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A morte do Autor

A Morte do Autor, de Roland Barthes, inicia com um questionamento de


quem é a voz que aparece em uma novela de Balzac, no entanto para ele esta
voz está morta, pois a escrita comete esse assassinato assim que nasce.

Logo depois Barthes escreve um pequeno histórico que começa em


Mallarmé até o Surrealismo que faz com que a imagem do autor passe a não
ser mais santificada. O autor agora ressuscita junto com seu texto, estão na
mesma linha do tempo, o texto é escrito aqui e agora, tem um caráter
performativo, inscreve não mais expressa.

A escritura é a destruição de toda voz, de toda origem. Essa é a idéia


central em “A morte do autor: da obra ao texto”. Segundo Barthes colocar um
autor em um livro seria "dotá-lo de um significado último", o autor não é o
proprietário da linguagem, pois é a própria linguagem que fala na obra. A
escrita é uma experiência impessoal. Portanto, o autor não antecede e
nem excede, mas nasce no aqui e agora da obra.

Para Barthes, a escritura é um neutro, um composto e um oblíquo


para o qual se lança o sujeito. É também um lugar opaco (branco e preto)
onde toda identidade se perde, principalmente aquela identidade do
indivíduo que escreve. Conte-se um fato e esse desligamento acontece. A
voz perde a sua origem, o autor entra na sua própria morte, a escritura
começa. Isso contrasta em muito com a postura de elevação da pessoa do
autor por parte do positivismo em assuntos de literatura.

Roland Barthes abriu uma questão necessária para o apagamento da


autoria diante do chamado império do autor, para o mesmo a morte da autoria
revelaria a linguagem como o único lugar de onde se origina a fala e o discurso
no tecido literário. Como mesmo afirma Barthes (2004, p. 59), “é a linguagem
que fala e não o autor”. O ato de escrever, que resulta no trabalho da escritura,
é, “através de uma impessoalidade prévia – que não se deve em momento
algum se confundir com a objetividade castradora do romance realista –, atingir
esse ponto (o ponto em que a linguagem) em que só linguagem age,
‘performa’, e não ‘eu’.” (Barthes, 2004, p. 59).

É a linguagem que pronuncia não o autor, com sua história, seus


gostos e suas paixões. Barthes opina que fornecer ao texto um autor é travá-
lo, é fechar a escritura. E o reinado do autor foi também aquele do crítico. É o
leitor agora que dá ao texto suas múltiplas significações, a partir de diversas
escrituras que dialogam, parodiam-se e contestam-se. É sintomático, portanto,
que o nascimento do leitor implica a morte do Autor. Barthes sugere que os
leitores criam suas próprias interpretações independentemente das intenções
do autor.
Barthes confirma que “o leitor é o espaço onde todas as palavras do
texto são inscritas sem que nenhuma se perca [e que] a unidade do texto
reside não na sua origem, mas no seu destino”, proclamando um
“nascimento do leitor” que acontece à custa da morte do autor.

Atualmente com os adventos tecnológicos que facultam, com um mínimo


de conhecimentos técnicos, cada vez mais, a intervenção do leitor, através da
visualização das associações e dos comentários que se elabora torna-se mais
concreta a transferência de parte do poder do escritor para o leitor.

Um exemplo dessa nova realidade são os hipertextos, que de certa forma,


vão ao encontro das solicitações de Barthes: a liberdade da escrita da "tirania
do autor" pela facilidade que dá a cada leitor de adicionar, alterar ou
simplesmente editar outro texto, abrindo possibilidades de uma autoria coletiva
e quebrando a idéia da "ecriture" como originária de uma só fonte.

Cada leitor não muda fisicamente as palavras, mas reescreve o texto,


simplesmente através de sua reorganização enfatizando diferentes
pontos que podem de forma sutil, alterar seu significado.

AS PARTES EM NEGRITO (VERMELHO) SÃO PARA SEREM


TRANSCRITAS NO SLIDE.

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