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Conceito de Coordenação

Até agora, analisamos o período simples, em que se estuda apenas a


relação entre as
palavras dentro de uma só oração.
A análise desta vez é macro, pois olhamos aqui para a relação entre as
orações. A partir
de agora irei falar sobre as famigeradas orações (coordenadas,
subordinadas – justapostas,
desenvolvidas e reduzidas – e interferentes). Este tipo de estudo faz parte
da análise sintática
de uma sentença constituída por mais de uma oração e a relação entre
elas.
Vamos começar pelo conceito de coordenação, ok? Acompanhe!
A coordenação trata da relação de independência entre termos e
orações. Fique tranquilo,
pois explicarei com bastante cautela este assunto. Fique sabendo que,
para os concursos, o que
importa de verdade é a coordenação entre as orações. Mas vou falar
agora brevemente sobre
a coordenação entre os termos.
Lembra-se de todos os termos sintáticos que a gente já viu até agora?
Sujeito, predicativo,
objeto, complemento, adjunto, aposto etc. Então... quando esses termos
(ou seus núcleos) vêm
enumerados, seja separados por vírgula, seja ligados por alguma
conjunção, dizemos são
coordenados. Exemplo: “Maria, João e José disputarão cabo de guerra
com Marta, Pedro e
Paulo.”. Note que os termos sublinhados estão coordenados, um ao lado
do outro, seja
separados por vírgula, seja ligados por uma conjunção (no caso, e). O
mesmo se dá com as
orações.
Por isso, vamos ao que interessa... a coordenação entre as orações.
Quando você lê uma frase com duas orações (período composto), é certo
que elas mantêm
algum tipo de relação. No caso da coordenação, percebemos que as
orações estão
simplesmente uma ao lado da outra (coordenadas), com uma estrutura
sintática completa,
de modo que uma oração não depende da outra. Falar que uma oração
tem estrutura sintática
completa significa dizer que ela tem sujeito (explícito ou implícito) +
predicado (explícito ou
implícito). Nas orações sem sujeito, só vai haver predicado, é claro. Veja:
Os alunos se encontram muito ansiosos; já as alunas estão tranquilas.
Note que a primeira oração (Os alunos se encontram muito ansiosos) tem
sujeito e
predicado, logo está completa. Perceba também que seria até possível
colocar um ponto (.) no
fim dela para visualizarmos que ela, de fato, está completa. O mesmo
ocorre com a segunda
oração (já as alunas estão tranquilas). Concluindo: uma oração não
depende da outra, porque
cada uma tem sua estrutura completa, uma não precisa da outra
sintaticamente.
É por isso que se diz que o período composto por coordenação apresenta
orações
sintaticamente independentes, isto é, existe uma oração ao lado da
outra, mas uma nãodepende da outra nem exerce função sintática na
outra.
Tenho mais a dizer. Vou apresentar mais argumentos para ajudar seu
cérebro.
É o seguinte: as orações coordenadas podem ser separadas por vírgula,
ponto e vírgula
(exemplo já visto), dois-pontos ou travessão. Veja:
Os alunos se encontram muito ansiosos, já as alunas estão tranquilas.
Os alunos estão se esforçando muito: com certeza serão classificados.
Tirei a ansiedade de um só aluno – não fui bem-sucedido com os
outros.
Obs.: As orações coordenadas não podem ser separadas por ponto (.). No
entanto, se tais
orações fossem separadas por ponto (Os alunos se encontram muito
ansiosos. Já as
alunas estão tranquilas.), teríamos orações absolutas (ou períodos
simples). O uso do
ponto (.) é apenas um recurso para entendermos como elas são, de fato,
sintaticamente
independentes, por isso as chamamos de orações coordenadas..
Percebeu que as orações separadas por pontuação se encontram c-o-o-r-
d-e-n-a-d-a-s, isto
é, independentes sintaticamente? Por um motivo muito simples: uma não
depende da outra,
pois elas têm estrutura sintática completa.
Insisto em que as orações são sin-ta-ti-ca-men-te independentes. Por que
insisto? Simples.
Muitos professores dizem que as orações coordenadas são também se-
man-ti-ca-men-te
independentes. Isso é mentira, pois em um período como “Os alunos
estão se esforçando
muito: com certeza serão classificados”, a segunda oração depende
semanticamente da
primeira, pois só sabemos quem será classificado porque na primeira
oração há essa
informação, a saber: os alunos.
Portanto, a coordenação é uma independência sintática, em que uma
oração não depende da
outra para estar completa (sintaticamente).

Orações Coordenadas Assindéticas e Sindéticas


Falarei agora de dois tipos de orações coordenadas: as assindéticas e as
sindéticas. Não há
mistério algum nisso, beleza?
As assindéticas são justapostas (ou seja, postas uma ao lado da outra),
não iniciadas por
síndeto (= conjunção)! Adivinha quais são as sindéticas? Ora, são as
iniciadas por síndeto
(conjunção).
Vejamos as assindéticas e as sindéticas:
“Sou um gigolô das palavras, vivo às suas custas e tenho com elas
exemplar conduta de
um cáften profissional; abuso delas... maltrato-as, sem dúvida, e
jamais me deixo dominar
por elas; não me meto na sua vida particular, não me interessa seu
passado, suas origens,
sua família...” (Luís Fernando Veríssimo)
Percebeu que nenhuma assindética (em azul) é iniciada por conjunção
coordenativa? O
contrário não é verdadeiro, ou seja, as sindéticas (em preto) são
SEMPRE iniciadas por
conjunção coordenativa (no caso, a conjunção e).
É bom dizer também que as orações assindéticas normalmente mantêm
uma relação
semântica entre si, por isso é que muitas vezes as conjunções são usadas
para explicitar o
sentido que há entre as orações coordenadas assindéticas. Por exemplo,
em “Todos estavam
muito atrasados, não deram a mínima para isso.”, as orações assindéticas
mantêm uma relação
de oposição. É por isso que podemos explicitar esta relação semântica
por meio de um
síndeto, uma conjunção, tornando a segunda oração sindética: “Todos
estavam muito
atrasados, porém não deram a mínima para isso.”.
Vamos ver mais sistematicamente as orações coordenadas sindéticas
agora.
Dica de amigo do peito: Procure decorar as conjunções coordenativas,
que você já vai ter
mais do que meio caminho andado na hora de resolver essas questões.
Quando eu, Pestana,
quero resolver uma questão de orações coordenadas, vou em busca das
conjunções
coordenativas, pois elas sinalizam o valor semântico e a relação sintática
de coordenação.
Saiba também que, atualmente, os concursos mais sofisticados estão
menos preocupados
com a nomenclatura das orações e mais preocupados com a relação entre
as orações (seja de
coordenação, seja de subordinação).

Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas


Exprimindo ideia de soma, adição, sempre são iniciadas pelas
conjunções coordenativas
aditivas. Dê uma olhada no capítulo de conjunções coordenativas.
– Dezenove sem-terra morreram no local, e dois, a caminho do hospital.
– Eu não tinha estes olhos sem brilho nem tinha pensamentos amargos.
– Tanto leciona quanto advoga.
– Não só os parentes das vítimas ficaram chocados com o massacre,
como o povo externou
sua fúria contra os culpados pela chacina.
Cuidado!!!
1) Na primeira frase, a segunda vírgula indica a elipse do verbo. A leitura
deve ser feita
assim: Dezenove sem-terra morreram no local, e dois morreram a
caminho do
hospital. Ou seja, há uma oração, mas ela está implícita. Isso pode
ocorrer com as
demais orações (coordenadas ou subordinadas). Fique atento a isso, pois,
se o “homem
da banca” perguntar quantas orações há num período, você precisa estar
ligado na elipse
do verbo que a constitui. A FGV se amarra nisso!
2) Nas orações com conjunções correlativas (chamadas também de
séries aditivas
enfáticas, que costumam ser usadas quando se pretende enfatizar o
conteúdo da segunda
oração), só a segunda parte da correlação constitui oração coordenada
sindética aditiva.
3) Pode ocorrer coordenação entre orações que se subordinam à mesma
oração principal.
Chamamos isso de período misto. Falo melhor sobre isso mais à frente,
porém, para
ilustrar, veja o seguinte exemplo: “Lamento que não tenha passado no
concurso e que não
tenha conseguido alcançar seu propósito.”. As orações “que não tenha
passado no
concurso” e “que não tenha conseguido alcançar seu propósito” são
orações subordinadas
em relação à oração principal “Lamento”. Não obstante, são coordenadas
entre si, pois
estão ligadas pela conjunção coordenativa aditiva e. Nesses casos, pode-
se manter
apenas a primeira conjunção integrante (Lamento que não tenha passado
no concurso e
não tenha conseguido alcançar seu propósito.). O mesmo vale para ligar
orações
subordinadas introduzidas por pronomes relativos: “O concurso que fiz e
que obtive
ótimo resultado foi bem difícil.” ou “O concurso que fiz e obtive ótimo
resultado foi bem
difícil.”.
4) Às vezes o advérbio de inclusão (ou acréscimo) também vem ao lado
da conjunção e,
enfatizando a ideia de adição: “Ele estuda, e também ela não deixa por
menos.”.

Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas


Exprimindo ideia de adversidade, oposição, sempre são iniciadas pelas
conjunções
coordenativas adversativas. Dê uma olhada no capítulo de conjunções
coordenativas.
– Os economistas estão empolgados com o cenário atual, mas isso
durará pouco.
– A polícia invadiu a comunidade; o tiroteio, porém, continuava.
– O conhecimento enfuna, todavia é uma necessidade.
– O homem enriqueceu muito; continuou a defender as classes mais
desfavorecidas, não
obstante.
Cuidado!!!
1) Exceto mas, todas as conjunções adversativas podem ficar deslocadas
na oração
coordenada sindética adversativa.
2) Às vezes, a combinação de mas com outras conjunções adversativas
servem para realçar
o valor de adversidade: Sabe-se muito pouco sobre Deus, mas,
entretanto, muito se
fala sobre ele.
3) Segundo Sacconi e Cegalla, as orações coordenadas sindéticas
iniciadas por e com valor
adversativo (= mas) são classificadas como adversativas: Você prega
lealdade, e (=
mas) age de modo desleal?

Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas


Exprimindo ideia de alternância, exclusão, sempre são iniciadas pelas
conjunções
coordenativas alternativas. Dê uma olhada no capítulo de conjunções
coordenativas.
– A mulher ora o agradava, ora o ofendia.
– Quer chovesse, quer fizesse sol, tinha de sair.
– Ou o prefeito da cidade executa o projeto anunciado, ou os cidadãos
do município não
mais lhe darão crédito.
– Você vai ou não?
Obs.: Note que, nas três primeiras frases, ambas as orações em negrito
são coordenadas
sindéticas alternativas, pois apresentam síndeto. Na última frase, note
que o verbo está
elíptico, mas há oração; lê-se assim: Você vai ou não vai? Por último,
observe que, na
segunda frase, as orações coordenadas exprimem uma ideia de concessão
em relação à
última.
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas
Exprimindo ideia de conclusão, consequência, sempre são iniciadas pelas
conjunções
coordenativas conclusivas. Dê uma olhada no capítulo de conjunções
coordenativas.
– O povo não consegue alimentar-se bem; é um fato, pois, a
necessidade de empregos.
– Vocês são especiais em minha vida, por isso não vivo sem vocês.
– Ele estuda todo dia, logo resolverá facilmente as questões.
– Não me sinto preparado ainda, prestarei concurso só no próximo ano,
portanto.
Obs.: Algumas conjunções conclusivas podem ficar deslocadas dentro
das orações
coordenadas sindéticas conclusivas. Nesse caso, serão separadas por
vírgula.
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas
Exprimindo ideia de explicação, justificativa, sempre são iniciadas pelas
conjunções
coordenativas explicativas. Dê uma olhada no capítulo de conjunções
coordenativas.
– A necessidade de empregos é um fato, pois o índice aumenta a cada
dia.
– A criança devia estar doente, porquanto chorava muito.
– Amai, porque amor é tudo. – Quisera saber bem o Português, que eu
iria passar em todas
as provas.
Obs.: Se vier um verbo no imperativo (ou com valor optativo) antes de
uma dessas
conjunções, como nos dois últimos exemplos, tenha certeza de que a
oração iniciada por
uma dessas conjunções será coordenada sindética explicativa, sempre!

Paralelismo Sintático
O paralelismo sintático é um conceito que trata de um encadeamento

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