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Aula – Cimento Portland – 1ª Parte

Profª Drª Joana Darc Silva Pinto


Departamento de Engenharia Civil
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
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Editora UFMG.

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Aglomerantes
Aglomerantes são materiais pulverulentos que se hidratam em
presença de água formando uma pasta resistente capaz de aglutinar
agregados, dando origem às argamassas e concretos.

Tipos de aglomerantes mais utilizados na construção civil:

• Hidráulicos: Cimento Portland

• Aéreos: Cal e Gesso

Requisitos principais de um aglomerante:


– adesividade;
– trabalhabilidade;
– resistência mecânica;
– durabilidade;
– economia.
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Cimento Portland
Cimento Portland: É um pó acinzentado constituído de silicatos e
aluminatos de cálcio que se hidratam em presença de água resultando
em um material sólido muito semelhante a uma rocha artificial.

Nota Histórica:

• Patente do cimento Portland – 1824 (Joseph Aspin – Britânico)

• Protótipo do cimento Portland moderno foi idealizado por Isaac


Johnson (Britânico) em 1845, ao queimar uma mistura de argila,
calcário e giz até a formação do clínquer.

• A denominação do Cimento Portland é decorrente da semelhança do


cimento fabricado industrialmente com a pedra de Portland, calcário
argiloso extraído em Dorset na Inglaterra.
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Produção de cimento (milhões de t) no Brasil

60,8

Fonte: https://cimento.org/cimento-no-brasil/
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Processo Produtivo
MOAGEM
FARINHA QUEIMA MOAGEM
CALCÁRIO
CaCO3
FARINHA CLÍNQUER CIMENTO
CRUA C3S , C2S PORTLAND
C3A, C4AF
ARGILA
SiO2 , Al2O3
Fe2O3 ESCÓRIA

EXPEDIÇÃO
AREIA
SiO2 GESSO

MINÉRIO DE
(ou pozolana
FERRO Fe2O3 CALCÁRIO – argilas calcinadas
e/ou bauxita ou cinzas vulcânicas)
Esquema básico da fabricação do cimento

Preparo e dosagem da mistura crua Homogeneização


Clinquerização Esfriamento Adições finais e moagem
ensacamento

Calcário + Argila
80% 20%

Material crú forno clínquer gesso moagem cimento


T = 900 a 1450ºC CaSO4 = Sulfato de cálcio

Clínquer: Produto que sai do forno em forma de pelotas


esverdeadas e que depois de resfriado é moído e receber
a adição de 2 a 3 % de gesso. Tem-se então o cimento
como nós o conhecemos. 8
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CaCO3 (s) CaO (s) + CO2 (g)
Calcário Óxido de cálcio

O CaO reage com o Al2O3 (alumina), Fe2O3 (óxido de


ferro) e SiO2 (sílica) provenientes da argila e outras
matérias-primas, formando no interior do forno rotativo,
em ambiente de até 1450ºC, os compostos constituintes
do clínquer.

– 3CaO.SiO2 = C3S - Silicato tricálcico


– 2CaO.SiO2 = C2S - Silicato dicálcico
– 3CaO.Al2O3 = C3A - Aluminato tricálcico
– 4CaO.Al2O3.Fe2O3 = C4AF - Ferro aluminato tetracálcico

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Clinquerização
A formação dos compostos do cimento, que se dá
quando da formação do clínquer (clinquerização),
ocorre através das reações químicas no interior dos
fornos, segundo a sequência.
Sequência de reações no processo de fabricação:

Temperatura Processo

Até 100 ºC Evaporação da água livre

100ºC – 500ºC Calcinação das argilas


Modificação estruturais nos silicatos
500ºC – 900ºC
Decomposição dos carbonatos
900ºC – 1200ºC Reação de CaO com os sílico-aluminatos
Formação dos compostos do cimento -
> 1280ºC
clinquerização
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 Clinquerização T > 950°C
CaCO3 (s) CaO (s) + CO2 (g)

CaO + SiO2 + Al2O3 + Fe2O3

Clínquer

argila
T até 1450ºC

2CaO + SiO2 C2S Fonte: sobrinhopicui.blogspot.com

3CaO + SiO2 C3S representa 60% do clínquer


A formação dos compostos do cimento, que acontece quando da formação
do clínquer (clinquerização), ocorre por meio das reações químicas no
interior dos fornos.
Principais compostos químicos do clínquer (1)

Compostos Fórmula
química Abrev. Propriedades específicas
do clínquer
Endurecimento rápido
Silicato 3CaO.SiO2
Alto calor de hidratação
tricálcico 50 – 65% C3S
Alta resistência inicial
Endurecimento lento
Silicato 2CaO.SiO2
Baixo calor de hidratação
dicálcico 15 – 25% C2S
Baixa resistência inicial
Pega muito rápida controlada
com adição de gesso
Aluminato CaO.Al2O3 Suscetível ao ataque de sulfatos
C3A
tricálcico 6 - 10% Alto calor de hidratação
Alta retração
Baixa resistência final

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Principais compostos químicos do clínquer (2)

Fórmula Propriedades específicas


Compostos Abrev.
química do clínquer
Endurecimento lento,
Ferro 4CaO.Al2O3.
resistente a meios sulfatados,
aluminato Fe2O3 C4AF
não tem contribuição para
tetracálcico 3 – 8%
resistência, cor escura
Aceitável somente em
CaO pequenas quantidades, em
Cal livre C
0,5 - 1,5% maiores quantidades causam
aumento de volume e fissuras

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Tipos de Cimento Portland
Os principais tipos de cimento Portland, normalizados pela ABNT,
são:

• Cimento Portland Comum - CP I (com ou sem adição)

• Cimento Portland Composto - CP II (com adições de escória


de alto-forno, pozolana e filer)

• Cimento Portland de Alto-Forno - CP III (com adição de


escoria de alto-forno, apresentando baixo calor de hidratação)

• Cimento Portland Pozolanico - CP IV (com adição de


pozolana, apresentando baixo calor de hidratação)

• Cimento Portland de Alta Resistencia Inicial - CP V (com


maiores proporções de silicato tricálcico – C3S, que lhe confere
alta resistência inicial e alto calor de hidratação).
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Tipos de adições
Pozolana: É um material silicoso que em presença de
umidade, reage com hidróxido de cálcio, formando
compostos com propriedades aglomerantes.

Ex.: microssílica (produto obtido nos filtros do processo de fabricação


do silício metálicos), carvão ativado (resíduo obtido nas centrais
termoelétricas), escória de alto-forno (resíduo siderúrgico
proveniente da redução do minério de ferro).

Material carbonático: Minerais moídos, que tornam as


argamassas e concretos mais trabalháveis, tais como
calcário.

Filler: Material que passa na # 200 (0,075mm) - finos do


agregado.
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Tipos de Cimento Portland em
função das adições
Composição (%)
Tipos de Cimento Sigla
Clinquer Escória Pozolana Filer
CP I 100 0 0
Cimento Portland Comum 0
CP I - S 95 - 99 1-5
Cimento Portland composto
CP II – E
escória 56 - 94 6 - 34 - 0 - 10
Cimento Portland composto 76 - 94 - 6 - 14 0 - 10
CP II - Z
pozolana
Cimento Portland composto 90 - 94 - - 6 - 10
CP II - F
filer
Cimento Portland de
CP III 25 - 65 35 - 70 - 0-5
Alto-Forno
Cimento Portland
CP IV 50 - 85 - 15 - 50 0-5
Pozolânico
Cimento Portland de Alta CP V -
95 - 100 0 0 0-5
Resistência Inicial ARI
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Tipos de cimento e suas aplicações
Tipos de
Aplicação
cimento
Concreto armado com função estrutural
CP I Pisos industriais de concreto
Argamassa armada
Concreto armado com função estrutural
CP II Pisos industriais de concreto
Argamassa armada
Concreto armado com função estrutural
Pisos industriais de concreto. Argamassa armada
CP III
Concretos para meios agressivos
Concreto massa
Concreto armado com função estrutural
Pisos industriais de concreto. Argamassa armada
CP IV
Concretos para meios agressivos
Concreto massa
Concreto armado com função estrutural - desforma
rápida
CP V - ARI
Pisos industriais de concreto
Argamassa armada
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Classes de resistência do cimento

A denominação completa dos cimentos deve ainda indicar a classe de


Resistência, ou seja, 25, 32 ou 40 MPa, que são valores mínimos de
resistência a compressão que os diferentes tipos de cimentos devem
atingir a 28 dias.

A normalização adota estes valores para classificação dos cimentos,


já que ate 28 dias as principais reações de hidratação do cimento se
processam.

As reações de hidratação são responsáveis pela aquisição de


resistência a compressão dos cimentos e, portanto, dos compostos
com eles confeccionados.

E importante ressaltar que para o cimento Portland de Alta


Resistência Inicial (CP V-ARI) a resistência a compressão mínima
prevista pela normalização é de 34 MPa a ser atingida a 7 dias.

Exemplos: CPI 25 - CPII E 32 - CPIII 40 - CPIV 32 - CP V 34


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Resistência à compressão

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