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Faculdade de Guarantã do Norte - UNIFAMA

Mantida pela UNIFAMA – União das Faculdades de Mato Grosso


Curso de Farmácia

PCR – Proteína C Reativa

Acadêmico(a): Ana Clara A. Pelegrine Gomes


Docente: Tatiana G. Pegoraro Faleiros

GUARANTÃ DO NORTE – MT
2021
1. INTRODUÇÃO

Proteína C reativa é uma proteína produzida pelo fígado, cujos níveis


aumentam de valor quando há alguma inflamação no corpo. A PCR é considerada
uma reagente de fase aguda, ou seja, aumenta em resposta à inflamação. A PCR
responde a proteínas inflamatórias chamadas citocinas, que são produzidas pelos
glóbulos brancos (células de defesa) durante o processo inflamatório. O exame que
mede a dosagem de proteína C reativa (PCR) serve para investigar o estado
inflamatório do indivíduo e avaliar o risco de doença cardiovascular, como infarto e
derrame cerebral. A proteína C reativa, produzida no fígado, é o principal marcador
de fase aguda de processos inflamatórios e necróticos (morte do tecido) que
ocorrem no organismo, principalmente processos inflamatórios associados a
infecções bacterianas.
O exame de proteína C reativa é usado ainda para detectar manifestações
exacerbadas de doenças inflamatórias, como artrite reumatoide, lúpus ou vasculite.
Através dos níveis de PCR, também é possível saber se o anti-inflamatório usado
para tratar alguma doença ou condição está sendo eficiente ou não. O PCR é
realizado através da coleta de sangue. Trata-se de um método preciso, rápido,
seguro e econômico, mas é também um método inespecífico, ou seja, não é
suficiente para diagnosticar qualquer doença. O exame pode revelar que a pessoa
tem alguma inflamação no corpo, mas não é capaz de indicar a sua localização
exata. Isso porque a PCR pode estar elevada no sangue devido a qualquer situação
de inflamação no corpo. A condição que levou a esta inflamação (doenças
reumatológicas, autoimunes, entre outras) deve ser investigada mais a fundo pelo
médico, com outros exames.
O exame de PCR normalmente é realizado com o exame que mede a taxa de
sedimentação dos glóbulos vermelhos (VHS) ou com o exame de
eritrossedimentação, que também são usados para detectar inflamações.
A proteína C reativa foi descoberta na década de 1930 após análises do
sangue de pacientes com pneumonia. Naquela época, os investigadores notaram
que a PCR encontrava-se muito elevada durante a fase ativa da pneumonia, mas
desaparecia do sangue quando o paciente ficava curado. Não demorou muito
para que se descobrisse que esse fenômeno não ocorria somente na
pneumonia, mas sim em qualquer infecção relevante no organismo,
principalmente aquelas de origem bacteriana.
Mas a PCR não se limita a detectar infecções. Qualquer doença que
provoque uma reação inflamatória por parte do organismo pode cursar com
níveis elevados de proteína C reativa.

2. IMPORTÂNCIA CLINICA

A dosagem da PCR é usada na prática clínica como um marcador de fase


aguda, identificando atividade de processos inflamatórios e/ou necróticos. Uma
dosagem única de PCR pode auxiliar no diagnóstico, mas não deve ser usada
isoladamente, uma vez que sua elevação ocorre em diversas situações clínicas.
Tem sido recomendada a dosagem seriada da PCR em intervalos de tempo
variáveis, dependendo da doença em questão, pois seus níveis séricos refletem a
resposta ao tratamento ou a evolução revolução clínica em várias doenças. Assim, a
elevação dos níveis séricos significa falha terapêutica ou progressão do quadro e
sua diminuição indica boa resposta ou remissão do processo e, portanto, melhor
prognóstico. Quando se usa a dosagem seriada da PCR na prática necessário estar
atento à unidade usada para sua medida, pois alguns laboratórios usam a unidade
de concentração em miligramas por litro (mg/L) e outros miligramas por decilitro
(mg/dL), sendo que 1mg/dL é igual a 10mg/L. Apesar do amiloide "A" sérico ser um
marcador mais sensível que a PCR para detectar atividade de doenças
inflamatórias, é uma proteína menos estudada e os testes para sua dosagem não
estão amplamente disponíveis nos laboratórios. Já a velocidade de
hemossedimentação (VHS) é um indicador indireto da resposta de fase aguda.
Nesta situação, seus valores dependem, principalmente, da concentração de
fibrinogênio no plasma. Apesar de ser um teste simples e de baixo custo, apresenta
diversas limitações, sofrendo interferência de vários fatores, como alterações no
número, formato e tamanho das hemácias, e aumentando significativamente com o
avançar da idade. Além disso, enquanto a VHS se altera lentamente com a evolução
da doença, a PCR sofre alterações muito mais drásticas em questão de horas. Por
isso, entre os exames usados como marcadores de fase aguda, a dosagem da PCR
é a de melhores resultados na prática clínica.
O valor médio da PCR em pessoas saudáveis é de até 0,8mg/L.
Aproximadamente 99% da população saudável têm valores de PC abaixo de 10mg/L
e, na maioria dos casos, os níveis não chegam a 2mg/L. Valores acima de 10mg/L
indicam processo inflamatório em atividade.

3. TIPOS DE AMOSTRA

Coleta de sangue por punção capilar; usualmente a lateral do dedo anelar é


utilizada para a punção. Limpe a área da punção com um algodão umedecido com
álcool. O dedo deve ser limpo minuciosamente; utilize uma lanceta estéril para a
punção. Segure o dedo inclinando-o para baixo. Aplicar gentilmente uma leve
pressão na região da punção. Evite apertar o dedo para coletar o sangue. Limpe a
primeira gota de sangue com uma gaze estéril. Feito o procedimento, coletar a
amostra. Se o fluxo de sangue for insuficiente, deve se massagear suavemente a
base do dedo para produzir um volume de gota adequado. Evite pressionar o dedo
em demasia; O sangue deve ser coletado com uma pipeta seguindo procedimentos
padronizados. As amostras devem ser analisadas imediatamente após a coleta.
Coleta de sangue por punção venosa: Seguir os procedimentos padronizados
para a coleta de punção venosa de sangue total com um tubo de coleta de sangue
contendo anticoagulante adequado (Citrato de Sódio, Heparina ou EDTA); é
recomendado que a amostra seja analisada imediatamente após a coleta. Não deixe
a amostra em temperatura ambiente por período prolongado. Se não puder analisar
a amostra imediatamente, deve-se armazená-la de 2~8 ºC; não é adequado analisar
amostra de sangue que ficou armazenada 2~8 ºC por mais de 2 dias.
Coleta de soro ou plasma: Seguir os procedimentos padronizados para a
coleta de punção venosa de sangue total com um tubo de coleta de sangue
contendo anticoagulante adequado (Citrato de Sódio, Heparina ou EDTA); separe o
plasma/soro do sangue o mais rápido possível a fim de evitar a hemólise; O teste
deve ser realizado imediatamente após a amostra ser coletada. Não deixe a amostra
na temperatura ambiente por período prolongado. As amostras podem ser
armazenadas de 2~8°C por até 2 dias. Durante longos períodos de armazenamento,
as amostras devem ser mantidas abaixo de -20°C.
Nota: Apenas as amostras não hemolisadas podem ser utilizadas. As
amostras congeladas devem ser mantidas em temperatura ambiente para sejam
completamente descongeladas e bem homogeneizadas antes da execução do teste.
As amostras não devem ser congeladas e descongeladas repetidamente.
4. PRINCÍPIO DO TESTE

A turbidimetria baseia-se na detecção ótica de partículas muito pequenas


suspensas em líquido. Quando o anticorpo anti-proteínas C-reativa humana que
reveste as partículas reage com a PCR presente na amostra, formam-se os
imunocomplexos insolúveis que provocam a aglutinação e induzem uma turbidez,
medida por espectofotometria a 540nm. Essa turbidez é diretamente proporcional à
concentração da Proteínas C Reativa da amostra. A intensidade do sinal de
anticorpos fluorescentes detectados reflete a quantidade de PCR capturados
durante a reação, o indica a sua concentração na amostra de sangue.

5. PRECAUÇÕES, CUIDADOS ESPECIAIS, ARMAZENAMENTO E


ESTABILIDADE

Os reagentes destinam-se ao uso diagnóstico in vitro, não devendo ser


ingeridos ou entrar em contato com a pele e mucosas. Deve-se manipular os
reagentes com cautela no sentido de evitar sua contaminação química ou biológica.
Os controles foram testados para a presença de anticorpos anti HIV e HbsAg,
entretanto recomenda-se sua manipulação com a maior cautela possível. Os
reagentes por conterem azida sódica em sua composição, não podem entrar em
contato com metais (como existente em alguns tipos de tubulação), pois há risco de
explosão (formação de azidas metálicas); quando de seu descarte, usar água em
abundância. Consulte o serviço de vigilância sanitária local sobre as melhores
práticas de descarte.
Para fins de transporte o conjunto pode ser mantido em temperatura ambiente
por até 3 dias. No laboratório deve ser armazenado sob refrigeração (2 a 8 ºC)
aonde permanece estável até a data de validade expressa em rótulo desde que
isento de contaminação química ou microbiana. Entre a coleta e a execução da
análise, a amostra deve ser mantida sob refrigeração (2 a 8 ºC) aonde a amostra se
mantém estável por até 7 dias, desde que não haja contaminação microbiana. Em
temperaturas 20°C negativos, as amostras permanecem estáveis por até 90 dias,
desde que armazenado apenas o soro, após remoção do coagulo e livre de
hemácias, e que o congelamento seja realizado antes da amostra completar 12
horas pós coleta.
6. PROCEDIMENTO TÉCNICO

Prova qualitativa: Deixar que os reagentes e amostras adquiram a


temperatura ambiente; adicionar 0,05mL (50µL) da amostra e 0,05mL (50µL) dos
controles positivo e negativo nas delimitações da lâmina; agitar vigorosamente o
reagente (em vórtex ou batendo contra a palma da mão 10 a 15 vezes), e adicionar
0,05mL (50µL) deste à amostra e controles, homogeneizando a seguir com bastões
limpos; agitar em agitador mecânico tipo Kline ou similar (cerca de 80 a 100rpm) por
2 minutos;
Resultados: observar a lâmina sob uma fonte de luz branca incidente, a olho
nu, procurando uma aglutinação das partículas, o que caracteriza reação positiva. A
não ocorrência de aglutinação caracteriza reação negativa.
Observação: quando a amostra apresentar uma ligeira aspereza, pode estar
ocorrendo o fenômeno de prozona, neste caso, dilui-se a amostra a 1:10 no tampão
glicina (diluído) e repete-se a determinação, e se o resultado obtido for positivo
parte-se para a quantificação da amostra, do contrário, considera-se a amostra como
não reagente, obter informações sobre o quadro clínico do paciente e expectativas
do médico assistente podem facilitar a decisão quanto a classificação das amostras
como possíveis prozonas.
Prova quantitativa: Preparar uma série de diluições do soro; identificar as
posições da lâmina, a seguir acrescentar 50µL de tampão glicina pH 8,2 em cada
uma das posições; transferir 50µL da amostra para a primeira posição da lâmina,
homogeneizar com a micropipeta (aspirando e dispensando a diluição), transferir
50µL desta diluição para a próxima posição, repetir este procedimento até a última
posição identificada, desprezando a última alíquota; Testar as diluições conforme o
disposto na técnica qualitativa, substituindo as amostras pelas diluições;
Resultado: o título é considerado como a recíproca da entre diluição que
apresentar reação positiva (aglutinação visível a olho nu).

7. LIMITAÇÕES DO TESTE

Alguns processos inflamatórios ocorrem sem a elevação de PCR. São


exemplos disto doenças autoimunes como a esclerodermia, o Lúpus, e
dematomiosite, onde frequentemente se vê atividade de doença na ausência de
elevação de PCR (exceto na presença de artrites ou serosites ou dano tecidual
causado por vasculites). Nestes processos a PCR não deve ser usada para
monitoramento de atividade.
Utilizar plasma, soro ou sangue total, o anticoagulante recomendado é o
EDTA. Outros anticoagulantes (heparina, citrato) podem ser utilizados para análise
do plasma. O resultado do Proteína C Reativa (PCR) deve ser avaliado por um
profissional qualificado aliado aos dados clínicos do paciente em conjunto com
outros resultados de exames laboratoriais. Resultados falso-positivos podem ocorrer
por reações cruzadas com alguns anticorpos semelhantes e com epítopos similares
de componentes não específicos presentes no sangue. Outros fatores podem
interferir no Proteína C Reativa (PCR) e causar resultados errôneos. Estes incluem
erros de técnica e de procedimento bem como substâncias adicionais
desconhecidas em amostras do sangue.

8. REFERÊNCIAS

Friedman and Young.Effects of disease on clinical laboratory tests, 3th ed. AACC
Press,1997.

Henry, J.B. et al.: Diagnósticos clínicos e conduta terapêutica por exames


laboratoriais, 16a. Ed., Ed. Manole, 1983.

Koenig W,Sund M, Frohlic M, et AL. C-reactive potein, a sensitive marker of


inflammation, predicts future risk of coronary heart disease in initially healthy middle-
aged men. Circulation 1999.

Lagrand WK, Visser CA, Hermens WT, Niessen HW, Verheugt FW, Wolbink GJ, et
al. C-reactive protein as a cardiovascular risk factor: more than an epiphenomenon
Circulation 1999.

Robins, S. et al.: Patologia estrutural e funcional, 4a ed., G. Koogan, 1991.

Zwaka TP, Hombach V, Torzewski J. C-reactive protein-mediated low density


lipoprotein uptake by macrophages: implications for atherosclerosis. Circulation
2001.

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