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A violência contra a mulher é um fenômeno que tem sido debatido na sociedade

desde a antiguidade, na contemporaneidade, o isolamento social como medida para


conter o vírus Sarcovi-19, tem agravado esta problemática que já antes se mostrava
complexa. O índice de violência doméstica contra a mulher se elevou diante do decreto
de emergência para enfrentar à pandemia do Covid-19, quando as famílias passaram a
conviver mais tempo no ambiente doméstico e em uma situação de insegurança e
tensão.

Diante do exposto, para fazer frente ao combate a violência contra a mulher, o


poder público buscou desenvolver políticas de ações direcionadas à prevenção do
aumento da violência doméstica. O MMFDH lançou plataformas digitais dos canais de
atendimento da ONDH: o aplicativo Direitos Humanos BR e o site
ouvidoria.mdh.gov.br, e através de ligações para o Disque 100 e Disque 180. Por meio
desses canais, qualquer pessoa pode registrar situações de violência doméstica e outras
violações de direitos humanos.

Sendo assim, este trabalho teve como objetivo geral problematizar o aumento da
violência doméstica no contexto de isolamento social pela Pandemia de Covid 19, a
partir dos dados do Disque 100 e Disque 180.

O cenário atual revela, sobretudo, os reflexos de uma sociedade machista e


patriarcal que reforça o modelo hegemônico de masculinidade construída a partir de
significados que associam ao sexo masculino a força e o poder. Observa-se que as
centrais telefônicas, os sites de divulgação e os canais midiáticos são importantes
ferramentas para auxiliar no combate a violência doméstica, contudo, o enfrentamento à
violência contra a mulher no contexto pandêmico não pode se limitar ao registro de
denúncias apenas. É preciso conscientizar que o fenômeno trata-se de um problema
estrutural e exige estratégias de intervenção a curto, médio e longo prazo para ser eficaz.

Para compreender as bases estruturais de dominação é preciso entender o


contexto por detrás da realidade dos fenômenos que envolve o indivíduo. Neste sentido,
esta pesquisa buscou fazer uma análise sobre a crise pandêmica e como este fenômeno
contribuiu para o aumento da violência doméstica contra as mulheres. Para isso
utilizamos como categorias de análise: raça, idade, gênero, estado, relação da vítima
com o suspeito e tipo de violência. Conforme observado no levantamento do perfil dos
casos de violência denunciados no ano de 2020, as vítimas de violência doméstica eram
na sua maioria do sexo feminino,74,0%, sendo 38,0% vítimas de violência física,
concentrando-se nas faixas dos 40 aos 44 anos 15,0%, dos 35 aos 39 anos 15,0%, dos
30 aos 34 anos 14,0%. Em relação a raça/cor a maioria das mulheres vítimas são
autodeclaradas brancas 64,0%, pardas 27,0% e negras 9,0%. Na variável estado, as
maiores taxas de violência ocorreram nos estados de SP, 24,0%, RJ, 15,0% e MG,
11,0%. Além disso, as mulheres que recebiam até um salário mínimo era de 57,0%, de 1
a 3 salários mínimos 34,0%, e de 3 a 5 salários mínimos 6,0%.

Constata-se que a violência causado pelo isolamento na pandemia atinge de


forma mais contundente mulheres negras e pobres. O vírus descortina diante de nós a
desigualdade social que existe e perpassa não apenas a violência e questão de gênero,
mas outros fatores sociais, tais como classe, raça, cor, etc. que se coloca como um
entrave ao acesso à informação e aos direitos.
O aumento da violência doméstica exigida pela coabitação compulsória mostra a
importância de uma política de enfrentamento dessa problemática com ações, não
apenas assistencial, mas também põe em discussão a necessidade de ampliação de
políticas de saúde voltadas para as mulheres vítimas de violência, visto que, a violência
doméstica provoca danos à integridade física e psicológica da mulher. Portanto, torna-se
de vital importância a reflexão sobre o papel das políticas de saúde vinculadas as demais
políticas, na atenção às vítimas de violência, possibilitando a articulação entre a garantia
da Defesa, da Promoção e do Controle.

Conhecer as particularidades deste fenômeno, incluindo as características dos


indivíduos envolvidos, bem como, os agentes desencadeantes são indispensáveis para o
desenvolvimento de ações eficazes de prevenção e de assistência às vítimas, inclusive
no que diz respeito aos danos físicos, emocionais e psicológicos provocados pela
violência

Nesse sentido, destaca-se a importância de compreender na íntegra, as identidades


sociais envolvidas, conhecer o perfil dos agressores, os tipos de agressão e as
características das vítimas que podem ser aliadas para direcionar planos de ação e
políticas específicas que priorizem as problemáticas relativas à violência contra a
mulher, no sentido de desenvolver ações preventivas e melhorar as políticas públicas
existentes.
O estudo tem relevância social e científica, pois chama a atenção do Estado para
a urgência na elaboração de políticas públicas voltadas para as mulheres vítimas de
violência, tanto durante quanto no pós pandemia para assegurar a promoção, proteção e
defesa dos direitos humanos das mulheres em situação de violência.
Desta forma, acredita-se que o presente estudo pode subsidiar a tomada de decisão para
o enfrentamento desse fenômeno, entendendo-o como problema de saúde pública e
ampliando a discussão acerca do tema.

Destaca-se como limitação do estudo os casos de subnotificação da violência pelos


canais do Disque 100 e Disque 180. Um estudo que incluísse todos os dados concretos
poderia auxiliar para resultados mais robusto sobre o tema estudado. Por fim, verifica-se
a necessidade de pesquisas posteriores que abordem tanto as notificações quanto as
subnotificações afim de trazer dados amplos envolvendo mulheres vítimas de violência
na pandemia.

Os dados revelaram que a que a violência causado pelo isolamento na pandemia


atinge de forma mais contundente mulheres negras e pobres. O vírus descortina diante
de nós a desigualdade social que existe e perpassa não apenas a violência e questão de
gênero, mas outros fatores sociais, tais como classe, raça, cor, etc. que se coloca como
um entrave ao acesso à informação e aos direitos. Conclui-se que conhecer as
particularidades deste fenômeno, incluindo as características dos indivíduos envolvidos,
bem como, os agentes desencadeantes são indispensáveis para o desenvolvimento de
ações eficazes de prevenção e de assistência às vítimas, inclusive no que diz respeito às
políticas de saúde, considerando os danos físicos, emocionais e psicológicos provocados
pela violência.

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