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Os fractais e a evolução
Como sabemos, os fractais estão presentes em quase tudo que nos rodeia. Não precisamos nos
esforçar muito para reconhecê-los nos ossos dos animais, nas montanhas, nas árvores,
nos caminhos dos rios, nas costas dos continentes, …
No entanto, o fato desses elementos da natureza serem exemplos de fractais não é a única coisa
que têm em comum. Todos eles apresentam uma forte característica: são frutos da evolução.
Desde que Charles Darwin publicou em “On the Origin of Species” (1859) a teoria da evolução
biológica, aprendemos que a seleção natural (advinda do confronto dos seres com as
adversidades do meio) promove adaptações para perpetuar as espécies. Essa adaptação foi
sintetizada na palavra evolução.
Voltamos agora ao osso. Tecido conjuntivo rico em cálcio e fibras de colágeno. Essa estrutura
permite que milhares de espécies tenham sustentação para caminhar, correr, voar, nadar e até
fazer coisas inacreditáveis. Isso sem falar em suas dezenas ou até centenas de outras funções
associadas ao funcionamento do organismo. O osso é fractal. Ele é uma estrutura porosa,
cujos poros se repetem numa variação de escalas, sendo possível perceber padrões fractais (ou
multifractais). Além disso, o osso é evolução.
Se considerarmos apenas o osso do corpo de um humano, podemos afirmar que ele está em
processo de evolução (de melhora contínua) há milhares de anos. Logo, aquela estrutura
porosa e multifuncional (que produz e transporta sangue, resiste a muito peso, é leve, flexível e
regenerativo) pode, sim, ensinar muito acerca de estruturas eficientes. Existem hoje diversos
artigos que abordam os ossos através de uma óptica fractal, como “Fractal properties of bone”
(GERAETS & STELT, 2000). Complementando essa visão, há ainda artigos mais audaciosos que
buscam o entendimento acerca do comportamento dos ossos através do uso do cálculo
fracionário, como “A fractional calculus approach to the mechanics of fractal media”
(CARPINTERI et al., 2000).
Inspirando-se justamente nessas questões de eficiência e multifuncionalidade de forma a
reproduzir o que se tem na natureza, encontramos diversas propostas sobre a criação de
estruturas com os mais variados fins. Podemos citar, por exemplo as antenas fractais, as
esponjas metálicas, as fundações em forma de raízes de árvores (abre em nova aba), e até
mesmo estruturas mecânicas fractais, como a da patente em depósito “Método de
desenvolvimento de peças mecânicas multifuncionais utilizando a geometria fractal” e
os estudos sobre a mecânica das árvores (abre em nova aba) escritos por membros da própria
Fractalize. Com certeza, não faltam olhares que busquem constantemente aplicar a
antifragilidade da natureza nos ramos da engenharia.
Ilustração de asa de avião construída com elementos fractais.
É impossível negar que, construir uma teoria em cima de uma prática bilenar (que é a prática
da sobrevivência), segue uma lógica bem fundamentada. Se o osso é da forma que é graças a
praticamente uma infinidade de tentativas e erros, não é justo falar que ele é o que se tem de
mais adaptado no Mundo? Por que não olhamos para a natureza antes de fazer um projeto?
Por que pensamos que o tecnológico é sempre mais “evoluído” do que o natural? Por que
somos tão cientificamente cegos e tão naturalmente céticos?