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ATIVIDADE FÍSICA DURANTE A PANDEMIA

A prática de atividade física dentro de casa vem


sendo preconizada como a melhor forma de se
manter saudável durante a pandemia de Covid-19.
Por isso, reunimos, numa sequência de 12 perguntas
e respostas, algumas das principais recomendações
de duas sociedades médicas. Veja também
importantes dicas sobre o uso de máscara em
exercícios ao ar livre, se isso for permitido na sua
cidade.

Em pouco mais de seis meses, desde o primeiro caso de contaminação


humana pelo novo coronavírus, no final do ano passado, na China, mais
de 6 milhões de pessoas em todo o mundo foram infectadas, de acordo
com o Worldometer. Assim, governos ao redor do globo começaram a
adotar medidas restritivas para evitar aglomerações.

Uma das ações a fim de tentar conter a pandemia de Covid-19 foi o


fechamento de espaços públicos e privados destinados à prática de
atividade física e exercício. Além disso, cidades entraram em quarentena
ou “lockdown” (fechamento quase completo das atividades), e a
população foi estimulada a ficar em casa.

Esses fatos, somados, ligaram um importante alerta entre os especialistas


da área da saúde: o aumento do sedentarismo.

Pesquisador recomenda atividade física em casa

Estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP)


publicado no American Journal of Physiology, no fim de maio, alerta que
o sedentarismo provocado pela quarentena pode contribuir para a
deterioração da saúde cardiovascular, ainda que em curtos períodos de
tempo. Idosos e portadores de doenças crônicas, ressalta a pesquisa,
tendem a ser os mais afetados.

Para os autores, o apelo das autoridades governamentais e sanitárias para


que a população fique em casa é válido, mas deveria vir acrescido de uma
segunda recomendação: “não fiquem parados”.

Em entrevista à Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do


Estado de São Paulo), um dos pesquisadores, o educador físico e doutor
em Ciência Tiago Peçanha, lembra que a Organização Mundial da Saúde
(OMS) recomenda, no mínimo, 150 minutos de atividade física de
moderada a intensa por semana.

“O uso de academias e centros


esportivos ficará limitado nos próximos
meses, mesmo após o fim da
quarentena. A atividade física realizada
no ambiente domiciliar surge como uma
alternativa interessante”, comenta.
Os impactos da inatividade física sobre o organismo

Os pesquisadores relatam alguns experimentos significativos sobre o


rápido impacto do sedentarismo na saúde. Em um deles, por exemplo,
voluntários foram induzidos a reduzir o número de passos diários, de 10
mil para menos de 5 mil.

Apenas uma semana depois, foi constatada redução no diâmetro da


artéria braquial, que é o principal vaso do braço. Além disso, o estudo
detectou, nos participantes, perda da elasticidade dos vasos sanguíneos
e danos ao endotélio, a camada de células epiteliais que recobre o interior
das veias e artérias.
Em outro experimento, voluntários foram mantidos sentados
continuamente durante um intervalo de três a seis horas. O tempo de
inatividade foi suficiente para promover alterações vasculares e aumento
nos marcadores de inflamação e no índice glicêmico pós-alimentação.

“Essas primeiras alterações observadas


(…) são funcionais, ou seja, o coração e
os vasos sanguíneos dos voluntários
saudáveis passaram a funcionar de
forma diferente em resposta à
inatividade física. Caso a situação se
prolongue, porém, a tendência é que se
transformem em alterações estruturais,
mais difíceis de reverter”, explica
Peçanha.
Sedentarismo tem efeitos mais nocivos em doentes
crônicos

Os efeitos do sedentarismo prolongado tendem a ser ainda mais


devastadores em pessoas com doenças cardiovasculares e outras
condições crônicas de saúde, como diabetes, hipertensão, obesidade
e câncer. Já em idosos, pode agravar a perda generalizada de massa
muscular (sarcopenia) e aumentar o risco de quedas, fraturas e outros
traumas físicos.

“Essas populações mais vulneráveis


aos efeitos do sedentarismo também
integram o grupo de risco da Covid-19 e,
portanto, precisarão se resguardar em
casa durante os próximos meses. O
ideal é que encontrem estratégias para
se manterem ativas, seja realizando
tarefas domésticas, caminhando até o
jardim, subindo escadas, brincando com
os filhos ou dançando na sala”, orienta
Peçanha.
De acordo com o pesquisador, evidências científicas indicam que a prática
de exercícios no ambiente domiciliar é segura e eficaz para controlar a
pressão arterial e melhorar as taxas lipídicas. Ademais, promove ganhos
na composição corporal, na qualidade de vida e no sono.

Para os pacientes de maior risco, principalmente aqueles não habituados


à prática de exercícios, Peçanha recomenda supervisão por profissionais
de saúde, ainda que a distância. Para isso, podem ser usados dispositivos
eletrônicos, como câmeras e aplicativos de celular.

“Estudos mostram que as pessoas


tendem a aderir melhor à atividade física
quando se cria um ambiente on-line que
favoreça o suporte social e a interação
entre os praticantes”, afirma o
pesquisador.
Sociedades médicas reforçam importância da
atividade física na pandemia de Covid-19

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) corrobora os achados da FM-


USP. Em um posicionamento do Departamento de Ergometria, Exercício,
Cardiologia Nuclear e Reabilitação Cardiovascular (Derc) sobre a atuação
médica durante a pandemia de Covid-19, publicado em maio, a SBC
ressalta que a prática de atividade física regular é essencial para
promoção de saúde e correção dos fatores de risco para doenças
cardiovasculares.

“O sedentarismo piora a evolução e


aumenta a mortalidade das doenças
crônico-degenerativas”, destaca o
documento.
Da mesma forma, a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do
Esporte (SBMEE) lembra que pessoas ativas fisicamente apresentam
melhora do sistema imunológico. Num informe emitido em abril, a SBMEE
também aconselha obesos e diabéticos a continuar, durante a pandemia
de Covid-19, programas de atividade física que lhes tenham sido
prescritos, pois “exercício é remédio”.

Esta semana, a entidade lançou um novo comunicado, com


esclarecimentos à população sobre o uso de máscaras durante os
exercícios. O Estúdio André Guzmán reuniu algumas orientações dos
dois documentos da SBMEE e também do comunicado do Derc/SBC.
Confira abaixo.

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