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UFRN/CCHLA/DEPARTAMENTO DE LETRAS

DISCIPLINA: LET2006 – FONÉTICA E FONOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA


ALUNO(A):_______________________________________________________________

I – Transcrição do ‘s’ posvocálico seguido de consoante

A realização do 's' posvocálico diante de consoante vozeada (por exemplo, em vesga) pode ser a
fricativa alveolar vozeada [z] ou a fricativa alveopalatal vozeada [ʒ]. O natalense pronuncia como
alveolar [z] e o carioca, como alveopalatal [ʒ]. Nesse ambiente, o 's' ortográfico seguido de consoante
vozeada, no caso o [g], só pode ser realizado como vozeado. Se fosse a consoante [t], que é
desvozeada, a seguir o 's', este seria realizado como uma consoante desvozeada: [s] para o paulista e
alveopalatal desvozeada [∫] para o natalense, o carioca e o pernambucano, por exemplo. Assim,
constata-se que a realização do 's' ortográfico depende da consoante que o segue, havendo um caso de
assimilação, ou seja, ele assimila o traço vozeado ou desvozeado da consoante seguinte e, portanto,
ora se realiza como vozeado ora como desvozeado. Exemplos: ['past ] ou ['pa∫t ]; ['aznU] ou ['aʒnU]

I – Transcrição do ‘r’ posvocálico seguido de consoante

Assim como ocorre a assimilação do 's' ortográfico em relação à consoante que a segue, essa mesma
regra, a de assimilação, serve para o 'r' ortográfico seguido de consoante. Ou seja, se a consoante
seguinte for vozeada, só pode ocorrer um 'r' vozeado e nunca um desvozeado. Assim, em verdade,
não pode ocorrer a fricativa velar [x] antes de consoante vozeada por ser ela desvozeada. Tomemos a
palavra ‘carga’. Ela pode ser transcrita das seguintes formas: [ka g ], [kaɦg ], [karg ], [kaɾg ],
[kařg ]. Assim, a depender da pronúncia do falante, nessa palavra, podem ocorrer a fricativa velar
vozeada[ ], a fricativa glotal vozeada[ɦ], o tepe [ɾ], a vibrante [ř] ou ainda o retroflexo [r], pois todos
são vozeados.

II – Transcrição dos glides

Em relação aos ditongos, o glide 'u' deve ser transcrito com o símbolo [ʊ̯ ] e o diacrítico embaixo.
Gostaria só de esclarecer que diacríticos são sinais gráficos colocados nos símbolos fonéticos. Os
símbolos dos glides (=semivogais) são [ɪ̯] e [ʊ̯ ]. Como adotamos a representação de Cristófaro, o
símbolo do glide ‘u’ deve vir com as pontas viradas para o lado como se fosse uma ferradura
invertida e com o diacrítico embaixo.

III – Consoante vozeada e desvozeada

O fato de um som consonântico ser vozeado ou desvozeado não se relaciona com a nitidez ou a falta
disso ao se pronunciar uma palavra. Se vocês lerem o slide sobre aparelho fonador postado no
moodle ou a página 48 da apostila, verão que essa diferença está relacionada à obstrução ou não que
há da passagem da corrente de ar ao passar pela glote, o que pode causar uma vibração das cordas (ou
pregas) vocais ou não. Em outras palavras, se essa corrente de ar for obstruída ao passar pela glote, as
cordas vibram e o som vai ser vozeado. Se, ao contrário, o ar passar livremente, as cordas não vibram
e o som vai ser desvozeado.

IV – Transcrição do ‘nh’

As palavras que têm o grafema ‘nh’, podem ser transcritos com os símbolos fonéticos [ ] ou [nj] ou
[ ] a depender da realização do falante. Assim também ocorre com o grafema ‘lh’, que pode ser
transcrito de três formas diferentes: [ ] ou [l ] ou [ ].
j

SÍMBOLOS FONÉTICOS DAS CONSOANTES, VOGAIS E GLIDES (=SEMIVOGAIS)

VOGAIS: a e i ᴐ u ã ẽ ĩ õ ũ (U I Ə) = estas que estão entre parênteses são


vogais usadas em final de palavra quando a sílaba final é átona). Por exemplo: cola
[′kᴐlƏ], bico [′bikU], leque [′lƐkI]

CONSOANTES: p b t d k g f v s z l lj ∫ mn nj ɾ x hɦr ř

GLIDES: [ɪ̯] e [ʊ̯ ]

OBS: a letra “l” quando forma uma ditongo, como em mal ou em sol, deve ser transcrito com o
símbolo [w].

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