentativa de não chamar a
atenção para mim e para o meu corpo, que desde cedo percebi que me traria
muitos problemas. Por muitos anos me camuflei em roupas largas ou
masculinas para poder transitar pelos lugares mais inóspitos possíveis e não
ser alvo, nem de abusos, nem de olhares que pudessem barrar minha
permanência nos lugares.
Como a venda do seu Salazar, botequeiro do bairro onde morei e onde
eu gostava de ir pegar doces junto com meu avô, que ia encher a cara e voltar
bêbado para casa. E criar alguma briga ou destelhar toda a casa só porque ele
era o “chefe” da família. Coisas que nunca entendi direito porque era minha avó
que sustentava a casa lavando roupa para pessoas de família rica da cidade e
mantinha onze filhos, enquanto meu avô gastava seu dinheiro com os
alimentos básicos e no bar do seu Salazar. Minha mãe sempre conta da
precariedade por ele possuir esse vício e a dificuldade de manter coisas básica
da família, e mesmo assim ter o poder de mandar, bater e humilhar todos
naquela casa. Mesmo as pessoas que ajuntavam ele da valeta e pagavam as
contas.
Pois, para as mulheres negras trabalhar é uma coisa que inicia na
infância, para poder ajudar em casa. As que tinham um pouco mais de idade,
doze anos mais ou menos, trabalham fora. As menores ficavam responsáveis
pelos afazeres da casa, onde o maior cuida do menor.
Minha avó cuidava e cuida de todos, sem exceção. Somos privilegiados
de estar em sua companhia e poder desfrutar da sua convivência. Muito séria e
rígida, não perdoava muitas coisas e nem com facilidade. Tinha uma
melancolia já instalada ali... não aceitava muito os erros das filhas e priorizava
aqueles que gostavam de estudar. Tinha uma intuição gigante, uma
psicanalista adormecida, congelada pelos sofrimentos em sua vida. Veio de
uma família humilde do interior de Dilermando de Aguiar, onde nasceu e foi
criada por sua mãe, pois perdeu o pai no trem dos loucos. Trem que levava os
“desajustados” para o hospital psiquiátrico de Porto Alegre, O São Pedro, de
onde nunca mais retornou para casa.
Evento traumático que deixa marcas profundas na família. Uma parte
fica extremamente deprimida e outra desconecta da realidade tão dolorida.
Minha avó apresenta uma melancolia profunda e nunca consegue ver brilho na
vida. A vida passa para ela com a carga emocional de ser mãe de 11 filhos e
mulher de um alcoólatra adoecido pelo mundo e por uma família igualmente
adoecida. Minha avó era uma mulher negra e meu avôbugre... ou seja,
subprodutos da escravidão e dizimação desse país, sobreviventes. Só
conseguiram reconhecimentos através do trabalho árduo e difícil... falta de
condições básicas de saúde, moradia, econômicas e assistenciais.
Em seus relatos pessoais surgem chistes de auto desgosto e
desaprovação por não terem conseguido dar algo melhor de si; para eles
próprios e para o mundo. Um desconsolo inevitável para aqueles que
experimentam o sabor de ser de uma classe financeiramente desprivilegiada e
não possuir forças para lutar por um futuro melhor. A saída só existindo de um
imaginário produzido pelo capitalismo, de que os trabalhadores irão se tornar
vitoriosos em algum tempo distante... Mesmo que seja no céu.
Minhas memories ultrapassam minhas mais remotas lembranças e
sonhos que poderia imaginar chegar. Sempre sonhei acordada, mas nem nos
meus sonhos mais fantasiosos acreditaria que chegou o momento de escrever
essas páginas que considero tão caras para mim e para as mulheres que me
antecederam.
Todos nós – adultos e crianças, escritores e leitores – temos a
obrigação de sonhar acordado. Temos a obrigação de imaginar. É
fácil fingir que ninguém pode mudar coisa alguma, que estamos num
mundo no qual a sociedade é enorme e que o indivíduo é menos que
nada: um átomo numa parede, um grão de arroz num arrozal. Mas a
verdade é que indivíduos mudam o seu próprio mundo de novo e de
novo, indivíduos fazem o futuro e eles fazem isso porque imaginam
que as coisas podem ser diferentes (Neil Gaiman, 2013, p.1).
Passei a acreditar, com uma convicção cada vez maior, que o que me
é mais importante deve ser dito, verbalizado e compartilhado, mesmo
que eu corra o risco de ser ferida oi incompreendida. A fala me
recompensa, para além de quaisquer outras consequências. Estou
aqui de pé. Uma poeta lésbica negra, e o significado de tudo isso se
reflete no fato de que ainda estou viva, e poderia não estar (LORDE,
2020, p.51).
Em uma era distante fizemos um pacto de sempre nos relembrarmos do
quanto somos poderosas, astuciosas, determinadas, organizadas, arrojadas,
imprevisíveis. Estou aqui para relembrá-las que foi através dos diálogos e do
domínio das tecnologias agrícolas, medicinais, gestacionais, biológicas que
trouxemos esse planeta e a humanidade para o patamar humano. Humano
aqui é o ser que se entende parte da terra e que respeita a si aos outros e ao
seu entorno.
Só seres que se tornaram éticos podem romper com a ética, e seres que
moldaram e construíram signos, significados e significantes podem
desmistificá-los, ressiginificá-los e aprimorá-los a partir de uma conscientização
profunda das tragédias geradas. Somos seres que criaram deuses e demônios
que utilizariam para subjugar sua própria espécie.
Para Silvio Almeida (2020) e Achille Mbembe (2018), o colonialismo dá
ao mundo um novo modelo de administração, que não se ampara no equilíbrio
entre a vida e a morte, entre o “fazer viver e o deixar morrer”, não decidindo
mais sobre a vida e a morte, mas tão somente o exercício da morte que passa
a ser permanente em nossas vidas. Onde o necropoder 2e a necropolitica3 são
instalados de forma irrevogável para a destruição e ocupação de territórios,
pilhando e destruindo as possibilidades desses territórios se organizarem e
prosperarem. A tentativa de domínio e extermínio é utilizada em larga escala
impedindo que esses países se estabeleçam como agentes articulados para
aproveitar as riquezas que se encontram em seus territórios.
Devemos nos lembra que os necropoderes4 e as necropoliticas5 estão
mais atuais que nunca. Estamos em um momento (Final da primeira e início da
segunda décadas do século XXI) sócio-político impregnado de uma extrema-
direita com discursos de ódio e atos de agressão e segregação. Em muitas
partes do globo há uma necropolitica em grande escala. Uma dessas inúmeras
agressões e segregações encontramos no racismo; para Almeida (2020),
Mbembe (2018) e Foucault (2010) o racismo é uma tecnologia de poder, mas
com funções especificas das demais usadas pelo Estado. E Foucault (2010)
24No passado, com efeito, guerras imperiais tiveram como objetivo destruir os poderes locais,
instalando tropas e instituindo novos modelos de controle militar sobre as populações civis. Um
grupo de auxiliares locais podia participar da gestão dos territórios conquistados, anexados ao
império. Dentro do império, as populações vencidas obtinham um estatuto que consagrava sua
espoliação. Em configurações como essas, a violência constitui a forma original do direito, e a
exceção proporciona a estrutura da soberania. Cada estágio do imperialismo também envolveu
tecnologias-chave (canhoneira, quinino, linhas de barco e vapor, cabos do telégrafo submarino
e ferrovias coloniais). A “ocupação colonial” em si era uma questão de apreensão, demarcação
e afirmação de controle físico e geográfico – inscrever sobre o terreno um novo conjunto de
relações sociais e espaciais. Essa inscrição de novas relações espaciais (“territorialização”) foi,
enfim, equivalente a produção de fronteiras e hierarquias, zonas e enclaves; a subversão dos
regimes de propriedades existentes; a classificação das pessoas de acordo com diferentes
categorias; extração de recursos; e finalmente, a produção de uma ampla reserva de
imaginários culturais [...] ou seja, o funcionamento da formação especifica do terror onde a
fragmentação territorial, o acesso proibido a certas zonas e a expansão dos assentamentos
impossibilitará qualquer movimento e implementará a segregação (MBEMBE, 2018, p. 38-43).
4
5
relembra que desde o século XIX os sentidos da vida e da morte ganham novo
status.
Toda a mulher tem um arsenal de raiva bem abastecido que pode ser
útil contra opressões, pessoais e institucionais, que são a origem da
raiva. Usada com precisão, ela pode se tornar uma poderosa fonte de
energia a serviço do progresso e da mudança. E quando falo de
mudança não me refiro a uma simples troca de papéis ou uma
redução temporária das tensões, nem a habilidade de sorrir ou se
sentir bem. Estou falando de uma alteração radical na base dos
pressupostos sobre os quais nossas vidas são construídas (LORDE,
2020, p. 159).
Na medida que esse mundo, esses lugares não existiam mais ficando
apenas o estranhamento, o vazio e um desinteresse profundo por tudo que
circunda. Apáticos frente a tudo que os rodeia. Uma libido fadada a ter que
encontrar novos significados e significantes para produzir sentido em suas
vidas. As escolhas não estão mais a seu alcance, o trauma já se estabeleceu e
a cripta já esta pronta para receber o enlutado e sua jornada frente aos
desafios de permanecer vivo. Mas, não na plenitude do ser humano e sim de
uma forma apática e indisponível para a vida.
Criptado em um enterro intrapsíquico de uma vivencia vergonhosa e
indizível, traduzindo-se num fantasma de incorporação, por causa desse
segredo inconfessável. Objeto psíquico interno em estado de decomposição.
Onde essa não vida poderá eclodir como estruturas Borderline, distúrbios
psicossomáticos, pulsões de morte, pensamentos intrusivos, ansiedades
inlocalizáveis, clivagens, enigmas... sendo assim, um alto custo nos percursos
do desejo e na construção subjetiva (CORREIA, 2003). Altos custos que
perpassam por melancolias, depressões, bipolaridades, transtornos de déficit
de atenção, alto índice de boicotes, não merecimentos, transtornos de
ansiedade, personalidades Borderline, tentativas de suicídio, pulsões de morte,
não merecimentos, não lugares.
Maria consolação André (2008) já relatava o sofrimento dos
escravizados e as consequências dos traumas instaurados e o possível
surgimento de uma resistência passiva denominada por ela Banzo (desgosto,
nostalgias) instalando a inanição espiritual, ou seja, suicídio por falta de
vontade de viver atrelados ao medo, vergonha, raiva, isolamentos em
contraponto com a humilhação social, injustiça política, invisibilidade publica,
política atrelados a violência material e simbólica (ANDRÉ, 2008, p. 16-166)
Essas modificações intrapsíquicas, cada uma em sua intensidade e
proporção, acarretará e acarretou ao longo dos séculos instabilidades nas
vidas e nos lares dessas pessoas. Assim foi encontrando terrenos férteis para
proporcionar desajustes, financeiros, álcool, drogas ilícitas, trafico, roubos,
crime organizado, subalternizados, escolaridade baixa, natalidades
desajustadas, incapacidades de criar os filhos, incapacidade de amar os entes
queridos, temperamentos agressivos e explosivos entre tantos outros indícios
de adoecimentos mentais. Muitas vezes sendo estereotipada como triste, louca
ou má. Isso gera sofrimento que transborda, loucura que extrapola, maldade
embricada em sofrimentos e angustias pelas impossibilidades de nomear e
caracterizar seus mais profundos sentimentos.
Seres humanos que sofrem maus-tratados, injustiçados, inferiorizados e
desrespeitados, adquirem uma tonalidade triste e sofrem desamparos intensos
e acabam reagindo em um primeiro momento com perplexidade e revolta, mas,
a em seguida embotam-se em apatia, desistência e impotência. Vítimas de
discriminação poderão se tronar mortos-vivos ou vivos-mortos, assassinados.
Kon (2017).
Vivos-mortos conclamando por voltar a viver e sorrir em uma sociedade
que lhes negou tudo, até a dignidade. Não foi possível ser agente político,
social e humano, pois foi vetado seguir em frente mesmo pós-abolição. Os
diretos foram arrancados dos sonhos e dos imaginários destas famílias, desses
seres e o mais perverso foi criar um ideal meritocrático.
Um mito dentro da democracia racial impregnado de violência simbólica
contra as mulheres negras deste país. Em uma conexão com o sistema
simbólico que o lugar de mulher negra em nossa sociedade é de inferioridade e
pobreza codificado pelo étnico e racial deste país. Logica simbólica que a
transformará em objeto sexual (GONZALES, 2020). As mulheres negras
sempre foram tratadas como objeto de fetização e brutal desprezo de nossa
sociedade. E como todo o fetiche cria-se um lugar mítico/mágico para elas. O
carnaval.
Convido vocês a refletir não apenas sobre seu próprio tempo e seus
esforços, mas também sobre a luta de seus antepassados, que
tronaram possível vocês estudarem nessa universidade, tivessem
uma educação e recebessem o diploma no dia de hoje. Vocês
alcançaram um ponto da vida em que se torna necessário voltar ao
seu tempo e seus esforços a causas e lutas que vão preparar o
caminho para aquelas pessoas que virão depois de vocês – as
próximas gerações --, para que elas vivam em um mundo pacifico,
livre da ameaça de destruição nuclear, e qual possam um dia refletir
sobre a vida, a educação e o futuro que vocês lhes oferecem (DAVIS,
2017, p. 155)
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Termo de confiabilidade
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